Sentimentos Incompreendidos escrita por Anny Starlight


Capítulo 22
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Como vão?
Demorei demais?! Sei, que sim! Perdão, voltaram as aulas e com elas a adoradas provas... Droga de vida estudantil!
Mas sem muitas enrolações tenho apenas um comentário... Foi divertido ver como o Eric tem opiniões diferente nas costas! Hahaha, vocês me divertem!
Então... Enjoy it!



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Catarina estava sentada mais uma vez no sofá e encarava entediada a televisão, não havia nada de interessante para assistir; apesar de dizer á Eric que tinha planos sentia-se um pouco arrependida por não ter aceitado o convite...

Não pense bobagens, Catarina! Foi o melhor que você podia ter feito...

Depois de percorrer todos os canais pela segunda vez desligou a televisão. Deitou-se no sofá e ficou encarando o teto por alguns segundos, logo os pensamentos sobre Fred voltaram a flutuar em sua cabeça; ela não queria pensar sobre isso agora, já havia feito-o demais pelos eternos minutos que sucederam a partida de ambos os homens.

Bufou em frustração, tinha de preencher sua cabeça com algo. Levantou-se do sofá e foi em direção ao seu quarto em busca de um livro para ler no jardim; subiu as escadas mais lentamente do que o normal, andando pelo corredor em silêncio buscando alguma voz, passou em frente à porta do escritório de Frederico olhando-a, talvez buscando alguma brecha para que pudesse ver o que ocorria lá. Desistiu, abriu a porta de seu quarto.

O quarto estava iluminado, a pequena sacada que mostrava a piscina e o jardim estava sem a proteção das pesadas cortinas, a luz a atraiu e foi até a mesma. Sentiu a luz do sol na pele e o vento, aquilo era bom, olhou para a sua frente e viu Rosa aguando o jardim enquanto cantava algo em sua voz afinada.

Bom, meus planos de ler no jardim estão arruinados... Pensou ainda observando.

Voltou para o quarto, seu olhar se fixou na cama espaçosa que ocupava o centro do mesmo. Logo uma preguiça, talvez cansaço, se apoderou dela e unindo-se com a longa noite de conversar que ela sabia que teria ludibriou-a, Catarina jogou-se desleixadamente na cama de costas e sentiu-se sendo engolida.

Um sorriso de satisfação surgiu em seu rosto, afinal, pelo menos alguém a acolhia por inteiro; fechou seus olhos quase que automaticamente e ali ficou, deixando que algo mais sustentasse todo aquele peso em cima dela.

Concentrou-se exclusivamente em sua respiração, aquilo era paz.

-Então são esses seus planos para o fim de tarde?

Ao escutar a voz zombeteira Catarina sentou-se rapidamente, assustada e procurou a origem da mesma; encontrou. Eric estava encostado no batente de sua porta encarando-a com uma sobrancelha erguida e um sorriso de diversão.

Droga, sempre feche a porta, Catarina! Sempre!

Catarina rapidamente sentiu o sangue subindo-lhe o rosto e notou sua respiração descompassada pelo susto, apesar de tentar ao máximo sentir-se brava com a intromissão do rapaz não conseguia desviar os olhos dele, e mais uma vez ela tinha que admitir, e que Frederico jamais soubesse disso, que Eric era realmente muito bonito.

Eric notou o estado da garota e por mais divertida que estivesse sendo aquela situação sentiu pena pelo susto que deu nela.

-Me desculpe pelo susto... – Pediu, porém ainda sorria. – Mas foi inevitável quando te encontrei assim... – Indicou com a mão a cama desarrumada. – Jogada.

Catarina concentrou-se em algo que não fosse o rapaz e levantou-se da cama para ficar parada de frente para ele, mantendo sempre uma distância segura.

-Você... Você estava me procurando? – Perguntou a primeira coisa que lhe veio na cabeça.

Eric alargou o sorriso quando viu uma expressão de confusão no rosto dela.

-Na verdade foi um feliz acidente... – Explicou. – Estava saindo para ir ao banheiro e quando olho para o lado vejo a garota que estava ocupada, por ter planos para o fim de tarde, dormindo...

-Eu não estava dormindo! – Catarina exclamou a única coisa sobre a qual podia refutar verdadeiramente.

Agora foi a vez dele de mostrar uma expressão de confusão com aquele olhar irônico.

-Me desculpe então por interpretar erroneamente que você deitada na cama com os olhos fechados estava dormindo... – Disse ironicamente.

Agora é sua vez de se defender, Catarina!

