Dente Gelado escrita por Bia Mello


Capítulo 10
Uma conversa sobre dentes. De novo? Não dessa vez.


Notas iniciais do capítulo

Notas do Capítulo Passado:
- Jack e Fada conversam sobre Sandman.
- Jack visita Norte.
- Coelhão queima o fogão.
- Sandman reflete.



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- Cheguei. – Abriu a porta Coelhão, frustado. – Sério, nunca pensei que seus ajudantes pudessem ficar tão bravos.

Norte deu uma gargalhada, assim como Jack. Coelhão entrou no escritório e se sentou. Uma bandeja estava em sua mão.

- Vocês aceitam? – Ele pegou um biscoito queimado e colocou na boca. – Eu não recomendo, mas prometi a York mestra que eu iria comer tudo, senão provavelmente eu teria um grande olho roxo agora.

- Eu estou bem. – Disse Jack.

- Também, obrigado. – Norte riu.

Coelhão enfiou todos na boca, e engoliu relutante.

- Eu quero pedir um favor a vocês. – Falou por fim Coelhão.

Todos  observaram curiosos e ele continuou.

- Eu quero que vocês me ajudem na Páscoa. Como amigos. – Ele olhou para Jack – E então, só ENTÃO, eu te perdoarei do que você me fez há alguns anos atrás.

- Sem ressentimento? – Perguntou Jack.

- Se você fizer tudo certo, não vejo o porquê de ainda existir algum.

- Fechado. – Eles apertaram a mão, rindo.

- Então, se não houver problema, eu precisava da ajuda de vocês com alguns ovos. Uma das minhas máquinas quebrou e... Você sabe. O número de pessoas visivelmente aumenta de alguns tempos para cá.

- Porque não pediu logo? – Falou Noel se levantando. – Vamos pelos seus... Túneis?

- Como de costume. – Respondeu Coelhão rindo.

Norte revirou os olhos. Eles já estavam saindo do escritório quando perceberam que Jack não havia se mexido.

- Você não vem? – Perguntou Coelhão.

- Então... Sabe como é? Eu tenho que resolver uns negócios por aí. Coisa de guardião. Mas já vou lá com vocês.

- Se você diz... Não demore! – Norte fechou a porta e Jack pode os ouvir rindo do outro lado.

- Não prometo nada. – Sussurrou ele, baixinho, com um sorriso malicioso no rosto.

- Ai... Eu não sei onde eu estava com a cabeça! – Falou Fada, consigo mesma. – Sim, Fadinha, ali está ele. Não, calma. Esse é de leite. Do outro lado! Mas que lindo molar que você tem aí.

Fadinhas voavam rapidamente de um lado para o outro arrumando a bagunça. A Fada havia se confundido nas intrusões e milhares de dentes estavam trocados.

- Ora, ora, limpe esse dente antes de coloca-lo na caixa! Ele está deplorável. Não. Mais limpo. Não me importa se você o lavou mais de 10 vezes! Oh...  Desculpa, deixe que eu te ajudo! O quê? Quem precisa de mim? Espere um momento. Eu sou apenas uma!

Quando tudo estava mais ou menos arrumado, ela se jogou em uma pétala de flor, muito macia, que cheirava a Hortelã – mesmo não sendo hortelã.

Uma Fadinha chegou correndo em direção a ela. A Fada dos Dentes não pode deixar de dar um suspiro cansado e se preparar para arrumar mais as coisas. Foi quando reparou que tinha algo estranho na mão da pequena fadinha.

Uma flor.

- Fadinha...? Ela é linda. Mas qu...?

Não foi uma frase que ela tentaria terminar – mesmo que conseguisse. Seus lábios, até então cansados de tanto falar, foram tocados por Jack, que com o dedo indicador os silenciou. Ele a pegou pelas mãos e eles voaram para um lugar um pouco distante de onde as outras Fadinhas estavam.

- Oi. – Ele disse, quando julgou estar um bom lugar.

- Olá sequestrador. – Ela respondeu rindo.

- Sequestrador? -  Jack respondeu confuso.

- Sim, sim. Como você pode ver – ou deveria ver – Eu estou trabalhando. Uma coisa que você também deveria fazer.

- Ah sim... Para pagar meus impostos e essas coisas. – Os dois riram.

- Minha mãe nunca aprovaria um cavalheiro assim para o casamento.

- Então ela que fique feliz. – Ele largou a mão dela- Eu não me pretendo me casar com você.

- Isso não foi gentil! –Ela deu um pequeno grito, ironicamente chocada. – Fique longe de mim. Você é um grosso. Isso sim. Esse é o seu nome a partir de hoje, aliás. – E ela deu uma pequena risada.

