“Talvez eu, talvez eu apenas tenha que estar perto de você”

Jordin Sparks, Next to you.

– Albus trouxe roupas limpas. – falou Rose de costas para o garoto de toalha, levou alguns minutos para ele passar por ela completamente vestido.

Scorpius estava com o uniforme bastante sujo de lama, então achou-se melhor ele tomar banho antes de ir para a Torre da Grifinória.

                – Já são quase dez horas, acho melhor irmos logo, não será bom se os monitores nos pegarem. – começou a caminhar para a saída, porém Rose o impediu segurando-lhe o braço, fazendo Scorpius a encarar confuso.

                 Tirou de cima da bancada ao lado um pequeno recipiente contendo uma poção alaranjada e ofereceu a ele.

                – Se você passar isso nos seus machucados, eles vão sarar mais rápido. – ela não deu tempo dele responder e saiu do vestiário.

Scorpius olhou para o frasco com o cenho franzido, acabou dando de ombros e o colocou de volta na bancada. Não entendia essa estranha gentileza que a Weasley estava o tratando, e também não queria se sentir grato a ela por alguma coisa.

                Quando ia saindo de lá se esbarrou em Albus que quando o viu, abriu os lábios surpreso, para logo depois olhar para os próprios pés, envergonhado.

                – Sobre o que meu irmão e meus primos fizeram... – disse, mas o outro o interrompeu o abraçando de lado, fazendo-o voltar a andar só que na direção contrária, voltando para o colégio.

                – Não é sua culpa – murmurou – Eu fui lá porque eu quis, mesmo sabendo que James Potter nunca iria me chamar para um encontro amistoso.

                O moreno franziu o cenho enquanto caminhavam para dentro do colégio.

                – Por que você foi, então? – questionou.

                – Eu estava chateado sobre algumas coisas... – Scorpius respondeu – Nada como uma boa briga para esquecer um problema.

                Albus riu revirando os olhos, empurrando de leve o mais alto.

                – Está querendo morrer, Malfoy? Da próxima vez, vou deixar você completamente por sua conta. – retrucou fingindo uma expressão ofendida.

                – Não era como se você tivesse sido de total ajuda. – falou ironicamente.

                – Ei! Eu que chamei a Rose – contestou – Se não fosse por isso você estaria morto!

                O sorriso no rosto de Scorpius esvaiu-se, substituindo por uma expressão pensativa.

                – Não entendo o motivo de ela tê-los parado – franziu o cenho – Ela estava com raiva de mim, achava que nunca me ajudaria numa situação como essa.

                Ambos se entreolharam e o loiro fechou a cara ao receber o olhar desdenhoso do mais baixo.

                – Nem venha.

                – O quê? – indagou de volta com cara inocente, que logo se desfez ao dizer: – Você não a acha mais atraente quando ela fica do seu lado?

                Scorpius o fuzilou e caminhou a passos rápidos, deixando o outro para trás. Albus o seguia dando um risinho e pronunciando mais algumas provocações, o fazendo bufar, porém não pode evitar que imagens do ocorrido mais cedo voltassem a sua mente. Logo pensamentos borbulhavam em sua cabeça e ele não conseguia evitar que todos eles fossem direcionados a Rose Weasley.

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– Sobre o que aconteceu, Rose, você podia não contar para a vovó. – tentou fazer sua melhor cara de coitadinho, mas Rose sequer desviou seus olhos do livro.

– Ainda estou pensando sobre isso. – disse fazendo James bufar.

– Você não devia fazê-la se estressar, por uma coisinha de nada. – retrucou.

– Se você continua achando que isso foi uma “coisinha de nada”, só me faz achar melhor contar para ela.

– Vamos, Rose, eu prometo que vou fazer o James andar na linha. – falou Fred.

– Você? – repetiu bufando – Não me faça rir Fred Weasley, você é pior do que ele.

Seu primo fez uma expressão ofendida e estava prestes a abrir a boca para contestar, quando Lily se pronunciou:

– Se Rose ainda não enviou uma carta, provavelmente ela não vai contar nada a vovó, mas se vocês continuarem irritando ela... – não foi preciso mais nada para seus primos a deixar em paz.

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                Respirou fundo tentando afastar o nervosismo, dois dias haviam se passado e aquele dia haveria uma prova escrita de poções. Na fileira a sua frente estavam Albus e Scorpius. Acabou ouvindo quando o seu primo perguntou:

                – Qual é mesmo a cor que a poção morto-vivo deve ficar? – perguntou para o outro que tamborilava despreocupadamente os dedos sobre a mesa.

