Ponto de vista Melanie

Assim que Sam entrou no banheiro, eu saí correndo para pegar meu vestido no meu closet. Ele era rosa forte e longo, sem alças. Também aproveitei para calçar meu salto alto e para me maquiar. Em menos de 15 minutos eu já estava pronta, e esse foi o exato momento em que Sam voltou para o quarto.

 - Você vai sair? – Ela finalmente perguntou, depois de me olhar de cima á baixo. Eu estava me sentindo uma deusa.

- Não, eu só me arrumei para o jantar. E você? Não vai se arrumar? – Olhei-a de cima á baixo também. Ela vestia uma calça jeans com uma bota marrom e também usava uma blusa branca que até seria bonita se fosse de marca.

- Eu já me arrumei. – Me deu as costas e começou a pentear os cabelos.

- Você só pode estar brincando. – Dei uma risada irônica e esperei que ela dissesse alguma coisa. – Samantha, tem gente muito rica e importante nesse jantar. Eles se vestem bem, se quiser um conselho meu, é melhor você se vestir melhor. Isso não é um jantar comum e nós não estamos na sua cidade do interior.

- Porra, Melanie! – Ela gritou. – Me deixa em paz! As coisas eram melhores quando você ficava de boca fechada.

- Uau, parece que alguém anda muito nervosinha. Apenas tome cuidado para não envergonhar o papai ou a minha família.

Após ouvir isso, ela se retirou do quarto sem falar mais nada, apenas batendo a porta com força. Sorri vitoriosa. Estava conseguindo o que queria. Transformar a vida de Sam em um inferno.

Ponto de vista Sam

Depois da minha discussão com Melanie, resolvi procurar meu pai. Queria pedir para ele me mandar de volta para Washington ou então para me tirar daquela casa. Não podia conviver no mesmo ambiente que ela, nós duas provavelmente iríamos matar uma á outra. Então, pensei em Freddie. No beijo que tínhamos dado mais cedo e, não, eu não queria ir embora. Minha mente estava muito confusa. Eu não queria estar ali naquele jantar. Confesso que pensei na hipótese de fugir e ir para a casa de Freddie, mas eu nem sabia onde ele morava e também não podia fazer isso com o meu pai. Ele parecia ser a única pessoa que valia á pena dentro daquela casa.

Resolvi que iria continuar insistindo na ideia de causar uma boa impressão. Todos já estavam no jardim e eu fui até lá, forçando um sorriso e cumprimentando pessoas. Estava contando as horas para aquele jantar terminar.

Ponto de vista Gibby

Quando eu e minha irmã chegamos, o jantar já tinha começado. Kate falou que iria para o quarto de Melanie e que eu devia procurar uma mesa. Claro que eu já esperava que minha irmã fosse me dispensar na primeira oportunidade que tivesse. Mas eu já tinha o meu plano em mente. Naquela noite, eu diria á Melanie tudo o que eu sentia por ela. Naquela noite, eu iria pedi-la em namoro.

Comecei á andar por aquele imenso jardim, esperando Melanie e Kate descerem para que eu finalmente pudesse colocar meu plano em ação. Enquanto isso, eu imaginava como Melanie estaria maravilhosa. Ela sempre esteve.

Passei meu olhar por todas aquelas pessoas até que, finalmente, encontrei Melanie. Ela estava sentada em uma mesa mexendo em seu celular, sozinha. Estava muito diferente. Seus cabelos estavam cacheados e ela vestia uma roupa comum. Mesmo assim, estava linda. Resolvi que aquela seria a hora. Iria me declarar para Melanie antes que minha irmã chegasse e me tirasse a oportunidade.

Fui andando em direção á sua mesa e ao mesmo tempo ensaiando o que iria dizer. A cada passo meu coração batia mais forte. Quando cheguei perto dela, não me contive e sorri. Ela era perfeita aos meus olhos.

Ponto de vista Sam

Nunca odiei tanto um jantar na minha vida como estava odiando aquele. Eu estava completamente sozinha e parecia que ninguém ligava para isso. Algumas pessoas passavam por mim e me cumprimentavam. Eu apenas forçava um sorriso e dizia ‘’prazer em conhecê-lo’’.

Para substituir o tédio, tirei meu celular do bolso e fiquei trocando SMS com Carly. Ou pelo menos tentei. Era muito caro mandar mensagem de texto quando as pessoas estavam em estados diferentes. 

Suspirei. Não tinha nada que eu pudesse fazer. O jeito era ficar ali e esperar aquele pesadelo acabar.

