Está certo que o que aconteceu não foi nem culpa de Jo e nem de Dean, mas os dois saíram magoados dessa história.

Dean continuava sentado no chão do elevador olhando para o nada. Jo encarava o loiro, um pouco confusa.

O silêncio era perturbador.

- Dean, eu... – Jo fez menção de falar algo, mas desistiu.

- O quê? – Ele disse curioso, olhando para ela pela primeira vez desde o quase beijo.

- Nada não. Deixa pra lá – Harvelle deu um sorrisinho de canto de lado, seu rosto era pensativo.

- Me fala, por favor – Dean olhou para ela com um olhar intenso, porém simpático. Jo se sentia segura toda vez que ele a olhava daquele jeito.

- Tá bom... Eu só quero que saiba que... Que você foi o meu primeiro e único amor. E você me magoou muito. Então não pense que o que aconteceu só foi ruim pra você – Jo não pretendia dizer isso tão rispidamente, mas saiu sem querer.

Algumas lágrimas encheram seus olhos e deixou a sua vista embaçada, ela não queria chorar, mas foi forçada a piscar e as lágrimas escorreram pela sua pele de pêssego, pingando, em seguida, em sua blusa.

- Jo... E-Eu ainda te amo, mas eu não consigo acreditar no que aconteceu. Como você pôde fazer isso comigo? – Dean olhava pra cima, segurando as lágrimas que insistiam em se formar em seus olhos - Se você não me amava, se era pra ficar com Adam, você deveria ter terminado comigo, você deveria ter tido essa decência...

- O quê?! – Jo praticamente gritou e se levantou, interrompendo o Winchester. Ela estava com um sorriso cínico na boca, ela não acreditou no que ouviu – É isso que você acha de mim, Dean?! VOCÊ não quis me escutar. VOCÊ não me deixou explicar o que aconteceu. VOCÊ que nunca mais quis olhar na minha cara. E foi VOCÊ, Dean, que fechou a porta, não fui eu! Então, não venha me dizer que eu nunca te amei e que te traí, porque foi VOCÊ, Dean, você não confiou em mim – As lágrimas rolavam livremente pelo rosto da loira, eram lágrimas de dor e decepção, enquanto ela praticamente gritava com o loiro, que só olhava para ela com os olhos assustados. Jo apontava um dedo para o loiro, como quem acusa alguém e tenta segurar o choro. Sem sucesso – VOCÊ que devia ter ido atrás de toda a história para saber o que aconteceu e não ficar me julgando. Você deveria ter tido essa decência, Dean. Porque você... – Jo perdeu as forças e encostou-se à parede do elevador, chorando excessivamente – Você não sabe o que aconteceu... Você não sabe pelo que eu passei... – Jo disse essas duas ultimas frases em um sussurro e depois enterrou o seu rosto em suas mãos.

Dean olhava estático para a loira. Com os olhos um pouco arregalados, a boca entreaberta e lágrimas escorrendo pelo rosto do loiro cada vez que piscava. Ele queria dizer alguma coisa, mas estava sem palavras.

O Winchester se aproximou de Jo e tocou o seu ombro com uma das mãos. Ela se afastou imediatamente, encarando Dean com os olhos tristes, cansados e furiosos.

Jo estava tremendo, tentando segurar as lágrimas. Sem sucesso, encostou a cabeça na parede do elevador, olhando para o teto, tentando se acalmar.

- Jo... – Dean disse baixinho, a loira olhou para ele com a expressão sofrida, o que só fez com que o coração do loiro ficasse ainda mais apertado – Me desculpe, eu... Eu falei sem pensar... É que a cena ainda fica passando e passando e passando na minha cabeça e dói demais... Eu sei que eu disse coisas que eu não devia pra você e eu sinto muito. De verdade. Eu ainda te amo, Jo – Mais lágrimas escorriam dos olhos de Dean, enquanto ele olhava para Jo chorando. Após alguns segundos em silêncio, o loiro acrescentou e se aproximou mais um pouco dela – Você quer me contar o que aconteceu?

Jo fechou os olhos e afirmou de leve com a cabeça. Mordeu o lábio inferior antes de abrir os olhos e começar a falar.

