– Oi! O que faz aqui? – perguntou Peter enquanto abraçava a garota

– Trabalhando. – sorriu nervosa – Falando nisso, espera um pouco que eu vou levar esse menino lindo no banheiro. Se quiser, fique lá perto das crianças.

Elizabeth levou o pequeno até o banheiro e voltou para onde estava anteriormente. Peter estava tentando distrair Olivia, que chorava. Liz correu e pegou a menina nos braços.

– O que aconteceu, princesa? – perguntou passando a mão nos cabelos dela

– Ele quer brincar comigo, mas eu não quero! – fungou baixinho

– E isso é motivo para chorar, lindinha?! – riu e a colocou no chão – Quer brincar com a Rachel? - Liv balançou a cabeça e limpou as lágrimas - Então vai.

Ela se sentou no sofá e serviu as crianças com salgadinhos e refrigerante. Suspirou e olhou para Peter

– Então esse é seu trabalho? – olhou curioso para a menina a sua frente

– Sim. Eu trabalho como empregada e babá para os Harrison. – sorriu

– E o que aconteceu com a sua irmã?! Me assustou, cara! – ele riu um pouco e foi acompanhado por Lizzie

– Ela meio que não gosta de... você. – respondeu cautelosa

– Oh... - foi tudo o que o menino conseguiu dizer e a ruiva balançou a cabeça em afirmação

Nesse momento, começou a tocar uma música lenta e Peter dirigiu seu olhar até a menina ao seu lado.

– Me concede essa dança? – se levantou e estendeu a mão para ela

A menina sorriu e conferiu se as crianças estavam bem. Pegou a mão do rapaz e os dois foram até a pista, onde vários casais já dançavam.

– Sabe, você é a menina mais linda que eu já vi na minha vida. – disse Peter puxando Elizabeth ainda mais junto a si

– Obrigada. E você é o mais educado. – riu e encostou a cabeça no ombro de Peter

– Posso te levar para uma volta amanhã? Podemos levar a Olivia.

– Aonde você vai levar nós duas? – perguntou Elizabeth olhando para o menino

– Surpresa. – a menina fez cara feia e ele logo se justificou – Não adianta fazer essa cara para mim, agora é surpresa mesmo.

A menina riu e olhou nos olhos de Peter. Os dois ficaram se olhando por alguns segundos.

– Eu quero te beijar agora. – informou Peter

– Então beija. – Elizabeth sorriu e olhou para a boca dele

Os dois se aproximaram mais um do outro e seus lábios se encontraram. Jack passou com uma bandeja com taças de champanhe e viu o que estava acontecendo entre os dois. Tudo o que conseguiu fazer foi abaixar a cabeça e continuar andando.

(...)

– Tchau, Sr. Harrison – Elizabeth sorriu e deu um abraço em seu patrão.

– Tchau, Ellie – sorriu – E você, senhorita – apertou o nariz de Olivia – quero te ver aqui mais vezes.

As duas meninas sorriram e se viraram em busca de Jack. Liv o viu e largou a mão da irmã correndo até ele.

– Tio Jack! – abraçou suas pernas

– Lindinha! – ele sorriu e a pegou no colo – Pronta?

– Prontas. – Liz respondeu pela irmã

– Vamos, então. – Jack disse colocou a garotinha no chão e ela logo pegou sua mão.

Os três estavam andando até o ponto de ônibus mais próximo quando Olivia, que estava segurando a mão de Jack, pegou também a mão de Elizabeth. Os dois se entreolharam e sorriram. Depois de algum tempo, Liv ficou sonolenta e Liz foi obrigada a pegá-la no colo.

– Não quer que eu mesmo faça isso? – perguntou Jack olhando para Lizzie – Você está de salto alto e está cansada também.

– Não é necessário, Jack. – a ruiva sorriu – Obrigada por oferecer mesmo assim. Sabe, eu achei que ficaria esgotada com essa festa, crianças e Margareth falando na minha cabeça. – riu um pouco e entrou no prédio – Mas me diverti bastante.

