Leyna escrita por Helena


Capítulo 6
Capítulo 6




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Leo

Dizem que a curiosidade matou o gato. Leo mataria o gato ele mesmo pra saber onde Reyna tinha ido parar depois da explosão de Octavian. Ele tinha virado o acampamento de cabeça pra baixo procurando a pretora, e tudo o que tinha conseguido era gritos de campistas vestidos pela metade exigindo que ele saísse de seus dormitórios.

O filho de Hefesto desejou ter jogado mais bolas de fogo em Octavian antes de sair correndo em busca de Reyna. O máximo de informações que tinha conseguido arrancar das harpias era que a menina tinha deixado Nova Roma na companhia de sua irmã. Leo se lembrou de quem era a irmã da pretora. Hylla, a rainha das Amazonas. Duvidava que, com os nervos naquele estado, a menina tivesse ido fazer um piquenique em família. Tremeu só de pensar no que podia ter acontecido.

Sentiu um tapa de leve nas costas. Se virou e viu Jason, que ria.

–Reyna? Leo, seu garanhão, não contou nada pra mim! Fiquei sabendo pelas fofocas das filhas de Vênus, durante o café-da-manhã!

Leo sentiu vontade de socar Jason. Aquela, definitivamente não era a hora para provocá-lo, especialmente quando o assunto era Reyna.

–Olha, Jason, eu realmente não quero fal...

O filho de Zeus o cortou.

–Pode contar tudo, seu galãzinho, eu não tenho ciúmes da Reyna.

Leo quase socou o amigo.

–Reyna está desaparecida, e, a não ser que você queira me ajudar a achá-la, pode voltar pro seu café da manhã.

Jason colocou as mãos pra cima, como se se rendesse.

–Desculpa aí, cara. Quer ajuda pra achar a sua nova namorada?

As orelhas de Leo esquentaram.

–Ela não é minha namorada e nem vai ser se eu não conseguir achar ela.

–E alguma pista de onde ela pode estar?

–As harpias disseram algo sobre ela ter saído com a irmã.

Jason coçou a cabeça. Tentou falar em um tom mais compreensivo.

–Leo, a irmã dela é a rainha das Amazonas, e se Reyna tiver decidido se junt...

As mãos de Leo se aqueceram, e ele sentiu um aperto no coração. A familiar dor de ser abandonado. Tinha vontade de socar a si mesmo; mesmo sabendo que no final o deixariam, ele se apegava ás pessoas que o deixariam no final.

–Cale a boca! Reyna não se juntaria ás Amazonas, pelo menos não agora! Ia ser...

Os dois se calaram ao perceber que estavam fora dos limites do acampamento e que algo perto deles se movia. Estavam no meio de uma plantação de cevada que podiam jurar nunca ter estado lá.

–Jason, você já não passou por isso?

O filho de Zeus parecia em choque. Desarmado, não havia nada que pudesse fazer. A cevada diminuía, e se compactou até aparecer na forma de um bebê gorducho e malvado. Jason praguejava em latim. Leo fazia o mesmo, mas usava o bom e velho espanhol. Sentiu uma mordida na batata da perna.

–Ah, meus deuses. Pai Hefesto, me ajuda vai, você nunca me deu nada! Como espera que eu mate essas coisinhas banhudas sem nenhuma arma? Eu sou fraquinho e nada perigoso com armas, imagine sem!

Jason arregalou os olhos.

–É isso, Leo! Seu pai te deu algo! E algo muito perigoso, a propósito.

Leo olhou para o amigo com o rosto cheio de ironia.

–E você se refere ao meu sorriso encantador que pode matar as garotas ou aos meus bracinhos magros que mal seguram um controle de Wii?

Jason abriu a boca para falar, mas Leo o cortou.

–Já sei! Se refere ao fato de toda vez que eu estou nervoso ou envergonhado eu ENTRO EM COMBUSTÃO ESPONTÂNEA! Sério, quem poderia pedir mais do que isso?

