Luz Negra I - Oculta escrita por Beatriz Christie


Capítulo 12
Capítulo 12 - Volta Ás Aulas




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        O dia começou mais cedo para mim naquela manhã. Como as aulas iriam retornar naquele dia, ter ficado acordada boa parte da noite pensando nos dizeres daquele cartão não me ajudou nem um pouco. Eu era a pessoa mais desanimada á mesa, durante o café da manhã. Podendo ser comparada a tia Amanda, mas como ela era assim todo o tempo, não seria uma disputa justa.
-- Está animada com a escola? - Rick perguntou á Abby, enquanto cortava um pedaço de bolo.
-- Entrar no meio do ano nunca é fácil. - Amanda intrometeu-se. Ela tinha um dom pra dizer as piores coisas no momento certo. Ou era proposital. - Afinal, todas as crianças já têm certo convívio...
-- Vai ser ótimo, tá legal?- a interrompi. - Não precisa ter medo de nada Abby, na escola você só vai brincar e fazer novos amigos.
-- Eu não estou com medo- Abby disse, balançando a cabeça. – O Senhor Boneco de Neve que está, mas eu disse que não precisava.
-- Você não tinha um nome menor pra dar pro seu amigo?- meu pai riu- Se acontecer algo com o “Nevado”, sua professora tem meu número. É só ligarem e eu te busco ok?
-- Não é Nevado!- Abby disse emburrada.
-- Quem dera eu, poder brincar com massa de modelar o dia todo, ao invés de fazer cálculos e blá blá. – resmunguei.
-- Você não está animada com as aulas? - Rick perguntou-me. - Ainda está em tempo de ir para o bom colégio que eu havia reservado pra você.
-- Roseburg é um colégio ótimo, estou muito bem lá. - tomei um gole de meu chá - E não precisam me esperar a tarde, vou pro curso de culinária.
-- Curso de culinária, é? Se você tiver as mesmas habilidades que sua mãe tinha na cozinha, então esse curso vai ser necessário.- Rick riu. – Eu lembro de cada invenção culinária dela...
Rick não parecia que estivesse sendo maldoso, mas tia Amanda soltou uma risadinha irônica.
-- Com certeza faz muito tempo que não experimenta da comida dela então. – desviei o olhar para tia Amanda. – Vai ver, ter filhos e cuidar da própria casa faz as habilidades melhorarem.
-- Bom. – meu pai disse, ficando de pé – Vamos, antes que percamos a hora. Ainda tenho que deixar você e Abby no colégio.
-- Você estava falando sério mesmo?- perguntei. Beirando aos 18 anos, ser deixada pelo papai na porta da escola, enquanto todos vão com amigos ou nos próprios carros é comparável a andar com a calcinha por cima do jeans. Vergonha alheia!
-- Não vai ser tão terrível assim. – ele disse, enquanto ajeitava o paletó -. Infelizmente graças ao trabalho tenho tido pouco tempo com vocês. Podemos conversar no caminho e lá poderei conhecer seus amigos.

Ok, SEMPRE pode piorar.

           Rick estacionou bem em frente a placa do “Roseburg High School”. Sua primeira reação foi soltar um assovio, enquanto admirava o conjunto de prédios. Apesar de a cidade ser pequena, era bem famosa, graças aos Jardins de Roseburg, mas as rosas não eram os únicos atrativos da  cidade, minha escola também era um ponto turístico graças a sua arquitetura.

          Não demorei muito, eu logo percebi que Rick não estava brincando. Ele não só queria conhecer meus amigos, como também os professores e todo o corpo docente do colégio.
-- Oh, é um prazer senhor Vidalgo! – A diretora, Sra. Artmann, disse enquanto sorria mais do que o necessário e apertava a mão de meu pai.
-- Espero que não seja um incômodo, mas quero conhecer os professores.
-- Tenho certeza de que eles lhe dirão o mesmo que eu! – a diretora passou um braço ao meu redor e puxou-me contra si. Por que os professores e diretores sempre eram tão amáveis perto dos pais? Quero dizer, eu nunca fora má aluna, mas tenho certeza de que para a Sra Artmann, eu não era nada além de uma aluna comum. – Nossa Mellany passou por tempos difíceis, mas fico feliz de ver que lhe restou um pai tão dedicado! – ela esmagou-me mais debaixo de seu braço.
Lancei um olhar de súplica para Rick, foi então que o sinal tocou.
-- Bom, melhor você ir Mellany. – ela me soltou. Saí andando o mais rápido que pude, mas ainda em tempo de ouvir meu pai dizer – Falo com seus amigos na saída então!

