Pov Katniss

–Por que mentiu?- pergunto a Peeta quando vejo Fox subir as escadas para seu quarto sendo acompanhada por Marvel.

– Menti?- diz ele confuso.

– Sei que você não bebe, quem dirá ficar bêbado. Então você mentiu.- digo simplesmente.

– Parece que ainda me conhece bem...- comenta.- Eu só não queria que meus amigos brigassem com suas namoradas por besteira. São poucas as coisas que não faço por meus amigos.- diz e tenho que admitir que gostei de ouvir aquilo.

– Entendo, mas que besteira foi essa que te levou a mentir?

– Nada demais, só tive que deixar eles um pouco sozinhos e achei que isso poderia causar problemas. E a noite foi boa para vocês?- diz ele tentando mudar de assunto, o que eu achei que seria melhor, afinal, ele não me deve satisfações.

– Tirando os planos mirabolantes de como matar a Glimmer que a Clove teve e tentou nos convencer a executar...- digo e rimos.- Tirando isso o resto foi tranquilo.

– KAATTT!!!- grita Mad da sala.

– NÃO GRITA!- grito de volta.

– MAS VOCÊ TAMBÉM GRITOU!- continua ela gritando enquanto eu e Peeta vamos até a sala.

– Cala a boca e fala logo o que você quer!- digo rindo junto com Peeta.

– Como eu calo a boca e falo ao mesmo tempo? Enfim, vai passar "Vingadores" agora, vamos assistir enquanto o casal se resolve lá em cima?- propõe.

– Ótima ideia, adoro os Vingadores!- diz Peeta já se jogando no sofá ao lado de Madge.

– Que eu saiba o convite não se estendia a você!- digo brincando.

– Deixa de besteira e senta logo aqui e vamos babar o Capitão América!- diz Mad.

– É! E o Thor com aqueles músculos!- diz Peeta afinando a voz fazendo com que eu e Madge caíssemos na gargalhada.

Me sentei entre ao lado de Madge enquanto o filme começava e ali estava eu sentada assistindo novamente um filme acompanhada por Peeta. Quanto tempo algo assim não acontecia? Estou feliz por estar aqui, nesse momento, em um clima leve com Peeta, mas não admitiria isso em voz alta tão facilmente, então me concentro no filme e não na companhia.

Pov Foxface

– Amor, acredita em mim! Não aconteceu nada demais!

– Vai me dizer que nenhuma garota ficou se jogando em cima de você?- digo de braços cruzados sentada na minha cama.

– Eu não estou nem aí para nenhuma outra garota. Mesmo que ela literalmente se jogasse em cima de mim eu não iria querer saber, porque tenho a minha raposinha e sou fiel a ela!- disse fofo e foi impossível não derreter.

– Tá bem, eu te desculpo por não ter dado notícias ontem e...- digo mais sou interrompida quando ele se aproxima rapidamente e me beija.

O meu namoro com Marvel estava tão bom, praticamente não brigamos e vejo que ele está mostrando cada vez mais quem realmente é para todos. Ele não se importa mais em bancar o pegador, ou mesmo o idiota que só falava besteira. Vejo-o conversando com seus amigos coisas além de "mulher e futebol" e isso é ótimo, estou muito orgulhosa dele.

É verdade que eu também fiquei receosa pela festa de ontem, e com a possibilidade de Marvel me trair, ou de beber demais e fazer besteira e isso não foi nada legal da minha parte, pois pareceu que eu não tenho confiança nele, o que não é verdade.

– Amor, me desculpa também.- digo um pouco sem graça.

– Não há o que se desculpar, o importante é que estamos bem.- disse dando um beijo no topo da minha cabeça e depois um selinho nos meus lábios.- Agora vamos descer para ver o que os outros estão fazendo!

Chegamos na sala e encontramos Katniss, Peeta e Medge bem sentados assistindo um filme que passava na televisão. Nos juntamos a eles e não demorou para Cato chegar e fazer o mesmo.

O filme já estava no fim quando meu celular tocou, vi que era Clove então atendi.

– Alô?- digo.

– Fox? A Kat e a Mad ainda estão aí?– diz ela com a voz baixa e percebi que ela não estava bem.

– Estão aqui sim, mas o que está acontecendo?- digo preocupada me levantando do sofá.

– Preciso falar com vocês. Por favor, vocês podem vim para cá... Agora? Por favor.– Clove pedindo por favor assim? Só poderia ser algo sério.

– Não pode me adiantar nada? Estou preocupada!

– Ainda não. Venham, por favor, e não digam nada a Cato.

– Tudo bem, Clo. Já já aparecemos por aí!

– Estou esperando.– diz e desliga.

