Capítulo 5

Um, dois, três, quatro...

Um, dois, três, quatro...

A cada passo o batimento cardíaco aumentava, ela caminhava com dificuldade, pois seus pés pareciam pesar toneladas de quilos e a sensação de ser obervada não a abandonava. A floresta estava tão escura que mal se conseguia enxergar algo, somente a luz lunar iluminava a trilha.

Apesar do cansaço estava determinar a seguir em frente, sua pulsação acelerou ao notar um som estranho, ela sentiu um frio na espinha e parou de andar. Ficou imóvel, sem saber se era por medo ou somente por precaução, a espera de algum movimento que pudesse ser notado entre a escuridão da mata.

Quando a sensação de perigo passou, ela decidiu retomar a caminhada. Ela não compreendia por que caminhava e qual era o seu destino, mas em sua cabeça uma voz ordenava que ela continuasse a andar mesmo que estivesse cansada e faminta. “Ande!” esse era seu único pensamento, mas ela não sabia se conseguiria continuar.

Alguns poderiam chamá-la de paranoica, mas o som estranho que ela havia escutado tinha incomodado-a e ela ficou em estado de alerta, a espreita. A escuridão é muitas vezes acompanhada pelo medo e poucas vezes pela cautela, afinal é na escuridão que se escondem os pesadelos, assim ter prudência nesses momentos é essencial.

“Continue a andar!” uma voz na cabeça voltou a ordenar-lhe e foi difícil seguir tal ordem, pois ela não sabia se concentrava nos barulhos e movimentos ou tentava se focar e continuar seu caminho. Decidindo ignorar seus medos, ela optou pela segunda alternativa e voltou a contar os passos.

Um, dois, três, quatro...

Um, dois, três, quatro...

Um, dois...

Novamente aquele som interrompeu sua contagem dos passos, tirando-lhe a concentração e emergindo os seus medos novamente. Só que dessa vez ela, não iria obedecer a voz interior que lhe ordenava que continuasse a caminhar, dessa vez ela iria aguardar e descobrir de onde provinha tal som, mesmo que isso fosse a coisa mais tola, perigosa e atemorizante a se fazer.

E assim, ela ficou ali parada, não sabendo quantos minutos se passaram, mas ela continuou ali... Em alerta, buscando em cada ponto luminoso algum movimento, alguma silhueta. Podia ser algo idiota se fazer, mas ela não conseguiria continuar a andar sem saber se estava paranoica ou não. Ela estava sendo perseguida, seu instinto lhe dizia isso, no entanto, precisava ter provas para que seu coração acalmasse. A única coisa que não tinha certeza era o que sentiria e o que faria quando sua suposição estivesse correta.

– Ino, porque você me meteu nessa enrascada! – resmungou Sakura

Com os olhos e corpo já bastante fadigados, ela não pode ouvir os passos nas suas costas e quando percebeu já era muito tarde, somente teve tempo de se virar e se deparar com uma criatura peluda que vinha em sua direção em uma velocidade desumana.

“Kami-sama, eu vou morrer hoje!” foi o último pensamento dela antes de ser atacada.

XxXxXxXxX

Nesse dia como em outros ele havia acordado determinado a treinar demasiadamente. Não era fácil se tornar um ninja que fosse reconhecido e isso era difícil quando se vinha de uma família que não tinha tradição nessa área e mais ainda quando não se conseguia fazer nenhum ninjustu e genjustu. Por isso, desde quando era uma criança e decidiu se tornar um ninja, tinha treinado todas as horas disponíveis e se dedicado fielmente ao seu sonho. E hoje era especial porque seu Sensei tinha lhe dito que no fim de seu treino, lhe ensinaria técnica nova, mas para isso deveria primeiro dedicar-se totalmente ao seu treinamento.

O seu local favorito para seus treinos era na floresta, lá obtinha toda a tranquilidade para realizar as tarefas que lhe eram incumbidas, porém, seu treinamento se concentraria inicialmente na vila onde teria que realizar 150 voltas na vila de cabeça para baixo, correr segurando 100 quilos e nadar 1500 metros no rio.

No fim do dia já tinha realizado todas as etapas, mas infelizmente não foi rápido o suficiente para terminá-las antes do pôr do sol, dessa forma seria difícil ir à floresta e recolher as 100 flores. Ele sempre fazia isso ao término de seus treinamentos, era seu ritual de sorte. Para alguns era algo bobo e sem sentido, mas tinha um grande significado, foi naquela árvore que ele encontrou o seu Sensei pela primeira vez e desde então ele retornava e recolhia 100 flores que caiam ao fim do dia. Há muito tempo a sorte lhe sorriu, ele esperava que ela voltasse para ele, tornando-o um grande ninja. Correu com a velocidade máxima das forças que lhe restava, pois, as flores já haviam começado a cair. Uma a uma, ele ia recolhendo-as metodicamente. Quando estava próximo das cem flores tal tarefa ficou difícil, estava bastante escuro, assim teria que depender de seus instintos.

95, 96, 97, 98, 99...

