Amor Do Presente Ou Do Passado? escrita por Mary e Mimym


Capítulo 12
Acreditando em sua palavra.




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Elesis parou imediatamente na escada, ela ainda estava com seu “novo visual”, o que espantou, a princípio, a pessoa que a viu.

— Não era para sair de vosso quarto, sabia disto?

— E você sabia que eu posso te bater se você continuar na minha frente?

— Vosso pai não gostará nem um pouco de saber que estais desrespeitando-o.

— Cale sua boca se quiser permanecer vivo! – Elesis estava impaciente.

***

— Elesis! – Jin a chamou, parecia que a ruiva havia entrado em um transe.

— Oi.

— Eu estava conversando com você.

— Ah, sim... Perdoe-me, continue. – Elesis sentou-se no sofá, ainda parecia perdida em seus devaneios.

— Está tudo bem com você? – Jin fez o mesmo e sentou ao lado da ruiva.

— Acho que estou começando a entender tudo.

— Como assim? – O ruivo estava muito confuso com os acontecimentos.

— Antes do meu acidente, eu vi esse tal Ronan passar por mim... A única imagem que eu tenho dele foi de quando eu estava em cima do Alado...

— Em cima do Alado? – Interrompeu o ruivo – Como você estava em cima de um Poodle?

— Alado é um cavalo! – Elesis encarou Jin como se não quisesse discutir sobre aquele assunto – Como eu ia dizendo, eu estava montada no Alado, até que ele ficou descontrolado e o Ronan olhou para mim.

— Tá... E o que isso tem a ver com a sua memória falha?

— Eu não estou com a memória falha. Acho que na queda eu acabei batendo a cabeça forte e estou num sonho. É! Isto é um sonho.

— Um sonho do futuro?

— Futuro...? – A ruiva pôs a mão no queixo e começou a pensar – Eu não sei explicar muito bem, só sei que não estou no meu século, eu não sou essa Elesis maluca que vós conhecestes que come em um lugar onde a própria pessoa se serve, isto é inadmissível. Ou que vive num lugar como este em que meus aposentos são bagunçados e não tem banheira!

— Bem... Sobre o restaurante, aquilo é um Self-Service que você adora. – Corrigiu Jin - Ou seja, você se serve. É muito admissível colocar a quantidade que você come. - Ele riu.

— Isso não vem ao caso, o fato é que estou presa nesse corpo que é o meu, mas num tempo que não me pertence. Tudo é totalmente estranho e normal para mim. Minhas amas estão vivendo este tempo, mas não me conhecem, quer dizer, não me tratam como devem.

— Suas o quê? – Jin não entendeu.

— Amas. Minhas acompanhantes... – Elesis deu uma pausa para ver se o ruivo processava o que ela havia dito – Minhas criadas... Amigas... – Esperou mais uma vez – Arme e Lire.

— Ah! Sim, eu as conheço, são nossas amigas. Se elas ouvissem você chamando-as de criadas... Mesmo sendo bem agressiva, você apanharia das duas.

— Elas que ousassem me bater!

— Tá, tá bom! É que você falando assim é muito estranho. Mas eu quero saber o que está acontecendo, realmente. Porque eu ainda não entendi nadinha.

— Isso eu também não sei explicar, eu dei uma hipótese de que pode ser um sonho, sendo que é muito realista...

— E você falou isso para o Ronan?

— Ninguém me escuta, eu tentei falar com ele, com as minhas amas... E, por ironia do destino, tu és o único que me escuta.

— Como assim “por ironia do destino”?

— Bem... Estamos prometidos um ao outro, nossa família se unirá nos negócios e... Por mais que seja certo o nosso casamento, eu... – Elesis respirou fundo – Eu te odeio, és mesquinho e rude, não pensais em meus sentimentos.

— Como?! – O ruivo levantou espantado com o que Elesis dissera – Eu não te fiz nada para você me odiar!

— Fizestes sim! – A ruiva o encarou bravamente.

— O-o que eu fiz?