- O Adam, e-ele... – Jo soluçava com as lágrimas que vinham com a dolorosa lembrança que veio à sua mente – Eu estava saindo do banheiro e o Adam... Ele estava bêbado, me prendeu na parede, disse que me amava e quando eu recusei o beijo dele, ele... Segurou os meus pulsos com força, me machucando e... Me desculpe, Dean. Ele estava me machucando e eu estava tentando me soltar, mas ele era muito forte e... E ele me beijava a força, eu não consegui sair – O loiro abraçou Jo carinhosamente, lágrimas escorrendo por seus rostos. Ela soluçava nos braços de Dean que tentava acalmar o choro da loira – E-E aí você chegou... Eu achei que tudo iria ficar bem... Eu achei que você iria me proteger dele, me abraçar e dizer que tava tudo bem, que ia dar tudo certo, mas... Você não fez isso – Jo agora olhava nos olhos de Dean e ele podia ver o sofrimento e o rancor que se situava nos olhos castanhos da loira – Você só me humilhou e disse que eu tinha te traído. Você nem me deu a chance pra explicar e depois você não retornava minhas ligações, não respondia minhas mensagens, me ignorava e me evitava no colégio... Eu achei que você não me amava mais... Então eu me afastei também, mas eu nunca te esqueci – Jo sorriu fraquinho – Eu sempre te amei. Ainda amo – Ela passou a mão no rosto de Dean, que fechou os olhos com o carinho - Você foi o meu primeiro namorado e o único que eu já amei. Então eu acho que agora você consegue entender o porquê do meu sofrimento. Não consegue, Dean?

Dean estava se amaldiçoando muito por não ter dado uma chance à Jo. “Você é muito cretino” ele pensou consigo mesmo. Como ele pôde ter sido tão cabeça dura?

- Me perdoe, Jo... Eu... – Dean não conseguiu terminar de falar. Era como se a voz dele tivesse ficado perdida em algum lugar.

Jo sorriu de leve e secou as lágrimas do loiro com a ponta dos dedos, se aproximando mais dele.

- Você me magoou muito, Dean – Ele olhava nos olhos dela, mas não via mais aquele rancor.

Os olhos castanhos, cor de chocolate ao leite, brilhavam muito agora. Apesar das palavras, Dean não conseguiu deixar de sorrir fraquinho, olhando naqueles olhos tão familiares e reconfortantes.

- Eu sei. Sinto muito, Jo – Ele colocou uma mecha de cabelo, que caía na frente do rosto de Jpa, atrás da orelha dela.

Ele aproximou seus rostos e se ergueu um pouco, beijando demoradamente a testa da loira, com a mão na nuca da loira.

- Tudo bem, Dean... – Ela sorriu e o loiro voltou a olhá-la nos olhos.

- Eu te amo – Uma única lágrima desceu pelos olhos de Dean e ele aproximou seus rostos novamente, ainda com uma mão na nuca da loira.

- Eu também te amo, Dean...

Jo fechou seus olhos e ele beijou delicadamente seus lábios. A sensação de beijar Dean novamente depois de tanto tempo era revigorante. O Winchester sentiu a mão de Jo tocar o seu rosto e sorriu durante o beijo.

Ele estava morrendo de saudades dos lábios macios da loira.

Eles aprofundaram o beijo, seus lábios se moviam em perfeita sincronia. Eles foram feitos um para o outro. Após alguns minutos de beijos, carinhos e juras de amor, o interfone do elevador tocou.

Dean levantou-se e ouviu o interfone tocar mais uma vez, ele olhou para Jo e ela estava sorrindo abertamente agora.

- Alô? – Dean disse.

- Alô, senhor, vocês estão bem aí dentro? – Uma voz masculina perguntava. O homem do outro lado da linha parecia ofegante.

- Sim, estamos bem. Vocês podem nos tirar daqui por favor? – Dean disse sarcasticamente.

- Sim, sim, claro. O técnico já está a caminho – O homem disse rapidamente.

- Mas nós estamos há muito tempo aqui. O técnico demora tudo isso? – Ele quis saber.

- Não, na verdade. Mil perdões, mas o rapaz que estava aqui recebeu uma ligação da esposa dele, dizendo que a filha estava doente e ele foi para casa sem avisar ninguém. Eu acabei de chegar para o meu turno e só vi agora que o elevador estava parado. Minhas desculpas – O homem estava preocupado, isso poderia causar problemas para ele.

- Não, está tudo bem. Eu entendo. Estamos esperando o técnico, então. Ok, obrigado – Dean disse sorrindo. Ele estava feliz e não deixaria isso acabar com o seu dia, né?

Dean pôs o telefone no gancho e se sentou ao lado de Jo, que deitou em seu colo. 

Continua...