Fim do bimestre. Terminou todas as provas e eu nem precisei colar e acredite se quiser, mas fui bem em todas, digamos que os trabalhinhos da querida diretora e a semana de suspensão em prisão domíciliar no meu quarto me ajudaram.

Minhas malas já estão prontas e já tenho minha passagem para Huntington Beach. Meu quarto está vazio, agora só resta as paredes brancas e a cama de solteiro encostada no canto. Chegou ao fim, ainda não consigo acreditar. É amanhã, essa é a minha última noite na Inglaterra.

[...]

–Licht, querida, acorde!

–Já vou, mais cinco minutinhos. -Em vez de sair do quarto e ir beber uma xícara de café como faz todas as manhãs, senti grandma se sentando na cama.

–Vou sentir sua falta. -Suspirou.

–Não tanto quanto eu vou sentir a sua. -Disse depois de me virar para o lado da cama onde ela estava sentada. O silêncio tomou conta por longos minutos até a grandma quebra-lo.

–Vamos, levante senhorita, você tem que se arrumar, hoje não pode se atrasar. -Ela se levantou da cama sorrindo para mim e eu sorri de volta. -Coloque uma roupa bem confortável, vai ser uma longa viagem.

Encarei o teto branco por mais algum tempo até finalmente me levantar. Seria mesmo uma longa viagem, mais ou menos 11 horas dentro do avião, por isso segui o conselho da grandma e escolhi uma roupa bem confortavel: a primeira calça que consegui encontrar dentro das malas, uma blusa branca básica e uma blusa de frio caso estivesse frio lá fora. Fui para o banheiro e fiz o meu ritual matinal e depois desci correndo para tomar o meu café. Foi tudo como sempre.

Chamamos um táxi e como odeio esperar enquanto ele não chegava fiquei assistindo meus queridos desenhos e aproveitando meus últimos minutos com a Frida. Cerca de 15 minutos depois o táxista sorridente tocou a campainha e ajudou a colocar todas as malas no porta malas do carro.

–Acabou as malas senhora? -Perguntou o cara.

–Faltou essa aqui. -Grandma disse apontando para mim.

–Engraçadinha! -Falei enquanto a encarava, ri e eles riram também. Entramos no carro e eu olhei pela janela. Adeus casa, adeus Big Ben, adeus roda-gigante gigante, adeus céu cinza, adeus Londres.

[...]

–Atenção todos os passageiros do vôo 324 com destino a Huntigton Beach-Califórnia, se dirigam para o portão de embarque 3. -Depois que ouviu isso grandma me levou até o portão de embarque e começou a se despedir.

–Adeus minha Licht, vou sentir saudades, muita saudade. Tenha uma boa viagem e se cuide lá na Califórnia.

–Tchau grandma, também vou sentir a sua e você não sabe o quanto. Não se preocupa, vou me cuidar. -Sorri mas nós duas já estavamos com lágrimas nos olhos.

–Sua mãe vai estar te esperando no aeroporto quando você chegar e não esqueça de ligar todos os dias.

–Pode deixar, não vou.

–Liguei para avisar que está tudo bem quando chegar lá.

–Ok, vovó, eu ligo.

–Amo você, querida.

–Eu também te amo. -Nos abraçamos pela última vez e então eu embarquei.

Dentro do avião a aeromoça disse tudo aquelas coisas que elas sempre dizem, peguei meu mp3 e meus fones de ouvido e um livro para ler durante o voo, afinal seriam 11 horas no avião mas acontece que sou daquelas que entra dentro do avião e dorme, menos de meia horas depois de decolarmos já estava dormindo de novo.

–Senhorita...senhorita...- Acordei com uma das aeromoças me dizendo que já tinhamos chegado. Mentira, ela tinha me acordado para perguntar se eu gostaria de comer alguma coisa. Toda sonolenta e com uma cara ala the walk dead aceitei, claro. Já que ela tinha me acordado mesmo. Comi feito uma porca, não conseguia nem me mexer direito, ainda bem que não ia ter que levantar daquela poltrona pelas próximas 8 horas.

Dormir dá fome e comer dá sono e no resto do voo todo vou só isso que eu fiz.