Wild Romance escrita por chi1bi


Capítulo 2
Milkshake


Notas iniciais do capítulo

Bem, gente... o segundo capitulo *p*

Não faz nem duas horas que postei o primeiro... mas enfim. Vou tentar postar amanhã ^.^



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A aula iniciou normalmente - chata, tediosa, típica aula de início de ano... - e eu me apresentei na frente da classe. Oh, sim. Não nasci para falar em multidões. Mas tudo bem, eram apenas trinta pessoas, não?

– Seja bem-vinda, srta. Shin Yun Hi. – o professor quase totalmente careca do qual eu não sabia o nome sorriu calorosamente, cumprimentando-me. O quadro negro já estava cheio de exercícios, que eram apenas algumas perguntas sobre os povos da Mesopotâmia. Concluí que deveria ser de algum texto da aula anterior, então talvez eu pedisse o caderno de Violette emprestado - já que eu duvido que Merui fosse dessas alunas que copia alguma coisa.

– Obrigada. – respondi com um sorrisinho simpático, dando ombros. Peguei minha mochila que até então estava atirada no chão, cheia de poeira e com o fecho aberto, deixando assim cair alguns livros. As vadiazinhas de batom rosa riram, pra variar.

Me abaixei e os peguei rapidamente, guardando na mochila. Apenas fechei o fecho mais uma vez - que era desprezivelmente teimoso e provavelmente abriria de novo.

Finalmente o tal professor me disse seu nome, sr. Williams. Ele era daqueles coroas super legais, talvez tivesse uns quarenta anos - e talvez se minha mãe o visse, o achasse bonitão.

De qualquer forma, a aula foi produtiva. Eu tive permissão para ir à biblioteca depois, para pegar um livro (do qual o título eu tive de anotar, porque era enorme e eu esqueceria com certeza) e copiar o texto de oito parágrafos resumindo toda a aula sobre a Mesopotâmia. Mal cheguei na escola e já tem uma pilha de textos me esperando. Que divertido.

Agora o sr. Williams listava os nomes agilmente, com seu sotaque britânico animado. Mal notei quando o ruivinho tingido ao meu lado se manifestou.

– Castiel.

– Aqui. – resoou a voz rude do garoto de cabelos vermelhos, que agora eu descobri se chamar Castiel, entediado. O caderno dele estava fechado, e não havia copiado nada. Parecia o típico irresponsável que não costuma ir às aulas, ou quando ia apenas ficava de vadiagem. Tipo os da minha antiga escola.



– Infeliz. – resmunguei baixinho. Ele me devolveu com um olhar de fúria sem motivo. Então virei o rosto tentando ignorá-lo.

O sr. Williams continuava falando - não calava a boca -, explicando a matéria eu acho, mas eu apenas encarava o relógio.

Os minutos passavam devagar, o que era desesperador.

Nessa altura até o som do próprio relógio estava me dando dor de cabeça. E já que eu não tinha o texto e portanto não poderia responder os exercícios para ocupar minha mente, estava morreeeeendo de tédio. E é claro que eu não pediria o caderno de um certo ruivo sentado ao meu lado emprestado. Eu não via nenhum interesse na aula, e o olhar enraivecido de Castiel sobre mim me incomodava.

Olhei à minha esquerda, para a parede branca. Sinto que alguém ainda mantém os olhos em mim. Como você me intimida, hein Castiel?

[...]

Incomodada.

Profundamente incomodada.

Maldito olhar cavernoso que não me deixa em paz.

Já haviam se passado mais de quarenta e cinco minutos, mas Castiel não tivara aquele olhar - agora irônico, veja só - de cima de mim. Talvez minha reação fosse engraçada ou algo assim, e no entanto eu sabia que ele fazia só para me provocar. E ele conseguia.

A sra. Beliatto, que nos dá a disciplina de geografia, adentrou a sala e mandou todos sentarem em suas devidas carteiras e permanecerem em silêncio. Sua voz rígida e controladora me deu náuseas. Náuseas. Era isso que eu sentia. Ela encheu o quadro com um texto enorme do caralho, enquanto os alunos copiavam quietos. Começou a falar sobre meridianos, etc. Não há professora mais próxima do próprio Lúcifer do que essa.

Santanás.

O que for.

Apenas imagine uma velha do demônio.

Se abrisse a boquinha, ficava 15 minutos felizes na detenção. Se reclamasse, mais 15 minutos. E assim se perdia meia hora sentado em uma carteira numa sala vazia. Com a adorável companhia da sra. Beliatto. Que adorava ferrar com os alunos.

Com certeza ela não foi com a minha cara; e nem eu com a dela. Derek a apelidou de Diabo Loiro.

