Sábado, já é sábado. A viagem que eu esperei por tantos anos é amanhã, eu Camille Fortini não posso me conter de felicidade. Nada na minha vida pode melhorar, em menos de 12 horas já estarei dentro do voo com minhas 3 melhores amigas: Mel, Lana e Alicia. Nos conhecemos desde a primeira série do fundamental e planejamos essa viagem de 15 anos faz tempo. Doze dias na Flórida, visitando os melhores parques do estado, ficando hospedada em um hotel 5 estrelas dentro da Disney World e gastando todo o dinheiro que juntamos por um ano. Mas no meio dessa felicidade e animação toda me lembrei de não ter comprado a bolsinha para guardar meus dólares quando for aos parques. Na reunião do grupo, a nossa guia nos instruiu a comprar um tipo de pochete que se coloca dentro da calça, no começo me pareceu bem brega mas depois pensei que seria o melhor jeito de levar dinheiro pros parques sem correr o risco de perder.

- Papai eu sei que são quase 9h, mas você me levaria no shopping agora? – fiz a cara mais fofa que podia enquanto dizia isso ao meu pai.

- Mas agora Camille, o shopping fechas 10h.

- É que eu preciso mesmo comprar essa bolsinha, senão posso perder meu dinheiro.

- Tudo bem, tudo bem.

Saímos de casa na hora, em pouco tempo o shopping fecharia e eu ficaria sem a minha bolsinha. Meu pai é o melhor pai do mundo por me levar. Durante o caminho do shopping fiquei trocando sms com meu atual rolo, Caíque. Seria o meu “ultimo” dia com ele, já que na viagem não teria tempo pra celular nem pra computador. Havia prometido que me manteria fiel, mesmo a gente não tendo nada de muito sério. No fundo sei que não aguentaria, no meu cronograma continha algumas festa e bem, eu me conheço. Nunca fiz o tipo fiel, mesmo só tendo tido um relacionamento sério. Sempre fiquei com muitos meninos e até mesmo algumas meninas. Não tem um real motivo, algo do tipo que tenha me magoado de verdade a ponto de correr do amor. Eu tenho sentimentos, meu coração é de alguém e será sempre dela. Marina é seu nome, nos conhecemos a quase um ano e não sei ao certo onde tudo começo, só sei onde tudo basicamente acabou. Minha mãe descobriu o que tinhamos, assim me fazendo dar um tempo com o meu único amor. Isso tudo não me fez esquecer dela, namorar outras pessoas não mudaria nada o que sinto.

- Fica aqui me esperando, juro que volto rápido. – disse ao meu pai que estava com o carro parado no estacionamento e sai correndo para dentro do shopping.

A loja onde eu compraria a bolsinha ficava bem perto da portaria onde entrei, quando estava quase no caixa me deparei com aquelas almofadinhas de colocar no pescoço. Era linda, toda colorida, não pude deixar de levar, afinal eu precisaria de uma dessas se quisesse ficar confortável no avião. Paguei tudo no caixa e deu tempo de reparar nas unhas feias da atendente, Deus me livre, os dedos dela pareciam capacetes.

- Pronto papai, fui rápida não? – disse enquanto entrava no carro.

- Até que sim. – meu pai ligou o carro e fomos direto pra casa.

Chegamos depois das 10h, liguei para o Caíque. Apesar de não ama-lo eu ainda gosto dele, gosto mesmo.

- Cá? – ele disse com uma voz meio dramática.

- O que foi?

- Promete que não vai morrer?

- Ah mais é lógico que isso não vai acontecer, se for pra morrer que seja na volta. – eu disse entre risos.