Black Roses escrita por Cumbercookie


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Foi comentado que alguns nomes parecem ter vindo de uma novela mexicana - foi minha intenção desde o início. x)
Talvez alguns nomes fiquem estranhos no português, então recomendo que leia-os com um toque estrangeiro. Não que você seja obrigado, mas é só pra ficar mais bonito.



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Os olhos vinho refletiam as estrelas que solitárias no céu iluminavam a noite de Lua Nova. Uma suave brisa movimentava o capim, já alto, que cobria mais da metade da perna do asmodiano. Lentamente se aproximara um rapaz de cabelos negros. Não era preciso muito para sentir o cheiro humano – porém estranho – dominando o perfume suave da floresta próxima.

- Você não deveria estar lá dentro? – o humano sorriu, colocando as mãos na cintura.

- Não, não é preciso. Elas podem tomar conta disso. – retribuindo o sorriso, o demônio fitou o chão por alguns segundos.

- Ainda parece preocupado com algo. Linhagem sanguínea outra vez?

- Não. O que me aflige, meu bom amigo, é outra coisa. Um dos líderes do Sul.

Elyos vivera por anos com uma monarquia, rei e rainha governavam juntos. Junto a eles havia um conselho onde clãs de puro sangues de diversas partes do continente principal – e até dos subcontinentes – se reuniam para discutir medidas para todo o reino, inclusive medidas para controlar certas espécies – humanos em especial. Nos últimos anos Elyos entrara em uma guerra interna entre clãs e acabou dividida em quatro regiões – Norte, Sul, Leste e Oeste – cada qual com um clã próprio e seu líder. A região Sul era dominada pelo tirano Duel Pon Zec, único líder da história sem um clã formal, extremamente conservador e defensor da linhagem pura, enquanto a região Norte estava nas mãos do clã dos Cânions Flamejantes. O líder atual, Lyze, legítimo herdeiro do trono que fora de seu pai, sir Ezyr, estava disputando as regiões restantes e subcontinentes com Duel.

Lyze, ao contrário de Duel e da maioria dos asmodianos da época, era contra a divisão por linhagem sanguínea e recusava o fato de que humanos eram pragas corroendo o universo, seres destinados a sumir. Mesmo sendo contra os ideais asmodianos era extremamente respeitado, reconhecido mais por sua sabedoria do que pelos seus sentimentos humanoides.

- Você anda se preocupando com ele? Perto de você, aquele cara não passa de uma formiguinha. – debochou o humano cobrindo a face com a mão

- Talvez uma formiga sozinha não consiga lutar contra uma aranha, mas a força de um formigueiro inteiro derrotará qualquer aracnídeo em seu caminho.

- Que seja... Você é complicado demais Lyze. Se acha que vários vão aderir a causa dele, está enganado. Ora, você é o mais famoso daqui.

- Você não compreende, não é? – o asmodiano sorri e encara o local que a Lua normalmente ocupava

- Nah, acho que não. Sou apenas um passarinho fora do ninho que se perdeu no meio de uma gataria. – forçando um sorriso, o humano deu uns tapinhas nas costas do companheiro – Vou te deixar em paz. Aliás, você deveria ir com Florena.

- Em breve.

- Ah! Antes que eu me esqueça... – interrompendo o asmodiano, pulou em sua frente e o encarou – Tenho a vaga lembrança de que você me disse que poderia participar da escolha do...

- Dio.

O humano deu outro pulo, dessa vez para trás e segurou o riso.

- Você consegue ler mentes e nunca me disse! Imagina quanta saliva eu poderia ter poupado sabendo disso mais cedo? – imitando um choro, balançou a cabeça – Dio parece uma espécie de apelido para garotinhas que sonham em ser lindas princesas. Alguns dizem que o nome carrega todo o destino e personalidade do indivíduo, sabe o que isso quer dizer? Quer dizer que...

- Você realmente quer discutir sobre nomes? – sorriu – Já prestou atenção no seu? Nem elfos devem querer um igual.

- Mau gosto, é claro. Meus pais sabiam que esse nome significava grandeza. Além disso, todas as mulheres me querem, sejam elas de qual raça forem. Ainda sou indestrutível. Preciso dizer mais?

Uma jovem asmodiana apareceu na porta da casa, pouco longe do campo. O moreno, percebendo que essa era sua deixa, deu alguns passos para trás, ainda tagarelando e partiu. Sempre fora assim, pelo menos desde que Lyze pudesse se lembrar. Em sua juventude, ambos saiam para festanças e frequentavam quase que diariamente os bares locais. Tudo acabou no dia em que Lyze conheceu Florena, uma asmodiana de classe sanguínea baixíssima que ajudava a mãe em uma floricultura, cultivando rosas peculiares. Não eram vermelhas, rosas, brancas, azuis ou amarelas. Eram negras. Desprezadas por todos, quase sempre morriam lá mesmo, algumas sem a companhia da sua cultivadora que por causa de sua saúde frágil vivia em repouso. Sua irmã Farina era desprezível, até mesmo para os ideais asmodianos. Para a infelicidade de Lyze, ela tivera que morar junto à irmã após seus pais serem assassinados.

Observou a porta por alguns segundos e caminhou até lá lentamente. A partir daquele dia as coisas iriam mudar radicalmente. Olhou para as rosas próximas à porta, estavam totalmente negras, como buracos na realidade que levavam para outro canto de um universo totalmente diferente. Sem a Lua elas pareciam estar mortas, penduradas a roseira apenas por teimosia.

- Foi duro para ela, sabia? – Farina disse, em tom arrogante.

- Imagino. – encarou friamente a cunhada. Era típico dela agir de tal maneira, já estava cansado de aturá-la, mas engolia cada palavra. Não por educação, mas sim por Florena.

- Pelo menos ela sobreviveu. Adormeceu, mas ainda vive. – a asmodiana tentava esconder o tom de nojo quando jogou seus cabelos loiros por cima de sua face. Assim como sua irmã, não possuía chifres ou asas por ter um sangue extremamente impuro, infectado com o sangue de classes baixas próximas a escravos, sendo então seu cabelo o único escudo emocional que possuía.

- E isso não é bom? Agora, se me dá licença, eu quero ver minha esposa. – forçou o sorriso e ignorou as palavras de Farina, insultos em sua maioria, dirigindo-se a escadaria.

Naquela noite nascera um meio-sangue, o primeiro da linhagem. Um sangue que tecnicamente seria impossível, a mistura do puríssimo com a impureza quase total. Dio, o primeiro meio-sangue do clã dos Cânions Flamejantes e segundo herdeiro do trono.

-

Noutro lugar, longe dali, um jovem de olhos azuis observava o céu. Sua irmã também nascia naquela noite. Seu pai havia sumido e estava provavelmente morto. Seu irmão mais jovem brincava com os vagalumes e sorria. Provavelmente ele era o único que não havia motivos para sorrir. “Não”, pensou. Ele tinha um motivo. Sua irmã. Sim, ela deveria valer seu sorriso. Pensava também em um companheiro de batalha que prometera estar lá naquela noite e convenientemente avisara de ultima hora que não poderia ir. Encarou a garra em sua mão direita e se lembrou de um inimigo que ansiava o ataque.

Seu sangue não era puro e vivia nos limites da região Sul com a região Leste, sempre fugindo do tirano Duel que jurara matar todos aqueles que corrompiam a pureza de sua região. Seu amigo prometera ajuda com Duel, mas a comunicação dificultava o processo. Forçou-se a limpar a mente e pensar em algo mais feliz, alguma esperança, qualquer coisa. Como iria ver Dianna com a mente naquele estado? 


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