Pov Cato

"Não consegue ser menos burro não? Vai estragar tudo logo de cara?!" dizia uma vozinha na minha cabeça e o pior é que ela estava certa. Mal havia começado o meu plano de conquistar Clove como um cara sem memória e já dei mancada!

– Er... - mexo no cabelo por está nervoso com o questionamento de Clove, o que eu poderia dizer? - É que.. - tento falar alguma coisa só para a situação não ficar pior e é quando me vem uma ideia, mas só de pensar já fico sem jeito, mas isso vai servir. - É que você tem os olhos da sua mãe. - digo um pouco baixo e posso ver que a surpreendi. Não era uma mentira, eu já havia reparado nisso antes, mas guardei a informação.

– Você acha? - pergunta um pouco vermelhinha de vergonha, e ela fica linda assim.

– Sim, e também os vi com as suas malas e minha mãe foi falar com ela e...

– Tudo bem, eu já entendi. Eu só estava achando que você se lembrou deles de cara e não de mim, mas tudo bem. - ótimo, consegui sair desse aperto.

– Então, vamos a sorveteria? - pergunto querendo sair logo daqui.

– Sair desse hospital é o que mais quero! - diz e seguimos lado a lado até a saída.

***

– Como você sabia dessa sorveteria nova? - pergunta Clove, mas ô menina desconfiada!

– Minha mãe me falou dela quando disse que iríamos tomar sorvete. O melhor é que é perto do hospital.

– É mesmo, porque se fosse longe você iria ter de me carregar! - disse rindo.

– Eu não me importaria... Seria uma honra. - digo sério, o que faz com que ela fique séria também. O plano está saindo como o esperado até agora, Clove mesmo ainda tendo o seu geniosinho não está carrancuda comigo.

– Er... E o que o médico disse sobre a sua memória? - muda de assunto sem jeito.

Agora eu estava em outra saia justa. Fingi um pouco para o médico, mas não muito, já que saúde é coisa séria. Depois de todos os exames ele disse para minha mãe e para mim que não tive sequelas e que a parcial perda de memória é temporária, que foi só por causa do susto. O que ele não sabe é que a minha memória está bem agora, mas quando eu acordei eu me senti mesmo desorientado.

– Ele disse que eu não estou com sequelas.- digo e vejo-a suspirar de alivio. Ela estava preocupada de verdade comigo, isso me deixa feliz. - Mas disse que estou com perda de memória seletiva. - isso é mentira, ouvi esse termo em um filme, mas acho que vai servir.

– O que isso significa? - pergunta séria.

– Que já que você estava comigo na hora do acidente, meu cérebro bloqueou todas as memórias que te envolviam. - digo como se fosse mesmo o laudo médico. "Tá ficando esperto, ein?!" diz a vozinha, mas ignoro-a e contenho o meu sorriso de satisfação.

– Ahhh...- diz ela meio triste.- Mas você não vai se lembrar nunca mais?

– Talvez, nada é certo ainda. - digo a fitando sério. - Esse foi um dos motivos porque quis que saíssemos para conversar. Mas vamos pedir logo os nossos sorvetes, estou faminto!

Pedimos os nossos sorvetes, eu um milk-shake de ovomaltine grande e ela três bolas de napolitano e uma de flocos.

– Clove...- chamo-a. Está na hora de falar sério, todo o plano depende dessa conversa!

– Pode falar.- diz parecendo distraída com seu sorvete.

– Eu queria pedir desculpas por não me lembrar de você.

– Você não tem que pedir desculpas, você não tem culpa de nada.- ela me encara. - Eu que tenho que pedir desculpas por ter sido tão cabeça dura e ter feito com que nos perdêssemos.

– Você diz que foi cabeça dura, mas não duvido que eu tenha feito a minha parte, não? - digo lhe oferecendo um pequeno sorriso.

– É... Você me irritou o suficiente para que eu quisesse sair de perto de você... - diz meio sem jeito.

– Pelo visto nós brigávamos muito.

– Sempre e o tempo todo. - diz e rimos um pouco.

– Mas por quê? - questiono-a, pois nunca entendi verdadeiramente o motivo de tantas brigas.

