A sala onde ela encontrava-se escura, e a cadeira na qual estava sentava era áspera e fria. No momento em que entrou naquela sala, ela soube o que a aguardava. Ele apenas a olhava, depois começou a andar na sala em círculos em volta dela. A cada ciclo completo o coração dela acelerava.

Depois de alguns minutos, ele parou em frente a ela e começou a fazer perguntas, as quais ela não pode ouvir, o medo e ansiedade haviam tomado o controle do corpo dela. Então surpreendentemente ele tocou em seus braços, como se tivesse percebido seu devaneio, o toque dele a fez retornar a realidade

As mãos dele estavam quentes e transmitiam força, ela sabia disso no instante em que ele a tocou, mas seus olhos eram frios assim como a sua voz.

–Você irá me contar o que estava fazendo em uma sala restrita ou eu vou ter que mudar os meus métodos já que não consegue responder perguntas tão simples?

–Eu... eu... – ela gaguejou, apesar de ter diminuído o nervosismo, a tensão na sala não havia dissipado e ela não conseguia formular frases, tudo estava desordenado em sua cabeça.

–Você?

–Eu...- ela disse incerta- eu não sei.

Ela olhou em seus olhos por um momento e seu coração voltou a acelerar. Ela o viu rodear a mesa e ficar atrás dela, quando ele se abaixou e ficou na altura dos ombros dele, ela achou que teria um infarto, seu coração estava demasiadamente inquieto.

–Você não sabe?- ele sussurrou no ouvido dela.

Ela conseguiu apenas assentir.

–Então eu acho que... - a voz dele estava mais baixa e rouca agora, os lábios dele tocaram sua orelha, fazendo com que ela desta vez sentisse arrepios, mas não por medo e sim pelo apelo sexual que aquela voz transmitia juntamente com as mãos dele que agora tocavam seus ombros massageando-os-... Vou ter que aplicar algumas de minhas técnicas secretas para fazer com que você fale... isso se você conseguir!

Como ela não respondia ele virou a cadeira dela de modo que eles ficassem frente a frente, as mãos dele agora desciam em direção a cintura dela bem como os lábios dele eram direcionados aos dela. Mas, antes que seus lábios tocassem, eles foram interrompidos por uma voz.

–Acorde, não temos que continuar!

Ela olhou para os cantos tentando encontrar quem havia gritado.

–Ei, não temos o dia todo!

Foi quando ela percebeu que estava sozinha. Ele havia indo embora. Não havia sala, Não era noite. Não pode sentir o sabor dos lábios dele.

Era um sonho... ainda era um sonho.

XxXxXx

Depois de acordar Sakura temeu que o ninja tivesse espiado seu rosto. Ela não tinha retirado a máscara ao dormir... Ao sonhar. E que sonho! Só de lembrar Sakura sentiu-se corar. Ela mal o conhecia e já estava sonhando com ele, não havia como negar que ele era lindo mas também era perigoso.

Quando ele a encontrou na noite passada fez poucas perguntas e pediu para segui-lo, no começo ela pensou que ele sabia que ela tinha mentido, mas ao contrário do que Sakura pensava, ele apenas andaram e andaram e andaram adentro da floresta. Ela não sabia para onde eles estavam indo e nem queria saber, ela só queria que ele a dispensasse para que ela pudesse dormir, e depois de muitos quilômetros percorridos, o ninja e resolveu parar e dormir.

Antes dormir Sakura decidiu que ela iria fingir ser uma ninja da ANBU e depois tentar despista-lo e procurar Ino. Ela ainda não conseguia acreditar que ele não tinha descoberto que ela era uma usurpadora, como podia ter confiado mais uma vez em sua amiga, ela mal conseguia matar uma barata e agora teria que fingir ser uma ninja. Como ela não tinha levado seu celular, não podia entrar em contato com a amiga, ao pensar nela não havia como não ficar preocupada, mas primeiro ela resolver seus problemas primeiro.

Sakura não se importou com o chão duro e frio, seus pés estavam doloridos o suficiente e ela estava muito cansada para reclamar. O sono veio fácil e apesar do cansaço ela conseguiu sonhar. Era tudo negro no inicio, e somente depois percebeu que o negro que dominava seu sonho era os olhos de certo ninja.

–Acordou? – ele perguntou.

