Mas aí Ele entrou... Não sabia quem era, nem de onde vinha, mas sabia que era o tipo de carinha que as mães querem longe, do tipo escondo o que eu sinto pra não quebrar a cara... Parecia meu antigo professor de música na sua juventude: ele tinha o cabelo tingido de vermelho, os olhos acinzentados e penetrantes, mesmo frios, eram extremamente penetrantes, parecia sugar tua alma por inteiro, era alto, magro, porém parecia forte, tinha um colar de palheta, assim como o que eu usava - mas o dele tinha a figura do Slash e a que eu usava no momento era a do Bon Jovi - usava uma camiseta do Winged Skull... PERAÍ! WINGED SKULL? Ele gosta do Winged Skull? Meu Deus cada vez mais meu tipo... Continuei fitando-o enquanto ele passava por Ambre e suas amigas com cara de nojo e notei que ele sentou na cadeira ao lado da minha. Corei, corei muito, sei porque meu rosto parecia ferver. Ele se sentou, jogou seu caderno surrado na banca e pôs os pés na cadeira da frente, que ainda estava vazia, suspirou de tédio e cruzou os braços.

–Esse aí ,sim, né, Izumo? - sussurrou Elizabeth. Lá estava ela de novo querendo me empurrar um garoto para me apegar.

–Shhhh, Elizabeth você tá louca ele tá do nosso lado! E não nada a ver, eu não to afim de ninguém beleza? Eu só reparei na camiseta dele que é de uma das minhas bandas favoritas e...

–Então a novata gosta de Winged Skull? - ele falou bem perto do meu ouvido e na hora quase dei um pulo da cadeira.

–Ah, garoto, que susto! Se quer me matar, joga logo uma pedra na cabeça!- ele ria, se divertia como louco com minha cara de irritada.

–Haha, por que toda baixinha é esquentada, ein, Eliza? - como assim Eliza? Ele tinha intimidade com Elizabeth? Isso pode ser bom ou ruim... É o que eu vou ver futuramente.

– Tudo bem, novata, meu nome é Castiel ou, se preferir, o amor da sua vida - ele deu um meio sorriso, um meio sorriso tão diferente dos outros que já havia visto... O QUE É ISSO, IZUMO?! SEM PAIXÕES, LEMBRA? VOCÊ ACABOU DE CONHECÊ-LO OK? SE CONTROLA, GAROTA, ACORDA ,TÁ? AMAR MACHUCA...

– Ei, garota? Morreu, foi? “Cê” tá viajando, sabia?

– Ah, desculpa! Oi? O que você me falou que eu não ouvi?

– Tô perguntando se você tá sabendo que vai rolar um show do Winged Skull daqui a dois meses.

– Hã? Sério? Não sabia, não, acabei de chegar aqui na França e não fazia a menor ideia. Poxa, os ingressos já devem ter esgotado... Saco!

– Ah, mas... - na hora Castiel foi interrompido por um homem, usava óculos e um moleton azul, seus olhos eram simpáticos e carinhosos com os alunos em volta.

– Bem, turma, desculpem a demora, ouvi dizer que temos uma nova aluna na sala, senhorita... Izumo Sanjou, é isso? Bem-vinda à Sweet Amoris, Izumo! Eu sou o Professor Faraize e ensino história, prazer em conhecê-la.

– Obrigada, professor, o prazer foi meu.

A aula foi tranquila, por fim o sinal tocou e todos nós saímos cada um com seus amigos, menos Castiel, que saiu sozinho em direção ao pátio. Por sorte Elizabeth quis ir para lá também. Vi ele ao longe se encontrando com o belo aluno, Lysandre, ele estava com violão e Lysandre estava sentado com ele em frente a uma árvore, então Lysandre tirou um bloquinho do bolso e o folheou até encontrar talvez uma música. Ele fez sinal para Castiel e ele começou a tocar uma melodia ,uma máscara de garoto mal encarado estava caída e um garoto perdido em melodias e cifras aparecia naquele instante, e aí eu percebi: o garoto que misteriosamente me atraía não era o valentão da sala, era o garoto que ansiava apenas por ser normal e viver feliz com suas melodias. Estava perdida, meus planejamentos em relação a não me aproximar de ninguém se destruíram naquele momento... A música era muito boa, tinha uma pegada meio punk, mas mesmo assim ainda me prendia. Perdi minha vergonha na cara e fui até lá para ouvir melhor: me sentei no banco que estava ao meu lado e comecei a ouvir.

Castiel parou de tocar e me encarou, sua máscara havia voltado.

– O que foi, garota? Quer um autógrafo, é?

– D-desculpa é... é que eu me deixei levar pela melodia, sério, desculpa, não vou mais incomodar, é que eu achei a música tão boa, seu dedilhar é praticamente perfeito e os arcodes estão sincronizados em perfeita harmonia e, você, Lysandre, você tem técnica, voz e emoção juntos, não houve nenhum falsete e... - parei ao perceber que eles me olhavam incrédulos, ao perceberem que minha linguagem era avançada para uma garota que parecia ser um zero na música, não os culpava, era muito bobinha e atrapalhada demais pra parecer saber dessas coisas. - É-é por que eu toco alguns instrumentos, e, bem...

– Ah, então a senhorita baixinha dá pro gasto na música? Então, esquentadinha... Que instrumento você toca?

– É... desenrolo bateria, mas minha paixão é teclado e piano...

– Ah, que legal, senhorita...? - estranhei ao ver Lysandre me chamar de senhorita, ele tinha uma linguagem bem apropriada à sua personalidade e estilo. -

– Izumo, prazer! Ah e nada de senhorita viu? É desnecessário tamanha formalidade.

– Como preferir. E, por falar nisso... Como você sabe meu nome?

– Meu Deus, Elizabeth!!! - me virei ao redor procurando-a e, quando a vi, ela estava no mesmo lugar falando com aquela Violette. - Elizabeth! Vem cá. - ela se virou e eu gesticulei para que ela viesse até mim.- Desculpa, é que tinha me esquecido dela, Lysandre, e sei do seu nome porque Elizabeth me contou o nome da maioria das pessoas da nossa sala.

– Ah, compreendo...

– Oi, Cast, Lys, Izumo! - Elizabeth chegou com Violette ao seu lado - Violette, esta é a Izumo.

– Prazer, Violette! Tudo bem? - falei tentando parecer o mais simpática possível, me lembrando de que ela era tímida. -

– P-prazer, Izumo...

– Bem, gente, a conversa foi estimulante... Mas eu preciso me concentrar nos meus versos... Castiel, continuemos?

– Ah, claro! Tudo bem... Mas eu posso ficar aqui ouvindo um pouco? - perguntei torcendo para que eles dissessem que sim. -

– Bem... - disse Lysandre duvidoso - Eu não sei muito be-

– Ah, Lysandre, deixa de coisa, a novata quer nos ouvir, caramba, deixa ela, depois ela paga o dobro do que a gente ganha nos shows.

– O QUÊ? TÁ LOUCO, GAROTO? NÃO, MESMO QUE E-

– Haha! Como você é inocente, é bom saber disso... - E novamente Castiel estava se divertindo me vendo irritada.

– Ridículo... Você tem problemas na cabeça, sabia? - Falei tentando parecer estressada o suficiente.

– Tá. Vai, fica aê ouvindo, só não atrapalha, beleza? - disse Castiel sem nem ligar para o meu comentário.

– Izumo, eu vou resolver uma coisa com Violette, ok? - Elizabeth acenou e saiu arrastando Violette sem nem esperar a minh resposta.