Já se passara 3 semanas deis que a minha vida virou uma “novela mexicana” . Mas todo mundo sabe que não tenho vocação para ser rainha do drama, nunca apareceu tanto homem na minha vida quanto nessas três semanas, sério, eu fiquei assustada, e olha que sempre choveu bem na minha horta, porém homem nenhum me interessa no momento, convites para festas fazem minha caixa de e-mails lotar. A Isadora passou de garota invisível para assunto do momento, ela odeia o fato de todos estarem discutindo sua vida, já eu? Adoro! Atingi um grau de popularidade maior do que eu tinha. Olho para os convites e solicitações que chegam em segundo a segundo no meu facebook e penso: Caguei. Preferia umas cem vezes olhar o Caio saindo do banho novamente, jogando aquele cabelo molhando, exibindo aquele corpo malhado, levemente bronzeado, me olhando com aqueles olhos claros e mordendo os lábio propositalmente para me seduzir. Olho então para meu cartão de créditos, e leio a mensagem do Ramone me chamando para compras, e novamente penso: grande merda. Preferia repassar pela milésima vez o roteiro que começa com o caio me beijando mais intenso, evolui pra ele me beijando mais pra baixo e termina com ele me beijando já sem forças. Mas ai eu lembro que não faço o tipo que sofre por amor e sim que ama fazer compras.

—Um homem nunca vai te amar ou te tratar tão bem quanto uma loja! –grita Ramone, ao entrar com a Nanda, sem bater na porta, interrompendo meus pensamentos.

—Vamos as compras! –grito pegando meu cartão de credito empolgada.

—Oscar Freire, segura que estamos chegando! –grita Nanda com a mesma empolgação.

Entramos no carro. Estamos discutindo sobre a cor do esmalte na Nanda, eu juro que é verde agua e o Ramone descorda convencido que é azul, quando...

—Ai...meu Deus! –grita Nanda do banco de trás.

—Não acredito, é piece of me, da Britney Spears! –grita ele eufórico, batendo no volante, e balançando a cabeça, muito empolgado com a musica que começa a tocar no radio.

—Minha musica! –grito aumentando a musica no ultimo volume, incorporamos a Britney e demos um verdadeiro show de caras e bocas enquanto cantávamos desafinadamente.

—Chegamos! –diz Ramone enquanto estaciona.

Descemos do carro e fomos para as lojas.

—“Sabe quando você encontra alguém bonito e ele sorri e seu coração fica igual manteiga derretida em cima da torrada? É assim que eu me sinto quando eu vejo uma loja. Só que melhor” –sita Ramone uma das falas do filme: os delírios de consumo de Becky Bloom, ao olhar uma vitrine, e eu e a Nanda rimos e entramos todos na loja em seguida.

—Olha esse chapéu, é sua cara! –diz o Ramone colocando um chapéu laranja mecânica na minha cabeça.

—Adorei, vou levar! –digo arrumando o chapéu no espelho.

—Essa saia é muito eu! –grita Nanda ao achar uma saia vermelha bordada.

—Linda! – concorda Ramone.

—Eu não acredito! Achei um óculos igual aquele da Jennifer Lopez –digo empolgada ao ver o óculos.

—Igual aquele que ela esta usando na capa daquela revista? –pergunta Nanda com varias roupas na mão.

—Exatamente! –respondo enquanto coloco o óculos e olho no espelho.

—Gente, é idêntico! –concorda Ramone ao analisar o óculos.

—“Quando eu compro o mundo fica melhor, o mundo é melhor, e então não é mais. Então eu compro de novo!” –sitamos os três a fala do mesmo filme ao sair da loja, cada um com no mínimo oito sacolas, em seguida rimos da sincronia, parecendo assim, três loucos na rua.

—Vamos colocar essas coisas no carro e comer, e depois eu escolho a loja! –diz Ramone autoritário e eu e a Nanda concordamos.

Deixamos as coisas no carro, e almoçamos em um restaurante lá perto. Passamos o dia todo fazendo compras. O que eu posso dizer? Fazer compras sempre foi e sempre vai ser a minha terapia, me cura de qualquer problema, e me faz esquecer qualquer sentimento indesejável. Pena que a sensação é passageira, e no fim da tare, já escurecendo, quando entro no carro para irmos embora, o babaca do caio não perde tempo e invadi meus pensamento novamente. E eu então me pergunto: até quando isso vai durar? Por que para ser sincera eu não aguento mais.