-Bom, eu estava só... Estava só descansando.

Ótima resposta! Brilhante!

-Só descansando? – Eric repetiu com um sorriso brincalhão.

Catarina sentia-se encolhida contra uma parede como se não tivesse solução para o problema a sua frente.

-Sim... Descansando antes de... – Olhou para os lados em busca de algo que nem ela ao menos sabia, apenas precisava de uma desculpa para não parecer tão mentirosa; e então encontrou. – Ler... – Declarou triunfante enquanto pegava e logo estendia para ele um livro qualquer que estava em seu criado-mudo.

Eric olhou curioso para o livro e logo para ela. Viu que ela estava embaraçada, desconfortável; e por mais interessante que fosse a situação não queria que Catarina se sentisse assim com ele, pelo contrário, ele havia gostado da garota e queria que a mesma tivesse o mesmo sentimento benévolo para com ele.

-Bom, sendo assim... – Ele disse se desencostando do batente da porta. – Não gostaria de atrapalhar seu descanso... – A ironia, porém, era palpável. – E a sua leitura. – Terminou estando novamente no corredor e dando-lhe caminho enquanto indicava-o com o braço.

Catarina, apesar da ironia, agradeceu mentalmente por Eric não insistir no assunto e assim apenas seguiu com a situação, mas quando notou, ela se encaminhava para fora de seu quarto com o livro na mão pelo caminho que ele indicava.

Ela não tinha a intenção de ler antes, muito menos de sair de seu quarto, mas não pensou quando o fez, ela poderia ter dito que iria ficar ali lendo, talvez ele pensasse que fosse uma desculpa para que ela voltasse a “dormir”; o que importava era que Catarina pegou-se andando lado a lado com ele no corredor.

Eric era alto, não tão quanto Frederico, mas bem mais alto que Catarina. O corpo forte era perceptível ao lado dela, junto com seus passos em sincronia. Catarina sentia-se intimidada por ele tão perto e acompanhando-a, sentia o rosto quente, não se lembrava do porque de ele estar andando ao lado, ele a estava seguindo?

-Você está me seguindo?

Eric riu divertido ao lado dela.

-Você por acaso tem mania de perseguição? – Ele perguntou ainda rindo enquanto lembrava-se da surpresa dela ao vê-lo na porta do quarto e da sua pergunta.

Catarina não gostava de ele divertir-se tanto ás custas dela, mas antes que pudesse perguntar algo mais notou a virada abrupta dele para o lado contrário das escadas: o banheiro.

Claro, o banheiro! Ele estava indo ao banheiro!

Catarina parou ao mesmo tempo em que ele segurava a maçaneta da porta e abria uma fresta para confirmar que estava no lugar certo, logo depois virou-se novamente para ela com um sorriso.

-Sem mais perseguição... – Disse divertido.

Catarina não evitou sorrir em resposta dada a sua paranoia.

-Me desculpe... – Pediu olhando o chão.

-Sem problemas! – Afirmou Eric. – Boa leitura para você... – Desejou educado.

-Ah, sim... Obrigada. – Agradeceu virando-se para a escada e iniciando sua descida não planejada.

-Te verei depois? – A voz de Eric acima das escadas a parou.

Ela não evitou um sorriso, ele estava realmente interessado nela?

-Talvez... – Respondeu evasiva, ávida para deixar a conversa de lado.

Desceu as escadas mais rapidamente do que previa, quem visse poderia pensar que ela estava fugindo, mas... Quem ela queria enganar? Ela estava fugindo!

Catarina terminou sua descida e olhou ao seu redor; já que Rosa estava aguando o jardim preferiu por voltar à sala. Jogou-se mais uma vez no sofá e encarou o teto por alguns segundos, não sabia realmente o que deveria fazer, afinal, Eric...

Eric?! Mas que merda! Saia da minha cabeça!

Bufou fechando os olhos e se concentrando mais uma vez em sua respiração apenas. O livro que havia pegado aleatoriamente ainda estava em suas mãos, talvez o mesmo pudesse distraí-la; tomou-o com ambas as mãos e avaliou sua capa, um sorriso lhe tomou a face, era um romance policial, talvez um pouco de ação investigativa lhe tomasse os pensamentos e, assim, abriu-o focando-se na primeira página.

Já era fim de tarde quando Eric e Frederico desceram juntos a escada.  Eric estava mais do que satisfeito e empolgado com o projeto graças à valiosa ajuda de seu professor, enquanto Frederico presenciava um momento único de alivio grato ao saber que Eric finalmente iria embora.