A presença de alguns professores até me agradava, uns eram realmente simpáticos. Tive que fazer um esforço extra para acompanhar o ritmo da turma, quando todo mundo já estava acostumado. Não que eu não soubesse a maioria das matérias; eu já sabia todo o conteúdo que me era passado. Mas isso me perturbava... sempre tirei as melhores notas e pretendo continuar assim. Se quiser me chamar de nerdzinha desocupada ou qualquer outra merda dessas, fique à vontade.

Ambre caiu "sem querer" em cima de mim, apenas me provocando. Não acredito que ela pense que pode me intimidar assim, então não reagi, o que a deixou ainda mais irritadiça. Ela fingiu pedir desculpas e saiu, frustrada com sua atitude terrível. Como se eu sentisse muito medo.

Respondi com uma vozinha doce, toda sarcástica. Ela jogou os cachos loiros para trás, fingindo estar muito interessada em olhar suas unhas compridas. Eu abri um sorriso imenso.

[...]

Finalmente a aula tinha terminado. Estalei meus dedos, que estavam rígidos de tanto pressionar a caneta no papel e manchados de tinta azul. Derek se aproximou e perguntou se eu não queria beber um milkshake com Merui e ele, enquanto lacrava a porta do armário.

– E aí? Vai vir com a gente? – ele insistiu.

– Ahan. – aceitei enquanto grudava igualmente a porta do armário, o que o fez rir – Só vou falar com eles primeiro. – me referi à Ken e Violette, apontando.

– Ta legal. Vou na frente então, buscar alguém. – ele deu ênfase, arqueando as sobrancelhas. Sorriu e saiu andando em passos apressados.

Coloquei a mochila amassada nas costas, enquanto me dirigia à eles.

– Y-Yun? – disse Ken, todo corado.

– Quê? – eu perguntei, com a voz um pouco mais rude do que pretendia, sorrindo gentilmente.

– Para de me olhar assim, dá vergonha – ele escondeu o rosto atrás do caderno que segurava.

Percebi que o estava encarando com intensidade. Estava o deixando com vergonha. Ri da cara dele, falo mesmo. Eu ri sinceramente, pela primeira vez em algumas poucas semanas. Por mais incrível que pareça Ken era uma companhia tão boa. Eu podia me abrir facilmente com ele. Não ligava.

Então convidei ele e Violette para irmos até a lanchonte juntos, já que aparentemente eles não tinham mais nada para fazer. Ignorei completamente o texto de história que eu devia copiar, esquecendo que tinha que fazer isso. Qualquer coisa eu pedia um caderno emprestado, já que não parecia muito importante, ou apenas copiasse amanhã.

Já na lanchonete, onde Derek e Merui me esperavam. Nathaniel estava lá também. Eles ficaram surpresos em vê-los, ou quem sabe tivessem achado mal educado da minha parte ter convidado duas pessoas a mais. Não que eles ou eu mesma fôssemos pessoas muito educadas.

– Oi... – acenou Violette atrás de mim, encolhida e um pouco tímida.

– E aí, Violette. – disse Merui, passando por mim e os braços magros envolvendo a silhueta de Violette. – Não sabia que você tinha amigos, hn? Afinal você não larga aquele caderno de desenhos, né? Vem cá, senta aí, queridinha – um sorriso sarcástico brotou em seus lábios carnudos. Provavelmente estava tramando alguma coisa. Como sempre.

Sentamos nas mesas, Ken ao lado de Violette e Derek e Merui brigando entre si. Não me surpreenderia se alguém aí saísse com o braço roxo ou cheio de hematomas. Nathaniel sentou ao meu lado.

– Duvido você dar em cima daquela garota lá, Derek – dizia Merui, enquanto apontava para um ser gótico cheio de piercings e tatuagens, seus olhos pintados de preto me encarando.

– Duvida, é? – devolveu Derek – Se eu quiser sair daqui morto, quem sabe – ele riu, dando uma pausa – E o que eu ganho em troca? Um beijo seu, que tal, docinho?

– Vá a merda – respondeu Merui, porém ela também estava rindo – Eu ativo aquele alarme de incêndio ali. Ver o pessoal apavorado parece bem mais divertido. – Ela mordeu o lábio inferior planejando algo, enquanto apontava para uma alavanca vermelha no canto.

– Vocês são pirados? – indagou Ken, ecoando meus pensamentos anteriores e também rindo da idiotice dos dois.

– Totalmente. – respondi enquanto contornava a cadeira.

– Talvez. – disse Derek, ignorando o que eu falei – Eu ainda vou casar com essa beldade dourada aqui – ele se referia a Merui, ironizando.

Ela mostrou o dedo do meio para ele, sorrindo.

– Sabe que eu acho que vou ficar viúva cedo? – ela entrou na brincadeira – Vou colocar veneno no seu suco, amorzinho. – ele estreitou os olhos.

– Você é um pervertido, Derek – murmurou Nathaniel, meio que interrompendo.

