Raios De Luz escrita por Noderah


Capítulo 3
Acordada pelo Sol


Notas iniciais do capítulo

Olá! Demorei mais do que o normal para postar esse capítulo... Me desculpem... Mas aqui está ele, e eu gostei muito de escreve-lo. Espero que entendam ao lerem o por que dele ter demorado, ele requer muito tempo e sentimento. Espero que gostem :)



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                Sei que o certo seria eu ir atrás de Hiver, mas um cara gato tinha me dito para ir com ele, então qual era o meu problema se eu dissesse “Não!”? Problemas sérios, sim. Mas eu tive muitos mais problemas quando eu disse que iria com ele.

                - O que? Para onde você vai me levar? – Perguntei.

                - Até a minha casa, não é longe daqui.

                - Eu não vou demorar. – Falei.

                Ele sorriu. Ele tinha dentes lindos e brilhantes. Meu impulso foi sorrir de volta, mas me segurei.

                Falkon assumiu a frente e viramos a esquina. Tinha um carro preto estacionado embaixo da sombra de uma árvore. Não podia ser dele, era um carro muito caro para um garoto que usava roupas tão simples. E além do mais, Falkon é um garoto. Até eu sabia que era um Land Rover.

                O garoto tirou as chaves do bolso e pressionou um dos botões. Luzinhas acederam do carro caro.

                - Fala sério, esse carro não é seu. – Apontei pro carro.

                Ele me encarou.

                - Eu não roubei, tá. É meu.

                Ele deu a volta e abriu a porta. Ele deu a partida no carro e gritou lá de dentro:

                - Você não vem?

                Abri a porta do passageiro e sentei, Falkon saiu da vaga e entramos em uma rua maior. Por dentro o carro era mais bonito ainda. Tinham bancos de coro branco, um som bom e um colar que parecia um broche avantajado, ele estava preso no carro. Era grande e circular, incrustado de alguma pedra preciosa branca e cristalina, parecia bem nobre e não parava de balançar enquanto o carro corria. Segurei o broche na minha mão, pude ver Falkon segurando com força o volante pelo canto dos olhos.

                Soltei o broche.

                - Faz muito tempo que eu não te vejo. – Falkon disse.

                - Você já me conhecia? – Olhei para ele.

                - Todo guardião conhece sua guarda, assim como todo caçador conhece sua caça. Somos predestinados ao nascer.

                - Ao nascer?

                - Sim.

                Fiquei quieta, pensativa. Até que a estrada foi substituída por um caminho de terra. Tentei lembrar onde passávamos, para se for o caso, sair correndo e voltar para o lugar certo. Mas minha mente nunca foi das melhores.

                - Chegamos.

                Falkon estacionou atrás de um carro prateado e desligou o motor. Paramos em frente a uma casa grande, estávamos em um pequeno sítio. Tinha um celeiro ao lado de uma casa de dois andares e eu podia ouvir água descendo em algum lugar, sinal de que tinha uma cachoeira por perto. Aquele lugar tinha cheiro de pinho, assim como Falkon.

                Ele saiu do carro e eu fui atrás dele. Ele trancou o carro e abriu a porta da casa com uma chave junto com a do carro. Falkon deu espaço para eu passar e fechou a porta atrás dele. A casa era bem iluminada e ajeitada. Tinham dois sofás na sala, uma poltrona grande, uma TV de tela bem grande e a cozinha era no estilo americano, ela era aberta para a sala e tinha um balcão grande e espaçoso. Tinha uma estante na sala com vários livros grossos e uma lareira embaixo da TV. Entre os sofás, havia uma mesinha de centro, e uma janela atrás de um dos sofás. Uma escada subia para o andar de cima.

                - Sente-se. Vou fazer um chá.

                Obedeci. Tirei minha bolsa e a coloquei no chão, aos meus pés. Apesar de a sala ser ampla, me sentia sufocada. Dei a volta no sofá e abri a janela, respirei o ar puro, mas ainda estava incomodada. Algo cutucava o meu peito.

                - Sentindo-se mau? – A voz grave de Falkon se projetou.

                Falkon carregava uma bandeja com duas xícaras de chá e um bule.

                Neguei sua pergunta com a cabeça. Voltei a me sentar, Falkon me estendeu uma xícara de chá. A segurei e beberiquei... Hortelã.

                - Como sabia que eu gostava de hortelã? – Perguntei.