Volto para a sala e invento uma desculpa qualquer para tirar Madge e Katniss de lá, desculpa que no caso foi ter de ir o supermercado comigo. Mal havia ligado o carro e já fui falando para elas do telefonema estranho da Clove, de eu achar que ela estava chorando e tudo mais. Chegamos em menos de cinco minutos na casa da Clo e sua mãe abriu a porta dizendo que Clove estava lá em cima e não saia da cama por nada. Isso está muito estranho para o meu gosto.

– Clo, estamos entrando.- digo abrindo a porta do quarto que estava todo escuro. Ela estava na deitada na cama toda encolhida, fomos rapidamente até ela.

– O que aconteceu, Clove?- perguntou Kat sentando próximo a sua cabeça e mexendo nos seus cabelos.

– Eu sou uma idiota...– diz ela em um sussurro.

– Não é não. Por que está falando isso?- questiona Madge.

Clove não fala nada, apenas aponta para o computador que estava ao lado da cama. Vou até ele o abrindo e vendo que tinha uma página de áudio em aberto, aperto o play e o som inunda o quarto enquanto Clove se encolhia na cama fechando fortemente os olhos.

"Eu amo... Você!

Cato, me diz uma coisa, você esqueceu mesmo só dela quando perdeu a memória?

Eu nunca poderia esquecer...

Então você mentiu?

Menti. Agora estamos juntos... Ela me ama...

Não vai falar a verdade? Ela não desconfia de você?

Ela não tem porque desconfiar... Eu sei fazer as coisas... Ela confia em mim cegamente! A Clove sim...sempre... é uma idiota!"

– Essa... Essa voz é do Cato e da Glimmer?- pergunta Madge hesitante.

– Acho que sim...- responde Kat afagando o ombro de Clove.

Não sabia o que falar, como meu irmão poderia ter feito algo assim? Ele parecia tão apaixonado... Ver minha amiga daquele jeito já era ruim e saber que o responsável pelo seu sofrimento era sangue do meu sangue quebrava o meu coração.

– Me desculpa, Clo!- digo me ajoelhando ao seu lado na cama.- O Cato não podia ter feito isso!

– A culpa não é nada sua, Fox!- diz ela levantando a cabeça e me encarando com seus grandes olhos tristes.- Eu que fui uma idiota em acreditar nele, eu que fui uma idiota por amar ele, eu que sou uma idiota por ainda o amar...- diz e volta a afundar o rosto nos travesseiros.

– Não fala assim! Você também não tem culpa por ser verdadeira com seus sentimentos e o único idiota dessa história é o Cato que foi um falso insensível.- diz Kat, sempre sendo a mais forte.- Não vou dizer para você parar de chorar, mas quero que saiba que eu vou está aqui para tudo o que você quiser e precisar! Não vou ser a única, não é meninas?

– Claro, estou aqui também, Clo! Conta comigo para dar uma bela voadora naquele babaca!- diz Madge, nos fazendo rir um pouco pelo seu jeito de ser.

– Eu também. Sabe disso.- digo alcançando sua mão e entrelaçando nossos dedos.

– Mesmo ele sendo seu irmão?- me questiona Clove.

– Independente de qualquer coisa.- digo lhe transmitindo confiança nas minhas palavras.

– Então.. Acho melhor eu pedi uns colchões infláveis para a Tia, já que só vou sair daqui quando você estiver bem!- diz Kat se levantando e saindo do quarto, é quando o celular de Clove começa a tocar.

– É o Cato.- diz Madge pegando o aparelho em cima do criado mudo.

– Não quero falar com ele...- diz Clove.

– Tudo bem, vou dar um jeito nisso.- digo pegando o celular de Madge.- Apenas descanse, depois vocês conversam.- afago seu cabelo mais uma vez antes de sair do quarto e atender o telefone.

–Amor?

– Sou eu Cato.- digo seca.

– Fox? O que você está fazendo com o celular da Clove? Ela está bem?– pergunta preocupado e se eu não tivesse acabado de escutar aquela gravação, até acreditaria.

– Ela vai ficar bem. Avisa a mamãe que eu vou dormir aqui na Clove hoje.

– Vai ficar? Por que vai dormir aí? Eu não estou entendendo nada, Fox, me explica, por favor.

– Você não merece mais nem um "a" meu, mas como sou sua irmã não posso ficar sem falar com você. Enfim, a Clove já descobriu tudo, não chega mais perto dela, se não vou esquecer qualquer ligação que nós temos.- digo séria e tentando controlar o desgosto e a decepção na minha voz.

– Não estou entendendo porquê você está falando assim comigo, mas passa o telefone pra minha namorada ou eu vou parar aí!

– Não vou passar o telefone e você não vai vim aqui, porque a Clove NÃO QUER TE VER!

– Por quê?

– Porque você é um idiota! Agora tchau!- digo e desligo o telefone na sua cara.

