Os Esquecidos escrita por Bruna36


Capítulo 1
Adeus Papai


Notas iniciais do capítulo

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Era dia de festa. Aniversário de papai, dia em que ele chegaria de uma de suas grande missões como auror e nos encheria de carinhos e presentes. E mamãe sabia como portar-se em uma situação como aquela: se arrumava muito bem e o enchia de carinhos e mimos. Se havia uma frase dita com convicção naquela casa, era "Eu te amo". As primeiras palavras de papai em casa, após é claro receber seus pequeninos, eram "Você sentiu minha falta? Eu te amo tanto, meu amor". E mamãe sabia muito bem como responder a esse tipo de frase. Um beijo, um pequeno gemido e mais beijos, que resultavam em trancá-los no quarto logo após que a festa terminasse. Mas naquele dia, além de festa, era uma comemoração. Estavam todos lá: a vizinhança inteira comemorava a volta de papai Harry para casa.

Nosso pai era o homem de relações públicas de uma grande fábrica de
computadores, Era um homem muito bem-sucedido, nossa mãe era uma mulher muito bonita, não trabalhava ela era uma dona de casa que cuidava dos três filhos com todo amor e carinho

Éramos quatro irmãos Gale Everdeen que é o mais velho, eu sou Katniss Everdeen e os mais novos são os gêmeos Primrose Everdeen e Liam Everdeen. Os gêmeos tinham seis anos - Gale completara dezesseis e eu terminara de fazer quatorze

– Papai chegará a qualquer momento. Ande depressa, Katniss! – Gale gritou

–Já estou quase pronta- falei me apressando

Às cinco horas chegaram e passaram. Embora não parássemos de esperar,
não vimos o Ford verde de papai. Os convidados sentaram-se pela sala, procurando conversar animadamente, enquanto mamãe levantou-se e começou a andar nervosamente de um lado para outro. Em geral, papai abria a porta às quatro horas - às vezes até mesmo antes disso.
Meu estômago roncava e comecei a preocupar-me quando mamãe ergueu a
cabeça. Ela estivera percorrendo ambos os sentidos da sala, até que parou junto ao
amplo janelão olhando lá para fora.
– Oh! - exclamei, avistando um carro que entrava em nossa alameda orlada
de árvores. - Talvez papai esteja chegando agora!

Todavia, o carro que parou diante de nossa porta principal era branco e não
verde. Tinha na capota uma lâmpada giratória vermelha e trazia na porta um
emblema com as palavras POLÍCIA ESTADUAL.
Mamãe abafou um grito quando dois policiais uniformizados de azul se
aproximaram de nossa porta e tocaram a campainha.

Mamãe foi abrir a porta e permitiu que os dois patrulheiros estaduais
entrassem. Olharam em volta, percebendo - estou certa - que a reunião se tratava
de uma festa de aniversário.

– Sra. Everdeen? - inquiriu o mais idoso dos policiais,
correndo os olhos pelas senhoras presentes.

Mamãe assentiu rigidamente.

O policial com aparência bondosa e rosto muito vermelho aproximou-se de
mamãe.
– Sra. Everdeen - começou, num tom neutro que me causou imediato
pânico no coração. - Sentimos muito, mas ocorreu um acidente na Rodovia
Greenfield.
– Oh... - disse mamãe, estendendo os braços para puxar Gale e eu
para junto de si.

– Seu marido estava envolvido, Sra. Everdeen.

Um longo suspiro escapou à garganta estrangulada de mamãe. Ela vacilou e
teria caído se eu e Gale não estivéssemos ali apara sustentá-la.

– Já interrogamos os motoristas que testemunharam o acidente e não foi
culpa de seu marido, Sra. Everden - prosseguiu a voz despida de emoção. -
Segundo os depoimentos, que tivemos o cuidado de registrar, um motorista bêbado ao
volante de um caminhão o carro capotou... e então... pegou fogo.
Jamais uma sala cheia de pessoas silenciou tão depressa. Até mesmo os
pequenos gêmeos ergueram os olhos de sua inocente brincadeira e fitaram os dois
policiais

–Meu marido? - murmurou mamãe com voz tio fraca que mal se fazia ouvir. -
Ele... não está... morto...?
– Madame - disse, muito solene, o patrulheiro de rosto vermelho. - É muito
doloroso para mim trazer-lhe a notícia em meio ao que parece uma ocasião especial.
– Interrompeu-se e olhou em volta, embaraçado. - Sinto muitíssimo, madame...
Todos fizeram o possível para retirá-lo... mas, madame, bem... ele, bem, morreu
instantaneamente, pelo que afirmou o médico

Alguém sentado no sofá gritou.
Mamãe não gritou. Seus olhos ficaram vazios, escuros, assombrados. A
despeito da cor radiante de seu belo rosto, dava a impressão de uma máscara
mortuária. Fitei-a, tentando dizer-lhe com os olhos que nada daquilo era verdade.
Não papai! Não o meu papai! Não podia estar morto... não podia! A morte era para
pessoas velhas e doentes... não para um homem tão amado, tão querido, tão jovem!
Não obstante, ali estava minha mãe, o rosto cinzento, os olhos esbugalhados,
as mãos torcendo invisíveis roupas molhadas. A cada segundo que eu a encarava,
seus olhos afundavam-se ainda mais nas órbitas.
Comecei a chorar.
– Madame, temos alguns pertences dele que foram atirados longe pelo
impacto. Salvamos o que foi possível.
– Vá embora! - gritei para o guarda. - Saia daqui! Não é meu papai! Não é ele,
eu sei! Papai parou numa loja para compra sorvetes. Chegará a qualquer momento.
Saia daqui!
Avancei correndo para esmurrar o peito do patrulheiro. Ele tentou esquivar-se
e Gale se aproximou, puxando-me para um lado.
– Por favor - disse o policial. - Alguém quer fazer o favor de ajudar essa
menina?

