E o Amargo Vira Doce escrita por Iulia


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Ei! Eu estou tão completamente feliz com o fato de que estou prestes a terminar! Só mais uns quatro ou três capítulos, já que boa parte do final é sobre as tretas mentais da Katniss. Eu só vou colocar a Clove pra dormir e então, quando ela acordar, já vai estar no "felizes para sempre"! É ou não é adorável, queridos?!



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– Você tem de agir, ok?

Sacudo a cabeça afirmativamente.

– Não pode simplesmente apagar, entendeu?

Continuo assentindo para tudo que Cato me fala. Posteriormente ao que conversamos ontem, tornou-se claro o quão eu não posso mais me manter acomodada quando sequer posso garantir um mínimo de sanidade.

– Ok – sussurro, sorrindo.

Depois de tudo que aconteceu, ficar deitada numa espécie de cama conversando sobre qualquer coisa exceto a guerra me parece um perfeito exemplo de felicidade. Assim que acordamos, Tigris nos deu um pouco de comida e desde então estamos aqui, pensando no que fazer.

A verdade é que conseguimos só o que não fazer: Nós não vamos sair agora e nós não vamos deixar o tordo sair.

Eu acho que essa parte, acerca dos “nãos” e tudo mais, é complicada pra mim. Eu estou aqui, fui cotada com um símbolo exatamente como ela e de repente, sou até boa o suficiente pra fazer Snow sair e assim ser baleado por alguém. Entretanto, eu não aceitei nada. Eu fui egoísta e joguei tudo para os ombros da Katniss, que sempre esteve mais destruída que eu. Eu nunca me ofereci pra nenhum sacrifício e não tenho compromisso algum com qualquer pessoa.

A meu favor, continuo dizendo que não sou heróica ou forte o suficiente para liderar nem dois gatos pingados. Vou continuar sendo o tipo de pessoa que o 2 fabrica e vou agir sobre os meu preceitos e fazer o que eu quiser e o que me for oportuno. Soa cruel, mas é a minha harmonia.

Claro que isso implica também uma prolongação na duração da guerra, mas vou só seguir minha líder e esperar que ela resolva tudo. Não quero parecer uma pessoa horrível, mesmo que eu quisesse fazer esse sacrifício, não poderia. Cato me mostrou o quanto é cruel fazer isso com alguém que você sabe que precisa de você.

– Eu acho melhor dormirmos de novo – falo, separando meu rosto do dele. Essa é uma conversa séria e Cato gosta de tê-las assim, quase tocando nossos narizes.

– Pode ser. Pense sobre o que eu disse.

Eu penso. No outro dia, há uma virada no jogo. Os rebeldes mandam carros desocupados para ativar os casulos, controlando efetivamente assim o número de homens mortos. Mas sacando a deles, a Capital desativa uns casulos para que, nas suas avaliações, os espaços sejam tachados de seguros. Só que quando um esquadrão enorme avança, é totalmente dizimado pela armadilha.

Largo minha porção de comida em cima do balcão de Tigris e vou dar uma olhada nas pessoas que receberam ordens para sair de suas casas através da persiana, com um sentimento de inquietação que poderia ser traduzido para uma música como um tique taque insistente. O pouco tempo com Plutarch me ensinou alguma coisa.

– Katniss. – Chamo discretamente. Ela tira os olhos da TV e caminha até mim. – A gente tem que sair daqui agora; não vamos ter outra chance. Assim que todos eles acharem um lugar pra ficar, vão parar cada alma lá fora.

Ela continua fitando por entre as persianas.

– Se você pretende fazer algo, suas chances estão indo e vai acabar sendo obrigada a ficar esperando pela Coin no porão.

Eu acho que tenho que diminuir a intensidade com a qual falo as coisas. Pelo menos, finalmente agora ela se volta pra mim.

– Vocês vêm? Você e o Cato?

– Não saí do 13 pra ficar presa embaixo da terra de novo.

Assim que Tigris vai pras ruas buscar informações úteis, voltamos para o porão para ver Katniss perfurar o chão de tanto andar de um lado pra o outro.

– Falei com Everdeen – digo para Cato, enquanto arrumo seus curativos.

– Falou o quê? – ele vira seu pescoço em minha direção. Me sento sobre minhas pernas e corto mais um pedaço de bandagem.

– Que a gente tem que sair daqui enquanto tem gente na rua – respondo, me mantendo concentrada no ferimento para ignorar a investida de provocação de Cato.

– E será que ela te ouviu, Clove?

– Eu falei bem alto, Cato – respondo no mesmo tom de zombaria. – E eu acho que é melhor você descansar. Não vamos fazer isso até estarmos perfeitamente instalados numa casa no distrito 2.

Eu também acho que descansamos o bastante. Tigris demora tempo o suficiente para nenhum de nós querer mais descansar e nos lançarmos a traçar teorias aterrorizantes e conspícuas para a sua demora. Cato e eu fazemos isso, quero dizer. Eles não têm a imaginação suicida que o 2 nos ensinou, então só chegam a um nível de especulações rasas demais. Amadores. É visível que somos capazes de assustar eles até a morte. Menos Finnick, que ri de cada sugestão nossa, sacudindo a cabeça.

Eu não acredito nisso de verdade e nem me importo o suficiente para tentar ver o ponto de vista de quem o faz. Daqui a pouco Tigris vai aparecer e ronronar pra gente como sempre.

Mas fica chato e quero pegar uma faca e grudar a roupa de Katniss na parede para que ela pare de andar tão irritantemente. Quando a mulher chega, todos nós estamos cansados dela. Pelo menos temos carne.