Frederico não gostava daquele sentimento que deixava sua boca azeda e suas mãos fechadas em punho, mas ele se mostrou inevitável. Eric sempre fora um rapaz muito educado e simpático, e ele cultivava um carinho pelo garoto que estava sempre disposto a entrar nas discussões em sua aula, mas não gostou minimamente de sua educação ou simpatia para com Catarina.

Fred sabia do aparente “sucesso” de Eric com as garotas da faculdade, além das qualidades já citadas ele tinha uma lábia impressionante que, junto de sua sagacidade, deixava qualquer garota interessada. Ele mesmo já havia visto o rapaz jogando olhares e piscadelas para algumas garotas, mas nunca realmente se importou com isso, até achava divertido o modo como elas se “derretiam”... Bom, achava divertido até agora!

Ao chegarem finalmente ambos na sala notaram um par de pés pendurados pelo braço do sofá; Fred olhou curioso enquanto Eric limitou-se apenas a dar uma risada, como se já esperasse por isso e, francamente, ele esperava. Sabia que Catarina não estava em seu quarto e do escritório de seu professor tinha uma bela vista do jardim, onde ela não estava, assim, tinha suas suspeitas que acabaram de se confirmar.

Eric aproximou-se do sofá com certa confiança, o que fez Frederico segui-lo e então encontrou o dono dos pés pendurados: Catarina! Ela estava deitada de barriga para cima com um livro qualquer descansando na mesma, seu braço esquerdo estava pendurado para fora do sofá enquanto o direito repousava em cima do livro; seus olhos fechados apenas confirmavam o que a respiração ritmada mostrava: ela dormia.

Foi então que Eric, com uma intimidade que Frederico classificou como descabida, tocou o rosto de Catarina acariciando suas bochechas. Fred não se controlou quando viu um sorrisinho aparecer no rosto de Catarina, ele aproximou-se e estava pronto para tirar o rapaz dali quando uma voz doce e rouca soou:

-Fred?

Eric parou rapidamente o carinho enquanto Fred estancava no chão. Catarina lentamente abriu seus olhos, acostumando-se com a luz e notou o rapaz na sua frente, seu sorriso sumiu. Frederico não pode negar que a satisfação em si foi plena, afinal, foi ele quem ela chamou e para quem sorriu.

-Eric?! – A menina exclamou quando se situou.

O rapaz sorriu para ela condescendente.

-Sim!

Catarina sentou-se no sofá piscando os olhos procurando limpar a vista. Eric afastou-se da mesma alguns passos dando espaço para que ela olhasse ao redor e fizesse parte do momento.

-Como foi sua leitura? – Ele perguntou provocando-a, afinal, agora não teria como ela negar sua sonolência.

Catarina corou fortemente ao notar que dormira miseravelmente no meio de sua leitura e foi acordada justamente por quem ela não gostaria. Procurou pelo cômodo o olhar de quem desejou em seu sono e encontrou-o perto de ambos, olhando-a com aquela inédita raiva, mas também com certa diversão.

-Desculpe... – Foi a primeira coisa que passou pela cabeça de Catarina, mas.. Tinha ela tal culpa?

O outro riu para ela.

-Não se preocupe, Catarina. – Respondeu consolando-a. – Depois do encontro em seu quarto imaginei que isso seria bem provável.

Catarina viu Frederico enrijecer. Como assim depois do encontro em seu quarto? De que merda esse garoto está falando?

A menina optou pelo silencio, não queria dar mais corda para o assunto, já teria muitos deles para discutir mais tarde.

-Enfim, te acordei para me despedir. – Ele anunciou murchando seu sorriso.

Catarina não queria fazer o rapaz se sentir mal, mas quando ouviu “despedir” sentiu um leve sorriso em seu rosto ao mesmo tempo em que se levantou de prontidão e estendeu sua mão.

-Bom, se é assim... – Ela disse tentando esconder o alívio em sua voz. – Foi um prazer te conhecer, Eric.

O rapaz olhou para a mão da menina estendida e sorriu malicioso. Ele notou o certo alivio na voz dela, mas interpretou diferentemente do que a mesma defenderia, talvez nem tanto... Eric concluiu que ele a intimidava de alguma forma, mas contou isso de forma positiva, convencendo-se de que ela sentia algo perto dele; e então, num movimento primeiramente normal, mas depois astutamente rápido segurou a mão dela puxando-a para si.

Catarina ao sentir-se perto de Eric enrijeceu palpavelmente enquanto um mantra ecoava por sua cabeça: perto demais! Perto demais! Perto demais!