          Passei na secretaria para me inscrever nas aulas de culinária e aproveitei para dar um oi á Sra. Campus. Ela era uma das secretárias do colégio, estava sempre lendo um livro, geralmente romances daqueles que se compra em bancas de jornal. Por ter comprado muitas pinturas de minha mãe, ela era uma grande conhecida minha e sempre me ajudava quando chegava atrasada. – Olá, meu bem! Quanto tempo! - ela disse, desviando a atenção de seu livro.
-- É mesmo! Como a Sra. está?
-- Bem, o que veio fazer aqui? Ainda dá tempo de você entrar na primeira aula, esse foi só um sinal de aviso. – ela disse. Estava acostumada com meus atrasos.
-- Não é isso, quero me inscrever nas aulas de culinária.
-- Aulas de culinária? – ela disse, surpresa. – Não sei o que está acontecendo, mas várias garotas vieram se inscrever esse ano!
-- Não sei delas, mas eu sei que estou precisando muito!
Assim que ela colocou meu nome, assinei um papel e segui rumo á classe.
         Enquanto cruzava o estacionamento que dividia o prédio 1 do prédio 2, que era onde seria minha primeira aula, passei por vários conhecidos e os cumprimentei. De repente, enquanto caminhava, fui envolta por um abraço sufocante.

-- Meu deus, Mel! Como você está? Eu dormi no Daniel esses dias, só agora de manhã o Andrew me contou tudo! – era Luna. Levei um tempo para entender que ela estava falando do meu acidente na banheira.
-- Estou muito bem, na verdade. Pensei em te ligar, mas imaginei mesmo que você estava no Daniel e não quis atrapalhar.
-- Atrapalhar? Daniel ficou o tempo todo reclamando dos pais dele. Sabe, as coisas estão piorando por lá... Achei que após o divórcio eles parariam de discutir, mas pelo visto não. – ela disse, amuada.
-- Te digo o que acho sobre isso, assim que você me deixar respirar. – brinquei. Ambas rimos e Luna me soltou. – Que triste, qual o motivo das brigas agora?
-- Eles estão vindo. – Luna disse. Olhei e ao longe também pude ver Daniel e Andrew caminhando em nossa direção. – Depois te conto tudo.
-- Ok, também tenho muitas coisas pra te contar.
Olhamos-nos, Luna pareceu entender bem sobre qual seria o assunto. Não precisávamos falar muito pra ela me entender.
Daniel e Andrew aproximaram-se de nós e então percebi que Maggie estava com eles. Ela era prima de Daniel e desde criança nos damos mal. Como no filme Bridget disse no filme “O diário de Bridget Jones”, conversar com ela era “Como mergulhar com águas vivas”. Seguimos todos juntos para sala. Enquanto caminhávamos Andrew perguntou
-- Como você está?
-- Estou bem, a dor de cabeça melhorou muito. – respondi.
-- É mesmo, desculpe Mel! Têm acontecido tantas coisas que me esqueci de que você se afogou. – Daniel disse.
-- Se afogou? – Maggie perguntou – Não está meio grandinha demais pra isso? Quero dizer, se não sabe nadar, ao menos use boias!- Ela riu sozinha.
-- Ela sofreu um acidente na banheira, deixe de ser otária Maggie!- Andrew disse, nervoso.
-- Deixa, Andrew... – falei. Tudo que Maggie queria era atenção e ela usava qualquer um para conseguir isso.
-- Bem que estranhei, quando era comigo você sempre cuidou de mim. Coitadinha da Mel!
Maggie e Andrew haviam namorado na pré adolescência e ela fazia questão de jogar isso na minha cara.

-- Chega Maggie.- Daniel disse, enquanto ela o olhava com um olhar de quem não entendia – Vamos, isso já nos atrasou. Não estou afim de levar mais uma advertência.
-- Sra Artmann já tem até uma cadeira com o seu nome na sala dela. – Luna brincou.
-- É lógico, quando não tem quem culpar ela vem atrás de mim. Deve ter é um travesseiro com o meu nome na cama dela! – Daniel disse, fazendo ele e Andrew caírem na gargalhada.
Luna o olhou de cara feia, ainda rindo Daniel a beijou.-- Ô Deus, manda um help que essa tem ciúmes até da velha carcereira!
-- Carce o quê?
Era a Sra Artmann, ela tinha o mesmo dom que meu pai, de surgir das profundezas.
-- Carcelinda. – Daniel fingiu ficar sério.
-- Você já está na minha mira senhor Halvim! – ela disse, olhando para Daniel.
-- Tô te falando...- ele disse baixinho, com olhar convencido.
-- Seu pai lhe deixou esse dinheiro para o lanche.- ela entregou-me uma nota,
-- Uhhh papai deixou dinheiro pro lanche. – Maggie riu.
-- Quem dera todos os pais fossem como o Senhor Vidalgo, dona Margareth!
-- Margareth! – Daniel explodiu em risos.
-- Cala a boca! Seu otário!- Maggie retrucou.
-- Otáro o quê? Eu tenho culpa da sua mãe não gostar de você?!
-- Chega! Todos para a sala agora! – Sra. Artmann encerrou.
Seguimos em direção á sala, enquanto Daniel zoava Maggie. Era bom, apesar da presença dela, finalmente estar na companhia deles novamente.


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Notas finais do capítulo

Eu fiquei MUIIIIIIITO brava pois perdi todo esse capítulo enquanto escrevia e tive de reescrever tudo. Infelizmente nunca sai como da primeira vez, mas está aí :/
Espero que gostem. Beijos ♥