Dente Gelado escrita por Bia Mello
Notas iniciais do capítulo
Notas do Capítulo Passado:
- Jack e Fada conversam sobre Sandman.
- Jack visita Norte.
- Coelhão queima o fogão.
- Sandman reflete.
- Cheguei. – Abriu a porta Coelhão, frustado. – Sério, nunca pensei que seus ajudantes pudessem ficar tão bravos.
Norte deu uma gargalhada, assim como Jack. Coelhão entrou no escritório e se sentou. Uma bandeja estava em sua mão.
- Vocês aceitam? – Ele pegou um biscoito queimado e colocou na boca. – Eu não recomendo, mas prometi a York mestra que eu iria comer tudo, senão provavelmente eu teria um grande olho roxo agora.
- Eu estou bem. – Disse Jack.
- Também, obrigado. – Norte riu.
Coelhão enfiou todos na boca, e engoliu relutante.
- Eu quero pedir um favor a vocês. – Falou por fim Coelhão.
Todos observaram curiosos e ele continuou.
- Eu quero que vocês me ajudem na Páscoa. Como amigos. – Ele olhou para Jack – E então, só ENTÃO, eu te perdoarei do que você me fez há alguns anos atrás.
- Sem ressentimento? – Perguntou Jack.
- Se você fizer tudo certo, não vejo o porquê de ainda existir algum.
- Fechado. – Eles apertaram a mão, rindo.
- Então, se não houver problema, eu precisava da ajuda de vocês com alguns ovos. Uma das minhas máquinas quebrou e... Você sabe. O número de pessoas visivelmente aumenta de alguns tempos para cá.
- Porque não pediu logo? – Falou Noel se levantando. – Vamos pelos seus... Túneis?
- Como de costume. – Respondeu Coelhão rindo.
Norte revirou os olhos. Eles já estavam saindo do escritório quando perceberam que Jack não havia se mexido.
- Você não vem? – Perguntou Coelhão.
- Então... Sabe como é? Eu tenho que resolver uns negócios por aí. Coisa de guardião. Mas já vou lá com vocês.
- Se você diz... Não demore! – Norte fechou a porta e Jack pode os ouvir rindo do outro lado.
- Não prometo nada. – Sussurrou ele, baixinho, com um sorriso malicioso no rosto.
- Ai... Eu não sei onde eu estava com a cabeça! – Falou Fada, consigo mesma. – Sim, Fadinha, ali está ele. Não, calma. Esse é de leite. Do outro lado! Mas que lindo molar que você tem aí.
Fadinhas voavam rapidamente de um lado para o outro arrumando a bagunça. A Fada havia se confundido nas intrusões e milhares de dentes estavam trocados.
- Ora, ora, limpe esse dente antes de coloca-lo na caixa! Ele está deplorável. Não. Mais limpo. Não me importa se você o lavou mais de 10 vezes! Oh... Desculpa, deixe que eu te ajudo! O quê? Quem precisa de mim? Espere um momento. Eu sou apenas uma!
Quando tudo estava mais ou menos arrumado, ela se jogou em uma pétala de flor, muito macia, que cheirava a Hortelã – mesmo não sendo hortelã.
Uma Fadinha chegou correndo em direção a ela. A Fada dos Dentes não pode deixar de dar um suspiro cansado e se preparar para arrumar mais as coisas. Foi quando reparou que tinha algo estranho na mão da pequena fadinha.
Uma flor.
- Fadinha...? Ela é linda. Mas qu...?
Não foi uma frase que ela tentaria terminar – mesmo que conseguisse. Seus lábios, até então cansados de tanto falar, foram tocados por Jack, que com o dedo indicador os silenciou. Ele a pegou pelas mãos e eles voaram para um lugar um pouco distante de onde as outras Fadinhas estavam.
- Oi. – Ele disse, quando julgou estar um bom lugar.
- Olá sequestrador. – Ela respondeu rindo.
- Sequestrador? - Jack respondeu confuso.
- Sim, sim. Como você pode ver – ou deveria ver – Eu estou trabalhando. Uma coisa que você também deveria fazer.
- Ah sim... Para pagar meus impostos e essas coisas. – Os dois riram.
- Minha mãe nunca aprovaria um cavalheiro assim para o casamento.
- Então ela que fique feliz. – Ele largou a mão dela- Eu não me pretendo me casar com você.
- Isso não foi gentil! –Ela deu um pequeno grito, ironicamente chocada. – Fique longe de mim. Você é um grosso. Isso sim. Esse é o seu nome a partir de hoje, aliás. – E ela deu uma pequena risada.
