Bipolar escrita por UnknownName


Capítulo 4
Consequências


Notas iniciais do capítulo

E então, como foi o natal de vocês?
Aqui estou eu com mais um capítulo! Go!



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Acordei com grande parte do meu corpo doendo. Eu estava no chão, mas via tudo embaçado. Minha audição também não estava boa. Mas foi quando uma pressão súbita atingiu minha barriga, e entendi que era um chute.

Sentia o sangue na garganta. Eu tinha mesmo que acordar naquele exato momento?

Olhei em volta, e vi o vulto de 3 pessoas. O do meio estendeu a mão, fazendo sinal para os outros pararem. Nisso, se ajoelhou e me agarrou pela gola da camisa.

─ Eu comecei a pensar que você era gente fina, mas- ─ Ele se interrompeu. Eu não conseguia falar nada, meu rosto estava "destruído", afinal. Ele também estava machucado, e bastante. Eu tinha feito aquilo? ─ O que aconteceu?

─ Ahn? ─ Murmurei, meio tonto.

─ Não é a mesma pessoa. ─ O Bruno se levantou, batendo na calça para tirar a poeira.

─ Do quê cê tá falando? ─ Um dos seus amigos perguntou, não entendendo absolutamente nada. Eu também não entendia, na verdade.

─ Vamos embora daqui. Não vou brigar com alguém que é inocente. ─ Ele se virou e começou a caminhar. Os outros olharam confusos, mas o seguiram.

Parei para olhar o ambiente. Eu estava num lugar que nunca vi antes, e não tinha ninguém lá. Era sujo, cheio de lixo. Será que era no depósito do evento?

Levantei com certa dificuldade, me agarrando na parede. Olhei para as nuvens e vi que ia começar a chover em breve. Começei a caminhar para casa, andando por uma parte coberta da calçada.

─ Nicoooooooooooooooo! ─ Ouvi alguém me chamando, e a voz era incofundível. Olhei para trás e vi a Ana correndo até mim. ─ Até que enfim achei você!

Ela parou por um segundo e me observou.

─ Se metendo em problemas de novo? ─ Sua voz soou decepcionada, e abaixei a cabeça. ─ Tente se controlar um pouco mais, tá?

Assenti com a cabeça, e ela tirou um lenço da bolsa, o qual me entregou. O passei na testa e no resto do rosto.

─ Pode me dizer o que aconteceu? ─ Pedi, meio deprimido, enquanto caminhávamos até em casa.

─ Você começou a ficar louco e bater naquele cara, depois vocês foram expulsos do evento. Levei um tempo até passar da fila pra sair, mas quando o fiz eu não sabia onde você estava. Só consegui te achar agora, depois de ver o Bruno machucado lá atrás. Você causou uma confusão, sabia? ─ Ela dizia, não brava, mas calma. A Ana era engraçada, mesmo dando sermões não saía do controle, nem nada disso... Não, por isso mesmo ela era demais.

Suspirei.

─ ... Se eu não for pra escola amanhã, vou parecer um covarde? ─ Perguntei, pensativo.

─ ... Provavelmente. ─ Ficamos em silêncio por um tempo, e isso acabou se prolongando até chegarmos em casa, com algumas poucas trocas de palavras.

─ Me desculpe. ─ Falei, um pouco antes de entrar.

─ Pelo o quê?

─ Eu estraguei seu dia. ─ Eu estava cabisbaixo. ─ Se não fosse por mim, você teria aproveitado muito mais e não teria que sair de lá. Você sequer pôde comprar um livro.

O que recebi? Um belo soco no ombro. Aquela garota é bem mais forte do que parece, sabia?

─ Você sabe que não foi culpa sua! Eu saí te procurando porque quis te ajudar, porque você é meu amigo! Foi por minha vontade! Se não fosse isso eu mal me importaria com você! ─ Se ela tinha ficado brava, era sério. ─ Eu quero te ajudar. Eu quero ser sua amiga. Se fosse o contrário, por quê eu sequer te convidaria pra ir lá comigo? Não quero que você se culpe de mais nada, tá?

Assenti com a cabeça e murmurei um "tá", e ela sorriu.

─ Bom, então eu vou indo. Tchau! ─ Ela acenou e foi embora, e eu acenei de volta, claro.

Minha mãe não estava na sala, provavelmente estava em seu quarto. Meu pai dormia bastante nos fins de semana, então provavelmente o estava fazendo.

Abri a geladeira e enchi um copo com refrigerante, depois subi para o meu quarto. Crow estava cochilando, então deixei o copo em cima da mesa e fui para o banheiro, eu precisava cuidar dos meus ferimentos. Tirei um anti-séptico de dentro da gaveta e o espirrei nos machucados, agradecendo por hoje em dia esses medicamentos não arderem mais.

*Toc toc*, ouvi alguém bater na porta.

─ Entra. ─ Avisei.

─ Filho, você já chegou? ─ Minha mãe entrou no quarto, mas tomou um susto ao me ver. ─ O que aconteceu?!

─ Nada demais... Já estou bem. ─ Expliquei, com um sorriso no rosto.

─ Não é pra você ficar sorrindo, Nico! Eu estou começando a me preocupar com você, não é mais como antes... ─ Ela observava meu rosto de perto, aquelas coisas de mãe pra ver se você tem algum machucado grave ou algo assim.

─ Eu sei... Também estou assustado... ─ Encarei o chão.

─ Ainda são 10 horas, mas mais tarde você pode fazer o almoço pra mim? Tenho tanta coisa pra fazer... ─ A mulher pediu, e parecia um pouco envergonhada.

─ Claro mãe. Eu gosto um pouco de cozinhar, também. E se precisar de ajuda em mais alguma coisa, não hesite em pedir. ─ Sorri, e ela fez o mesmo, depois foi embora.

Eu amava e amo a minha família. Não tenho nada do que reclamar. Do que reclamaria, afinal?

Deitei na minha cama, e tentei relaxar.

"Quem acha que a vida é fácil, não está vivendo de verdade." Murmurei em minha cabeça, revivendo em minha mente todas as situações ruins pelas quais passei, como numa retrospectiva de televisão.

Estiquei o braço e apertei o botão para ligar o computador. Ao me levantar, avistei um caderno em cima da mesa. Eu ainda tinha que terminar as anotações do Bruno, então aproveitei para o fazer naquele momento.

Suspirei. O meu outro "eu" fazia as coisas ruins e depois deixava tudo para o meu eu de verdade consertar. Cada vez mais começo a pensar que somos pessoas distintas, mas não podia recusar o pensamento de que ele fazia parte de mim, infelizmente...

─ Será mesmo que tem um jeito de acabar com isso tudo? ─ Falei comigo mesmo.



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Notas finais do capítulo

Capítulo um pouco mais curto hoje, eu sei... Mas eu não tenho nenhuma desculpa, só não sei mais o que escrever, mesmo ^^'
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