No Such Thing escrita por sakurako, Heydoll


Capítulo 4
Amizade.




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"A amizade começa no momento em que alguém diz 'O que?! Você também? Achei que era o único!" - C.S Lewis 

Sabe quando você começa a falar com uma pessoa e vocês se dão tão bem que parece que o assunto nunca vai acabar? E ai vocês ficam falando e falando, e esquecem que o tempo está passando?

Eric e eu, eu e Eric. 

Nós passamos as três primeiras aulas falando sem parar, ai veio o intervalo e, adivinhem, ainda tinha tanto assunto que ele se sentou na mesma mesa que eu, Carly e Will. 

- Cara, vocês são assustadores. - Will disse, nos encarando de um jeito engraçado. Eu e meu mais novo amigo havíamos acabado de dizer a mesma coisa, ao mesmo tempo, pela terceira vez em menos de vinte minutos. 

- Eu também acho assustador, quer dizer, eu achava que era o único que odiava tomate porque tomate é mole e estranho e dá a impressão de que você está mordendo algo como um olho... 

- É nojento. - Fiz careta e Carly revirou os olhos, sem entender esse ódio por tomate. 

- Eric? - Alguém perguntou, parando atrás de mim. Me virei e dei de cara com um garoto alto, de cabelos escuros e traços sérios. Ele era bonito pra caramba. E também cheirava bem, apesar de estar com a jaqueta do time de futebol e, até onde eu saiba, esportistas correm, pulam, e soam muito. Ossos do oficio.

- Oi, Aiden! - Eric sorriu. - Essa é minha nova amiga, Sunny. Sunny, esse é meu irmão, Aiden. - Sorri e acenei, sendo simpática. Ele ergueu uma sobrancelha e acenou de volta, ainda com a cara fechada.

PERA AI, PRODUÇÃO. Recapitulando, rapidinho... Irmão? Irmão? Cadê meu prêmio de pior stalker do mundo?!

Como assim ele tem um irmão? 

O irmão falou alguma coisa com o Eric que eu eu não prestei atenção e depois foi embora, sem nem dar tchau. 

- Ele é ranzinza assim mesmo. - Eric riu, apontando para o irmão. - Parece que tem oitenta e três anos.

- Ele é seu gêmeo? - Carly perguntou. E sim, ela é a irmã inteligente que pensa em fazer perguntas inteligentes ao invés de encarar o nada pensando em como eu sou uma stalker horrível. 

- Não. Ele é mais velho, mas repetiu um ano porque... Bom, é o Aiden. - ele revirou os olhos. 

- Isso quer dizer que ele é burro? - Will perguntou, um pouco indiscreto, e eu segurei a risada. Rir definitivamente não era o certo, mas eu tenho o riso frouxo, eu rio até se falarem 'pudim'. 

Para a minha sorte, o Foster mais novo também riu e disse:

- Isso significa que ele não faz nada e odeia tudo, mas ele é muito inteligente. - Depois disso, continuamos a conversar sobre assuntos aleatórios até bater o sinal e voltarmos para a sala, para mais duas aulas chatas pra caramba. 

Depois, na hora de embora, resolvemos passar na casa da Li, que é caminho (até porque moramos em uma cidade minúscula em Kent e tudo é perto/caminho, todos são vizinhos. Sério, até assusta.) e berrar com ela porque ela disse que iria para a escola e nos deixou lá, sozinhas (deixa o Will ver isso) pra morrer.

- LINDSAY KOH, - Entrei no quarto dela, jogando a mochila em algum canto e sendo seguida por Carly e Will, que fizeram praticamente a mesma coisa. Intimidade é uma merda.

- Quem abriu a porta pra vocês? - Ela desviou o olhar do computador e nos encarou, com cara de assustada, como se fossemos assaltantes ou algo do tipo.

- A Germana. - Dei de ombros.

- Pela última vez, Sunny, o nome dela não é Germana, é Connie, apelido de Constance. - Li riu, enquanto me corrigia. 