O som de passos o fez parar. Seria um animal em busca de alimento, uma pessoa perdida ou um inimigo a espreita? Faltava pegar aquela ultima flor, ela poderia determinar a sua sorte. Antes de enfrentar o perigo ele quis ter a sorte ao seu lado e focou todos os seus pensamentos nesse objetivo, assim ele saltou em direção a flor que caia lentamente, ele conseguiu pegá-la com bastante facilidade, só após tal feito que ele notou o que o havia interrompido mais cedo e pela segunda vez em muitos anos, a sorte voltou a sorrir para ele.

Na verdade, não foi um sorriso, mas um grito vindo de uma linda garota de olhos verdes e cabelos róseos, ele pode notar que ela vestia uniforme ninja e parecia estar bastante assustada. “Como eu nunca vi esse anjo treinando antes? Ela deve estar com medo. Irei protegê-la”. Assim nosso herói partiu em direção a donzela em perigo que parecia mais aterrorizada agora. “Aguente mais um pouco linda dama, seu servo Rock Lee está chegando!”, mas antes que ele chegasse até ela, a viu amaldiçoar alguém chamado Ino e desmaiar em seguida.

Somente com a luz da lua já era possível perceber como era linda e delicada. Desde o momento em que seus olhos se encontraram com os dela ele soube que o destino os havia unido e de agora em diante ele iria fazer de tudo para ganhar o coração dela. Primeiro ele a levaria de volta a vila para deixá-la em um local seguro e para fazê-la recobrar a consciência. Depois iria descobrir o que aterrorizou a dama.

Como alguém poderia ter feito mal a linda dama? Sim, é isso! Seus instintos ninjas não o deixaram na mão, ele tinha um suspeito. Ele partiria em busca daquela pessoa que ouviu a dama praguejar, ele encontraria Ino.

XxXxXxXxX

Pov Sakura

Eu tive uma leve impressão de que estava sonhando, pois, monstros não falavam. Aliás, eles não vestiam roupas humanas (principalmente um macacão verde brega que já saiu de moda!), monstros são feios (não que esse em questão não fosse), rugem a todo instante, são canibais e tem ódio mortal por coisas fofas. Mas, essa “besta verde” em questão, tinha uma rosa em sua orelha e ao invés de rugir, parecia estar praguejando e totalmente absorto enquanto ascendia uma fogueira.

–Ai... – Não percebi que o gemido tinha vindo da minha boca até que a “besta verde” virou em minha direção. Foi então que notei que o “monstro” era apenas um humano. Idiota! Como não pude diferenciar um humano de um monstro. Agora além de perdida estou com um desconhecido.

– Sua cabeça está doendo jovem dama? – indagou a “besta-humana”.

Cabeça, braços e pernas. Depois do treinamento relâmpago dado pelo Uchiha (lindo, mas arrogante), todo o meu corpo doía.

–Sim besta-humana – respondi automaticamente

–Besta-humana? – ele me perguntou confuso. Boca maldita!

–Esquece! – Fiz um gesto com as mãos e olhei ao redor procurando uma fuga alternativa. –Quem é você? – Talvez a melhor maneira de fugir fosse distraí-lo.

Ele se levantou e estufou o peito.

–Sou Rock Lee, A besta verde Konoha.

Jura? Ele deve ter notado a expressão em meu rosto porque logo começou um discurso sobre suas habilidades bem como sobre o seu treinamento (que era muito esquisito!). Além disso, não aguentava mais ele dizer Sensei, cujo, devia ser sua inspiração. Nesse momento senti falta da Ino, apesar dela ser muito nonsense sempre bola um plano e aqui estou presa numa floresta ao lado de um ninja que usa um macacão verde e que autodenomina a besta verde o que mais de ruim pode acontecer? Se bem que eu poderia colocar na minha matéria algumas informações fornecidas por Lee, ocultando é claro algumas de suas peculiaridades.

– E a Senhorita, qual seu nome linda dama? - Uma pergunta que gerou muitas outras em minha cabeça. Será que invento um nome como fiz com Sasuke? Ou digo a verdade para ele me levar para casa? Mas, seu eu dizer a verdade será que ele vai me levar para casa mesmo? Talvez ele me prenda! Que eu faço???

– Senhorita? - Lee me chamou novamente. Percebi que deixei meus pensamentos aflorarem eu me esqueci de responder a sua pergunta.

–O que Lee-san? – Perguntei com a voz mais doce que poderia ter.

– Qual seu nome? Alguém a sequestrou e a trouxe para essa floresta? Se algum individuo fez mal a senhorita pode me dizer.

Eu poderia confiar nele?

– Meu nome é... - Olhei atentamente em seu rosto para ver se conseguia notar algo que pudesse indicar falsidade e vi somente aqueles grandes olhos e aquela monocelha. – Haruno Sakura - disse fracamente, preferi dizer verdade, as mentiras só tem me levado a caminhos tortuosos.

– Sakura! Só poderia ser esse o nome de uma linda dama-rosada como você. - Ugh! O flerte dele era horrível, mas ele parecia ter um bom coração. – Então, Sakura-san me diga! Alguém lhe fez mal? – Ele disse energicamente, pronto para atacar.

