Assenti e comecei a ouvi-los. A melodia sincronizava perfeitamente com a letra da música, era magnífica, a letra era romântica, mas quente e intensa, e a melodia tinha uma pegada meio punk. Uma completava a outra com perfeita sincronia, uma aconchegando a outra com carinho, mas também com força e intensidade, era um perfeito casamento, tão envolvente, tão lindo... Era uma energia que seguia pela minha pele e me fazia eriçar, entrava no meu corpo, fazendo meu pulmão aderir à batida e me sufocar, chegando por fim no meu coração que começou a pulsar freneticamente. Estava imóvel, eram meus sentimentos ali, minha vontades, meus desejos, meus anseios, minha sintonia, meu ritmo, minha personalidade... Tudo! Era impressionante como aquela música mexia comigo de forma intensa, parecia que estava ouvindo uma música composta por mim mesma. Estava perfeitamente imóvel quando eles pararam de tocar, os olhos ainda calmos de Castiel se voltaram pra mim,queria abraçá-lo e agradecer por ter me deixado ouvir a música, mas não podia, claro que não, eu tinha que afogar essas sensações no mar do esquecimento antes que eles sobressaíssem. Eu não conseguia parar de olhá-lo, estava realmente sem ação, sabia que a música tinha efeito sobre mim, mas não sabia que era tão intensamente assim... E Castiel ainda olhava pra mim, desarmado, como se soubesse o que eu havia sentido naquele instante. Seus olhos pareciam me dizer que entendiam o que eu estava sentindo, e isso acabou por me aproximar dele ainda mais. Como é que pode uma pessoa se ligar a outra com apenas uma troca de olhares?

– Então, o que achaste? - disse Lysandre interrompendo meus o momento, parecia que tentava defender o Castiel dele mesmo, como se ele fosse se machucar ou algo assim...

– P-perfeito - gaguejei ainda sem muitas condições de agir. - Como pode ser tão... Impactante?

– Valeu, pequena! Eu sei que sou incrível. Olha, eu não sei se você ficou sem palavras com minha beleza ou com meu domínio no violão, mas mesmo assim tá convidada pr’o nosso show, falou? - disse ele com aquele meio sorriso que me dominava, por mais que eu relutasse...

– Por mais que você seja extremamente metido e seu ego seja lá em cima, eu aceito o convite...

– Beleza! Depois eu te passo o endereço, data, horário, tudo direitinho...

– O-ok - falei sem conseguir processar direito o ocorrido, o que teria acabado de acontecer?

– Castiel, meu caro, ainda temos 15 minutos... - de novo Lysandre protegendo Castiel. O que será que há por trás desse garoto?

– Então, obrigado por me deixarem ouvir a música. Vou deixar vocês mais à vontade, até mais. - falei percebendo que já estava tempo demais sozinha com os dois.
– Vai lá, esquentadinha.

– Nos vemos em outra oportunidade, Izumo. -

– Certo.

Me retirei dali sem saber muito bem o que pensar, o que fazer, pra onde ir... O que estava acontecendo? Era tudo extremamente estranho. Queria ir embora dali: se em um dia só aquelas pessoas já tinham impactado sobre mim, imagina mais à frente? Vai doer, como doeu com ele...
O sinal tocou me acordando dos pensamentos dolorosos que haviam tomado conta da minha mente, caminhei até a porta da sala e quando cheguei lá vi Eliza discutindo com Ambre.

– Ambre, deixa de ser imatura! Eu nunca que ia fazer isso com você, eu tenho mais o que fazer do que ficar espalhando por aí que você é afim do Castiel!

– Não venha mentir pra mim! Você acha que eu sou o que, Idiota?

– V-você não era assim... Por que, Ambre, por que? - eu vi os olhos de Elizabeth se encherem de lágrimas, fiquei extremamente irritada com aquela maldade com Eliza, senti meu rosto erubrecer de raiva e sem pensar corri pro lado de Eliza e comecei a defendê-la.

– Garota, você tá louca? Posso conhecer Elizabeth agora, mas sei que ela nunca faria isso com ninguém, até mesmo com você que eu sei que é a idiota da escola. Quer deixar ela em paz, por favor? - meu Deus o que eu estava fazendo? Eu e minha mania de defender as pessoas que eu gosto por tudo.

– E quem é você? - Ambre me falou incrédula, provavelmente não estava acostumada com ninguém a enfrentando.

– Isso interessa? Deixe a Eliza em paz. Vamos agora? - perguntei me virando para Eliza e estendendo minha mão para ela.

– V-vamos - Eliza segurou minha mão agradecida por tê-la defendido daquela situação, sentamos em nossos lugares e eu tentei distraí-la.

– E então quer dizer que você tem intimidade com os gatinhos da sala? - falei rindo porque sabia que aquilo ia prender sua atenção.

– Hahaha, digamos que eles são amigos de infância... Por que esse interesse todo?

– Nada a ver, eu só queria saber, só isso. Lá vem você viajando de novo! Eu só achei o Castiel int-

– Castiel? E quem mencionou em Castiel, dona Izumo? - Eliza me interrompeu extremamente eufórica – Quer dizer que... - ela falava como toda a malícia que podia usar.

– Não, não mesmo! Ah, eu acabei de chegar aqui Eliza! Não sou volúvel a esse ponto!

– Tá, tá, desculpa... - ela parecia extremamente decepcionada como minha atitude... Garota esquisita, mas é bem legal.

Então Castiel entrou na sala, e Lysandre logo depois dele. Ele me olhava uma vez ou outra, sem saber que eu estava percebendo. A aula foi cansativa, era um assunto novo e não consegui me concentrar. Às vezes Lysandre me olhava também, estava intrigado, queria muito saber o porquê.

O sinal tocou e eu fiquei esperando a maioria se retirar para sair também.

– Você não vem, Izumo? - Eliza já estava na frente da porta quando percebeu que eu ainda estava sentada.

– Ah, claro - hoje realmente era o dia da distração.

Me retirei da sala junto com Eliza e Violette, ela era muito fofa e sua timidez ajudava.

– Então, Violette... Afim de mostrar a escola para Izumo amanhã? - Elizabeth falou toda emplogada com o fato de me mostrar a escola.

– P-pode ser... Se não for incômodo pra vocês.

– Ah que isso, Violette? Bobagem sua, claro que não vai incomodar. Amanhã nós iremos circular pela escola, ok? - disse animando-a

– Ok, então...

– Gente, eu sinto muito, mas tenho que ir. Não posso demorar muito por que ainda não conheço a cidade direito, vai escurecer e tudo mais...

– Ok, até mais, Izumo-chan, não é assim que falam lá em Osaka?

– Hai*, hai, é assim mesmo, Eliza-chan. Não queira despertar meu lado Japonês, é chato hahahaha.

– Então... Ja ne*, Izumo Sanjou... - disse Violette super tímida. Ela sabe falar japonês?

– Kawaii*! Você fala japonês, Violette?

– É que, bem, eu sou otome*... Por isso desenho tanto...

– Hahaha, tá explicado.

– Sayonara*, Izumo!

– Ja ne minna*!