- Ahn... Oi? – Ouvi alguém me chamar. Era um homem e aparentava ter a minha idade. Provavelmente era filho de algum amigo do meu pai. Resolvi ser educada e cumprimentá-lo também.

- Oi. – Forcei um sorriso e voltei minha atenção para meu celular.

- Será que eu posso falar com você?

- Comigo? – Estranhei.

- Sim. Será que você pode me seguir, por favor? Tem muita gente nesse jardim. Vamos para fora da casa, o que eu tenho para dizer é muito importante. Por favor.

- Contando com que você não vá me sequestrar... Vamos. – Me levantei na cadeira e o segui até o lado de fora da casa.

- Bom... Eu quero te dizer que... Eu... Eu nem sei por onde começar, eu... – Ele parecia estar muito nervoso.

- Diz logo.

- Não me interrompa, por favor. Eu tenho que falar logo, antes que Kate tire você de mim.

- O quê? Kate? – Estranhei novamente.

- É, a minha irmã. Bom, eu vou ser bem direto. Eu te amo. – Ele falou com algumas lágrimas nos olhos. Não acreditava no que estava ouvindo. Só podia ser algum tipo de piada. Eu nem o conhecia. Nem sabia seu nome.

- Você me ama? – Soltei uma gargalhada. – Meu Deus, quem foi que te contratou para fazer essa piada?

- Como assim piada? – Ele pareceu realmente magoado. – Eu estou falando a verdade.

- Eu nem te conheço, garoto. Eu nem sei seu nome. Eu só vim aqui com você porque estava um tédio lá dentro. Sinto muito, mas eu vou voltar. Guarde suas piadas para outra pessoa que tenha um melhor senso de humor.

- Não, Melanie, espera! Por favor, você precisa me entender! Sei que você pode não sentir o mesmo, mas por favor, não me deixa aqui desse jeito! – Ele implorou. Alguma coisa estava errada no meio disso tudo.

- Você me chamou de Melanie?

- Sim. Eu te amo, Melanie. Eu te amo! – Ele avançou na minha direção e me puxou pela cintura, colando seus lábios nos meus.

- Me solta! – Empurrei-o, me livrando dos seus braços. – Eu não sou a Melanie, seu idiota! – Gritei. – Meu nome é Samantha! Eu sou a irmã dela!

- Você não tem irmã, Melanie, não minta para mim desse jeito. Se você não sente nada por mim, é só falar.

- Na verdade, eu tenho. – Melanie apareceu, ao lado de uma menina com cabelos escuros e muito parecida com o garoto que tinha acabado de me agarrar. Aquela provavelmente devia ser Kate, a irmã dele.

- Melanie? São duas Melanies? O que está acontecendo? – Ele nos encarou com um olhar confuso.

- Eu não acredito nisso! Você realmente me confundiu com ela, Gibby? – Melanie gargalhou. – Eu nunca me vestiria assim.

- Então você tem mesmo uma irmã gêmea? – Ele perguntou.

- Infelizmente, tenho. – Melanie me encarou por um momento. – Agora, vamos entrar, Kate. Já me diverti o suficiente nessa noite. – Após dizer isso, ela e sua amiga Kate saíram, deixando eu e Gibby sozinhos novamente.

Eu estava me sentindo muito constrangida, confesso que até senti pena de Gibby. Não fazia ideia do dizer para ele.

- Bom, eu... Acho que vou entrar também. – Falei.

- Espera! – Ele pediu. – Me desculpe. Eu não sabia que você não era a Melanie.

- Eu percebi que você não sabia. Bom, se isso te faz se sentir melhor, esse tipo de coisa acontece. Quer dizer, deve acontecer aqui em Nova York.

- Eu sou um idiota. – Ele colocou a mão na cabeça. – Não era pra ter sido assim.

- Por que você não vai pra casa? Vai ser a melhor coisa que você vai fazer. Acredite, esse jantar está sendo horrível até pra mim.

- Eu acho que vou. – Ele limpou os olhos cheios de lágrimas. – Boa noite. E, mais uma vez, me desculpe.

- Boa noite. – Sorri e em seguida voltei para o jantar.

Tinha decidido que não iria ficar nem mais um minuto naquele jardim. Fui correndo para o quarto e me joguei na cama. Estava me sentindo exausta e tinha total certeza de que ninguém iria notar que eu não estava lá em baixo. Troquei de roupa rapidamente, colocando um pijama.

Fiquei pensando em tudo o que tinha acontecido naquela noite. Eu tinha sido agarrada por um garoto que era apaixonado pela minha irmã gêmea mimada. Não sabia quantos dias eu conseguiria aguentar dentro daquela casa antes de explodir.