-O prazer foi meu... – Disse aproximando seus lábios perigosamente dela, até que, desviando-se de sua boca, postou-lhe um beijo na bochecha, porém muito mais perto de seus lábios do que ela ou Frederico gostaram. – Catarina!

 A menina não soube como reagir, sua respiração estava presa, as pernas trêmulas. Sentia a expectativa em Eric, não sabia exatamente com relação ao quê, mas a sentia vibrante através da pele que a tocava.

A proximidade não durou muito, Eric afastou-se com um sorriso satisfeito nos lábios. Era um sorriso realmente deslumbrante, Catarina sabia que sorriria de volta se não estivesse presa em uma situação tão inacreditável como aquela. Deus, isso é loucura... Esse rapaz é louco!

Catarina adiantou-se e procurou Frederico logo que Eric deu-lhe um campo de visão considerável, o que encontrou foi desesperador: os olhos verdes olhavam-na com raiva, pura raiva. Pela primeira vez ela temeu algo, temeu a conversa que teria de ter com ele mais tarde.

Eric continuou seu percurso afastando-se de Catarina e indo em direção à porta. O sorriso que dominava em seus lábios era legitimo, sentiu uma grande satisfação ao encontrar Catarina em tal estado, tão afetada... O rosto corado, as pernas tremendo, a respiração controlada pela força. Talvez sua interpretação estivesse errada, talvez não fossem reações positivas como ele julgava, mas não pode pensar de forma diferente.

Frederico que antes não se controlou ao ver Eric tocando o rosto de Catarina, apenas não perdeu irrecuperavelmente a cabeça devido à incredulidade. Não podia acreditar no descaramento do rapaz, como podia ele beijar sua Catarina? Sussurrar-lhe no ouvido? Tocar-lhe daquela forma? Ela que era dele?!

Eric parou abruptamente perto da porta, em suas divagações esqueceu-se da companhia do seu professor; procurou-o ao redor e encontrou-o estancado perto da escada.

-Professor? – Chamou-o.

Frederico retirou-se de sua pose petrificada e, com um sacrifício sobre-humano, rumou em direção à porta, acompanhando o rapaz que ele desejava socar até a morte no presente momento.

Catarina acompanhou o desenrolar parada ainda recuperando-se da ousadia de Eric. Não compreendia como ele não notou tal olhar em seu professor, seria ela assim tão intima de Fred para notar algo que ninguém mais notava? Não podia ser! Aquele olhar era expressivo demais, talvez ele não prestou a atenção devida... Mas ela prestou.

Ao ver ambos saírem pela porta respirou fundo finalmente, o ar entrava em seus pulmões bruscamente, como se esperasse anos para isso. Ainda sem força decidiu sentar-se para tentar pensar, recuperar-se... Frederico estaria impossível, e ela teria de lidar com isso.

Talvez algumas horas depois, na realidade poucos minutos, Catarina não sabia que o tempo poderia passar tão lentamente, Frederico entrou, batendo a porta atrás de si. Ela esperou por uma enxurrada de acusações... Que, para sua surpresa, não veio!

Ele passou diretamente por ela; não olhou-a, chamou-a ou mesmo deu-se ao trabalho de notar sua presença... Apenas seguiu a diante. Naquele momento Catarina não soube o que era pior, as acusações ou a indiferença.

-Fred? – Chamou-o com a voz fraca, temendo desencadear alguma reação que não pudesse controlar, mas temendo ainda mais prolongar sua inexistência para ele.

Ele parou aos poucos. Passou as mãos pelos cabelos jogando-os para trás inutilmente já que as madeixas lisas voltaram ao seu lugar; virou-se com esforço e finalmente a olhou, mas dessa vez ela não viu nada. Vazio.

-Agora não, Catarina. – Ele respondeu-lhe.

Não foi brusco, não foi irritado, não foi magoado... Apenas cansado. E ele virou-se novamente para as escadas e subiu-as, desaparecendo das vistas de Catarina.

A mesma encontrava parada no sofá, sem saber como reagir àquilo. Não conseguiu sentia alivio pela falta de hostilidade. Agora tinha certeza absoluta de que seria uma conversa difícil, para ambos, porém mais do que nunca necessária; Catarina sabia que algo dominava os pensamentos dele, algo que ela não fazia noção do que era, mas tinha de entender, assim como ele precisava entender ela de uma vez por todas.


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Notas finais do capítulo

Desculpem-me qualquer erro! Não tive coragem para corrigir, queria postar logo... Essa abstinência mata!
Boa final de semana e... Reviews?