Capítulo 6 – Rei tigre.

“Às vezes estamos no lugar errado na hora errada, mas isso só vai depender do ponto de vista em que você esteja olhando a situação.”

Naquela manda quando acordei já me sentia melhor. Muito melhor. E por ter acordado relativamente cedo, pude ouvir os sons dos Dragões Gêmeos quando passaram frente à porta do quarto.

Eu queria poder ter acordado mais cedo para ir visitar Sting e Rogue, mas não foi possível. Meu corpo estava realmente precisando de descanso.

Bom, eu podia visitá-los mais tarde. Agora deveria apenas aproveitar que já não preciso mais ficar de cama e ir dar uma volta com as meninas.

E falando em meninas, lá vem Levy... com Jet e Droy em sua cola.

Sorri para ela e acenei, junto com Erza e Wendy que foram quem me salvaram daquele confinamento na ala hospitalar.

- Meninas vocês sabiam que tem uma piscina aqui em Crocus? – perguntou a Levy super animada enquanto os rapazes cantavam de felicidade atrás de si. Ela possivelmente aceitou ir lá com eles.

- Piscina? – indagou Erza. Eu já podia ver o brilho em seu olhar.

- Ohh! – surpreendeu-se Wendy feliz.

- Fica perto? – indaguei curiosa. Talvez eu fosse daqui para o alojamento da Saber e depois me juntasse a elas lá.

- É a atual atração de Fiore. Ryuuzetsuland! – disse-a. – Fica próxima ao alojamento da Quatro Cérebros.

- A gente vai dar um pulo lá! – gritou Natsu agarrado a Gray, que por milagre ainda estava vestido. Estranho eles concordarem em algo.

- Hm... Vocês podem ir na frente – disse. – Tenho algo a fazer agora...

- Tudo bem mesmo Lu-chan? – indagou Levy. - Posso ir com você e depois nos encontramos com o pessoal...

- Não precisa – recusei. Ela nem imagina que vou a Sabertooth. – Pode ir se divertir estarei lá antes que note minha falta – afirmei.

Ela sorriu.

- Então tudo bem – e saiu, mas sem antes dizer um “nos vemos em breve”.

Acenei para eles e quando eles viraram a esquina corri para o lado oposto.

Eu poderia cortar caminho pela rua principal e logo estaria no alojamento dos tigres.

Sorri enquanto apressava o passo. Mas parei, ou melhor, fui forçada a parar quando bati contra alguém e fui ao chão, literalmente.

- Ai... – resmunguei.

- Desculpe – disse... assim que ergui o olhar deparei-me com Jellal... ou Mystogan, como ele se chama enquanto esta na Fairy Tail.

- Tudo bem – ele estendeu a mão para me ajudar a levantar, e aceitei-a de bom grado.

Ele me encarou fixamente por alguns segundos. Droga...

Espera, será que ele sabe que a Erza vai para a Ryuuseilaoqueland? Acho que Jellal não iria querer perder a oportunidade de ver a Scarlet só de biquíni.

Sorri para ele.

- Jel... Mystogan, você sabia que o pessoal da guilda esta indo para a piscina, Ryuuzetsuland eu acho... – comecei.

Ele pareceu franzir o cenho.

- Sim eu sei... – murmurou-o não entendendo onde eu queria chegar.

Aproximei-me dele e disse em seu ouvido:

- Sabia que a Erza vai também? - vi-o parar por alguns segundos e podia jurar que ele estava corando por debaixo daquela mascara.

- Err... L-Lucy eu tenho que... que... que ir fazer umas coisas para o mestre... – disse-o enrolando-se nas palavras.

Mentiroso!

- Eu também tenho que ir fazer umas coisas – disse. – Até... – acenei, mas ele já não estava mais lá.

Franzi o cenho. Será que ele é um Stalker igual à Juvia?

Bom, deixa para eu descobrir isso outro dia.

Continuei meu percurso direto para o covil de tigres, mas parei assim que avistei uma figura encapuzada encarando-me fixamente.

Essa pessoa, seja lá quem for, estava parada frente ao alojamento da Saber.