                - Como eu te disse, todo guardião conhece sua guarda, assim como todo caçador conhece sua caça. – Ele bebeu um gole do chá e apoiou a xícara no pires.

                - E Hiver é minha caçadora, e você meu guardião? Guardião do que?

                - Na verdade - Falkon bebericou o chá. – Ela falou a verdade. Eu menti. Sou seu caçador, Foxie.

                Larguei a xícara de chá. O líquido quente derramando no tapete branco e fofo embaixo da mesa de centro. Meu rosto estava imóvel, assim como meu corpo.

                - Surpresa? – Falkon riu – Fuja.

                Não pensei duas vezes. Levantei bruscamente e puxei minha bolsa. Passei-a ao redor do corpo enquanto eu pulava o sofá e passava pela janela. Caí no chão da varanda, eu tinha esquecido as escadas em frente a porta. Gemi de dor. Levantei e quando olhei pela janela, Falkon não estava mais sentado no sofá. Pulei o corrimão da varanda e saí correndo pelo gramado, fui floresta adentro.

                Os galhos se prendiam em minha roupa e as lágrimas começavam a cair. Eu não sabia do que fugia.

                Parei em uma das árvores, tentando me esconder, olhei para cima e em um dos galhos, não muito distante de mim, estava Falkon.

                - Você não sabe o que é, Foxie? Quer que eu te diga?

                Minha respiração estava ofegante, minhas pernas não paravam de tremer. Então... Aquilo era sentir o perigo.

                - Você... É um foco.

                Gritei e sai em disparada. “Eu não devia ter feito isso, preciso saber o que sou... Não, ele ia me machucar... Mas do que eu estou fugindo? O que significa ele me caçar?”, minha mente entrava em conflito consigo mesma.

                Tropecei na raiz de uma árvore e cai no chão. Meu pé doía muito e podia sentir meu coração bater muito alto. Me arrastei.

                - Um foco, é um ser capaz de dominar algo. – Falkon disse parado na minha frente - No seu caso... Bom, terá que descobrir sozinha. Vocês, focos, são vários, alguns morrem sem saber o que são. Mas sempre são de uma dinastia, ou seja, seu pai era um foco, você é um foco e seu filho será também, quanto mais forte é o sangue, mais forte o foco. E o que denomina o sangue forte? O destino? Quem sabe?

                Ele sumiu quando eu o busquei no meu campo de visão. Levantei e tentei correr, cai novamente. Meus gritos ecoavam no bosque, mas ninguém me ouvia.

                - Nós, caçamos vocês. – Falkon surgiu de trás de uma árvore. – Essa raça horrível... Vocês deviam se envergonhar mais. Deviam continuar o pacto, deviam nunca mais prosseguir com a geração, como prometeram. Não é nada pessoal, Foxie, só preciso te matar.

                Ele limpou as unhas apoiada em uma árvore.

                - Não pensei que seria tão fácil... Madalena não te contou, não é?

                Meus olhos dilataram.

                - Não fale o nome da minha mãe... Não diga o nome dela!

                Levantei, com as minhas forças reunidas. Corri em sua direção e enfiei a caneta que tinha pego dentro de minha bolsa, em seu braço. Falkon gritou de dor. Cai no chão e voltei a correr. “Eu não sou como eles, Falkon, não me mate”.

                Eu corria perdida por entre o bosque.

        Buscava uma saída, mas a minha vontade era sentar na terra e implorar perdão. Não sei pelo o que, ou sei. Mas não sei por que tudo começou. Afinal, a razão pela qual ele caça os da minha raça, não tem nada há ver comigo... Certo?

                "Certo. Eu era diferente!"

                Virei para vê-lo no chão, mas ele não estava mais lá. Virei para frente para correr, mas Falkon impedia meu caminho. Gritei e dei um passo para trás. Falkon tirou algo do bolso. Uma adaga.

                - Deveria ter ouvido Hiver. Sua tolinha... – Falkon segurou meu rosto e pressionou a adaga da minha garganta, eu podia sentir o corte em meu pescoço.

                Fechei os olhos, enquanto a dor ficava mais intensa. Porém, ela cessou. Abri os olhos.

                Falkon não estava mais perto de mim, ele estava no chão. Seu corpo estirado no chão, e a garota que eu tinha esnobado, me protegia com o pé em sua garganta.

                - H-Hiver...

                - Seu obsceno... Como pode encostar nela? Como pode? – Hiver perguntava com fúria.

