— Não POTTER, olha você, fica ai posando de gostosão mas é um completo idiota, até ontem vivia dizendo que me amava, mas basta eu não estar por perto que você já volta a ser o mesmo idiota de sempre, o mesmo galinha de sempre. - Eu praticamente cuspi essas palavras - Eu tenho nojo de você, sabe porque? Porque você é baixo, mas eu não sei porque me surpreendo. Você sempre vai ser assim, você é um IMBECIL - As palavras saiam da minha boca como uma cachoeira, eu não tinha mais controle sobre mim, o olhar dele era triste e frio. - Eu te peço uma coisa, me esquece. Você tenta posar de bom moço, mas a mim você não engana. Para você é EVANS, e EU VOU TE ODIAR ATÉ O ULTIMO DIA DA MINHA VIDA! - Acho que essa foi a pior coisa que eu tinha dito para ele, mas a raiva me impedia de voltar atrás. A última parte saiu como um grito e eu senti o impacto que elas tiveram sobre ele, seu corpo ficou rígido e seu olhar vidrado, me olhou nos olhos por um mero segundo e logo depois abaixou a cabeça. Achei que isso era o final da conversa, não queria ficar pra ouvir as desculpas esfarrapadas, mas antes que eu pudesse (N/A: eu olhei no dicionário e é com "U" mesmo) me mexer ele voltou a me olhar, mas seus olhos estavam marejados. Minha raiva vacilou por um momento e me senti um pouco culpada, mas a irritação com ele me lembrou que ele merecia isso.

— Se é assim que você quer EVANS... - Ele enfatizou meu nome - ... é assim que vai ser, só que depois não adianta vir me pedir desculpas. - Ele soltou meu braço com uma força exagerada, eu continuei parada enquanto ele me dava as costas, mas parou no meio do caminho, virou-se e me puxou pelo braço novamente sem delicadeza nenhuma. Ele me levou até a frente do corredor que ele estava se agarrando com aquela garota, parou e apontou para uma garota e um garoto no corredor. - E a proposito - Ele começou - a “vadia” que eu estava beijando é ninguém menos que sua amiga Alice, que só me agarrou porque o Frank, o cara que ela gosta e meu amigo, estava vendo e ela quis fazer ciúmes, e como pode ver acho que eles se acertaram. - Seus olhos desviaram do casal conversando e olharam pra mim com desapontamento, meu cérebro entrou em pani por um momento e a culpa começou a aparecer. - Eu vou indo EVANS. E pode ficar tranquila, eu não vou mais dirigir minha palavra a você, afinal de contas eu que sou o imbecil aqui, não é?  - Ele falou calma e pausadamente, sua voz embragada, dando as costas e andando para o lado aposto da sala de poções.

Me encostei na parede e tentei entender o que tinha acabado de acontecer. A raiva ainda fervia dentro de mim, matando qualquer culpa que eu poderia sentir com suas lágrimas não derramadas. Eu poderia até acreditar na sua desculpa, mas eu duvido que ele não tenha gostado do beijo, ou que não tenha beijado outra menina. Eu poderia ir atrás deles e fazer o certo, pedindo desculpas, mas sem perdoa-lo, mas me impedi de fazer isso. Algo dentro de mim dizia que ele não ia conseguir fazer o que ele dizia. Não era a primeira vez que eles brigavam feio, e em todas as vezes ele pedia desculpas e voltava a correr atrás dela. Meu orgulho gritou dizendo que dessa vez não seria diferente, então me recuperando do choque, me encaminhei para a sala.

O professor me deixou entrar, mesmo atrasada, e me sentei com a Dorca. Ela perguntou aonde estava James, sabia que ele não iria para a sala porque ele tinha ido para o lado oposto, mas me senti desconfortável em falar do porque. Dei de ombros e prestei atenção na aula. Meu cérebro não estava muito interessado em aprender hoje, então todas as aulas foram maçantes.

O POTTER sumiu o dia inteiro, nem os meninos sabiam aonde ele tinha se metido. Ok, talvez eu tenha me sentido um pouco culpada, mas toda vez que alguém me perguntava sobre o que tinha acontecido eu desconversava ou apenas dava de ombros. Fora isso não aconteceu coisas muito interessantes, fora que AMOS DIGGORY, o cara mais lindo da Corvinal, me chamou pra sair. Isso é outro assunto e que não vem ao caso agora, mas é claro que eu aceitei.

