P.O.V Rowena

Acordei no dia seguinte com algumas faíscas de sol batendo em meu rosto, abri os olhos lentamente e vi meu quarto todo iluminado pela luz que vinha da janela .Me levantei devagar, lavei o rosto, escovei os dentes e fui tomar um banho, me permiti demorar um pouco em baixo da água, me vesti e resolvi descer para tomar café da manhã. Já na sala, encontrei Godric com uma xícara de café na mão e o jornal bruxo na outra, e na mesa que se localizava no centro da sala, mais três xícaras bem desenhadas, um outro pedaço do jornal e biscoitos de chocolate. Foi nesse momento que percebi que não estava sozinha ou em minha casa, e nem mesmo na floresta com Helga, mas não me deixei abater pela ideia de ter acabado que acordar na casa de um total desconhecido, me sentei ao seu lado, e peguei um biscoito e o outro pedaço do jornal.

–Bom dia Rowena.

–Bom dia Godric.

E ficamos em silêncio, até Helga chegar com a sua costumeira alegria e animação.

–Bom dia! – disse ela, e se sentou ao meu outro lado – dormiram bem?

Perguntar sobre coisas pessoais na nossa época não era algo muito usado e permitido, mas Helga era simples de mais, pelo que sabia, morava nas montanhas antes de fugir de casa, assim como eu, e levava uma vida simples sem muito luxo, mas a família dela a educaram bem e positivamente, se me permito dizer, se um dia os encontrar tenho que agradecer.

–Sim, muito bem.

–Eu também – disse Godric seco e sem desviar os olhos o jornal.

Helga pegou um biscoito, e eu peguei uma xícara e me servi café com a varinha, enquanto lia o jornal. Ficamos em silêncio, todos entretidos com suas atividades: Helga transformará seu biscoito de chocolate em um bichinho fofinho de cor marrom, e eu e Godric tomávamos café enquanto líamos felizes o jornal. Logo Salazar chegou, olhou um pouco para o único lugar vazio e se sentou ao lado de Godric infeliz.

– O que vamos fazer hoje? – disse enquanto pegava um biscoito e olhava curioso para o animal pequeno na mãe de Helga ,que assim como eu e Godric, o olhava curiosa- Que foi? Eu só perguntei.

–Na verdade, é uma ótima pergunta meu caro – respondeu Helga bondosamente.

–E que eu por acaso sei a resposta. – disse orgulhoso Godric, que deixará o jornal de lado

–E qual seria ela, Godric? – perguntei

–Vamos levar, as belas damas, para conhecer a cidade!

–Acho que podemos nos arrumar sozinhas, obrigada. – respondi teimosamente

–Ah, mas essa cidade anda um perigo! E imagine, belas jovens como vocês, bruxas, que não conseguem passar cinco minutos sem usar a magia, iriam arrumar problemas por aqui.

–E como você iria nos proteger, senhor? – perguntou Helga, curiosa e intrigada, pelo perigo imposto por Godric.

–Com magia minha cara loira – disse mostrando os alinhados dentes.

POV.Helga

– Com magia minha cara loira.

–Tá bom vamos! – disse

Estava animada para conhecer a cidade, mas Rowena ao contrario deu uma alta gargalhada debochando de Godric.

–Nos proteger, com esses seus fracos feitiços?

Godric ficou vermelho, quase da cor de seus cabelos.

–Saiba, Rowena, que tenho dons ilimitados, e sou um maravilhoso bruxo!

–Godric, não faça isso.- sussurrou Salazar

–Quer apostar? Sou o melhor bruxo entre nós quatro!

Meu biscoito voltou a virar biscoito e caiu no chão com o movimento rápido que fiz para me levantar, Salazar derrubou a xícara e espalhou chá por toda a sala e Rowena colocou ferozmente sua xícara na mesma fazendo barulho e jogou o jornal aos pés de Godric.

–Com licença, Godric, mas você não me vê usar a varinha a cinco anos, acho que sei mais coisas e bem mais do que você agora!

–Por favor, não me façam rir eu sou, e vocês sabem, bem melhor que vocês, mais inteligente e habilidosa.

