Fique por um bom tempo lá, sentada sozinha, apenas pensando. Queria saber como William estava, queria ir embora e deixar Dean pra sempre, não queria mais pensar nele, mas eu nunca conseguiria esquece-lo, e eu sabia disso. O pior é que a cada dia que passava eu me apaixonava mais ainda por ele. Como era possível? Eu já o amava mais do que podia suportar, e eu sabia que logo nos iriamos nos separar novamente, e dessa vez, provavelmente, seria para sempre.

A noite chegou, jantei, tomei banho e fui para um quarto que ficava nos fundos do bar. Deitei mas não consegui dormir. Já era tarde, quando vi a porta do meu quarto abrir. Me assustei, mas logo vi que era Dean. Talvez ele tenha pensado que eu estava dormindo e foi saindo, mas eu o chamei e ele veio até minha cama, setou e nós começamos a conversar:

-Dean, desculpa por hoje mais cedo.

-Não tem problema, eu sei que você está preocupada com William e…

-William? Não, não estou falando disso, estou pedindo desculpa pelas perguntas, eu vi que você não ficou muito bem.

-Só isso? Não vai falar nada sobre nossa discussão? 

-Não, não quero brigar mais ainda.

-Eu não pensava que você fosse assim Louise.

-Assim como?

-Tola!

-Eu? Tola? Posso saber porque senhor “sei tudo, caça monstros, não chegue perto”?

Ele levantou, deu um sorriso irônico e voltou a falar:

-Por que enquanto eu estou aqui cuidando de você, você está preocupa com um cara que talvez tenha te abandonado.

-Dean, cala a boca! Você sabe que ele foi possuído.

-Isso não muda nada Louise. Eu estou aqui, não ele, mas não faz diferença, certo?

E então ele bateu a porta e saiu. Eu fiquei pior do que antes. Depois de algum tempo, meu celular tocou. Quem poderia ser aquela hora da madrugada? Atendi e não acreditei no que ouvi:

-Alo!

-Louise, minha pequena!

-Wi… William? É você?

-Sim amor, sou eu. Que saudades!

-O que aconteceu William, onde você está? Te procurei durante todo este tempo…

-Eu, bem, não lembro ao certo, pode parecer loucura, mas eu fui possuído, o demônio que estava no meu corpo me libertou a poucas horas, e agora eu estou em casa, mas não te encontrei. Onde você está pequena?

-Bem, eu chamei uns amigos para me ajudar a te procurar, mas agora que você voltou, eu já posso ir para casa.

-Venha logo amor.

-Okay, até logo William.

Desliguei o telefone. Não acreditei que aquilo estava acontecendo. Acho que era melhor assim. Decidi ir embora sem avisar ninguém. Apenas escrevi uma carta para Dean. Ela dizia:

“Dean, pode parecer estranho, mas William me ligou, ele está bem, está me esperando em casa, na minha casa. Desculpa por todos esse dias, desculpa por tudo. Sei que não deveria ter te perturbado com toda esta história, mas eu acho que tudo isso serviu como pretexto para que eu pudesse te ver novamente. Sentia tanto a sua falta. Era verdade que eu dormia com sua camisa, era verdade que eu te amava mais do que qualquer outro. E não importa quanto tempo passe, continuarei dormindo com sua camisa, para sentir um pouquinho do seu abraço, e sempre te amarei, porque minha vida agora é ao lado de William, mas meu amor é todo seu. Saiba que quando te beijava e te abraçava, estava sendo verdadeira como jamais fui. Essa Louise que você conheceu nunca mais será a mesma, pois ela só consegue ser totalmente verdadeira ao seu lado. E como você não poderá dizer nada contra, termino esta carta desejando que você seja feliz, consigo caçar esse demônio, e encontre alguém que te faça feliz como eu não consegui. Te amo e sempre te amarei.”

Deixei a carta no criado mudo e sai. Todos estavam dormindo. Eu havia percebido que existia uma rodoviária próxima ao bar. Fui caminhando até ela. Entrei no ônibus e disse adeus para Dean, mesmo sabendo que ele não poderia me ouvir.