– Na verdade, eu estava na floresta porque eu quis. - isso é mentira eu fui “obrigada”- Quero dizer eu estava viajando e eu achei seria interesse eu dar uma “passadinha pela floresta” e você sabe... Conhecer o meu lado selvagem.

Infelizmente como chapeuzinho vermelho, que também resolveu passear pela floresta, eu encontrei um lobo, na verdade uma besta, da qual eu tenho a esperança que não seja mau. Lee me olhava com uma cara estranha, não que ele não tivesse uma, mas eu não pude definir o que se passava em sua mente.

– Sakura-san, você sabe que este local é perigoso? Você não deveria ter saído da trilha.

– Eu sei, eu não estava pensando- usei minha voz bem melosa para me fazer de vítima.

– Bem... – Lee estufou o peito novamente e colocou a mão em seu coração - Eu irei leva-la de volta a vila!

– SÉRIO? - gritei, não pude controlar. Finalmente eu voltaria para casa, dormiria em uma cama, e matéria que se dane!

–Sim, descanse um pouco e logo iremos. Assim, Lee ficou de costas para mim e continuou sua ascender a fogueira. Agora eu podia vê-lo claramente, não que antes eu não pudesse, mas com o auxilio da luz que provinha da fogueira eu pude ver que ele tinha um sorriso inocente que combinava com aquele cavalheirismo próprio dele.

– Sakura-san você quer se tornar ninja?

– Não eu... – Droga! Esqueci-me que estava usando o uniforme que a Ino tinha conseguido para mim­ – eu não sou ninja.

– Não?- surpreendeu com minha resposta.

– Meu namorado é!

–Seu namorado? – ele parecia chateado e eu estava irritada de ficar repetindo as coisas. – Quem é ele?

– Ele não gosta que eu diga estamos namorando, ele é meio tímido sabe? – tentei desconversar.

–Eu não deixaria minha linda namorada, sozinha numa floresta, vestida com o uniforme de ninja. Alguns delinquentes poderiam atacá-la. Ele deve ser um idiota.

– Na verdade ele estava comigo. – Ele é meu feitor! Fez-me andar quilômetros, quase não comi ou dormi, ele é um tirano.

– Mas porque o uniforme?

Como me saio dessa, o Lee parece cada vez mais relutante. Mais cedo, eu escolhi a verdade, mas algumas mentiras também são boas, bem, se ele quer uma boa história ele terá!

–Bom... – minha voz saiu rouca, fiquei cabisbaixa e deixei minha imaginação rolar- Ele tem fetiches, ele gosta que eu vista uniformes, não importa o tipo. Já me vesti de enfermeira, policial, professora, colegial e de muitas outras. Dessa vez pensei em surpreendê-lo, porque nunca me vesti de ninja. Assim eu vim para a floresta para ver como era a vida de um ninja e acabei me perdendo.

– E você gosta? - Levantei minha cabeça e viu que Lee estava bem corado, minha história deve ter deixado ele excitado. Resolvi “colocar, mas lenha na fogueira”, assim voltei a ficar cabisbaixa, porque se olhasse para ele começaria a rir.

–Sim- disse numa voz rouca. - Por favor, Lee-san não conte a ninguém! Ele tem esse fetiche, mas é muito gentil e atencioso comigo. - Lee, continuou a me olhar como se não acreditasse na minha história, nem eu acreditaria, como um alguém atencioso deixaria sua namorada seu aventurar numa floresta sozinha. Assim, teria de dizer algumas “verdades". - Se bem que ele tem aquele olhar frio e arrogante, mas aquela bunda, ela compensa o resto... - Oh meu Deus! O que eu estava falando! - Por favor, Lee! Esqueça essa parte da bunda!

– Frio e arrogante? – Me perguntou Lee arqueando sua “grande” sobrancelha.

Apenas acenei e dei graças a Deus mentalmente por ele ter esquecido rapidamente o “lance da bunda”.

–Além disso, tem aquele Hn que me mata!

– Eu sei como é. – Concordou Lee – Isso acontece com todos, só pensei que Uchiha Sasuke fosse tratar sua namorada diferente.

– Nem me fale, como ele pode me tratar... Ei, como você sabe? Eu não disse que ele é meu namorado!

Lee apenas continuou a me olhar com uma expressão indefinida.

– E não adianta olhar assim para mim não! Eu não disse que é ele, você está confundindo as pessoas.

– Tenho certeza que estamos falando do mesmo Sasuke!

– Está bem! Eu confesso! Meu namorado é o Uchiha Sasuke, ele é lindo, gentil, frio arrogante e nesse momento deve estar louco de preocupação, será que você pode me levar de volta a vila agora?

–Lee?

–Na verdade eu voltarei à vila, mas não poderei levá-la.- ele afirmou e começou a recolher seus objetos

– Como assim? Por quê? Você havia me dito que iria me levar. - disse tristemente. Será que meu destino é apodrecer nessa floresta?

– Porque eu a levarei - disse uma voz atrás de mim. Não precisava me virar para saber quem era, o que me impedia de virar era a seguinte questão: ou eu me salvaria de vez ou estaria literalmente ferrada!