Karov jamais pensou que um dia voltaria naquele lugar... Filas... Tremou só de pensar. E lá estava ele, pela sua infelicidade, bem no final de uma enorme fila de um banco.

            Okky estava do seu lado agora, porém. As pessoas o encaravam curiosos com o motivo de uma simples criança e um cara estranhamente alto estarem em um banco. Karov já estava quase vomitando com aquilo... Poderia se dizer que o garoto tinha enjoo de filas.

            - Ah, não posso mais ficar aqui. Vou dar uma saída.

            - Espera aí! – gritou Okky com ele. – Foi você quem disse que deveríamos vir aqui guardar o dinheiro... E agora vai embora?

            - Eu não preciso ficar aqui. Apenas maiores de idade podem criar contas nesse banco. Você não vai morrer. Se precisar de mim, eu estarei dando uma volta pela cidade mesmo.

            Aquela cidade em que eles estavam não era lá muito conhecida. Não havia nenhuma guilda por perto... E tinha até certo clima fantasma que Karov considerava um bom lugar para guardar o dinheiro antes que pudesse comprar a guilda do pai e então... Isso nem ele sabia direito.

Foi pensando nisso que caminhava pelas ruas, sem se preocupar com as poucas pessoas que passavam por ali, deixando o lugar com uma atmosfera ruim para a maioria da população.

            Quando ele viu uma pessoa conhecida por ali. Alguém que certamente Karov jamais esperaria ver naquela cidade ou naquele dia. Essa pessoa no caso era Johan. Eles não eram muito amigos e isso era fato, mas o garoto notou que o outro parecia nervoso como se estivesse fazendo algo que não devesse.

            O loiro não pode evitar em ir atrás e descobrir o que estava realmente acontecendo ali. Johan não parecia nota-lo, talvez nesses momentos Karov ficasse feliz de não ser muito alto. Mesmo que não fosse tão baixo quando Grace era, o garoto não era realmente o mais alto de todas as pessoas.

Mesmo na Fairy Tail, Johan nunca fora o cara que todo mundo conhecesse. Ele era o primo de Rose, Matt e LFJ, mas ele vivia o dia inteiro jogando basquete. E ainda conseguiu passar no exame classe-S sem problemas. Realmente, se Karov um dia quisesse aquela guilda pra ele, precisava descobrir qual era daquele garoto.

            Mas quando o seguia, percebeu que já estavam indo para a entrada da cidade, indo para algum lugar bem longe dali. O loiro até pensou em voltar, achando que Johan pudesse apenas ter pegado uma missão naquele lugar quando percebeu que o garoto parara de andar.

            - O que esta fazendo Dreyar? – ele perguntou se virando e levantando a sobrancelha junto com seus outros bonecos. – Seus pais estão com você?

            De repente, Karov esqueceu que Johan era suspeito ali.

            - EU NÃO SOU UMA CRIANÇA, BELEZA! EU CRESCI TA BOM?!

            De repente, uma multidão olhou para ele o encarando. Sim, Karov também esqueceu que ainda estavam na cidade.

            O loiro sorriu e voltou a encarar o outro mago... Quando percebeu que ele sumiu.- Droga... – sussurrou Karov tentando perceber para onde o outro havia ido. Não conseguia acreditar que havia o perdido. Mas quando olhou para trás para voltar ao banco, sentiu algo bater na sua cabeça e depois seus olhos acabaram sendo obrigados a fechar.

***

Simon estava correndo desesperado. Havia acontecido tanta coisa naquele ultimo dia... Para começar sua suposta mãe tentara mata-lo e depois Wendy havia mandando uma missão de ultima hora a ele para achar o mestre o mais rápido o possível para leva-lo de volta para a guilda antes que desse mais problema do que deveria. Depois também havia o trem que havia quebrado justo naquele momento, fazendo o ruivo ter que atravessar o deserto para chegar ao lugar do trabalho. E estava tãããão quente. Mas ele era um mago, não podia desistir agora.

            Quando finalmente chegou a tal cidade, estava tão cansado que não sabia se havia conseguido algum tipo de recorde de velocidade pelo caminho. Teve que parar e comprar um refrigerante na lanchonete da esquina.