Depois das falsas palavras de Rowena todos começaram a gritar uns com os outros.

–Pare de se achar Godric- respondeu Rowena.

–Desculpe jovem, mas quem você pensa que é para me destratar assim?

–Godric, pare com isso – começou Salazar – nos sabemos que somos bem melhores que elas!

–Olhe duvido muito rapazes, vocês são metidos, grossos, porcos e intrometidos. –retruquei.

Rowena pegou a varinha, mas eu fui mais rápida.

–Expelliarmus!

E a varinha de Rowena saltou de sua mão rumo ao chão, ela acompanhou com o olhar a varinha bater no chão antes de se virar pra mim com os olhos cheios de fúria.

–Sabe, vocês são melhores do que ela! Duvido que os pais, pobres e sem habilidade nenhuma de Helga, a ensinaram alguma coisa além de palavras, você só sabe falar e ter piedade? Menina tola e estúpida, não deve ter fugido de casa deve ter sido expulsa!

Todos ficaram em silêncio. E eu senti lagrimas serem formadas pelos meus olhos enquanto todos me olhavam, por sorte Godric começou a gritar com Rowena, e eu por minha vez olhei para cima, tentando não chorar agora.

–Calados- gritei irritada

E todos me ficaram novamente quietos e me lançaram olhares enraivecidos.

–Parem com isso...Ei! Ei! Salazar guarde essa varinha! Já! Ótimo

–Já sei! – disse Rowena animada

–Que foi agora? – disse impaciente

–Vamos jogar!

Todos olhávamos para ela confusos e irritados.

–Vamos competir uns com os outros!

“Infantil nada mais”

–Isso mesmo! – disse Godric animado

–Sim, vamos competir por quatro dias, vamos ter cinco testes por dia, no quinto dia quem tiver conseguido completar todos os dias sem erro nenhum é o melhor bruxo entre nós!

–Como você pensou nisso tão rápido?

–Tenho meus momentos. – disse ele passando a varinha por cima do rosto e fazendo cair vários brilhos dela.

–Isso é muito tolo! SALAZAR GUARDE JÁ ESSA VARINHA!

–Ah, para de ser chata Helga – resmungou Rowena.

E eu não aguentei mais, sai da sala, subi as escadas deixando todos confusos, para trás, senti as lagrimas novamente se formares em meus olhos, mas dessa vez as deixei rolarem pela minha face. Já estava no segundo andar de frente a minha porta.

“Como podem? Como pode? Rowena me falou de meus pais! Eles eram ótimas pessoas, realmente eram. Falou de minha pobreza...., isso não muda o fato de ser ou não uma boa bruxa! E eu posso ser, e eu sou! Só não fico diminuindo os outros assim como ela”

Acabei pegando no sono e só fui acordar na hora do almoço, e sem vontade de sair de lá, fiz com minha varinha aparecer uma das minhas refeições favoritas e passei o resto da tarde em meu quarto.

POV.Godric

– O que deu nela? – debochou Salazar

–Não sei, ela sempre foi tão animada. – respondi

–Esses dias, tenho ouvido ela chorar a noite.

Todos ainda estamos olhando para a escada onde Helga tinha desaparecido em direção ao segundo andar de minha casa, era diferente, ela estava diferente, não era mesma, algo tinha acontecido com ela.

–Vou falar com ela.

–Godric, ela quer ficar sozinha agora.

–Deixa ela se acalmar

Eu ainda olhava para a escada onde meus antepassados me olhavam preocupados.

–Vou para casa, Godric – disse Salazar e saiu pela porta.

–E eu vou para meu quarto.

Rowena começou a subir as escadas em direção, ao segundo andar também, mas parou, apoiou a mão na parece e recuou, voltou para me encarar tomou meu rosto em suas pequenas mãos, e pude ver que em seus olhos castanhos haviam lágrimas de culpa, seu rosto estava muito perto do meu, meu nariz roçava no dela, e senti a imensa vontade de beija-la, mas antes que pudesse agir de alguma forma, ela se aproximou mais e sussurrou em meu ouvido.