Depois do jantar ficou claro que tinha algo de errado com o Potter, então eu, as garotas e os marotos saímos para procurar o desmiolado por aí, sem sucesso nenhum. Voltamos para o Salão Comunal e ficamos lá sentados, esperando, mas só quando o relógio bateu uma da manhã e já estávamos nos preparando para chamar Dumbledore o quadro da mulher gorda se abriu e o digníssimo entra por ele.

Os garotos se levantaram e correram até ele, inclusive o Pedro (quarto maroto), que andava sumido a algum tempo. A primeira pergunta foi se ele estava bem, e depois cada um deu um cascudo nele pela preocupação. Até a Dorcas e a Lene abraçaram ele. Depois dos cumprimentos, eu me levantei da poltrona que estava e parei na frente dele, que nem me olhou. Contornou meu corpo e se atirou no sofá, eu estava perplexa.

— Você é louco, James? São tempos perigosos, quer matar todos do coração... - Eu comecei mas fui interrompida por ele, só que a sua voz  estava carregada com ironia e desdém.

—  James é só para os amigos, para você é Potter. Eu não pedi a sua preocupação, então vai enfiar ela aonde você bem entender. - Ele falou deixando todos boquiabertos, inclusive eu. Se levantou do sofá e passou por mim, mas eu segurei seu braço. Ele parou sem se virar pra mim.

— O que foi isso ? - Eu perguntei temendo a resposta, eu sabia o porque mas eu não queria admitir, eu tinha... medo.

— Porque, Evans, eu cansei de ser idiota, cansei de levar patada, cansei de levar não e cansei de levar tapa na cara. Só estou atendendo a um pedido seu. Você sempre pediu para mim te esquecer, e é isso que eu vou fazer, esquecer o que eu sinto por você. Então me solta que eu quero ir dormir. - Ele falou ainda de costas, me fazendo sentir uma magoa enorme de mim, que se transformou em ódio dele, mesmo sabendo que eu não tinha o direito. Apenas soltei seu braço e ele voltou a andar. Fui pisando duro até o meu quarto e bati a porta.

Me sentei na cama e esperei elas subirem. As duas entraram em silêncio, tomaram banho e deitaram em suas camas. Eu estava sem ânimo, então tirei só os sapatos e me deitei de uniforme e tudo. Depois de alguns minutos desconfortáveis a pergunta veio.

— Então, você vai contar o que aconteceu? - A Lene perguntou como se temesse a resposta.

Eu me virei para elas e contei a história, tentando não parecer afetada. As duas fizeram caretas quando eu terminei e ficaram em silêncio, me fazendo ficar mais desconfortável ainda. Dorcas parecia um pouco irritada quando se pronunciou. 

— Eu acho que você fez merda.

— Pela primeira vez eu concordo. - A Lene disse com uma voz séria demais para ela. - É sério que depois de tudo isso você achou que ele ia colocar o rabo entre as pernas e virar seu capacho? - Me encolhi instintivamente - Eu posso não ser muita próxima dele, mas apesar do lado galinha dele, ele é uma pessoa incrível e ele não merece isso. Você nunca deu uma chance para ele e diz para todos que nunca iria ficar com ele. Eu apoio ele nessa de te esquecer, e você não tem o direito de se afetar por conta disso. Se quiser correr atrás do prejuízo, esse é o momento. Mas se não quiser, só para de culpar ele por algo que seu orgulho fez. - Ela e a Dorcas se viraram para dormir e eu me sentei na cama bufando. 

Eu sabia que aquilo com as meninas não tinha sido uma briga, mas sim um conselho de modo mais intenso. No fundo eu sabia que era verdade, mesmo que eu negasse. Eu sempre pedi para ele me esquecer, então porque tinha ficado tão brava agora? Eu não devia ter dito aquelas coisas, mas não posso mudar isso, e acho que ele não quer ouvir desculpas, mas isso ajudou ele a acordar. Eu devia estar feliz, eu estava livre de James Potter atrás de mim.

Convenci a mim mesma que toda a confusão que eu sentia naquele momento era por causa do arrependimento de ter sido tão grossa com ele, minha mãe sempre dizia que isso era uma coisa feia. Convenci a mim mesma de que daqui á alguns dias ele iria superar isso e finalmente seguir com sua vida de galinha. Ou melhor, tentei me convencer. Mas se não fosse assim, era só fingir. Troquei de roupa e me deitei, repetindo pra mim mesma que eu não me importava.