— Por vossa causa eu caí do Alado! Por vossa causa eu estou aqui neste lugar estranho, onde as mulheres usam trajes ousados, uma caixa mágica sobe e desce facilitando sua vida e quase te matando lá dentro! Onde um aparelho que toca absorve vossas amigas e, incrivelmente, tem como se comunicar através desse objeto desconhecido. Sem esquecer-me de mencionar o carro, o que é um carro? Eu chamaria aquilo de carruagem moderna. E ainda tem esse "apartimento" que, por algum motivo, é meu. Mas eu moro com meus pais.

— "Apartimento"? Não seria apartamento?

— Que seja! Isto tudo é estranho. Isto tudo não pertences a mim.

— Eu ainda não consegui captar tudo o que você disse, agora eu entendo por que o Ronan é tão impaciente... Você está agindo de uma maneira esquisita. É tão confuso...

— Eu quero voltar para o meu tempo, eu mudaria tudo isso, eu... – Os olhos da ruiva estavam marejados – Eu até aceitaria casar-me com alguém que não amo só para acabar com essa confusão toda.

— Você realmente convence qualquer um com esse papo de casamento. Sendo que eu não sou o noivo, minha família não quer se unir com a sua e... Você precisa se tratar, tá bom? – Jin falou num tom como se fosse uma pessoa mais velha conversando com uma criança.

— Não preciso me tratar coisa nenhuma! Se estivesses em meu lugar... Saberia o pesadelo que estou vivendo... – Elesis sentiu-se derrotada, não sabia mais como argumentar.

— Olha... – Jin percebeu que deveria fazer algo, mesmo tudo estando confuso em sua mente – Espera o dia passar, amanhã as meninas estão com tempo livre, eu acho, iremos nos reunir para conversar sobre o que está acontecendo com você.

— Esperarei ansiosamente...

O ruivo ia falar mais alguma coisa, quando seu celular começou a tocar, assustando Elesis.

— O que é isto? – A ruiva perguntou.

— É só meu celular. – Respondeu Jin, pegando o aparelho.

— Ah... Eu joguei um deste pela janela. – Elesis sorriu inocentemente no final de sua frase.

— O quê?! – Jin saiu de perto da ruiva e olhou para a janela – Diz pra mim que não foi do Ronan...

— Fostes dele mesmo, por quê?

— Ér... Eu vou dar uma saidinha... É melhor eu proteger o meu celular... – Jin estava com os olhos arregalados – Vou falar com o Ronan que isso tudo não passou de um grande mal entendido, até porque você não vai se casar comigo e, muito menos, eu irei me casar com você. Eu hein...

— Mas...

— Não, não, não! Sem “mas”, confia em mim... Não estamos noivos. Nunca tivemos uma conversa em que eu fosse mesquinho com você, até porque você me mataria se eu falasse num tom mais grosseiro.

— Estais vendo?

— O quê? – Jin olhou a sua volta, não compreendendo a expressão usada pela ruiva.

— Vós estais falando de mim como se meu comportamento fosse outro. Eu não mataria a vós de forma alguma.

— Mas o seu comportamento é diferente de qualquer pessoa normal. Você jogou um celular pela janela!

— Foi porque eu levei um susto com aquilo, ora!

— Como você leva um susto com o celular?

— Ele se mexeu em minha mão. – Elesis debatia com Jin como se tivesse toda razão.

— A situação está só piorando... – O ruivo a olhava um tanto assustado com tudo.

— Está mesmo! Nem pareces um filho de Marquês. Todo mundo aqui é estranho e eu que preciso me tratar, onde já se viu tamanho absurdo?

— Elesis, eu vou embora, estou começando a ter fortes dores de cabeça. O Ronan vai cuidar bem de você. O Alado deve ficar aqui com vocês, já que o Ronan ficará aqui. E, por favor, não tente subir nele, porque é apenas um pequeno cachorrinho, um Poodle, caso você não lembre.

— Eu nem vou discutir sobre isso. Já disse que Alado é o meu Puro-Sangue, mas como ninguém acredita, ficarei calada.

— É o melhor que você faz... – Sussurrou Jin, para si mesmo.

— Hã?

— Nada... Eu já vou. Nos vemos amanhã e aí conversaremos direitinho sobre tudo.

— Tudo bem... Eu tentarei sobreviver até amanhã.

— Não seja tão dramática... Nem parece a Elesis que eu conheço.