–Não faça nada, Gryffindor, ela ficará bem. – e me deu um beijo na bochecha

Voltou a subir as escadas e dessas vez sumiu de verdade. Eu sozinho, me joguei em uma das poltronas, e fiquei pensando no porque da Helga ter ficado tão triste com as palavras cheias de raiva de Rowena, mas nada me ocorreu, podia ter ficado sentado lá por horas ou só por minutos, mas me levantei e subi as escadas em direção ao meu quarto no terceiro andar da casa. Ao chegar em meu quarto, fui na varanda, tomei uma das pequenas flores na mão e ela começou a girar e girar cada vez mais rápido, começou a voar e eu a deixei ir em direção ao quarto de Helga no andar de baixo. E fiquei no meu quarto a tarde toda.

POV. Salazar

Todos nós ficamos surpreendidos com as palavras cheias de fúria de Rowena para Helga, e isso magoou bastante a jovem, o suficiente para ela se trancar no quarto o resto da tarde eu suspeitava. Godric tinha ficado muito perturbado e preocupado com Helga, até de mais na verdade, eu estava simplesmente curioso já que não conhecia Helga tempo o suficiente para me preocupar com ela tanto assim. Comecei a chegar perto de casa depois de uns vinte minutos, mas me lembrei de que não queria ir ouvir minha mãe reclamar de meus amigos e de como Londres estava ficando cada vez mais cheia de não-bruxos e de como eu era um vergonha para nossa família sangue-puro, e com certeza voltar para casa de Godric não era uma opção muito boa, então comecei a olhar para os lados a procura do que fazer, mas nada encontrei. Por fim, voltei a andar tediosamente pelas ruas ainda claras pela fraca luz do sol.

–Sabe, Olga, ouvi dizer que abriram uma nova loja de roupas no Beco Diagonal! – disse uma ruiva que passou rapidamente por mim.

Beco Diagonal é uma rua, basicamente, com artefatos bruxos, e eu só havia estado lá, pelo que me lembro umas duas vezes. Para comprar minha varinha a muitos aos atrás, e ano passado pra comprar a varinha de meu irmão, Charlie, e agora seria uma boa hora para conhecer mais do que a loja onde se vendia varinhas, então segui a ruiva e amiga morena dela até a porta de um bar, o problema era que tanto eu quanto Godric estávamos proibidos de entrar na grande maioria dos bares da cidade, inclusive esse. Com medo, entrei no bar e a medida que prosseguia ia me escondendo atrás de barris, postes e cadeiras, mas continuei a seguir as jovens, para o velho e sujo fundo do bar.

Ela retirou de um bolso escondido do vestido, assim como Helga e Rowena, a varinha comprida e fina, e com ela bateu algumas vezes na parede que se encontrava a sua frente, e a mesma foi se transformando em um arco gigante e luminoso, as duas passaram pelo arco e eu rapidamente sai de meu esconderijo e corri para rua. Era muito bonito, as lojas tinham coisas que realmente me interessavam como: vassouras, caldeirões, capas, vestes e aos poucos fui esquecendo-me do problema com Helga.

Enquanto passava pela loja de animais, percebi que dois meninos, um pouco mais velho que eu, me seguiam. Usavam ambos, vestes pretas, chapéu escuro e as varinhas nas mãos. Tentei de tudo para fazer com que eles mudassem de caminho, ou me deixa-se de lado mas por onde eu ia dos dois iam atrás, sem saber o que fazer eu conclui que só me restava correr de volta ao arco.

Apressei cada vez mais meus passou, e percebi com os dois fizeram a mesma coisa, e corri cada vez mais rápido.As lojas a minha volta não passavam de borrões, eu ia batendo nas pessoas,derrubava livros e tinha certeza que tinha machucado uma menina, e ai longo do meu caminho ia gritando pedidos de desculpas para as pessoas. Parei ao lado de uma loja fechada, e olhei para trás, os meninos tinham sumido e voltei a andar vitorioso. Quando senti algo me puxando para trás e a sensação de vitoria ou alegria sumiram de mim, e quando fui perceber estava no chão e sentia o sangue saindo de minhas veias e entrando em contato com o ar.