– Eu sei - o tom de voz de Jack saiu um pouco mais rude do que o esperado

– Oi? – Elizabeth perguntou sem entender a mudança repentina de humor de Jack

– Eu vi tudo, Lizzie – ele respirou fundo.

– Com tudo você quer dizer...? – Liz perguntou abrindo a porta do apartamento e olhando sugestivamente para Jack para que ele entrasse

– A dança e o beijo. – ele se jogou no sofá. Já tinha intimidade o bastante para isso

– Espera. – ela levou a menininha para o quarto e voltou rapidamente – Hm... Eu sei que você não é a favor de nós dois, mas...

– Não precisa se explicar para mim. – ele a interrompeu – Eu só quero que você tome cuidado, mesmo ficando com ele. Quero que você não faça nada precipitado e se não der certo eu vou estar sempre aqui para te apoiar.

A menina sorriu docemente e abraçou o rapaz.

– Jackie, muito obrigada – Elizabeth segurou as mãos dele – Digo, por tudo: Liv, Peter e especialmente por estar do meu lado. Acho que nunca vou conseguir te retribuir.

– Na verdade... – Jack sorriu sapeca

– Ai, ai, ai, o que quer? – Liz sorriu

– Na verdade não é nada para retribuir, é apenas por curiosidade mesmo. – ele esfregou as mãos e a menina sorriu para ele, querendo que continuasse – O que aconteceu com a sua mãe?

Ela arregalou um pouco os olhos.

– Quer mesmo saber? – perguntou baixo

– Sim – respondeu firme

– Bom, minha mãe tem leucemia. Descobrimos tem um tempo já, mas mesmo assim continuamos em Richmond. Só que o caso dela piorou e os hospitais de lá não iam dar conta das necessidades dela e nós viemos para cá. Ela não pode sair do hospital então somos só eu e Liv. – sorriu fraco

– E seu pai? – perguntou Jack cautelosamente

– Eu não o conheço, ele fugiu assim que descobriu que minha mãe estava grávida. – deu de ombros

– Então, você só é irmã da Olivia por parte de mãe? – Jack e suas deduções óbvias

– Sim. – Elizabeth ficou desconfortável de repente – Quando eu tinha quatorze anos minha mãe conheceu o pai da Liv, foi tudo muito rápido e em menos de duas semanas ele já estava morando lá em casa.

– E cadê ele? – ele perguntou confuso

– Ele sumiu. – disse simplesmente, mas resolveu continuar – Assim que a Liv nasceu, minha mãe amava levá-la para passear no parque, eu sempre ia junto, mas esse dia eu fiquei em casa para estudar e ele também ficou porque tinha que terminar de pintar a parede da garagem. – sua voz falhou um pouco – Eu tinha quinze anos na época, depois de um tempo que minha mãe saiu ele me chamou para ajudar, eu falei que não podia e ele insistiu. – o olhar de Jack ficou assustado e os olhos da menina já começaram a marejar – Quando eu cheguei na garagem ele não estava pintando nada e ele foi chegando perto de mim. – a primeira lágrima caiu – Ele falou que eu era linda e estava ficando cada dia mais bonita. – ela soluçou – Aí ele simplesmente me jogou no banco de trás do carro e...

Não conseguiu terminar e nem precisou. Jack a abraçou a afagou seus cabelos enquanto ela chorava.

– Ele pelo menos foi preso? – a voz dele também estava falha

– Ele fugiu. – ela fungou e limpou as lágrimas – Eu contei para a polícia primeiro. Quando uns policiais apareceram lá em casa, ele disse que viria atrás de mim e fugiu. – ela deu de ombros – Minha mãe soube depois. Mas eu tive que ser forte por ela e por Liv. Não podia ficar me escondendo.

– E-eu sinto muito. – o rapaz a abraçou novamente – Me desculpe por ter que te fazer lembrar de tudo isso.

– Não se preocupe. Foi bom desabafar. – sorriu

– Vou te deixar sozinha agora. – ele levantou e ela assentiu – Olha, - se agachou a sua frente – pode ter certeza que vou estar sempre do seu lado e não vou deixar que nada nem ninguém te machuque. – a menina sorriu e ele deu um beijo em sua testa – Dorme bem, princesa.