- Mas então, por que você não foi na escola?  - Will cruzou os braços e apertou os olhos, encarando Li com aquele olhar de policial de série de TV americana. 

- O Mushu comeu algo que não devia e eu tive que leva-lo no veterinário. Passei um tempão lá e vocês nem pra me dar apoio moral! -  Fez cara de choro, dramatizando e apontando para a gaiola do lagarto.  - Mas e ai, sentiram saudades? - Voltou a falar como alguém normal. 

- Nos vimos ontem a tarde. - Revirei os olhos, finalmente me sentando em sua cama, onde Carly já estava. Will estava encostado na porta.

Aquela cena era tão comum. Nós quatro reunidos no quarto da Li, com o Mushu encarando. As paredes vermelhas eram tão confortantes quanto as paredes do meu próprio quarto, e isso mostrava quanto tempo eu havia passado ali ou, pelo menos, uma parte da relação com a Lindsay, o Will e minha irmã.

Eu conheci a Lindsay na terceira série, quando colocaram Carly e Will em uma sala e eu, sozinha, em outra. 

Lindsay era nova na escola. Ela era pequena, assim como eu, mas era esquentadinha, então ela me defendeu de uns garotos que estavam fazendo piada sobre eu estar usando tutu e a gente nunca mais se largou. Fim. 

Uma linda história sobre amizade, eu sei.

Li tinha os cabelos compridos e pintados em um tom avermelhado, seus olhos eram castanhos e ela tinha traços asiáticos. Era alguns centímetros mais alta que eu e Carly. 

Ela lembrava bastante aquela garotinha que disse que era melhor usar tutu do que se vestir como um panaca

Ficamos lá, eu contei sobre o Eric, ela surtou comigo, o Will foi embora, comemos e fomos para a casa, já que teríamos que acordar cedo no outro dia. 

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- Eu quero um trabalho para a semana que vem. - A professora velha e chata anunciou, fazendo o que ela fazia de melhor: cara de bosta. - É em dupla, as duplas daqui do laboratório. É um trabalho de revisão sobre o que compõe a matéria e vale quatro pontos.  Eu só vou aceitar na quarta-feira, nenhum dia depois ou até mesmo antes. Apenas quarta-feira.

- Sério? Mal-comida. Segunda semana de aula e ela já quer um trabalho valendo quatro pontros?  - Eric disse, irritado.

- Eu tenho coisas mais importantes pra fazer, tipo assistir vídeo de fanservice no Youtube! - Completei, também irritada.

Eu me importo com o meu futuro, mas, se tem uma coisa que eu odeio mais que milho, essa coisa é lição de casa.

Eric, do nada, virou para mim com um sorriso e disse:

- Pelo menos você vai lá em casa! - Sorri de volta, pensando que seria realmente divertido passar um tempo a mais com Eric.

Faziam duas semanas  que nós havíamos começado a nos falar, mas ele provavelmente já sabia minha vida inteira e eu poderia escrever um livro sobre ele.

Essas coisas de relacionamentos são tipo, incrivelmente doidas. 

Normalmente, demora séculos pra você confiar em alguém, mas ai tem gente como Eric, que você pisca e já contou até a cor da calcinha da sua vó em 1987, quando ela foi pegar um ônibus para Oxford. 

- ... eu tenho que te contar uma coisa. - Ele me cutucou e eu parei de encarar a parede. 

- Você tem que parar com isso de olhar pra um ponto fixo desse jeito, é estranho. - Ele balançou a cabeça e eu ri. 

- Era isso?

- Não... - Ele suspirou, como se tivesse tomando coragem. 

- Vai pra casa comigo, depois da aula, pra gente se livrar dessa merda desse trabalho logo, dai eu te conto. 

- Tudo bem. - Sorri, sentindo meus orgãos internos se contorcendo de curiosidade. 

Juro por Deus, uma aula nunca foi tão longa quanto essa última. 


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Notas finais do capítulo

OLÁ!
Ah. Capítulo ruim :( desculpem
perdão!
perdoar é um dom divido hahaha