– Eu... Não sei. Desde que me entendo por gente sou amiga da Katniss e da Fox. Como irmão da Fox você sempre estava por perto, mas como é um ano mais velho não nos falávamos muito. Quando você repetiu e ficamos na mesma sala as implicâncias surgiram e levamos nossa relação assim... Há anos. Não tenho motivos para brigar tanto com você, - quando disse isso ela desviou um pouco o olhar, acho que ela está mentindo, mas continuo calado.- e eu acho que você também não tinha.

– Você não acha que está na hora de mudar isso? - digo e vejo que a peguei de surpresa. - Clove, para mim você parece desconhecida, mas não para o meu coração. Não sei explicar direito, mas você me parece familiar e creio que tem de ser assim mesmo, já que nos conhecemos a anos. Mas eu queria poder recomeçar, poder dizer que te conheço, eu recuperando a memória logo ou nunca. Podemos deixar essas implicâncias de lado e nos conhecermos de verdade, nos darmos uma nova oportunidade. O que me diz? - termino de falar e mantenho meu olhar preso ao seu.

– Cato... Eu...- ela parece pensar um pouco, mas felizmente sorri. - Eu acho que pode ser uma boa ideia. Eu já estava cansada de ficar brigando com você direto. - diz e rimos.

Me levanto sem falar nada e vou até a entrada da sorveteria levando o meu milk-shake. Dou meia volta e vou caminhando lentamente até a mesa onde estava com Clove. O jeito que ela me olha é engraçado, suas sobrancelhas estão erguidas em arcos e ela me encara como se fosse louco, mas talvez eu seja mesmo.

– Desculpe, mas todas as mesas estão ocupadas, - isso era mentira, havia pelo menos 3 mesas vazias ao nosso redor.- será que eu poderia sentar com a senhorita? - pergunto e ela apenas concorda ainda me encarando. - Ah! Esqueci de me apresentar, meu nome é Cato. E o seu?

– Clove, meu nome é Clove.- diz sorrindo parecendo entender o que estou fazendo.

– É um prazer conhecê-la, Clove. - digo apertando a sua mão enquanto me sento. Continuamos nos encarando e encarando nossas mãos juntas, mas logo solto para não forçar demais a barra. - Então, Clove, o que acha de me contar a história desse machucado? - digo me referindo ao seu tornozelo e nos rimos.

– Você não vai creditar quando eu lhe contar. - diz e engatamos em uma conversa cheia de risos e brincadeiras, o tipo de conversa que nunca tive com Clove, mas que sempre quis ter. Terminamos de tomar os nossos sorvetes e eu a acompanho até sua casa. Por todo o caminho fomos conversando sobre coisas que nunca imaginei falar, descobrir coisas de Clove que não imaginava, como que ela gosta de música clássica tanto quanto de rock e que ela gosta mesmo de esportes e entende do assunto.

Esse plano pode parecer um pouco errado, já que menti para ela dizendo que eu a havia esquecido e tudo mais, mas não vou voltar atrás. Quero me aproximar cada dia mais de Clove, quero ganhar seu coração. Agora eu vou com esse plano até o fim.

Pov Marvel

Feliz é pouco para descrever como estou! Tudo bem que fiquei chateado pelo Cato e pala Clove, mas qual é! EU ESTOU NAMORANDO A MINHA RAPOSINHA!

Fiquei tão feliz em ter passado o jantar ao lado dela e está nesse clima ótimo. Sei que alguns já repararam que sentamos juntos no refeitório, ouvi até comentários, mas na festa de hoje será claro para todos que estou namorando com Fox já que faço questão de ir pegá-la no seu chalé e entrar na festa com ela em meus braços.

Sempre fingi ser o maior pegador, afinal, com os amigos que eu tenho, outros "pegadores", eu sempre achei que tinha a necessidade de ser como eles, mas hoje eu entendo como fui idiota. Eu não sou igual a eles, não gosto de ficar com várias meninas e depois descartá-las, mas sempre me taxaram como um pegador por ser amigo de pegadores. Agora vejo que eu tenho que me preocupar mais em ser quem eu sou, do que ser o que eles acham que eu sou. A Fox me viu, mesmo sob todas as farsas e mascaras, ela viu quem eu sou de verdade e não me julgou por isso. Tenho a certeza de que ela é a garota certa para mim.

Estava terminando de colocar minha blusa quando Peeta sai do banheiro. Gale e Daniel haviam terminado de se arrumar há algum tempo e já saíram do chalé, não imagino para onde eles foram, já que a festa ainda demorará meia hora para começar. Peeta está um pouco calado e resolvo perturba-lo um pouco.

