~Pensamentos de Letícia Dowell

Depois de ser quase engolida por uma mulher-lagarto, ficar coberta de pó dourado e quase ser jogada do lado de fora do avião por uma aeromoça raivosa, eu fiquei bastante feliz por chegar a Atenas.

“Odeio aeromoças!” Lucas falou fazendo a gente rir “Eu estou falando serio, por que com o guardinha foi fácil e com ela precisamos usar a nevoa também?" Ele disse com um tom de indignação tão engraçado e fofo, que eu tive que rir e conter a minha vontade de apertar as bochechas dele.

“Mas o que importa é que não precisamos sair do avião, e agora estamos em Atenas!” Violeta estava totalmente maravilhada pelo lugar.

Ela estava com o rosto um pouco vermelho, tinha acabado de me lembrar de que ela tinha dito (na verdade, eu disse, ela só confirmou.) que gostava de um dos meninos, será que era o Lucas?

Esse pensamento não me trouxe muita alegria.

“Diga isso por você, já estava ficando claustrofóbica com aquela coisa.” Rafaella entrou na conversa, acho que foi a primeira vez que ela falou desde ontem.

Eles continuaram conversando sobre coisas que eu, honestamente, não prestei atenção, estava pensando em como chegar a Micenas e em certa caixa dentro da minha bolsa, eu ainda não tinha tido coragem de abri-la, lá dentro teria a única lembrança viva da minha mãe, e eu não estava nem um pouco a fim de ficar emocional.

Também estava pensando no Matheus, fazia um tempo que ele não falava comigo, eu não conseguia ainda processar o que aconteceu, eu sabia que ele ainda devia estar magoado comigo, mas era exatamente isso que eu queria evitar, se ele começasse a gostar mesmo de mim, bem... Eu não quero deixar isso acontecer com ele.

Eu teria continuado a listar os problemas atuais na minha vida, mas eu senti um ser me balançando e gritando meu nome, eu não podia ficar calada nem um segundo, é tanto amor que me sufoca.

“Você tá nesse planeta Letícia?” Rafael me largou e olhou para mim como se eu fosse louca.

Onde tá escrito que Letícias não podem passar dois minutinhos sem falar nada? Isso não é tão anormal assim.

“Eu acho que ela está pensando em coisas bem mais interessantes do que nós, não é?” Júlia começou com as gracinhas dela, e todos os palhaços, menos o Matheus, riram.

“Como vocês são engraçados, juro que estou morrendo de rir.” Eu dei uma risada bem falsa. “E sim Júlia, eu estava pensando em coisas bastante interessantes, tipo o fato de que temos que temos que achar um local para ficar de noite, já que está ficando tarde.”

“Nós não trouxemos dinheiro para uma pousada, acho melhor nós acamparmos e guardamos o pouco dinheiro que temos para comprar comida.” Violeta disse, para a minha surpresa, em voz alta.

Pedro olhou fixamente pra ela, eu estranhei, ele nunca parecia ter algum tipo de interesse por ela, na verdade, por ninguém, a não ser a Júlia.

“Você não concorda Pedro?” Violeta perguntou, ela sorriu de um jeito doce, e ele voltou a olhar para o chão.

Isso não é normal, desde quando eles se falam? E desde quando ela fala?

Decidi ignorar isso e voltar a falar sobre o acampamento.

“Então, eu acho que a gente poderia montar um acampamento sim, mas de preferência perto daqui, já ta escurecendo.”

Nós saímos do aeroporto e fomos procurar algum lugar para montar o acampamento.

~Pensamentos de Matheus Benson

Impressionante, eu e a Letícia somos os lideres da missão, mas com todo esse meu abobamento por ela, eu acabo colocando banca para vir e deixando-a fazer tudo sozinha.

Isso é a coisa mais estranha do mundo, por mais que eu queira me fechar pra ela, ela sempre consegue com que eu me abra com esse jeito idiota dela.

Isso é um dos motivos que eu acho que ela é uma loira psicopata suicida.

“acho que aqui já ta bom, comecem a arrumar as coisas, eu preciso deitar.” A loira suicida, quer dizer, Letícia disse enquanto dava uma de folgada sentando na arvore a fazendo uma cara de preguiça.

“folgada você, não?” Júlia falou e deu uma risada pra ela.

A Letícia nessa hora já estava deitada, dessa vez até eu ri.

“Vem logo anã, ajuda logo a gente.” Pedro disse e ela deu língua pra ele.

"Sem graça, me levantem" Ela estendeu a mão.

Por impulso, eu peguei uma mão dela, ela corou, e eu também, mas virei minha cara, ela deu um meio sorriso, mas quando eu olhei para o lado eu vi algo que me irritou muito, o Lucas estava segurando a outra mão dela, e ela parecia feliz por isso também, eu não aquento mais esse cara, do nada ele decide ficar perto dela? Eu larguei a mão dela e me afastei um pouco, mas ainda pude ouvir um pouco a conversa dos dois idiotas.

“Então...” ela sorriu pro Lucas, que ainda estava na frente dela. "obrigada"

“De nada” ele disse e se curvou. “A suas ordens rainha” Serio? Só eu faço essas brincadeiras com ela, e eu sou muito mais alto que ele.

Eu me afastei de lá, não iria me torturar ouvindo essa conversinha.

Depois de nós arrumarmos tudo, eu estava um caco, só o que eu pensava era em dormir, até que eu vi algo que me irritou muito.

