Ele não morrera, mas eu o enfraquecera. Nana empurrou-o de cima dela.

        “Rápido” disse ela “vamos empurrá-lo para fora...” ela estava ofegante.

        Nem respondi nada, apenas ajudei-a. Mas ele era um peso morto. Levamos pelo menos dez minutos para leva-lo da cozinha ao jardim dos fundos.

        “O que faremos?” perguntei.

        “É simples: Eu preciso mordê-lo e queimá-lo depois. Mas eu nunca fiz isso antes.” Ela respondeu.

        Franzi o cenho e fiquei estranhando a coisa toda por dois motivos: Não era simples e eu não tinha mínima ideia de como iríamos queimá-lo. Mas assenti.

        “Acho que não temos muito tempo, mas vamos tentar!” Nana disse.

        Ela abaixou-se, aproximou-se do pescoço dele, mas pareceu hesitar um pouco antes de fincar seus dentes enormes naquele mesmo ponto. Louis mexeu-se um pouco e Nana tirou seus dentes do pescoço dele. Vi sua boca completamente ensanguentada.

        “Miss” ela ofegou “Vá pegar um lençol, fósforos e jornal.”

        “Certo” assenti e saí correndo ao meu quarto.

        Peguei: o lençol mais velho que tinha, meu isqueiro de prata e uma das minhas revistas Vogue. Desci as escadas, mais uma vez, correndo.

        “Nana” chamei já na porta da cozinha.

        “Vem, Miss. Ele vai acordar em pouco tempo. Eu machuquei-o bastante.”

        Entreguei-lhe as coisas e ela começou a enrolar Louis no lençol. Ele mexeu-se um pouco mais, mas até ali estava tudo bem. Ela tocou fogo na minha revista e espalhou o fogo por uma ponta do lençol, mas ele começou a mexer-se...

        “Ele acordou...” eu disse num sussurro desesperado.

        “Fique calma! Talvez ele esteja muito tonto pra se levantar!” ela falou, mas parecia estar rezando para que o que dissesse fosse verdade.

        Mas não era... O lençol já estava em chamas, quando Louis levantou-se e arrancou-o de seu corpo. Seus olhos brilhavam mais vermelhos do que nunca... A ferida que eu fizera no meio de seu corpo com a tesoura, permanecia ali. Mas ele continuava vivo...

        “Malditas!” ele gritou.

        Senti meu coração palpitar novamente. Ele ia nos matar.

        “Não, eu não vou matar vocês!” ele notara nosso terror “Garden pediu as duas bem vivas!”

        “Nós não vamos com você!” Nana berrou.

        Mas Louis correu e, antes que Nana pudesse fazer alguma coisa, me agarrou. Sim, por mais que eu odeie admitir, fiquei indefesa! E o que Nana podia fazer... Eu teria feito o mesmo por ela.

        Louis ameaçou fincar seus dentes em meu pescoço e por mais que eu gritasse “Nana, foge daqui!”, ela ficou ali pensativa e respondeu:

        “Louis, eu vou com você... Mas ela não te fez nada. Deixe-a aqui!”

        Eu me desesperei ainda mais.

        “Nada disso.” Louis falou “Ou as duas vão ou essa aqui morre!” ele ameaçou fincar os dentes novamente.

        “Eu vou também...” falei, entre soluços de desespero “Nós duas vamos, tudo bem?”

        “Ótimo.” Louis sorriu “Então, vamos.”

        E ele me pegou em seu colo.

        “Ariana, você ainda tem forças pra correr?”

        Ela não respondeu. Tinha seus olhos no chão; pude ver a fúria corroendo-a.

        “Parece que não alimentou-se direito...” ele falou e começou a correr, numa velocidade impressionante.

        Eu não sabia aonde estávamos indo, mas logo descobri que não era um lugar muito bom...