– E você não?

Nathaniel riu.

A garçonete finalmente veio anotar os pedidos. No fim eu pedi uma taça de sorvete de pistache mesmo, normal. Ken detestava sorvete de pistache com todas as forças. Nós costumávamos comer os biscoitos de chocolate com sorvete em cima depois das aulas, num parquinho lá perto de casa. Sorri discretamente ao lembrar disso. Era bom.

Nathaniel e a Violette discutiam alguns títulos de livros, grande parte desconhecida por mim. Eu evitava ler romances policiais. Preferia títulos como O Guia do Mochileiro das Galáxias ou The Hunger Games. Derek falava sobre assuntos totalmente indiscretos com Ken. Merui continuava viajando, como de costume, tentando fazer Violette se enturmar.

– Então você já fez? – Ken perguntou a Derek - como se a resposta não fosse óbvia -, após ele falar sobre seu longuíssimo histórico de namoradas – Quer dizer, você sabe. – ele deu de ombros.

– Hm... – Derek murmurou, dando um risinho malicioso – Claro que sim. E você? – ele ergueu os olhos e sorriu como quem duvida.

– Eu nunca nem beijei uma garota – Ken deu uma resposta sincera, sério. Não era novidade para mim. Eu sempre soubera disso, afinal Ken me contava tudo, desde que eu me lembro. Tudo bem que já estava mais do que na hora do Ken arranjar alguém, mas eu não conseguiria imaginar esse cara com uma namorada.

– MAS QUE MERDA É ESSA?! – O pessoal gritou, se virando para ele, com exceção minha. Violette nem ligou.

– Do que vocês estão falando? – Ela perguntou abobadamente. Então apenas expliquei. – Eu também nunca beijei um garoto... – ela sussurrou só para mim.

– É que... – Ken estava trêmulo – E-Eu sempre gostei de uma garota, mas ela nunca reparou em mim. Ela meio que nunca me viu mais do que como um amigo. – Ken baixou o olhos, olhando para a mesa.

– Aaaaaah, saquei... – Derek.

– E porque você não fala com ela? – disse Violette, toda romântica. Clichê. Eca.

– E porque nós não arranjamos uma gostosa pra ele dar uns amassos? – argumentou Nathaniel, entrando na conversa.

– Você tem andado muito com o Derek. – Merui e eu respondemos em uníssono, nos entreolhando. – Muita viagra e revista pornô... – completou Merui olhando Derek.

– Porque ela já sabe! – ele bateu na mesa, se alterando. – ... Acho que sabe. Mas se eu falasse, ela me rejeitaria. – ele olhou para algum lugar que não podíamos ver.

– Fala sério, Ken. – sorri. – Qual é o seu problema? – ele se virou para mim – Você só tem que ser mais confiante, só isso. – dei ombros e saí dali.

Derek e Nathaniel continuaram discutindo com Ken sobre o assunto. As outras duas também se levantaram e sentamos em outra mesa, longe de lá, pois ninguém estava afim de ouvir a conversa deles. Nós pedimos mais sorvete. Elas estavam combinando de irem ao parque de diversões, só nós e os garotos. A gente combinou tudo certinho, e Merui iria comprar os ingressos.

No fim da tarde voltei para o edifício, caminhando junto com Ken. Ao adentrar o meu apartamento eu estava me sentindo completamente morta. Nunca me senti tão mal na vida, então só me atirei na cama e dormi, depois de enfiar de qualquer jeito a mochila no guarda-roupas.

Acordei de novo só por volta das três da manhã. O céu estava cinza e feio, chovia forte, e vários raios cortavam o breu da madrugada. Meu estômago roncava pedindo por comida - por qualquer coisa; eu não tinha jantado.

Fiz uma omelete preguiçosa, pois eu sabia que meu estômago não aguentava mais que isso. Tomei um banho quente, já estava ficando frio, e vesti meu pijama preferido: Verde com gatinhos, de mangas compridas. EXTREMAMENTE sensual, sente só.

Pensei em fazer o dever de casa, tentando afastar meus pensamentos nebulosos e sonolentos. Aquele maldito texto dos infernos era gigante, então fiquei um bom tempo apenas copiando.

Voltei a me deitar na cama, guardando os cadernos na mochila, enquanto olhava a chuva transparente que escorria pelo vidro da janela.

"Nos vemos depois, então? Eu estou no mesmo prédio que você. Quarto 71."

Me lembrei do que Ken havia dito essa tarde. Nem pensei, só levantei da cama de novo e vesti minhas pantufas fofas. Saí do apartamento só de pijama mesmo - sexy né - caminhando na ponta dos pés até chegar no apartamento dele. Às três e trinta e cinco da manhã, acordando todo mundo (só que não).


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Notas finais do capítulo

Comentem! ~ou não /okay t.t



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