Engoli em seco.

- Quem é...? – antes que eu pudesse terminar a frase a pessoa se virou e seguiu para uma ruazinha que ficava ao lado do alojamento.

Ela parou na entrada da rua e me olhou.

Quer que eu o siga... eu acho.

Respirei fundo e segui-a/o.

O caminho não estava muito escuro, pois ainda estava de manha. E então notei que o encapuzado parou e apontou para uma janela imensa que havia ali.

Eu me lembrava de tê-la visto, mas isso foi pelo lado de dentro.

Se eu olhasse através da vidraçaria veria o salão de entrada do alojamento da Sabertooth.

Encarei a janela por alguns segundos, mas quando busquei a pessoa para saber o porquê de ter me levado até ali, ele/a havia desaparecido.

Suspirei e caminhei para perto da janela.

Encostei-me na parede e espiei o que acontecia dentro.

A primeira coisa que meu olhar encontrou foi um sofá grande com uma mesa derrubada próximo a ele. Curvei-me mais um pouco e pude ver um homem alto com uma vestimenta que cobria parte do ombro esquerdo e usava um tipo de coroa, ou algo assim.

- O mestre... – murmurei.

Engoli em seco e curvei-me mais um pouco.

Em frente ao homem estava Sting Eucliffe e Rogue Cheney.

Travei o maxilar e abri uma pequena brecha na janela a fim de ouvir o que acontecia.

- Vocês mancharam o nome da guilda mais forte!!! – berrou o homem. E pude sentir daqui a onda de poder que irradiava de si.

Virei-me de forma brusca encostando com força as costas na parede.

Meu coração estava a mil. Minhas mãos tremiam. Não havia como negar... eu estava com medo. Por mim e por eles.

- Rogue!! Sting-kun!! – ouvi os nekos gritarem.

- Vocês não são dignos de se chamarem de Sabertooth!! – ouvi o grito do mestre, ecoar.

Coloquei as mãos tremulas sobre a boca e forcei-me ao silencio.

- Apaguem! Apaguem o símbolo da guilda! – mandou a voz imponente.

Escorreguei pela parede e agachei-me envolvendo minha cintura com os braços.

Isso não podia estar acontecendo...

- Não precisamos de fracos! Não precisamos de perdedores!! – berrou mais alto.

Eu podia ouvir o bater de meus dentes e podia sentir a queimação em meu rosto. As lágrimas queriam sair, mas eu as impedia.

Como alguém podia ser tão cruel.

Foi apenas uma luta. Apenas uma derrota.

Eles são fortes.

O que é uma derrota diante das varias vitorias que obtiveram durante sete anos? Nada! Não é nada!!

- Mas, mestre... – ouvi aquele chamado. Aquela vozzinha diferente.

Ergui-me vendo o neko vermelho amarronzado erguer a pata.

- Sting-kun e Rogue-kun fizeram o melhor que puderam. – o pequeno tremia. Eu podia ver. Todos ali podiam ver. O homem encarou o gato. – Dessa vez, tenho orgulho do Sting-kun.

- Lector... – ouvi o loiro murmurar. Aparentemente ele temia o pior.

- Eu acredito que as pessoas ficam mais fortes depois das derrotas. – disse-o. – Sting-kun aprendeu muito depois dessa luta.

- Quem é você? – a voz do homem voltou a ecoar de forma tenebrosa.

Engoli em seco enquanto meu coração ainda batia depressa.

- Ah cara, mestre... – começou-o virando-se e erguendo parte do colete que vestia. Daqui de onde eu me escondia eu pude ver a marca da Sabertooth ali presente. – Eu também sou um membro, também possuo o brasão bem aqui...

- Por que um animal esta ostentando o brasão da Sabertooth? – indagou-o mais para si do que para o restante dos expectadores. – Desapareça!

Arregalei os olhos quando ele virou-se para o neko.

Eu vi, cada milimétrica partícula da magia que ele lançou. Mas eu não permitiria que aquele mártir acontecesse.