- Ora, donzela. Aceito: mas chama-me unicamente teu amor, batizo-me de novo e não quero mais ser um grosso.
- Isso foi Shakespeare? – Ela parecia confusa- na teoria é claro, porque sua interpretação foi horrível. E seus ajustes na fala também.
- O que posso dizer? Sou um cavaleiro solitário.
- Você está bêbado? – Ela respondeu rindo. – Onde estava?
- Na casa do Norte. Minha pequena amiga quis visitar aquele grandalhão. – Apareceu a Fadinha do lado, rindo.
- E veio aqui, por quê?
- Para te dar isso. – Ele disse entregando a flor. – E de brinde, você ganha...
Ele largou a flor, que enquanto caía, foi o tempo de Jack beijar novamente a pequena fada, que ficava vermelha. Ele segurou na cabeça dela e aos poucos foram perdendo altura, até chegarem a uma grande pétala de rosa – de um tamanho 2 m x 3 m – onde se deitaram. Fada encostou a cabeça no peito de Jack.
- Eu me esqueci de te falar uma coisa, Fada.
- Sim.
- Eu também te amo.
Ela se levantou rapidamente e olhou para ele.
- Não sei se isso está certo Jack. Não que eu sinta que seja errado, mas mesmo assim... É como se alguma coisa fosse estragar. E logo.
- Se isso acontecer, pelo menos terá hoje.
- Mas se isso tudo acabar... Se você for embora. Você construiu algo em mim que eu pensei que nunca teria sabe. Então é isso. Formará uma cicatriz.
- Cicatrizes nós fazem lembrar o que nós já fomos, que já vivemos... Isso não é algo para temer. Se eu deixei uma cicatriz em você, pode ter certeza que você tem uma em mim.
Ela se levantou, de repente.
- Isso foi fofo.
- O que eu posso dizer? Eu sou demais.
Ela deu um tapa na cara dele.
- Ai... ! – Disse ele virando a cara. – Mas eu continuo sendo.
- Uma cicatriz para meu cubo de gelo.
Ele deu um sorriso para ela.
- Preciso ir para a toca do Coelhão. Quer vir junto?
- Eu queria. Mas as coisas estão meio feias por aqui. – Ela mudou a expressão para uma mais brava- Ainda mais que agora que alguém me destraiu.
- Ohhh.... Me sinto tão arrependido. - Disse Frost irônico.
Ela estava indo para dar outro tapa nele, mas Jack foi mais rápido e segurando a mão dela, virou o rosto e deu um beijo na bochecha da Fada.
- Até, senhorita.
- Até, cubo de gelo.
- Você precisa parar de me chamar assim.
- Eu vejo o que posso fazer por você.
E dando uma última troca de sorrisos, Jack se foi.
Frost se deparou com Coelhão e Sandman arrumando alguns ovos recém-pintados.
- Cadê o Norte? – A Fadinha saiu do bolso.
- Teve que voltar para a fábrica. – Respondeu Coelhão – E você onde estava?
- Por aí... Sabe como é.
- Na verdade não. – Respondeu Coelhão rindo. Sandman olhou para Jack, como se tentasse falar com ele.
- O que foi Sand?
Sand respirou fundo e então se inclinou para Frost, como se pedisse desculpas por alguma coisa que iria fazer. Com areia, formou a imagem de Jack dando um beijo na bochecha da Fada, cena que aconteceu minutos atrás.
Coelhão olhou assustado e Sand baixou a cabeça.
- Jack... – Coelhão começou a falar. – Se isso é o que eu acho que é, então temos um problema.
Ele se levantou e deu um sorriso fraco para Frost.
- Venha, deixe-me contar uma história.
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Justificativas?
suponho que sim.
"Bia, porque vc não escreve desdo ano passado?"
- Peor, nem eu sei. Eu tenho minha teoria. Eu estava me sentindo desanimada com a história, ou com sei lá oque, e estava sem inpiração para escrever. - Estou me abrindo totalmente aqui, okai? - E eu pensei: Se eu escrever agora, essa história vai virar um lixo. E realmente ficou, nas minhas 5 primeiras tentativas de escrever esse capítulos. Eu li uma reportagel sobre a lenda dos guardiões e me senti mais mal ainda de não estar escrevendo. Tudo ao seu tempo. Mas porém, passou essa fase. Eu vou chamá-la de fase férias, onde você simplemente não quer fazer absolutamente nada. Espero que tenham gostado desse capítulo tanto quanto eu gostei. Teve melação? Suponho que sim. Mas é um romance, afinal. E eu acho que nada como um bom tapa na cara para quebra-lo. Algo que a Fada fez muito bem. Então é isso. Até o próximo. :D