Respiro fundo tentando me recuperar da recente discussão com meu irmão, é quando Katniss sobe as escadas com os colchões e alguns travesseiros. Vou até ela e a ajudo nos últimos degraus.

– Era o Cato?- pergunta.

– Sim... Ainda não consigo acreditar que ele fez isso.- digo triste.

– Eu também tinha acreditado nos sentimentos dele... Mas agora temos que ser fortes pela Clove, se nós estamos tristes com isso imagine ela!

– Eu sei... Vamos segurar essa barra ao lado dela, afinal, é o que amigas fazem!- digo e ela concorda me dando um meio abraço enquanto entramos no quarto para ajudar Clove a se reerguer.

~~~~~~ Segunda-feira ~~~~~~

Pov Clove

– Você conseguiu evitar até agora, mas não vai conseguir fugir dele aqui.- diz Kat quando para o carro no estacionamento do colégio.

– Eu sei...- digo simplesmente.

– Lembre-se: Você é superior!- diz Madge passando um braço sobre os meus ombros.- Não dê aquela piranha o gostinho de te ver triste!

– Mas eu estou triste.

– Mas ela não precisa saber!- diz Mad fazendo graça me cutucando as costelas.

– A Mad está certa! Nem a Glimmer e muito menos o Cato merecem nada de você! Agora bota a sua "poker face" e vamos que a aula já vai começar!- diz Fox do banco da frente.

Tento fazer a minha maior cara de superior e abro um sorriso mínimo antes de descer do carro de Katniss. Sendo praticamente escoltada por minhas três amigas, entro no colégio. Diferente do que eu esperava, as pessoas não estão olhando para mim e apontando como se eu fosse uma total idiota, coisa que sei que sou.

Tudo estava indo melhor do que eu pensava, até que entramos na sala e o vi. Cato estava um pouco agitado perto de Peeta e Marvel do outro lado da sala, mas assim que seu olhar encontrou o meu ele pareceu congelar, assim como eu. Olhando para ele agora, na minha frente, não encontro todo o ódio que estava alimentando desde que recebi aquela gravação. Ele parecia tão preocupado que quando dei por mim ele estava a poucos centímetros de mim.

– Clove, o que aconteceu? Por que não me atendeu e não falou comigo esse tampo todo?- questiona ele e estende as mãos tentando me tocar, mas desvio dele.- O que foi?

– Já disse pra não incomodar ela, Cato!- diz Fox ficando ao meu lado.

– Maninha, eu te amo, mas agora eu quero falar em paz com a minha namorada. Então me dá licença?

– Eu não sou mais sua namorada.- digo em um tom não mais alto que um sussurro, mas sei que ele me escutou quando volta sua atenção para mim e me olha confuso.

– Como assim não é mais minha namorada? O que eu fiz?- ele está claramente se desesperando, pois ele segura os meus ombros tentando fazer com que eu o encare.

– Se você não me soltar agora, vou fazer outro omelete!- ameaço e o encaro apenas para lhe lançar meu olhar de fúria, isso parece funcionar já que ele me larga e discretamente protege seu "amiguinho".- Vejo que se lembra do omelete, mas você não disse que perdeu todas as memórias que me envolviam?

–Er...- ele percebe que eu o encurralei, agora ele não tem saída.- Amor, eu posso explicar!

– Não me chama de amor! E quer saber? Eu não quero ouvir a sua "explicação", pois não vou ser idiota de acreditar em mais nenhuma palavra que saia da sua boca! Não chega mais perto de mim, não fala mais comigo e se eu estiver no mesmo lugar que você, finge que eu não existo!- explodo e não me importo de todos que estão na sala estarem ouvindo.

Saio de lá sem lançar sequer mais um olhar para Cato. Eu ainda o amava, pois não se deixa de amar de um dia para o outro, mas a ferida no meu coração era grande demais para que eu pudesse seguir o olhando. Escuto passos atrás de mim e sei que são minhas amigas.

– Clove, espera!- diz Kat vindo atrás de mim.

– Kat, eu tô bem só preciso respirar um pouco.- digo e me orgulho de não está chorando.

– Eu sei que você não está bem, mas vou te deixar só.- diz e vem me dá um abraço rápido e um beijo na testa.- Vou voltar para ajudar Fox com Cato.

– O que ele está fazendo?- pergunto confusa.

– Tentando vim atrás de você e sinceramente não entendo porquê ele insiste nisso se era tudo mentira...

– Eu entendo menos ainda... Mas por favor, não o deixem vim.

– Pode deixar, sei fazer omeletes também.- diz e pisca para mim.- Não se atrase para a aula.