– Vai comigo buscar a Fox e a Katniss? - pergunto.

– Acho que a Katniss não vai gostar muito disso. Você viu como ela ficou um pouco sem jeito hoje no jantar por ter de sentar ao meu lado. - diz um pouco triste.

– O que é isso?! Animo! Parece até que desistiu de vez... Você desistiu?

– Não! Mas... Não quero errar dessa vez, cara.

– Entendo, mas o que pretende fazer então?

– Estava pensando nisso. Tenho algumas ideias, mas não quero arriscar fazer algo que a afaste de mim de vez.

– Se eu puder ajudar em alguma coisa, é só falar!

– Você já está indo pegar a Fox?

– Não, ainda falta pelo menos meia hora para festa começar e... - paro de falar quando Peeta me olha com cara de quem teve uma ideia e que vai aprontar. - Que cara é essa Mellark? O que você vai fazer?

– Marvel, Marvel... Você me conhece tão bem, amigo. - diz abrindo um enorme sorriso.

– Diz logo o que você está armando! - estou curioso para saber o que esse louco pretende.

– Você, por algum acaso, trouxe aquele seu kit?

– Qual kit?

– Aquele. O para ocasiões especiais, com aqueles apetrechos uteis... - diz e sei exatamente do que ele está falando.

– Eu sempre o levo nessas viagens. Quem sabe não é preciso para animar um pouco as coisas. - digo indo a minha bolsa e tirando a maleta de dentro. - Use-a com sabedoria! - entrego a maleta a Peeta que checa o que tem dentro e volta a fechá-la.

– Obrigado. Farei bom uso dela.

– Espero que sim. Já que você não vai comigo, vou indo para ver se a Fox não quer dar uma volta antes da festa começar. - digo saindo daquele momento "máfia".

– Pode ir, e obrigado novamente.

– Até logo. - digo e saio do nosso chalé indo buscar a minha linda raposinha. Hoje a festa será... Bombástica!

Pov Peeta

O jantar com Katniss e Foxface foi legal e adorei poder estar com Katniss, mas percebi que ela ficou um pouco incomodada por ter de ficar lá. Sei que errei com ela, mas quero me redimir. E vou me esforçar para isso!

Tenho pensado em modos de provar o quanto eu a amo, e que é real, mas nenhuma ideia se destaca. Eu sei que ela ainda sente alguma coisa por mim, e essa "alguma coisa" não é nada fraca. Mas sei também que ela está tentando bloquear qualquer sentimento relacionado a mim. Isso não é nada bom!

Ainda estava pensando em um jeito de ter a Katniss de volta, quando Marvel me tirou dos meus devaneios. Gosto muito de conversar com Marvel e sei que posso confiar nele tanto quanto em Cato, mas Cato não está aqui agora. Confesso que ainda não desisti de Katniss e ele me apoia em tentar tê-la de volta e isso me deixa feliz.

Enquanto conversamos, uma ideia vem a minha cabeça, uma ideia louca, mas que pode servir. Marvel, Cato e eu sempre gostamos de aprontar algumas brincadeiras e Marvel tem uns kits que ajudam muito nessas brincadeiras.

Lembro-me de uma vez que montamos uma bomba de fedor, ideia do Cato, e a colocamos dentro do vestiário feminino. Brincadeira infantil, eu sei, mas na época tínhamos uns 13 ou 14 anos.

Precavido como sempre, Marvel trouxe a maleta que eu precisava para o meu plano e já tenho-a em mãos. Como um bom namorado, Marvel já foi atrás da namorada para "dar uma volta". Sei bem o que esses dois devem ter ido fazer, mas deixe que eles se divirtam, eles merecem.

Olho para meu relógio e vejo que tenho que me apressar. Termino de me vestir rapidamente, pego a maleta de Marvel e vou sorrateiramente para trás do grande lugar onde iria ser a festa de encerramento. Espero que ninguém tenha me visto ou estarei com problemas.

Não demoro muito e volto ao chalé para guardar a maleta nas coisas de Marvel. Saio de lá apenas com um pequeno aparelho no meu bolso. Posso ouvir a música começando a tocar, apresso o passo pois não quero perder um segundo dessa festa!