— Será por que eu não sou?

Jin suspirou.

— Como é difícil compreender uma garota...

Ronan estava sentado no chão do corredor com a cabeça inclinada para trás, encostada na parede.

— Está tudo bem, cara? – Perguntou Jin, ao sair do apartamento.

— O que vocês resolveram: estão ou não estão noivos? – Ronan fez outra pergunta, ignorando a do amigo.

— Ronan... Isso não tem cabimento. Eu não gosto da Elesis, não a amo... Melhor dizendo. É muito confuso explicar o que está acontecendo, então eu tomei a liberdade e marquei um encontro com todo mundo aqui na casa dela. Tudo bem pra você?

— Sim... Eu preciso buscar o Alado lá em casa, já que ficarei aqui com essa louca.

— Põe louca nisso. – O ruivo riu – Eu soube que ela jogou seu celular pela janela.

— Aconteceu isso e muito mais, meu amigo.

Jin estendeu a mão para Ronan, e o mesmo a segurou. O azulado ficou de pé e se despediu do ruivo.

— Até mais...

— Até. – Ronan guardou o bilhete que estava amassado em sua mão – Elesis, Elesis... Quando tudo voltará ao normal...?

A ruiva foi para o seu quarto e se deitou olhando para o teto a procura de respostas.

— Ai meu Deus... Quando tudo voltará ao normal...?

***

Elesis continuou a descer os degraus, nem ligando para a pessoa que estava ali.

— Aonde vós pensais que vai? Ainda mais trajada desta maneira tão peculiar?

— Olha só... Eu não lhe devo satisfações! Eu vou sair desse circo que armaram, onde vocês usam essas roupas ridículas e do século passado. Eu não sou desse tempo, entendeu? Agora me deixa passar se você não quiser morrer!

— Não. – A pessoa respondeu calmamente.

Ambos ouviram uma terceira pessoa se aproximar da escadaria.

— Droga! É hoje que eu não saio daqui. – Resmungou a ruiva.

— Acho que não fugireis novamente. – A pessoa sorriu.

— Seu idiota! Eu vou sair daqui e é bom você não contar para ninguém, ou...

— Ou o quê?

— Jin, você está testando a minha paciência!

A terceira pessoa estava se aproximando, era possível ouvir seus passos pesados de encontro ao piso, parecia ser um homem, o que deixou Elesis mais aflita.

— Imagina se for o Duque... – O ruivo cruzou os braços – Seria uma pena se eu a impedisse de sair e ele a visse aqui, fora de seu quarto onde deverias permanecer!

Elesis agiu por impulso e pegou o braço de Jin, começou a correr para sair dali.

— O que pensais que estais fazendo? – Perguntou o ruivo, tentando se soltar e parar de correr.

— Se eu deixasse você lá, contaria tudo para o meu pai.

— Solte-me! Eu ordeno!

— Você não manda nem em você mesmo, fará em mim. – A ruiva parou ao ver que não sabia para onde havia corrido – Onde estamos?

— Na cozinha... Não percebeis?

— Cala a boca! Eu não sei em quem você está se confiando... No meu tempo você não é assim.

— Do que estais falando?

— Nada, esquece... Você parece um sonso! - Elesis o encarou - Eu quero sair dessa casa, por aonde vamos?

— Eu não vou a lugar algum com vossa pessoa! – Jin tentou mais uma vez se soltar da ruiva, mas não teve tanto sucesso – Quando ficastes tão forte assim?

— Eu sempre fui forte. Então é bom ficar ao meu lado e me dizer onde é a saída dessa mansão.

— Não direi absolutamente nada!

— Acho que você não quer sentir a minha força bem nesse seu rostinho lindo... – Elesis sorriu e lançou um olhar ameaçador.

— Como ousais falar assim com vosso futuro esposo, o filho do Marquês!?

— Pouco me importa de quem é filho, eu quero sair daqui e você irá me ajudar.

— Por que eu faria isso?

— Você quer mesmo se casar comigo? Isso é loucura!

— Não é não, estamos apenas fazendo um bom negócio, se juntarmos as duas famílias a economia de ambas crescerá. E... - Jin sorriu, sabia que estava encenando toda aquela conversa com Elesis.