- Por favor. – se dirigiu ao caixa enquanto tentava dizer as palavras corretamente. -... Uma “Fiore-fola”... Rápido.

            - Não tem. Serve “Fepfi”?

            - Serve. – falou sentando no bar, achando que ficariam ali pelos próximos três dias... Quando viu duas pessoas conhecidas ali na rua ao lado. Era Karov... E Johan? Eles pareciam estar brigando... Simon pegou sua fepsi e bebeu um gole, quando viu Johan bater na cabeça de Karov, fazendo o garoto desmaiar ali no meio da rua, e então cuspiu tudo pra fora. Mas... O que foi aquilo? Ele sabia que Karov havia se tornado um rebelde, mas por que fora Johan que batera nele?

O garoto percebeu o ruivo ali e fora falar com ele levando o loiro nas costas.

            - Oi, Simon. E aí! – ele disse.

            - Johan? O que aconteceu aqui?

            - Nada de mais... Não se preocupe, é sério.

            - Ok então. – disse o ruivo dando de ombros. – Preciso encontrar com o mestre... Ele esta aqui em algum lugar...

            - O mestre está aqui?! – perguntou assustado.

- É... Wendy me disse que ele estava em algum tipo de missão secreta... Mas cara, você não acredita, os antigos membros acordaram!

            A cara de Johan mostrava que ele estava realmente feliz com aquilo.

            - É mesmo?

            - É. Depois volte lá, por enquanto só duas pessoas acordaram, mas é um sinal.

            - Ah... Bem parece que sim, eu tenho que ir. – disse ele e continuou seu caminho. Foi só horas depois que Simon chegou a se lembrar de perguntar ao garoto o que ele fazia ali... Mas aquilo não era tão importante assim, era?

***

Johan realmente jamais pensara em ser um espião na sua vida... Não é como uma criança dizendo “quando crescer e ser um alguém que trai meus amigos e família”. Ninguém realmente já disse isso, e ele também não. Johan, na verdade, só tinha um sonho, ser um jogador de basquete. Mas como a vida é uma grande injustiça, ele recebeu também magia no meio disso. É claro, no inicio ele adorava essa tal de magia que fazia bonecos ganhar vida para brincarem com ele e também o fazia ter habilidades muito parecidas com animais. Era realmente... Algo mágico.

            No inicio.

Depois com o tempo, Johan começou a perceber que as pessoas esperavam mais dele. Elas achavam que só porque ele tinha magia que tinha que entrar numa guilda e viver a vida em missões perigosas derrotando monstros. E quando recebeu o convite da Fairy Tail, mesmo não querendo ir, não pode recusar ao ver os três primos, praticamente sua única família, tão ansiosos a participar daquilo.

            O garoto realmente não entendia.

            Fairy Tail realmente não era ruim no inicio... eles tinham uma quadra de basquete. Mas depois de alguns dias, Johan percebeu que aquele lugar não era para ele. Além de não ter ganhado um time sequer, parecia que todos o achavam um inútil e isso... Isso o deixava morrendo de raiva.

            Foi na sua primeira missão então que conhecera Iwan. O mestre da dark guilda, expulsa já havia muitos anos pelo conselho mágico ao infringir as regras de um torneio, Raven Tail. 

Esse mestre era a pessoa mais estranha que já conhecera na vida... Mas apesar de um velho chato e ranzinza, oferecera a ele a única coisa que queria. A destruição da magia. E uma vez a magia sendo destruída, Johan poderia se tornar um jogador de basquete em um mundo onde os jogadores eram a coisa mais legal que tinha.

            Como recusar isso?

            Foi desde então, que Johan resolveu se unir a ele, e participar de seu plano. E ele tinha certeza que as coisas ficariam mais fáceis assim que entregasse Karov a ele. Afinal, Karov era de certa forma, um descendente de um Dragon Slayer. Poderia ter alguma magia diferencial que ajudasse nesse plano todo.

            E tudo que havia na sua cabeça eram milhares de pessoas de todos os gêneros, classes e cores, gritando seu nome em voz alta enquanto fazia uma cesta e era levado para o alto pelos seus colegas de time...