Os braços de minha mãe envolveram-me os ombros, puxando-me de
encontro a ela. Pessoas conversavam em murmúrios, num tom chocado. A comida
no forno começava a cheirar a queimado.
Esperei que alguém viesse tomar-me a mão e dizer que Deus jamais tirava a
vida de um homem como meu pai; todavia, ninguém se aproximou de mim. Só
Gale veio abraçar-me pela cintura e ali ficamos os três, num grupo isolado:
mamãe, Gale e eu.

Foi Gale quem, afinal, conseguiu recobrar a voz e falar num estranho
tom rouco:
– Tem certeza de que foi nosso pai? Se o Ford verde pegou fogo, o
motorista lá dentro deve ter ficado muito queimado. Portanto, poderia ser outra
pessoa e não papai.
Soluços profundos e ásperos saíam da garganta de mamãe, embora nem
uma só lágrima lhe caísse dos olhos. Ela acreditava! Achava que os dois policiais
diziam a verdade!
Os convidados, que tinham colocado roupas tão elegantes para a festa de
aniversário, reuniram-se à nossa volta, pronunciando as frases de consolo que as
pessoas costumam usar quando não encontram palavras adequadas.
– Sentimos tanto, Lucia... Foi um choque... É terrível...
– Que tristeza, acontecer isso a Harry...
– Nossos dias estão contados... É sempre assim, desde que nascemos: temos
os dias contados.

Aquilo prosseguiu, interminável; pouco a pouco, como água infiltrando-se em
concreto, o fato impregnou-se no meu consciente. Papai estava realmente morto.
Nunca mais voltaríamos a vê-lo vivo. Só voltaríamos a vê-lo num caixão; estendido
num caixão que acabaria enterrado no chão, sob uma lápide com seu nome, a data
de seu nascimento e a de sua morte. O mesmo dia e mês; apenas os anos seriam
diferentes.

Todos os momentos felizes que tive com meu pai passaram-me pela cabeça. E depois larguei os dois para trancar-me em meu quarto e chorar cada vez mais. Logo minha mãe e meu irmão voltaram.

–Precisamos conversar- falou minha mãe já mas calma

– Sinto muito - ela fechou os olhos com força, para evitar que lágrimas caíssem. Em momentos como aqueles, mães tinham de ser fortes.

–Com a morte de seu pai, tudo o que temos será devolvido. Não terminamos de pagar nada em parcelas. Tudo por meu capricho. Teremos de nos mudar. Enviarei uma carta a minha mãe para que ela perceba a gravidade da situação e, talvez, me perdoe.

Era a primeira vez que ela mencionava a sua mãe, os olhos de Gale encontraram os meus, estava afogando-me no mundo adulto de mortes e dívidas. Meu irmão estendeu o braço e pegou-me a mão, apertando-a em um gesto de conforto fraternal.

– Não fiquem tão tristes. Na verdade, o quadro não é tão feio quanto o
descrevi. Devem desculpar-me se não raciocinei direito e me esqueci do quanto
vocês ainda são jovens. Dei as más notícias em primeiro lugar, guardando as
melhores para o final. Agora, prendam a respiração! Não acreditara-o no que vou
lhes dizer... pois meus pais são ricos! Não ricos da classe média, ou ricos da classe
alta, mas muito, muito ricos! Podres de ricos! Incrivelmente ricos!
Moram numa bela e enorme mansão na Virgínia - uma casa como vocês jamais
viram antes. Eu sei, pois nasci e fui criada lá. Quando avistarem aquela casa, esta
aqui parecerá um barraco, em comparação. E eu não disse que vamos morar com
eles, minha mãe e meu pai?

Algumas semanas depois, chegou uma carta em resposta às muitas que
nossa mãe enviara a seus pais. Imediatamente, mamãe começou a chorar - antes
mesmo de abrir o grosso envelope cor-de-creme. mamãe leu a carta chorando e quando terminou de ler nos olhou com uma expressão tão dura. Por que olhava para nós de maneira tão esquisita?

– Afinal, sua avó respondeu minhas cartas - declarou naquele tom gelado. -
Depois de todas as cartas que lhe escrevi... bem... ela concordou. Mostra-se
disposta a permitir que moremos com ela.
Boas novas! Exatamente o que aguardávamos escutar - e devíamos estar
felizes. Todavia, mamãe tornou a mergulhar naquele silêncio pensativo.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?



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