O que esse cara ta fazendo beijando a Letícia? E porque ela ta deixando?

Eu teria ficado mais irritado, mas ai algo mais estranho ainda aconteceu.

~Pensamentos de Letícia Dowell

Assim que nós terminamos de arrumar o acampamento, eu me sentei perto da fogueira que tinham improvisado e peguei a caixinha que estava guardando dentro da bolsa.

Ele era totalmente de ouro, tinha o um sol bem no centro da caixinha, e uns detalhes de chamas ao redor dela, dentro, parecia ter mais de uma coisa, não era tão pesado, eu queria muito saber o que tinha dentro, mas eu não conseguia abrir.

Isso era muito idiota, quem sabe tenha algo importante ai? Eu tinha que abrir logo aquela coisa.

“O que você ta fazendo?” Me virei e vi um cara loiro de 1,78 olhando pra mim com uma cara engraçada. “Você não vai dormir?”

Lucas se sentou do meu lado e viu a caixa, no começo ele levou um susto, mas depois aliviou a expressão.

“Se lembra que você tinha prometido me explicar tudo não é? Aquela, coisa que eu e você vimos, o que foi aquilo?” Ele realmente parecia preocupado.

Só eu percebi isso, ou essa situação parece familiar?

Claro, não é Letícia? Com sua sorte, isso tem que acontecer duas vezes.

Ele percebeu minha cara de desgosto e colocou a mão sobre a minha, eu senti uma coisa estranha, fiquei um pouco tonta, mas ignorei.

“Você pode confiar em mim.” Ele disse e eu suspirei.

Eu decidi contar logo para ele, com certeza ele não iria parar até eu contar, então contei tudo, da maldição até o meu último sonho, claro que sem comentar os fatos posteriores do sonho.

“Bem, eu sempre soube que você parecia uma princesa, mas nunca imaginei que você realmente era uma.” Eu mais uma vez virei o tomate-letícia e dei uma risada estranha.

“Você entende agora porque eu vim aqui? Eu que estou causando esse tumulto todo, eu tenho que acabar com ele.”

Ele parecia serio, e fez que sim com a cabeça.

“Também entendo agora porque o Matheus não queria que você viesse.” Ele deu um sorriso pra mim. “Eu acho que eu me sinto da mesma maneira, Letícia, mesmo eu sendo um mortal, eu não estava brincando quando te disse aquilo no dia que aquela coisa atacou a gente no colégio.”

Eu sabia o que ele queria dizer, ele havia dito que nem Zeus o impediria de me proteger, essa frase não saiu da minha cabeça durante dias.

“Ainda mais agora que eu sei que você é realmente uma princesa.”

Nós dois rimos, e ele se aproximou de mim e acariciou meu rosto, eu sei um sorriso pra ele e abaixei a minha cabeça, e ele a levantou com delicadeza e me fez olhar naqueles olhos totalmente azuis.

“Você vai ficar bem, não precisa ficar com medo.”

Ele disse isso me beijou, eu estava tão surpresa que eu o deixei continuar, e sem pensar eu fechei os olhos, mas eu não consegui saber o que eu senti depois, porque algo estranho aconteceu, nós dois nos afastamos, eu consegui o olhar por exatos dois segundos, ele estava se elevando do ar, algo verde saia dele e os olhos dele, antes azuis, estavam completamente verdes.

Antes que eu pudesse até ficar com medo, eu fui puxada para outro lugar.

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Estava mais uma vez no mesmo lugar da primeira visão, a comida de cheiro estranho continuava no mesmo lugar, mas dessa vez, parecia que alguém tinha comido ela.

“Você acha mesmo que pode salvar os seus amigos? Você nem consegue salvar você mesma, e mais, tem certeza que quer ajudar alguém que te traiu dessa forma?” Eu não sei por que, mas essa voz me deixava enjoada, eu tinha vontade de matar a portadora dela.

Eu tentei prestar atenção no local que eu estava, e vi todos lá, mas Pedro estava no chão e Júlia estava ajudando ele, Lucas e Matheus tentavam afastar uns monstros desconhecidos e Rafael e Rafaella distraiam alguém de algo que eu não sei o que é.

“A minha única decepção nisso tudo foi você, como eu deixei uma víbora como você se aproximar de mim, eu nunca vou te perdoar pelo o que você fez com minha mãe!” Eu não entendia o que estava acontecendo, eu estava falando, mas eu não sabia por que e pra quem estava falando isso agora.

“Sua mãe mereceu o que teve, e agora você vai morrer do mesmo jeito que ela.” A mulher começou a avançar em mim, e em um dos seus ataques, ela acabou acertando, eu caí, estava gemendo de dor.

Tentei tirar algo da minha cabeça, mas eu estava fraca de mais, ela chegou mais perto, eu pude ver um sorriso que me arrepiava brotar no rosto dela, ela ia me atacar e eu estava muito fraca pra me defender.

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Quando eu despertei, Lucas estava com uma cara horrorizada e Matheus e Júlia nos olhavam com preocupação, e um pouco de raiva da parte do Matheus.

Eu estava totalmente em transe, quem era aquela mulher? E porque o Pedro estava caído daquele jeito? E como assim trair?

Eu estava completamente confusa, ainda mais porque o Lucas tinha visto o mesmo que eu.

Mas o que diabos aconteceu?