Jason sentiu vontade de socar Leo. Os bebês gordinhos continuavam mordendo e puxando suas roupas.

–Leo, querido, agora ia ser uma hora perfeita pra você entrar em combustão espontânea. Sem pressão.

Leo olhou em volta e percebeu sua estupidez. Estavam no meio das coisas mais inflamáveis que existiam, e ele só reclamava. Suas mãos pegaram fogo com rapidez. Ele atirava bolas de fogo para todos os lados, suas roupas se chamuscando, mas nem sentia. As chamas e a fumaça não o incomodavam. Quando olhou ao seu redor, tudo era uma bagunça quente e vermelha, e ele se permitiu sorrir. Finalmente a sétima roda tinha tido um uso. Ele olhou para Jason, ao seu lado, para comemorar a vitória sobre os bebês, e não viu o amigo. Sentiu um puxão na barra da calça. Preparou mais uma bola de fogo, e, um segundo antes de atirar, notou que não era um dos bebês de cevada. Jason tossia e engasgava com o ar abafado.

Leo gritou por ajuda. Não sabia o que fazer. Nunca conseguiria carregar Jason para fora do campo em chamas, e muito menos protegê-lo. Começou a gritar e atirar bolas de fogo para o céu, numa tentativa de chamar atenção. Jogou seu corpo sobre o de Jason, para impedir as chamas de queimarem seu amigo, e cobriu seu rosto com um pedaço da camiseta. Fazia de tudo para que o filho de Zeus aguentasse.

Leo sentiu um pingo em sua cabeça. Logo depois, mais um e outro. Por fim, sentiu como se um oceano tivesse acabado de desabar sobre sua cabeça. Quando limpou os olhos e virou, viu Percy Jackson. O garoto estava dobrado, como se algo doesse na sua barriga. Leo correu até ele.

–Percy, cara, valeu, você não faz ideia de como...

O filho de Poseidon parecia irritado.

–Leo, você é burro ou o que? Está tentando matar todos nós? Você sai para passear e decide atear fogo em campos de cevada? Aquele é Jason? Você tentou matar Jason? Olha, eu sei como você é a fim da Piper mas matar Jason com fogo? Leo, isso é...

–Mas eu estava tentando...

Percy o cortou.

–Não tem desculpa, cara...

Outros campistas foram chegando de onde Percy tinha vindo, e as Amazonas vinham da outra direção. Esperava os parabéns por ter matado os cereais, mas apenas ouviu reclamações das ninfas sobre como o fogo as afetava e o resto corria em direção a Jason. Ele abaixou a cabeça. Ninguém se importava com ele. Se ele estava bem. Começou a andar em direção ao acampamento, para evitar as broncas que ele sabia que viriam, mas uma mão pequena e firme o puxou pelo braço. Ao se virar, se deparou com uma Reyna que vestia um macacão camuflado (e ele não pode evitar notar como se ajustava bem á forma esguia da menina) e coturnos, além de ter o cabelo preso em tranças, com o rosto furioso.

–Leo Valdez, o que você estava pensando? Sabe, pessoas normais não acordam e decidem atear fogo ao seu melhor amigo. Você tem algum probl...

–Pelo amor dos deuses, será que alguém percebeu que tudo o que eu fiz foi tentar ajudar?

Leo não conseguia aguentar. Percy Jackson falando aquilo era uma coisa, mas Reyna o repreendendo o fazia querer correr. Tudo o que ele queria era agradá-la. E, mesmo assim, parecia fazer tudo errado. Se soltou da garota e começou a correr sem direção. Não importava onde ia parar, ele só queria desaparecer. Por alguns instantes, se sentiu como o garoto que fugia de orfanatos. Afinal, esse era Leo Valdez. O garoto que fugia. Não o espantava que ninguém se importasse com ele. Quem liga para o garoto que corre de seus problemas ao invés de enfrentá-los?


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