Katniss seguiu por um lado do corredor e eu fui pelo outro. Não estava com vontade de ver ninguém, não estava com vontade de nada, estou confusa e cansada demais emocionalmente para me preocupar em por onde estou andando, é quando esbarro em algo sólido.

– Nossa! Foi mal.- digo e levanto a cabeça, me deparando com Daniel. Fazia um bom tempo que não falava com ele, mesmo estudando na mesma sala.- Oi Daniel.

– Bom dia, Clove. Você... Está bem?- pergunta e busca meus olhos com os seus olhos verdes.

– Estou...- digo evitando encará-lo.

– Sabe, Clove, eu não sou o cara mais inteligente do mundo, o mais bonito talvez, mas...- diz ele e não consigo evitar rir da sua brincadeira.

– Tudo bem, eu não estou bem, mas não se preocupe.

– Desculpa, mas eu me preocupo sim. Vai que é contagioso...- diz fazendo com que eu solte mais um riso.

– Tomara que essa sua bobeira não seja contagiosa, isso sim!- digo.

– Eu não ligo de ser um bobalhão se isso fizer você sorri.- diz e eu vejo sinceridade no seu olhar, mas instantaneamente temo pelo que suas palavras podem significar.

– Obrigada então.

– Quer me contar o que aconteceu ou quer um abraço?- diz abrindo totalmente seus braços.

– Vamos deixar para eu te falar isso depois, mas eu aceito o abraço.- digo e o abraço.

O abraço de Daniel obviamente não era como o de Cato, que era bem mais forte, mas o dele me transmitia conforto e confiança, e notei que me sentia bem ali o abraçando.

Pov Cato

Eu estava preocupado, confuso, irado, revoltado, culpado e muitas outras coisas. Depois de passar dias, eu disse DIAS sem poder ver ou sequer FALAR com a MINHA NAMORADA, agora ela terminou comigo e parece que a culpa é toda minha!

– Me larga, Marvel!- digo pela décima vez.

– Não solta, Marvel!- diz Mad e Fox.

– Eu tenho que ir atrás dela!

– A Katniss já foi atrás dela.- diz minha irmã secamente.

– Mas ela é minha namorada! EU tenho o direito de falar com ela e explicar essa situação toda e fazer as pazes com ela!

– Você ouviu muito bem quando ela disse que não é mais sua namorada e que não quer suas explicações.- diz Katniss após entrar novamente na sala.

– Eu realmente não esperava algo assim de você.- diz Fox e eu vejo a decepção clara em seus olhos.

– Eu não fiz nada, e o que fiz foi por amor!

– Essa explicação não se aplicada nada ao que está acontecendo, já que as provas são claras.

– Provas? Que provas?- questiono.

– Cato, a Clove recebeu uma gravação em que você confessa que mentiu para ela, que não perdeu a memória realmente e que só a fez de idiota!- diz Fox me deixando ainda mais desnorteado.

– Uma.. gravação? Como assim?

– Gravação, aquilo que você escuta o áudio sabe?- diz Mad áspera.

– Mas eu posso explicar! Eu não menti por mal! Eu.. Eu tenho que falar com ela!- me desespero com a possibilidade de perder a minha pequena para sempre, me solto do aperto de Marvel e saio correndo da sala antes que mais alguém possa me impedir.

Minha cabeça está uma confusão. De onde veio essa gravação? O que tem nela? Será que Clove vai me escutar? Será que vai me perdoar? O medo toma conta de mim e apresso o passo pelo corredor, é quando vejo algo que não estava preparado: Clove nos braços de outro.

Meu primeiro impulso foi ir para cima do imbecil que ousava chegar perto da minha morena! Em poucos passos já estava ao lado deles e empurrando Daniel para longe de Clove e o derrubando com um murro.

– VOCÊ ESTÁ LOUCO?!- grita Clove indo socorrer o babaca.- Por que fez isso? Sai daqui! Já disse que não quero mais te ver!

Suas palavras foram como facadas em meu coração. Seu olhar era de raiva, decepção e outros sentimentos que não consegui definir, já que não consegui ficar ali vendo ela me expulsar e ajudar aquele outro.

Andei de volta a sala, me sentei e baixei a minha cabeça entre meus braços. Não iria chorar, mas essa era a minha vontade, chorar como um bebê! Eu havia perdido a minha pequena, falhei com ela e agora ela me detesta!

– Cato, cara, a aula vai começar, levanta a cabeça.- escuto a voz de Peeta, já que ele está na cadeira a minha frente.

– Eu perdi ela, cara!- digo baixo para que apenas ele escute meus lamentos.

– Nada está perdido ainda.- diz tentando me animar.- Vamos fazer o seguinte, você presta atenção na aula o máximo que puder, anota tudo e quando a aula acabar você vai lá para casa e vemos como resolver isso!

– Você está certo. Não vou ficar chorando pelo leite derramado! Vou parar para pensar e ir atrás de reconquistar minha pequena!