Como desesperadamente enquanto tento prestar atenção na televisão e não me esquivar da figura emoldurada de um Pacificador. Quando ele para de falar sobre a noite e fria e anfitriões animados e eles mostram umas encenações patéticas dos citados, me dou conta de que esse tipo de resistência de autocontrole vai ser um sacrifício que farei constantemente se quiser estar viva no final.

Esse cara, que me lembra vagamente o Brutus, continua a falar e agora conta que Snow designou parte de sua mansão para receber desabrigados. Ele diz também que os donos de loja devem estar igualmente preparados para terem as portas chutadas por Pacificadores e invadidas pelos desalojados que estão conhecendo só agora a miséria rotineira dos distritos.

– Tigris, podia ser você – Peeta fala, coberto de razão. Agora, não temos mais tempo ou sequer opção.

Depois há mais uma notificação: Se alguém achar que viu um rebelde, deve-se avisar as autoridades invés de espancar a pessoa, como fizeram com um cara que disseram ser parecido com o Mellark só porque oxigenou a cabeça. Só temos a boa notícia de que alguns quarteirões foram conquistados hoje. Quanto ao resto, só podemos esperar que todo esse fogo cruzado signifique que o fim está próximo.

O Caçador e Everdeen vão “lavar pratos”. Cato fica me encarando como se esperasse que eu fosse começar a rir. Estou prestes a fazê-lo, então tenho que mudar de assunto.

– Bem. O cerco está fechando.

– E vocês vão ter que ser espertos pra sair dele, menina – Tigris ecoa, em seu ar de conhecimento absoluto.

– Espero que a gente tenha essa capacidade – Finnick suspira. Esperamos batucando os dedos pelas superfícies, rodeando os olhos pelo ambiente cansativo. Me sento no balcão e balanço minhas pernas, evitando trocar olhares com Cato.

Quando o casal volta, oficializam o anúncio de que vamos partir. Dizem que o Conquistador deve ficar e ele anui para tudo, como quem vê lógica em absolutamente tudo que está sendo colocado, mas aí fala que vai sair sozinho.

– Vai fazer o quê? – questiono, erguendo uma sobrancelha.

Ele diz que não sabe.

Essa resposta assina minha negativa para a ideia. Me sento no canto da sala pra não me dar ao trabalho de ouvir essas negociações idiotas de quem simplesmente não tem qualquer outra opção senão a mais desesperada.

– Você sabe que não pode controlar isso, Clove. Eles sempre foram idiotas.

– Estão sendo mais do que eu esperava. Eu só acho que ele vai surtar assim que ver...

– Vocês vão, certo? – Finnick me interrompe, se juntando a nós.

– Acho que ela decidiu que sim – Cato responde. – Mas de repente, Odair, você devesse ficar.

Eu acho que se o mundo tivesse podido ouvir isso, o mundo todo estaria parado olhando pra cara dele. Essa é o tipo de coisa que você nunca espera que ele fale.

– Por que está falando isso? – desconfio, quase rindo.

– Acha que eu deveria ficar?

– Deveria. A Annie está te esperando.

Faz todo o sentido, mas não acho que Finnick vá escutá-lo. Além do mais, de repente ele só está falando isso pra tentar me atingir.

Eu espero poder confirmar minha suspeitas durante a noite, mas agora que estamos aqui, Cato não faz nenhum pronunciamento. Ele só... Para de encarar o teto umas vezes pra me encarar.

– Quer falar alguma coisa? – pergunto casualmente, esperando até que mais um deles acorde gritando.

– Aham – ele se ajeita na cama e ergue as sobrancelhas, olhando para cima. – Eu acho que isso é pior do que voltar pros Jogos.

– Eu imaginei que fosse falar isso – balanço a cabeça. – Está com medo?

Essa é a pergunta mortal pra ele. Cato presume que seja óbvio pra você o quão ele nunca sente medo. Ele me encara como se eu fosse a maior idiota de todos os tempos, mas continuo esperando uma resposta.

– É óbvio que eu tenho certeza de que não vou morrer, então não estou com medo como sempre. Se eu estivesse, estaria por você.

Eu deveria me sentir ofendida com todas essas insinuações de que eu sou fraca e ele é indestrutivelmente forte, mas não tenho mais tempo para ligar para o amor próprio inabalável de Cato.

– Então a proposta está de pé, não é? Eu sempre ouço os outros falando sobre elas e todo mundo está disposto a se matar.

– Sua mãe nunca te disse que você não é todo mundo, garota?

Reviro os olhos e mal posso acreditar que isso está acontecendo de novo.

– Vai quebrar outra promessa? Vai só assumir que é um covarde e me largar de novo?

– Tá bom, cala a boca, Clove. Não vou deixar ninguém encostar em você.

– Mas e se alguém te forçar?

– Eu mato a pessoa.

– E se não puder?

– Isso é impossível.

– Então você me mata – corrijo. – Cato, querido, eu sei que você sabe que eu estou certa. E você sempre faz a coisa certa.

Então eu beijo ele e me viro para tentar dormir. Cato nunca faz a coisa certa, mas essa é uma que eu tenho setenta e sete por cento de certeza que ele vai fazer.


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Notas finais do capítulo

Ah, sobre o epílogo, eu devo dizer que não vou postar, porque ele está enorme e porque eu quero me dar o direito de nunca terminar isso de verdade. Logo, eu vou continuar escrevendo ele pra sempre e o aumentando até onde me der vontade. Vou escrever sobre a vida deles, sobre o final feliz amável deles, sobre os minis Cato e Clove, sobre tudo. É totalmente glorioso! Até mais, queridos!



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