Escrava Do Mundo Inferior escrita por Leticia Di Angelo


Capítulo 3
Quem não gosta de conversar sobre livros?


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora! Mas tive minha festa de 15 anos e corri muitooooo! Na verdade, meu vier foi ontem, parabéns para mim! Espero que gostem!



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Passei esses dias, sozinho no Mundo Inferior, ou seja, fiquei comendo salgadinho, refrigerante, mc lanche feliz e doces. Joguei mitomagia, vídeo game, vi filmes de terror, assustei alguns fantasmas e outras coisas do tipo que filhos de Hades fazem.

Como eu não estava ajudando meu pai esses dias no trabalho, ficava no meu quarto direto, só de shorts.

Até que uma tarde a garota entrou no meu quarto.

Ela devia ter pensado que eu devia estar ajudando meu pai e entrou sem bater. Ficamos nos encarando por um tempo. Na verdade, ela encarava meus olhos e depois meu tanquinho, já que eu sou lindo. Ela começou a ficar corada e abaixou o olhar.

–Me desculpe – ela disse e começou a sair do quarto.

–Não – eu gritei depressa, mas depois me arrependi – Quer dizer, pode arrumar meu quarto, se quiser, eu saio daqui.

Ela olhou em volta e seus olhos se arregalaram. Meu quarto estava um pouquinho bagunçado, só um pouquinho, só que não. Fiquei um pouco envergonhado com o jeito que ela olhava a bagunça.

–Se você quiser, eu te ajudo com isso – eu disse tentando ser educado.

–Não precisa – ela disse se agachando e recolhendo umas roupas que estavam no chão. Fiquei com vergonha, e com isso, abaixei e comecei a ajudá-la.

–Sabe – eu disse – Você não precisa ter medo de mim. Eu não sou que nem meu pai.

–Eu sei disso, provou quem você pode ser quando me ofereceu comida. – ela disse sorrindo agradecida. Foi aí que eu me toquei, fazia dois dias que ela, talvez, não tinha comido.

–Você comeu esses dias? – eu perguntei.

Ela não respondeu, continuou a recolher as roupas do chão. Depois disso começamos a recolher os lixos que eu tinha espalhado durante esses dias. Ela fez tudo com muita rapidez. Enquanto eu estava tentando limpar uma coisinha bem pequena, ela limpava metade do quarto. Toda vez que eu tentava falar alguma coisa, ela mudava o assunto. Quando olhei para trás, ela já tinha acabado de limpar tudo, meu quarto estava muito limpo e ela não estava mais ali.

Fiquei um pouco indignado com o tratamento com a menina. Fui até a cozinha do palácio de meu pai e fui falar com o fantasma que cuidava de tudo.

–Senhor – ele se agachou quando me viu – O que posso fazer por você?

–Gostaria de pedir para que você desse comida a uma garota que trabalha aqui – eu disse.

–Eu sei de quem você está falando, mas não tenho permissão de mudar nada com ela. Esse assunto é cuidado por seu próprio pai.

–Quais são as ordens que você recebe sobre ela? – eu perguntei.

–Não fazer nada com a garota, só com ordens de Hades – ele disse como se fosse uma regra que ele tinha decorado.

–Pois ele não está aqui e eu exijo que você alimente a menina – eu disse bravo. O fantasma ficou em uma situação de duvida, sem saber o que fazer.

Sai de lá bravo. Eu teria que fazer duas coisas: conhecer a garota e conversar com meu pai.

Meu pai estava no Olímpo e a garota estava tentando fugir de mim. Não sabia o que fazer naquele momento. Fui para um local que eu adorava no palácio de meu pai, a biblioteca. Era gigante com fileiras e fileiras com inúmeros livros, de todos os tipos. Tinha escadas para você conseguir pegar os livros que se encontravam nas prateleiras mais altas.

Fique lá por um tempo, como tenho dislexia demoro muito para ler uma pagina, mesmo alguns dos livros estando em grego antigo, o que facilita a minha leitura.

–Não sabia que gostava de ler – uma voz doce ecoou pela sala gigante e silenciosa, tirando minha atenção do livro.

Olhei para trás e a menina me encarava indignada. Eu retribui o olhar, já que não estava acreditando que ela estava mesmo conversando comigo sem me chamar de senhor ou pedir desculpas. Ela segurava um pano em suas mãos.

–O que faz aqui? – eu perguntei impressionado.

–Me desculpe – ela disse – Um dos meus trabalhos é limpar as prateleiras, mas eu volto depois.

–Você limpa todas as prateleiras?

–Sim, mas eu gosto, adoro ler – ela disse sorrindo. Era a primeira vez que ela dava um sorriso, mesmo sendo pequeno.

–Pode ficar – eu disse – Gosto de companhia.

Ela continuou a limpar as prateleiras.

–Qual o seu livro preferido? – eu perguntei.

Ela pensou um pouco.

–Não sei. Gosto de muitos. Limpo essa biblioteca faz um tempinho e gosto de muitos livros.

Ficamos assim, conversando sobre os livros. Com o tempo, na mesma conversa, ela foi se abrindo, rindo dos comentários e recomendava livros, sentou, por um tempo, ao meu lado, depois voltava a limpar. Riamos como se nos conhecêssemos há muito tempo. Ela não parecia mais àquela escrava de meu pai, mas sim uma garota comum, uma amiga. Finalmente tinha acerta um assunto para podermos conversar.

–"As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido." – ela recitou – Esse é de Fernando Pessoa.

–Eu gostei – eu disse sorrindo.

Um som, que sempre toca nesse horário, tocou. Ele é bem alto e, para mim, indica o horário para a janta.

–Ai não – ela disse em desespero – Eu tenho que ir, preciso arrumar outras coisas. Se eu não estiver na cozinha em cinco minutos eu vou ficar de castigo para sempre!

Ela começou a guardar um livro com pressa.

–Calma – eu disse me levantando – Não vai acontecer nada.

–Obrigada, Nico, por tudo – ela disse.

–Esteja aqui, amanhã, no mesmo horário. – eu pedi.

–Tudo bem – ela disse e voltou a correr

–Espera – eu gritei – Qual o seu nome?

Ela pensou antes de dizer.

–Me chame de Jessie.




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