Seguimos até a livraria para pegarmos meu carro, não poderia abandoná-lo. Afinal aquele tanto de dinheiro não cai do céu. Ele ligou a rádio e, por incrível que pareça, estava tocando Last First Kiss. O idiota começou a cantar a música me deixando corada. Droga, droga, droga.

– Baby let me be your last, your last first kiss... – ele continuou.

– Pode mudar de música? – perguntei.

– Não gosta dessa? – ele perguntou.

– Nem sei quem canta – me fiz de idiota.

– Sério? – assenti. – Mas ela é bem legal, e... é a Diferent que canta, minha banda.

– Hum, legal. Agora pode mudar?

– Claro mandona – ele disse fechando a cara, argh. Eu odiava me lembrar do que eu tinha deixado para trás, ou o que deixamos de viver, ou o que ele me fez passar.

– Você té chorando? – perguntou Nick olhando rapidamente para mim e depois voltando sua atenção para a estrada.

– Não – menti – por que você acha isso?

– Acho que pelo simples fato de seu rosto estar molhado – ele respondeu e eu coloquei as duas mãos em meu rosto, limpei as lágrimas que caíam.

– Tá bem, agora pare o carro. Eu preciso ir naquela loja logo à frente – falei e ele estacionou sem ao menos reclamar. Limpei mais lágrimas que caíam, por que eu tava chorando mesmo? Argh. É horrível ficar perto dele sem ao menos me lembrar de tudo.

Sai do carro e andei em direção à loja de roupa, entrei e comecei a procurar um vestido para usar na festa que eu tinha hoje à noite. Procurava algo bonito e não muito extravagante. Acho que demorei muito, pois Nick apareceu lá.

– Hey, o que tanto você procura ai? – Nick perguntou impaciente.

– Um vestido para uma festa que eu vou hoje à noite – respondi e voltei a olhar para aquelas roupas de grif, cada uma mais horrorosa que a outra, porém todas muito cara.

– Esse tempo todo e você ainda não achou? – ele falou ainda impaciente.

– Ei, cala a boca e tenta me ajudar já que é tão importante para você sair daqui – gritei e vi que todos nos olharam. Uma das atendestes, bonita por sinal, ficou assustada e veio até nós dois.

– Posso ajudar em alguma coisa? – a moça perguntou.

– Claro – falei envergonhada.

–O que a senhorita Vitteck deseja? – ela perguntou com um sorriso de atendente no rosto. Ou seja: sorriso falso.

– Eu queria algum vestido simples e vermelho – falei e vi Nick andando de um lado para outro. Ri com sua cara de estressado. Voltei a olhar para frente e a atendente já tinha saído.

Não demorou muito ela voltou com um vestido lindo, peguei e paguei-o, saímos da loja e vi um cara vindo em nossa direção com uma câmera. Ah, ótimo! Paparazzi.

– Oi, com licença, será que eu poderia falar com vocês? – o cara perguntou.

– Estamos atrasados, vamos Nick – respondi seca e puxei Nick pela mão. Um choque elétrico correu por todo meu corpo, fazia tempo que não segurava na mão de Nick. O mesmo parou e soltou minha mão.

– Ah, para de ser clichê Yas, claro que podemos – Nick falou e eu o olhei com raiva.

– Entao é verdade os boatos, o senhor Horan e a senhorita Vitteck estão namorando? – ele perguntou. Olhei para Nick e ele para mim.

– Sim é verdade – respondi – então podemos ir agora amor? – perguntei para Nick que riu da minha cara.

– Ah, sim era só isso – ele falou – espera posso tirar uma foto de vocês?

– Claro – Nick falou – que tal assim?

– Como? – foi tudo que consegui falar, antes que Nick me segurasse e me beijasse. Percebi os flashes, mas pouco me importei e continuei o beijo. Não foi um simples selinho foi não sei, um beijo de novela, cinema.

– Huhum – o rapaz pigarreou. – Obrigado – o paparazzo se virou e saiu andando.

– Vamos agora querido? – perguntei forçando um sorriso. Entramos no carro de Nick e ele ligou o rádio.

– Você tá louco? – perguntei quase gritando – onde você estava com a cabeça quando me beijou?

– Tem que parecer real lembra? Ah, e eu estava com a cabeça colada na sua – ele falou e começou a rir.

– Ai que engraçado – ironizei – para onde o senhor está me levando? Tenho que pegar meu carro, Nicolas.

– Não se preocupa com o carro não, já liguei pra Sophie e ela já levou seu carro para casa. Ah, vou te levar pra minha casa – ele falou como se fosse normal.

– Como é que é? Mas, mas... aquela mansão não era sua casa? – perguntei confusa e espantada.

