–Avery...AVERY...AVERY...AVERY...-Eu sai gritando quando vi a Avy perto do armário dela. Quando ela me viu rolou os olhos e saiu andando rápido. -AVERY...-Gritei de novo entrando na frente dela.

–O que você quer? -Ela disse sem olhar para mim com a voz rouca.

–Eu nunca faria aquilo com você..

–Eu não sou cega, Carter. -Ela me interrompeu.

–Então é burra. Você só viu um beijo, mas isso não quer dizer nada, já parou para pensar que ele pode ter me agarrado? -Ela desviou de mim e saiu andando. -Me diz alguma coisa, Avery.

–Eu sou burra demais para ter pensando nisso e você tinha razão. -Ela fez uma pausa se virando e ficando de frente para mim. -É, você estava certa esse tempo todo essa amizade que existia só fodia comigo e olha só como eu acabei. -Ela deu um riso e saiu andando.

–Mas...

–SEM MAS. -Ela gritou.

–Por favor, Sophie, sai daqui. -O Alex me disse aparecendo sabe-se Deus de onde.

–E de preferência não volta mais. -Avery disse.

–Por que estão falando assim com ela? -O Prescher mais um vez apareceu na hora certa para me salvar.

–Fale para a sua amiguinha me deixar em paz. -A Avy disse para ele.

–O que ela fez de errado? -Prescher perguntou inocente como se não estivesse na casa oque eu fiz de errado: tentar falar com a Julieta ciumenta ali.

–O que ela não faz errado? -Alex disse e putz..foi bem em um dos meus pontos fracos.

–Cala a boca, Alex, você está sendo um idiota.-Prescher parecia estar irritado.

–Aprendi com você. -Alex continuava a discutir com o Prescher enquanto a Avy olhava sem reação nenhuma e eu rezava mentalmente para essa droga de sinal tocasse logo.

–O problema é entre elas...-O Prescher disse apontando para mim. -...a gente não tem nada a ver. -Essa altura já tinha gente parada olhando e gente passando correndo e eu não já estava com medo de que eles começassem a sair nos socos.

–Agora o problema é meu. -Alex disse dando as costas e saindo puxando a Avy pelo braço.

Pelo visto ela ainda está muito brava e eu sei que eu não devia ter chamado ela de burra mas toda essa situação está sendo demais para mim e vamos concordar de que ela está sendo muito idiota, porque ela não acredita em mim? Porque ela não aceita que é possível ele ter me beijado a força? E falando nele nunca mais apareceu, nem que fosse para pedir desculpas.

–Ele tem razão. -Eu disse baixo olhando para o chão.

–O que? -O Prescher disse se aproximando de mim.

–Ele tem razão... -Repeti mais alto. -...eu faço tudo errado. -Olhei para ele.

–Quem é o Alex para poder falar alguma coisa? Ele é o cara que deixa a irmã dele beber e ir beijando qualquer um e o Nathan não é o primeiro. -Ele me disse. -Não escuta ele.

–Não era para você ter brigado com o Alex, isso foi culpa minha.

–Foi culpa dele se intrometer em problemas que não são dele e por ficar agindo feito um bebê. -O sinal bateu. -Vem, vamos para a sala. -Ele disse passando o braço em volta do meu pescoço. Fomos andando até a minha sala e ele pareceu pensar o caminho todo. -Ele está tentando proteger a irmã dele, igual eu...-Ele fez uma pausa pensando mais um pouco.-...igual eu estou fazendo com você.

–Obrigada. -Eu sorri.

–É, agora vai para a aula. -Ele disse.

–Você que tem que correr para a sua ou vai se atrasar. -Eu ri e entrei dentro da sala. -E vê se não entra em uma briga com mais ninguém enquanto eu não estiver por perto. -Completei olhando para ele que ainda estava parado em frente a porta. Ele riu e saio andando.

[...]

Hora do almoço, algum tempo atrás era a minha hora favorita. Era.

–Não vai comer? -O Prescher perguntou. Estamos sozinhos em uma mesa de onde dá para ver os gêmeos, na verdade eles estavam aqui até chegarmos mas o Prescher insiste que "não vou abrir mão da minha mesa."

–Não estou com fome. -Eu disse brincando com a comida. Fome, oque é isso?

–Posso ficar com isso? -Ele disse apontando para uma barrinha de cereais igual as outras quatro que ele comeu. Concordei com a cabeça. -Só bebe o suco. -Ele olhou para o copo de suco que eu peguei, tudo só para deixar de enfeite porque eu nem pretendo comer.

–Se não vai jogar no meu cabelo? -Eu disse olhando para ele séria.

–Se eu for apanhar com o violão de novo, não. -Ele disse balançando a cabeça negativamente bem rápido e rindo. Ri também. -Você vai acabar doente.

–Tanto faz. -Dei de ombros.

–Só uns goles. -Ele fez bico.

–Tááá..-Rolei os olhos. Agora eu tenho uma babá com pêlos nas pernas.

Ficamos olhando os nossos amiguinhos, ou ex-amiguinhos, que estão fingindo que está tudo bem com os novos amiguinhos deles e depois resolvemos ignorar e esperar a raiva deles passar, que não sei quanto tempo vai demorar, e ficamos conversando sobre uma prova de matemática que o Prescher teve hoje. As provas semestrais. Puta que pariu. Eu estou fodida em matemática. Já estudei um pouco mas eu não consigo aprender o conteúdo de matemática nem a pau.

–Eu não consigo entender o conteúdo de matemática nem com reza. -Disse para mim mesma mas acho que foi alto demais.

–Eu te ajudo. -Ele riu.

–Hã? -Eu sendo tonta.

–Eu te ajudo com matemática. -Ele explicou.

–Ah...obrigada. As provas aqui são bem mais fáceis do que o Brasil mas mesmo assim eu sempre tiro notas ótimas. -Eu disse e ele riu mastigando a comida. Gordo.

O engraçado é que um tempo atrás eu nunca me imaginaria estudando ou me preocupando com as provas e muito menos estudando com a ajuda de alguém. Eu nunca teria me imaginaria longe de confusões, faz tempo, talvez a Califórnia tenha me mudado e o plano dos meus pais e da grandma deu certo. E eu nunca, nunca mesmo, iria me imaginar com amigos que no momento é só um. Acho que o certo a dizer é que eu nunca me imaginaria com o Christopher Prescher na minha vida. Drogadrogadroga. Para, Sophie, você não pode se apaixonar por ele.