–Sim. Então para aonde você está me levando?- ao perceber seu erro Sakura tentou consertar, afinal agora ela “era” uma ninja e precisava agir como tal e isso implicava em saber para onde estavam indo- Quero dizer estamos na direção certa, não é?

Ela percebeu a hesitação dele antes de responder

– Hn... Estamos na direção certa.

– Ah, sim claro... E o que vamos fazer... Quero dizer está tudo programado? Tipo eu sei o que vamos fazer, mas precisamos repassar o plano...

– Hn...

–... Senão as coisas podem dar errado. E aí nosso trabalho vai para o ralo, você sabe disso não é? Então vamos só falar as etapas, passo – a – passo, ok?

Desta vez ela viu claramente uma irritação em seu rosto. Será que eu falei demais? Sakura pensou. Ela o observou respirar fundo antes de respondê-la.

– Não preciso que você me diga o que vou fazer, eu sou o líder dessa missão lembre-se disso.-Ele disse com os punhos fechados.

Eu e minha boca grande! Foi o pensamento de Sakura no momento em que ele deu as costas a ela. Ontem eu consegui me livrar, mas agora estou definitivamente ferrada!Ele está com muita raiva!

– Arrume suas coisas partiremos brevemente.

–Certo.

–A propósito, qual seu nome?

–Meu nome!?- a pergunta surpreendeu Sakura, ela pensou que ele a tinha confundido com algum ninja. Será que ele descobriu que estou mentindo!­- Meu nome?

–Sim, seu nome. Vou precisar dele para a próxima “etapa”.

Nome, nome, nome, eu preciso de um. Kami-sama, preciso inventar um nome! Sakura pensava e ao mesmo tempo olhava para todos os lados em busca de uma inspiração. Seus olhos buscavam qualquer coisa e por instante se depararam em algo pequeno e belo. Achei!

– Haruno Cho*!- Suas palavras eram dirigidas a ele, mas seus olhos estavam presos a pequena borboleta pousada em um flor. – Pode me chamar de Cho e você?

Ele ignorou a pergunta dela olhando a desdenhosamente, arrumou as coisas dele em uma mochila e seguiu a trilha parando apenas para esperar que Sakura se levantasse e o seguisse, foi assim que ela percebeu que não se livraria tão fácil daquele ninja, seria uma longa viagem.

Se a Ino ainda estiver viva eu a mato!

XxXxXxX

Na noite passada

O celular tocou no bolso de sua calça interrompendo sua concentração, ela precisava ficar em estado de alerta e atender um telefonema nesse instante não era uma boa ideia, mas parecia ser urgente, foram três chamadas até que ela resolvesse atender.

–Sim?- disse incerta.

–Conseguiram entrar?- ela reconheceu a voz.

–Claro, eu sou demais! A Sakura já deve estar pegando os dados.

–Não se ache tanto Ino!

–Eu sou estou afirmando algo que você não consegue admitir Shikamaru!

–Você é muito problemática!

– Problemática?!- Ino estava irritada, mas isso não a impediu de ainda ser cuidadosa. Shikamaru, só ligaria se estivesse o plano deles não saísse como o combinado. -Tudo bem, vou deixar essa passar, agora será que você pode me dizer por que está me ligando ou se esqueceu de onde estou?

–Não esqueci afinal eu que arrumei esse uniforme que você deve estar vestindo...

– Já entendi, fala o que me interessa!

– É só não me interromper! Eu estava te ligando porque acabei de ser informado que hoje uma equipe vai se reunir para uma missão de busca de informações...

– E...- Ino falou impaciente.

– Você e Sakura não podem ser vistas e se puderem caiam fora dai imediatamente.Esse local vai estar cheio logo, logo.

– Mas, a Sakura ainda não voltou!

– Então você tem que apressá-la! Se alguma de vocês for vista, podem descobrir que estavam vasculhando os arquivos e isso pode incriminar tanto vocês como eu e na pior das hipóteses podem achar que vocês são os ninjas e assim irão para missão.

– Essa missão é tão perigosa assim? – Ino perguntou preocupada.

Antes que Ino pudesse ouvir a resposta de Shikamaru, ela escutou alguns passos que ecoavam em sua direção, rapidamente correu em busca de um esconderijo. Enquanto os passos se aproximavam o coração dela acelerava. Ao ver uma caçamba de lixo, pulou instantaneamente nela. Passaram-se vários minutos, Ino não soube se foi a sua coragem renascida ou o mau cheiro insuportável do lixo que a fez sair dali.