                Falkon a olhava com algum sentimento muito forte nos olhos. Algo mais profundo que ódio. Algo antigo, que eu nunca vira.

                - Foxie! – Hiver gritou ao me ver cair.

                Meu corpo cedeu, minha mente apagou e eu desmaiei.

                ...

                - Ela está legal! Está aqui, tomando banho... Ela pediu para eu ligar e falar com a senhora... Ah, não, eu insisto! Sim, nos conhecemos na escola. Ela pediu para eu ligar e pedir desculpas também... Sim, sim! Obrigada! Boa noite!

                Parecia um dialogo de uma pessoa só... Não, um monologo. Era só a voz de Hiver, mas ela com certeza falava com alguém. Era só isso que eu sabia.

                Abri os olhos e a luz forte me cegou. Gemi.

                - Ah, você acordou, Vossa Alteza. – Hiver disse.

                Tentei falar, mas minha voz falhou. Meus olhos funcionavam agora, eu estava em um quarto todo branco. Uma estante branca com uma televisão de plasma, um armário branco, uma cama de madeira pintada de branco, lençóis brancos, uma poltrona branca, uma mesa de madeira com cadeira de madeira, pintadas de branco. E eu vestia um roupão branco.

                - Eu troquei sua roupa. Tudo bem. Você deve estar confusa.

                Hiver estava sentada ao meu lado na cama. Ela me ajudou a sentar e me deu uma caneca com algum líquido muito saboroso.

                - Consegue falar?

                - S-sim. – Testei.

                - Quer que eu lhe explique?

                - Por favor.

                - Há muito tempo, uma nova raça nasceu: os focos. Seres humanos que vivem mais que seres comuns, eles podem controlar certos elementos que não são muito bem identificados pelos seres humanos comuns. São divididos em dinastias, cada dinastia como o foco em um elemento diferente. Há muito tempo também, eles começaram a serem caçados, alguns desses caçadores, nascem já prontos para caçarem, o caso do Falkon, eles nascem prontos, pois também tem focos, também controlam alguma coisa, mas vivem como um ser humano qualquer e não tem a graça de um foco. Para protegê-los, foi criada a ordem dos guardiões, o meu caso, que vivem para proteger vocês. Não posso te dizer qual seu foco, você deve descobrir sozinha, mas posso protegê-la; Assim como eu fui predestinada a te proteger, Falkon foi predestino a te caçar, até sua morte. – Hiver palestrou.

                - Eu vou morrer?

                Hiver riu.

                - Não, eu não vou deixar ninguém te ferir, Vossa Alteza.

                - Por que me chama assim?

                - Pois você vem de uma dinastia nobre. Não sou eu que deveria estar lhe falando isso, mas sua mãe negou os fatos a você... Digo, mentiu. Seu pai foi morto pelo seu caçador. Falando em Madalena, liguei para ela. Sua mãe deixou Vossa Alteza dormir aqui.

                - Por favor, não me chame assim. Pode me chamar de Fox, sim?

                - “Fox”? – Hiver riu – Conveniente.

                Ela olhou para o meu cabelo que caia sobre o roupão branco.

                - É por isso que minha mãe me chamou assim... – Sorri.

                Meu pai tinha sido assassinado. Será que minha mãe sabia disso?

                - Deve estar se perguntando se sua mãe sabia disso. Ela sabia.

                - Como você...

                - Mesmo curta, temos uma ligação. Para eu me tornar sua guardiã de fato, precisamos selar o contrato. Assim eu terei acesso a suas emoções e você as minhas. – Hiver respondeu enquanto tirava a caneca de minha mão.

                - E como selamos o contrato?

                - Com um... Beijo.

                - O que?! – Quase cai da cama.

                - Me desculpe, não tem jeito mais fácil. – Hiver ruborizou.

                - Podemos... Selar o contrato amanha? – Minhas bochechas estavam vermelhas, eu sabia.

                - Sim, Fox. – Hiver sorriu.

                Sorri de volta. Eu tinha descoberto tanta coisa, mas parecia legal ter uma vida assim. Principalmente quando eu dominasse meu foco... Mal sabia eu o que eu teria que passar para superar o fim de minha vida humana comum.

                - Ah, acho melhor eu treinar você. Teremos que competir com Falkon e Hans. – Hiver anunciou saindo do quarto.


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Notas finais do capítulo

Não esqueça de deixar seu sexy comentário nessa sexy caixinha aqui embaixo... Seu leitor sexy ;)
Amore ♥



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