Sem mesmo descolar os olhos da cena, proclamei a mais antiga magia que me lembrei no momento. E também, por coincidência, a que consome uma quantidade absurda de poder mágico...

- Jikan no enko: Teishi (Arco do tempo: Parar) – ofeguei.

Quanto tempo eu não usava uma magia de porte tão grande assim?

Com dificuldade ergui-me e empurrei o restante da janela logo adentrando no cômodo.

Eu tinha de ser rápida. Minhas forças estavam se esvaindo rapidamente, assim como minha magia.

Aproximei-me de Lector, o neko amarronzado, e peguei-o nos braços rapidamente fazendo uma réplica mágica e colocando em seu lugar.

A réplica duraria apenas dois minutos. Ou menos.

Um gemido escapou de meus lábios. A dor estava aumentando aos poucos...

Pulei para fora da sala, através da janela e puxei a mesma novamente, deixando apenas uma brecha.

- T-Tsudzuk-ku... (Continuar) – murmurei sentindo o ar faltar-me.

- ...kun... – ouvi o gato murmurar e tapei sua boca.

Fiz sinal com os dedos sobre os lábios quando ele me olhou assustado.

- N-Não fal-le... – gaguejei sentindo o ar faltar-me.

Ele acenou com a cabeça, mas ainda manteve o olhar em mim.

- Lector!! – ouvi o grito de Sting, assim como o gato em meu colo.

Ele tentou fugir, mas neguei.

- Se f-for pego... n-nós dois m-morremos... – murmurei apoiada com as costas na parede ofegando em busca de ar.

- Frosch! – assim que a voz de Rogue chegou a meus ouvidos fiz esforço para ver o que acontecia.

A cena a seguir me chocou.

- Quanta insolência... um gato usar o brasão da minha guilda – afirmou o homem virando-se para Sting que chorava em silencio enquanto o moreno agarrava-se firmemente a um Fro choroso.

E então o Dragão branco gritou. Expulsando toda sua frustração e dor.

Por incrível que pareça, as lágrimas dele doíam em mim, à dor dele me afetava. E meu estado atual não contribuía muito.

Sua dor me deixava mais debilitada.

Agarrei-me firmemente a Lector. Claro que isso era usando o que me restava de forças.

Eu não poderia interromper.

- Você é barulhento Sting – afirmou o velho.

Frio. Sem coração. Minerva era uma garotinha doce e ingênua comparada a ele.

- Como pôde... – murmurou-o com as mãos no rosto erguendo-se. – Como pôde...

- Cale-se! Era apenas um gato! – mandou o mestre.

Travei o maxilar. Ele tinha sorte de eu não estar no auge de minha força... a se tinha sorte.

Olhei para Lector. Ele estava paralisado há essa hora. Acariciei-o na cabeça.

- Não se preocupe... – murmurei extremamente baixo.

Quando voltei a olhar para o interior do alojamento encontrei um par de olhos fixos em mim.

Eles eram escarlets, assim como o cabelo de Erza, e mostravam o quão assustado estava.

Mas a cena seguinte desviou toda minha atenção.

Com lágrimas escorrendo pelo rosto e a face expressando todo o ódio que sentia, Sting Eucliffe atacou seu mestre.

Assim, talvez, o matando.

Fechei os olhos virando a cabeça. Estava feito já.

O tigre rei havia caído...

xXx

Ainda era de manha quando aquilo ocorreu... sinceramente, eu não lembro bem de todas as falas. Mas lembro-me de ver Sting de uma forma diferente.

Ele parecia vulnerável. Assim como Rogue, que temia que o mesmo destino fosse dado ao pequeno Frosch.

Naquele dia, eu agradeci as estrelas por terem me feito conhecer Rogue aquele tarde em que salvei Fro, pois... se eu não houvesse o conhecido, eu não estaria ali presenciando tudo.

E se eu não estivesse ali para intervir... Lector teria se tornado apenas mais uma presa de um tigre velho e sem coração.

Essa é apenas mais uma das diversas coisas que tenho de agradecer as estrelas... pois é nelas que confio meu destino... e foi através delas que conquistei minha felicidade.