- Ora, donzela. Aceito: mas chama-me unicamente teu amor, batizo-me de novo e não quero mais ser um grosso.

- Isso foi Shakespeare? – Ela parecia confusa- na teoria é claro, porque sua interpretação foi horrível. E seus ajustes na fala também.

- O que posso dizer? Sou um cavaleiro solitário.

- Você está bêbado? – Ela respondeu rindo. – Onde estava?

- Na casa do Norte. Minha pequena amiga quis visitar aquele grandalhão. – Apareceu a Fadinha do lado, rindo.

- E veio aqui, por quê?

- Para te dar isso. – Ele disse entregando a flor. – E de brinde, você ganha...

Ele largou a flor, que enquanto caía, foi o tempo de Jack beijar novamente a pequena fada, que ficava vermelha. Ele segurou na cabeça dela e aos poucos foram perdendo altura, até chegarem a uma grande pétala de rosa – de um tamanho 2 m x 3 m – onde se deitaram. Fada encostou a cabeça no peito de Jack.

- Eu me esqueci de te falar uma coisa, Fada.

- Sim.

- Eu também te amo.

Ela se levantou rapidamente e olhou para ele.

- Não sei se isso está certo Jack. Não que eu sinta que seja errado, mas mesmo assim... É como se alguma coisa fosse estragar. E logo.

 - Se isso acontecer, pelo menos terá hoje.

- Mas se isso tudo acabar... Se você for embora. Você construiu algo em mim que eu pensei que nunca teria sabe. Então é isso. Formará uma cicatriz.

- Cicatrizes nós fazem lembrar o que nós já fomos, que já vivemos... Isso não é algo para temer. Se eu deixei uma cicatriz em você, pode ter certeza que você tem uma em mim.

Ela se levantou, de repente.

- Isso foi fofo.

- O que eu posso dizer? Eu sou demais.

Ela deu um tapa na cara dele.

- Ai... ! – Disse ele virando a cara. – Mas eu continuo sendo.

- Uma cicatriz para meu cubo de gelo.

Ele deu um sorriso para ela.

- Preciso ir para a toca do Coelhão. Quer vir junto?

- Eu queria. Mas as coisas estão meio feias por aqui. – Ela mudou a expressão para uma mais brava- Ainda mais que agora que alguém me destraiu.

- Ohhh.... Me sinto tão  arrependido. - Disse Frost irônico. 

Ela estava indo para dar outro tapa nele, mas Jack foi mais rápido e segurando a mão dela, virou o rosto e deu um beijo na bochecha da Fada.

- Até, senhorita.

- Até, cubo de gelo.

- Você precisa parar de me chamar assim.

- Eu vejo o que posso fazer por você.

E dando uma última troca de sorrisos, Jack se foi.

Frost se deparou com Coelhão e Sandman arrumando alguns ovos recém-pintados.

- Cadê o Norte? – A Fadinha saiu do bolso.

- Teve que voltar para a fábrica. – Respondeu Coelhão – E você onde estava?

- Por aí... Sabe como é.

- Na verdade não. – Respondeu Coelhão rindo. Sandman olhou para Jack, como se tentasse falar com ele.

- O que foi Sand?

Sand respirou fundo e então se inclinou para Frost, como se pedisse desculpas por alguma coisa que iria fazer. Com areia, formou a imagem de Jack dando um beijo na bochecha da Fada, cena que aconteceu minutos atrás.

Coelhão olhou assustado e Sand baixou a cabeça.

- Jack... – Coelhão começou a falar. – Se isso é o que eu acho que é, então temos um problema.

Ele se levantou e deu um sorriso fraco para Frost.

- Venha, deixe-me contar uma história. 


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Notas finais do capítulo

Justificativas?
suponho que sim.
"Bia, porque vc não escreve desdo ano passado?"
- Peor, nem eu sei. Eu tenho minha teoria. Eu estava me sentindo desanimada com a história, ou com sei lá oque, e estava sem inpiração para escrever. - Estou me abrindo totalmente aqui, okai? - E eu pensei: Se eu escrever agora, essa história vai virar um lixo. E realmente ficou, nas minhas 5 primeiras tentativas de escrever esse capítulos. Eu li uma reportagel sobre a lenda dos guardiões e me senti mais mal ainda de não estar escrevendo. Tudo ao seu tempo. Mas porém, passou essa fase. Eu vou chamá-la de fase férias, onde você simplemente não quer fazer absolutamente nada. Espero que tenham gostado desse capítulo tanto quanto eu gostei. Teve melação? Suponho que sim. Mas é um romance, afinal. E eu acho que nada como um bom tapa na cara para quebra-lo. Algo que a Fada fez muito bem. Então é isso. Até o próximo. :D