                – Groselha.

                – E os ingredientes da Wiggenweld?

                – Casca de Wiggentree, Muco de Verme Gosmento, Ditamno e Moly – respondeu quase automaticamente o que surpreendeu a garota – Vamos relaxe, Al! Ficar nervoso vai te fazer se esquecer das coisas.

                Albus bufou.

                – É fácil você dizer, já que não está nem aí com que nota que vai tirar. – retrucou.

                O albino apenas lançou-lhe um olhar enviesado e todos da sala se calaram ao ver o professor entrar na sala.

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                Logo depois do jantar Rose bateu na porta da sala do professor de poções – Robert Adams –, sentia-se completamente aflita com a prova e não conseguiu segurar uma onda de questionamentos que tinha sobre ela.

                Queria saber sobre respostas que professor consideraria ou não, e em meio a isso, não pode evitar que seus olhos pousassem na pilha que o professor corrigia, havia uma completamente em branco, e não conseguiu impedir sua curiosidade de olhar o dono da prova. Sentiu-se completamente chocada ao ler o nome com uma caligrafia rebuscada. Scorpius Malfoy. Franziu o cenho e o professor acompanhou seu olhar.

                – É sempre assim – comentou com um suspiro – Ele nunca responde uma questão sequer.

                Rose arqueou as sobrancelhas, pensativa. Isso era completamente estranho pelo simples fato de que Malfoy sabia muito bem poções, não havia motivo nenhum para deixar a prova em branco.

                Uma ideia então surgiu em sua mente, marcando em sua face um sorriso.

                – Professor Adams, acho que sei o que fazer sobre isso.

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Uma garota de cabelos pretos entrou no colégio tremendo de frio, seus lábios estavam roxos e rachados e batiam-se contra o outro freneticamente. Alice friccionou seus braços, subindo as escadas, quando um garoto esbarrou-se nela.

Albus ao perceber a expressão da garota a fitou preocupado.

– Você está bem? – perguntou.

Ela assentiu voltando a subir as escadas, porém ele a impediu, fazendo-a se voltar para ele. Com um pequeno sorriso limpou a neve dos ombros dela. Aquele dia fora o primeiro dia de neve.

– Acha que consegue enganar alguém desse jeito? – questionou – Não devia sair lá fora numa nevasca como essa. – advertiu e Alice olhou para os próprios pés, sentindo suas bochechas ficarem quentes.

Albus tirou seu cachecol de si e embalou-o no pescoço dela, fazendo seu olhar voltar a ele.

– Você não precisa se preocupar comigo. – falou.

Ele deu de ombros.

– É melhor você ir para seu Salão Comunal. – voltou a descer as escadas.

– Albus! – ela chamou num impulso sem entender direito o que fazia, sentia seu coração acelerar por aquilo – Você vai para o passeio de Hogsmeade? – ele que já estava no pé da escada, assentiu e ela sorriu – Então podemos nos encontrar lá.

Albus sorriu também e no ponto alto da escada uma garota loira observou a cena com um semblante triste. Ela fechou os olhos com força e uma lágrima escapou-lhe. Lysander Scamander rapidamente enxugou a lágrima e saiu correndo.

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                – Você queria falar comigo? – questionou Malfoy adentrando a antiga sala dos monitores. Ficara surpreso ao receber um bilhete da garota, marcando um encontro naquele lugar.

                Rose assentiu se levantando do sofá.

                – O professor Adams me pediu um favor... – tentava conter um pequeno sorrisinho que queria se formar em sua face – Ele pediu para eu dar aulas extras de poção para você.

                A ruiva quase soltou uma gargalhada com a expressão que o garoto fez.

                Talvez tivesse mentido sobre ser um favor vindo do professor, porém quando se tem uma oportunidade você tem que agarrá-la com todas as forças. Não podia simplesmente do nada, começar a falar com ele, com se fossem velhos amigos. E que desculpa melhor poderia arranjar para se aproximar de Malfoy do que aquela.

                Sentia seu coração bater acelerado em expectativa. Scorpius Malfoy era como várias pecinhas de quebra-cabeça cada uma carregando um mistério e Rose estava obstinada a desvendá-lo.

                E se já estava ali, por que desistiria agora?