– Eu disse, aquilo era do produtor... agora vou te levar pra minha casa. Acho que você deve conhecer meu apartamento – ele respondeu sem me olhar na cara. Argh.

– Por que eu tenho que conhecer sua casa? Eu quero ir pra casa, estou com fome.

– Então ótimo, vamos almoçar. A onde quer ir?

– Em qualquer canto que não tenha muitos paparazzis, não quero ficar te beijando todo tempo – ele ficou sem reação, porém concordou. Seguimos o resto do caminho em silêncio. Mil pensamentos passavam por minha cabeça. Aquele beijo... aquele beijo...

Era tão bom, era tão divino, eu me sentia tão bem... Não, pera. Como apaga pensamentos? Yasmin, você odeia o Nicolas, simples.

– Yasmin? Tá viva?

– Que é Nicolas?

– Você é bem bipolar hein?

– Sim – revirei os olhos.

– Temos que combinar o que vamos fazer nessa festa de hoje à noite.

– É, não quero que você me beije daquele jeito novamente.

– Vai dizer que não gostou? – ele perguntou e eu corei.

– Você beija mal, Nicolas – eu guaguejei.

– Não era isso que seus lábios diziam, pareciam que eles queriam mais e mais e mais e mais.

– Cala a boca Nicolas, eu não gostei – eu disse e ele se aproximou.

– Ah, quer dizer que seu coração não acelera? – ele vinha se aproximando cada vez mais. Tudo bem, meu coração foi acelerando cada vez que ele se aproximava. Eu tentava me afastar, mas algo me impediu. O banco do carro, óbvio. – Nem um pouco?

– Ni-nick – tentei falar algo. Nossas respirações se misturavam transformando-se em uma só. – Pa-para.

– Ainda não sente nada? – ele colou nossos corpos e logo depois nossos lábios. Ele fazia movimentos rápidos e selvagens, diferente de tudo o que já fizemos. Eu não queria saber se estávamos no carro ou não, se nos odiávamos ou não, eu não queria saber de mais nada. Apenas que eu estava gostando.

– Realmente não sente nada? – ele desgrudou nossos lábios. Neguei, porém sim eu sentia. – Hum, então vamos acabar logo com isso.

– Que restaurante é esse?

– Sei lá, qualquer um.

– Me parece bem lotado – disse, o garoto não me olhou na cara e desceu do carro com um sorriso no rosto. Em poucos segundos ele estava abrindo minha porta para que eu descesse. Percebiámos olhares em nossa direção.

– É melhor você chegar mais perto e ficar abraçada comigo – ele sussurrou. Eu o fiz. Fiquei envergonhada pelo olhar das pessoas, imagino que essa história de “Niasmin” já tenho rodado todo o mundo. Entramos naquele restaurante e sentamos em uma mesa afastada. Nick pediu bife com batatas fritas e esperamos um pouco. O garçom trouxe nosso almoço e sucos de laranja.

– Então... todas as frases daquele livro foram feitas por você? – ele perguntou bebendo um gole de seu suco.

– Sim e muitas foram baseadas em fatos reais – linda indireta – você leu meu livro?

– Você escutou meu CD? – rimos com as perguntas.

– Perguntei primeiro!

– Sim... eu li.

– Sim... eu escutei – ele sorriu e ficou vermelho, do mesmo jeito que eu.

– Qual sua música preferida? – ele perguntou... Last First Kiss, cof, cof.

– Não sei – menti. Ele não ligou e continuou a comer sua comida. Fiz o mesmo, olhei pelo vidro do restaurante e vi muitos paparazzis. – Droga, eles estão nos seguindo.

– Quem?

– Olha, atrás de você – o mesmo se virou e riu.

– Realmente... argh, não posso nem comer meu bife em paz! – dessa vez eu ri. – Hm... sobre esse vestido que você comprou... que festa é essa, hein?

– Uma premiação. Que eu saiba você também está na lista. Sério? Você não sabia da premiação de hoje à noite? – o mesmo negou rindo. – Sério que você é famoso?

– Eu nunca sei de nada, sou o último a saber! – rimos um pouco. – Você acha que devemos ir juntos ou separados?

– Casais sempre vão juntos...

– Então tudo bem. Vamos indo? – ele perguntou e eu assenti. Ele pagou a conta e seguimos para seu carro. Antes, algumas fotos para fazer o namoro fake valer a pena. Entramos no carro e seguimos para minha casa em silêncio.

Quando chegamos a frente ao meu prédio, eu desci do carro dando um pequeno tcahu com a mão.

– Te pegos às 21:00 – sorri e segui para meu apartamento.