Ao caminhar na direção onde devia estar esperando Sakura, percebeu que dois ninja estavam parados lá. Um deles ela pode reconhecer facilmente era Sakura, o outro era um homem. Kami-sama, isso é um homem de verdade! Ino pensava conforme seus olhos corriam através do corpo do ninja. Enquanto Ino ficava deslumbrada pela beleza do ninja mal percebeu que tanto ele como Sakura estavam se indo em direção à floresta.

Depois ela reclama! Além de conseguir os dados que queria, pegou o ninja gostosão. Aposto que vão fazer amor ao ar livre! Como eu queria estar no lugar dela!

Eu vou matar a Sakura!

XxXxXX

Eu vou matar a Ino!

Esse pensamento era a força motriz que conduzia Sakura na intensa caminhada em que se encontrava. Depois da pequena discussão na parte da manhã, eles não trocaram nenhuma palavra, Sakura não sabia o porquê dele ser tão fechado, ela não queria levantar suspeitas, precisava dar um jeito de voltar para Konoha. Ela tinha que encontrar Ino, voltar para o trabalho e dormir, não necessariamente nessa ordem.

A cada passo que dava seus pés doíam dolorosamente, ela não estava acostumada com exercícios tão pesados. Em vários momentos ela pensou em desistir, mas logo sua energia se renovava ao pensar que sua carreira e a de Ino dependiam disso.

–Vamos parar um pouco.

Sakura quase chorou de alívio quando escutou as palavras dele, no mesmo instante sentou no chão procurando descansar.

– Você pode continuar? – ele perguntou, a preocupação era evidente em sua voz.

–Sim... – Sakura ofegou- Claro, só espere um segundo.

– Bom, será somente um segundo mesmo. Já estou indo.- ele disse secamente.

Sakura olhou para o céu, o sol cegava seus olhos, sua boca estava seca e seu estômago estava vazio. Ela não conseguiria ir em frente. Desculpe-me Ino, dessa vez não deu! Ela não possuía forças nem para se levantar.

– Ei!- ela tentou gritar para ele que se encontrava ao longo – Eu... Eu preciso te dizer algo.

Ao escutar suas palavras ele se virou e caminhou até ela.

– Sim.

–Eu... eu não...

– Você não?

Sakura não pode responder sua pergunta pois nesse momento o seu estômago fez um barulho. Ela ficou mortalmente envergonhada e baixou os olhos não querendo ver o rosto dele.

– Você não comeu , não é? – ele riu – Fique com minha comida! – disse ele ao entregar uma vasilha a ela.

– Arigatou gozaimasu! – ela disse baixinho.

–Enquanto você come vou dar uma olhada nas proximidades.

Sakura esperou ele sair para olhar para vasilha que ele havia lhe entregado. Para comer ele teria que retirar a máscara e assim ela a retirou e começou a comer rapidamente a comida que continha na vasilha. Ela comia rápido tanto pela fome como pelo medo que o ninja visse o rosto dela. Sakura comeu somente a metade da comida e já se sentia satisfeita, um pouco de suas energias tinham sido recarregadas.

– Da próxima vez organize seu material antes de vir para uma missão.

Sakura pulou assustada pela voz dele nas suas costas, ligeiramente procurar a máscara para tampar seu rosto, mas já era tarde de mais. Ela observou como ele a olhava havia algo no olhar dele diferentemente da frieza que era tão comum. Ele manteve o olhar fixo em seu rosto aquilo fez Sakura corar.

– Eu já estou satisfeita- ela disse lhe estendendo a vasilha. Diante das palavras dele, ele pareceu acordar de um transe.

– Pode fica com o resto para mais tarde. Vamos agora continuar, já estamos atrasados

Depois disso ele ficou de costas e começou a caminhar. Sakura ficou olhando para as costas dele e pensando como ele podia ser quente e frio ao mesmo tempo, olhando para suas mãos, notou que ainda segurava a vasilha e lá estava escrito um nome que ela já tinha visto antes.

Uchiha Sasuke.

Era o nome do ninja que ela procurava.

Não desistirei tão cedo! Foi o último pensamento de Sakura antes de seguir aquele que ela chamava de “o ninja” que agora seria nomeado de Sasuke.