O que Sasuke tanto temia acabou acontecendo em uma terça-feira chuvosa.

Assim como já era esperado, Sakura chegou atrasada novamente naquele dia. Sorridente escutava a bronca do professor, nenhum pouco envergonhada.

Mas algo estava diferente do normal, percebeu o moreno. Sua pele estava mais pálida que o normal, parecia estar respirando com dificuldade e olheiras visíveis estavam em seus olhos.

_ Bom dia, Sasuke – desejou como sempre ao passar por ele, mas a mente do Uchiha ainda gritava que algo estava diferente do normal.

_ Sakura – Ousou chama-la em voz alta – Esta tudo bem?

A expressão de surpresa no rosto dela não deixou Sasuke nenhum pouco surpreso, afinal foram raras vezes que ele havia se dirigido diretamente a ela... Sasuke lguma vez se dirigiu diretamente a ela?

_ Sim, Sasuke – murmurou ainda olhando-o surpresa – Estou bem.

Mentirosa, sua mente gritou inconformada com a resposta. É claro que ela mentiria. Sakura sempre mentia nesses momentos.

_ Tem certeza? – pressionou encarando-a nos olhos. Não minta, sua gritava.

_ Sim, Sasuke – repetiu, sorrindo dessa vez – Obrigada por se preocupar

O moreno apenas revirou os olhos insatisfeito, abaixando a cabeça voltou a ignora-la mesmo sentindo seu olhar ainda sobre ele.

Foi na troca de professores, no quarto horário que tudo aconteceu. Estava sentado em sua cadeira esperando o próximo professor, quando um “baque” chamou não só sua atenção, mas a de todos na sala.

Sakura havia derrubado sua cadeira no chão e suas coisas haviam se espalhado pela sala. Os olhos de Sasuke se arregalaram ao finalmente perceber o que estava acontecendo. Não se lembrava perfeitamente o que acontecera naquele breve momento em que os olhos de Sakura buscaram os seus, mas sabia que nunca esqueceria o olhar de sofrimento que ela lhe ofereceu antes de desmaiar naquele dia.

Naquela terça-feira chuvosa Sasuke percebera que amava a Haruno mais do que imaginava, provavelmente uma parte de si morreria quando os olhos daquela garota se fechassem para sempre. Vendo-a caída no chão daquela sala por um breve segundo, Sasuke percebeu que não podia mais viver sem ela.

Duas semanas. Duas semanas foi o tempo que Sakura levou para voltar à escola. Sorrindo como sempre, atrasada como sempre, como se nada tivesse acontecido.

Foda-se.

Levantando-se da cadeira o moreno caminhou em passos rápidos ate ela, agarrou-lhe o braço antes mesmo que a garota tivesse algum tipo de reação e rebocou-a para fora da sala.

_ Sasuke – ouvi seu chamar, mas mesmo assim não parou.

Continuou andando enquanto a arrastava sem se importar com seus protestos ou com os outros alunos que finalmente pareciam ter notado a presença da garota naquela merda de escola.

Sim, todos naquela escola ignoravam Sakura completamente. Todos. Era como se ela tivesse lepra ou alguma doença contagiosa e não leucemia. Um bando de hipócritas.

Vendo que finalmente haviam chegado ao local onde queria, Sasuke abriu a porta entrando e puxando Sakura consigo. Estavam na sala de musica.

_ Sasuke – sussurrou a Haruno perplexa.

Sim, ele estava abraçando-a. Abraçando-a como se ela fosse desaparecer a qualquer instante. Havia desistido. Precisava dela, apenas vê-la não era o suficiente. Não queria mais ignora-la, não queria mais ficar quieto apenas observando o sofrimento dela.

_ Sasuke – sussurrou novamente.

_ Cale a boca – disse – Você pode chorar agora. Não tem ninguém olhando.

_ O que...

_ Cale a boca – grunhiu – Não tem ninguém aqui. Não precisa ser forte, apenas chore Sakura... Ninguém vai ver.

_ Por que esta fazendo isso? – murmurou, suavemente

_ Você sabe o porquê – respondeu, simplesmente

Apenas alguns segundos se passaram e Sasuke sentiu sua camisa molhar, o pequeno corpo que abraçava estremecia levemente, apenas mais alguns segundos se passaram para que Mei finalmente chorasse abertamente.

O som do seu choro alto tomou toda a sala. Segundos, minutos, horas. Ficaram juntos ali, Sasuke não disse nada para conforta-la, apenas a abraçava com força querendo guardar para sempre aquele momento na sua memoria.

_ Você não pode me amar, Sasuke – choramingou Sakura – Não pode.

_ Eu não te amo – disse sem hesitação, não quebraria o abraço de maneira nenhuma.

_ Você jura? – sussurrou.

_ Juro – Mentiu.

Ele nunca diria. Guardaria aquelas palavras para si, para sempre.

Sabe aquelas palavras que eu nunca te diria, Sakura?

- “Amo você” – seriam as próximas delas.