Bipolar escrita por UnknownName


Capítulo 5
Segredos (quase) revelados e decepções


Notas iniciais do capítulo

Yo, como vão?
Mais um cap /o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/303660/chapter/5

Escola. Ah, como eu odeio escola.

Quer dizer, se eu não tivesse esse "probleminha" eu estaria super bem com o fato de ter de ir ao colégio, e provavelmente até iria gostar de lá. Sabe, eu até gosto de estudar (pode me chamar de nerd ou o que for, mas eu acho importante ter conhecimento).

Eu realmente queria faltar na segunda feira, mas isso só pioraria tudo. E de certa forma eu também estava curioso... Não conseguia parar de pensar no dia anterior.

Por quê ele de repente parou de me bater, assim que eu voltei à mim? Como ele sabia daquilo? Eu manti meu problema em segredo de tudo e todos, apenas 3 pessoas sabiam dele: Minha mãe, meu pai e a Ana. "Será que a Ana contou pra ele?" ─ pensei ─ "Não, eu confio nela...".

O motivo do segredo? Não sei se tem um motivo concreto, mas o mais provável era porque eu não queria ser visto como louco ou algo assim, tentando evitar ser evitado pelas pessoas, mas parece que de um jeito ou de outro eu acabaria assim.

Só que eu não tinha coragem de perguntar. Eu não estava nem perto de ter coragem de ficar a 100 metros de distância dele, como poderia conversar. "Pedir pra alguém fazer isso por mim? Hm... He, he, he, he..." eu me divertia com a ideia, enquanto um sorriso maléfico se formava em meu rosto, causando preocupação na pessoa do meu lado. Ah é, já mencionei que eu estava à caminho da escola?

─ Tá pensando no quê? ─ Observei Ana com aquele mesmo sorriso. ─ Sinto que não devia ter perguntado...

[...]

Observava de longe, recebendo uma expressão furiosa da Ana, que estava não muito à minha frente. Ela se aproximava do Bruno, que conversava com alguns amigos. Ele tinha um machucado na testa e outro no lábio inferior, estes causados por mim. Eu pedira para que a Ana deixasse o celular ligado e dentro do bolso, enquanto eu, numa ligação, ouvia tudo o que conversavam.

─ O-Oi... ─ Ela falou, gaguejando.

─ O que foi? ─ O garoto respondeu, sem ligar muito.

─ Eu vim devolver isso. ─ Ela estendeu o caderno do indivíduo. ─ Como o Nick é um covarde, estou entregando por ele.

Ok, eu tinha ficado ofendido com essa.

─ Ah, obrigado. ─ Ele pegou o objeto, e guardou na mala. ─ Ele é bem rápido, eu falei que podia entregar só na sexta.

─ "Eu não quero ficar com um peso nas costas", foi o que ele disse. Ele também pediu imensas desculpas pelo que fez, e- ─ Ela foi interrompida. Ele sussurrou algo com os amigos, entendi que pedia para que fossem embora, porque o fizeram logo depois.

─ Eu quero que ele venha aqui falar isso. Aliás, pode sair de trás desse pilar, Nicolas. Você não está enganando ninguém, sabe. ─ Tomei um susto. Tentei ao máximo fingir que não estava lá, mas ele já tinha descoberto. ─ Seja homem, porra!

O jovem cruzou os braços, e ficou esperando. Saí lentamente, e não vou mentir ─ Eu estava tremendo da cabeça aos pés. Pode me chamar de medroso, eu sou mesmo.  

Aproximei-me em passos curtos e demorados, e quando finalmente cheguei lá virei a cabeça para o lado, não conseguindo encará-lo nos olhos.

─ M-Me desculpe. E-Eu não arranjei aquela briga por querer. E-Eu sei que é estranho, mas acredite em mim, por favor. ─ Falei, tropeçando com as palavras. O outro arqueou a sobrancelha, e depois de um tempo começou a rir. O olhei confuso. Por quê diabos ele riria num momento desses?

─ Ai ai, você é engraçado, carinha. ─ O Bruno falou, se "recuperando". ─ Não precisa ter tanto medo de mim. Eu sei, posso ter sido violento e assustador, mas já faz um tempo que não sou mais assim. Não com gente que não merece.

─ Não merece...? ─ O que estava acontecendo? Alguém definitivamente havia contado para ele do meu segredo. Mas quem?!

─ Quando você parou de repente e não brigou mais, simplesmente deixou-nos que te batessem, eu soube que tinha algo errado. "Por quê agiria tão diferente de repente?" Foi o que pensei. ─ Ele começou a explicar, colocando a mochila no chão. ─ O que foi? Você tem algum problema mental, ou algo do tipo? Um mecanismo de auto-defesa?

─ N-Não é isso! É um problema que eu tenho... Mas eu gostaria de mantê-lo em segredo das outras pessoas.

─ Se você não contar eu vou começar a acreditar que você fez aquilo de propósito. ─ O jovem me enviou um olhar ameaçador. Vocês não sabem o que é um olhar maligno dele, é REALMENTE assustador.

─ Por quê diabos eu arranjaria briga com você sem motivo? Olha, eu realmente sinto muito, mas isso eu não posso contar.

Por quê eu continuava insistindo em manter segredo? Por quê não dizer logo de uma vez, assim todos entederiam quando eu fizesse coisas estranhas? Eu sei lá... Alguma coisa me dizia pra continuar escondendo. 

O outro soltou um "Ok, então." e eu fui embora. O sinal ainda não havia tocado, mas fui para a minha sala.

Como foi o meu dia escolar? Péssimo. O lado bom foi que o ocorrido não ficou conhecido pelos 7 mares do colégio, mas o que aconteceu na última aula foi muito pior do que qualquer coisa. Pelo menos do meu ponto de vista...

11:45, eu contava os minutos para ir embora. Era aula de história, quem aguenta? As palavras da professora pareciam uma canção de ninar, de tão sono que dava. Deitei minha cabeça na mesa, e aproveitei para dar uma espiadinha para a direita, onde a Ana sentava. Mas sabe? Eu desejava não ter olhado. Ela estava com as bochechas coradas, e um sorriso bobo, observando o menino que sentava na minha frente. Fiquei assustado. Estaria eu enxergando direito?

"Não, não, eu devo ter entendido errado...", repeti essas palavras na minha cabeça inúmeras vezes, mas quanto mais eu olhava, mais claro ficava.

Ela cutucou a amiga da frente, comentou algo olhando para aquele mesmo garoto, e deu uma risadinha. Tudo bem que eu não podia ficar com ela naquele estado, mas vê-la toda boba por outro cara... Me deixou furioso. Não, talvez furioso não seja a palavra... Ciumento? É, era isso mesmo. Eu estava morrendo de ciúmes.

─ Cara, a vida é cruel... ─ Murmurei para mim mesmo, escondendo o rosto entre meus braços, ainda com a cabeça deitada na mesa.

─ Nicolas, está se sentindo bem? ─ A professora interrompeu a aula, e a atenção da sala se virou pra mim.

─ Não muito... ─ Respondi, tentando parecer doente.

─ Quer tomar uma água ou algo assim? ─ Pelo menos ela era uma pessoa gentil.

─ Não, obrigado, professora. ─ Respondi. 

Aquele realmente não era o meu dia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? ^^
Um ótimo ano novo pra vcs o/