— E precisamos nos casar para isso? - A ruiva o interrompeu, não percebendo a má índole de Jin.

— O casamento é só para selar de vez a união. E já tens uma idade para se casar, minha cara...

— Não! Ainda sou bem jovem!

— No seu tempo sim, aqui não. – Jin a olhou com indiferença.

— Você sabe de alguma coisa, não sabe?! Desde a nossa conversa no quarto!

— E se eu souber? O que fareis?

Elesis apertou com força o braço do ruivo.

— Não pense que brincará comigo, que esconderá a verdade de mim! Eu só não te bato agora, porque quero sair daqui, então me tire daqui!

Jin respirou fundo, estava começando a sentir um pouco de medo das ameaças da ruiva.

— Tudo bem, eu a levo para fora da mansão. Mas nada além disso.

— Você irá me acompanhar, eu quero conhecer a cidade e irá comigo, preciso respirar ar puro e ver se consigo acordar desse pesadelo.

— Óbvio que não!

— Para de gritar! Irá chamar a atenção de alguém! - Elesis cravou as unhas no braço de Jin e o rapaz a encarou, segurando a dor que sentira.

— Está bem! Eu a levarei para a cidade, mas com uma condição. – Jin havia pensado em algo.

— O quê? – Perguntou a ruiva, desconfiada, voltando a segurar Jin normalmente.

— Terá que se tornar aquela bela dama que era antes disso tudo acontecer, para impressionar a sociedade.

— Por que está me pedindo isso?

— Porque eu tenho minhas intenções e não convém a ti saber! Apenas obedeça-me!

— É bom que tenha um bom motivo para estar alterando a voz comigo, Jin...

— E tenho... Não quer ser livre?

A ruiva o encarou, pois havia algo no ruivo um tanto obscuro.

— Só se comporte como uma milady e te tiro daqui.

— Só isso?

— Sim.

— Eu não aceito!

— Então vós ficareis presa aqui nesta mansão para sempre, porque eu contarei aos vossos pais que tentastes fugir.

Elesis cerrou os punhos, encarou friamente Jin e respondeu:

— Tá... Você venceu desta vez. 

— E vencerei mais. – Jin conseguiu se soltar das mãos da ruiva.

— Não brinque com a sorte. – Elesis voltou a segurar o braço do ruivo – Pois se fizer outra gracinha, cravarei minhas mãos na sua face. Agora me tire daqui! 

— Tudo bem.

O ruivo começou a guiar a ruiva, os dois olharam bem para ver se não vinha alguém que pudesse estragar a saída dos dois.

— Você viu quem estava indo para a escada? – Indagou a ruiva.

— O Duque. – Respondeu Jin sem demonstrar emoção.

— Que sorte a minha.

— Se descobrirem que saístes do quarto...

— Você irá contar que estava comigo. – Elesis antecipou-se – E isso não deixa de ser verdade, não é?

— É. – Jin não gostou nem um pouco de ter ouvido aquilo – Estais vendo esta porta?

— Sim.

Os dois ruivos pararam em frente a mesma.

— É a porta de entrada da casa.

— Não, é a porta de saída para a minha liberdade. – Elesis nem hesitou e logo a abriu.

***

Ronan entrou no apartamento e percebeu que Elesis não estava na sala, então resolveu deixar a quentinha na cozinha, caso a ruiva quisesse comer. Ele começou a andar em direção ao quarto da ruiva. Respirou fundo e bateu na porta.

— Quem és?

— Sou eu, Ronan...

— Ah. – A jovem se levantou da cama, mas não abriu a porta – Entra.

— Não... Eu só vim avisar que irei buscar o Alado, já que passarei o dia com você, é melhor não deixar o cachorro sozinha e sem alimento.

— Está bem... – Elesis ficou um pouco feliz em saber que veria o Alado de novo.

— Então... Eu não irei demorar muito, tudo bem para você ficar aqui sozinha?

— Tudo sim.

— Eu deixei a quentinha em cima da mesa, se quiser comer, ainda está morna.

— Não, eu esperarei.

— Tá bom, até.

— Até...

Ronan pegou as chaves na sala e saiu do apartamento.

— Que dia!


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