It Was Just A Dream. - Faberry escrita por aliittlelamb


Capítulo 21
One star


Notas iniciais do capítulo

Olá...



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Quarta Feira. Rachel desperta de seu sono, sente algo pesado em cima do seu corpo e uma respiração quente em seu pescoço; ainda sonolenta, tenta se virar, mas não é forte o bastante e o corpo parece deixar todo o peso em cima dela. Irritada, bufou:

– Quinn! - da alguns coices na loira que resmunga e apenas vira o rosto. - Espero que esteja confortável usando meu corpo de colchão.

Ouviu uma risada reprimida e bufou mais alto enfiando o rosto no travesseiro. Sentiu a mão de Quinn subindo pelo seu braço fazendo caminho com dois dedos, sentiu um arrepio bom no rastro dos dedos de sua garota e fechou os olhos para apreciar. A loira levou os dedos ao pescoço da pequena e começou pequenos movimentos de massagem, Rachel suspirou e Quinn ergueu a cabeça:

– Só se for de colchonete, não é, amor? - mordeu o lóbulo da orelha da pequena e pulou da cama.

Rachel se virou arregalando os olhos e totalmente ofendida. Quinn ria do banheiro agora escovando os dentes, e a encarando do reflexo do espelho. A pequena bufou pela terceira vez e jogou as cobertas para longe, se levantou e vestiu seus shorts, uma camisa e entrou no banheiro bagunçando o cabelo da namorada mais ainda e se pondo a escovar os dentes também.

– Estava pensando em comprar um caminhão de bombeiro para Benjamin, o que acha? - sugeriu a loira depois de secar a boca e agarrar Rachel a força para um beijo de bom dia.

– Eu vou dar uma coleção de Funny Girl. - comentou a pequena logo depois de enxaguar a boca. - Aquele garoto ama música.

Quinn lançou um olhar do tipo "você só pode estar brincando" e começou a "preparar" o almoço - Rachel a ajudou com paciencia a preparar alguns pratos.

– O que vai querer hoje? Lasanha? Pedi a receita da torta vegan para aquele restaurante que a gente sempre compra, se quiser posso preparar...

A pequena balançou a cabeça e abriu a porta de vidro tomando uma rajada de vento fresca.

– Estou sem fome. - respondeu voltando para ligar a TV.

A loira apertou os olhos e deu de ombros.

– Ótimo, vou fazer lasanha. - tirou as panelas do ármario e começou a preparar seu prato favorito, na verdade era seu prato favorito quando sua mãe fazia, mas não custa arriscar, não é? O apartamento tem seguro caso pegue fogo.

Infelizmente, Rachel colocou mais um de seus musicais e começou logo de manhã a cantarolar de um lado para outro arrumando suas roupas, levando para a lavanderia, as vezes parava no meio da sala para ver uma parte importante. Quinn apenas ria das performances engraçadas que a pequena fazia, agradecia mentalmente a Deus pelo acontecido da noite passada ter sido esquecido e sua garota ter acordado de bom humor. Sua cabeça ainda doía devido a ressaca e lhe dava apenas alguns flashs dos acontecimentos da festa, o que eram o suficiente para não querer tocar no assunto com mais ninguém.

– Eu quero confessar uma coisa. - a voz de Rachel a tirou de seus devaneios e se viu diante de uma pequena que ficou entre ela e o armário.

Ela tinha a expressão séria.

– O que? - a loira tremeu em pensar que elas estavam bem demais para ser verdade, Rachel abaixou a cabeça e segurou a mão de Quinn:

– No baile do segundo ano, eu cantei Jar of Hearts para você... - viu a expressão surpresa no rosto da loira e continuou: - Você fingiu ser minha amiga para voltar com Finn e isso me destruiu, Quinn.

Quinn maneou a cabeça e segurou o rosto da pequena.

– Por que estamos falando do passado?

Rachel balançou a cabeça insistemente e tirou as mãos de Quinn do seu rosto.

– Quando Jesse e Finn foram expulsos e você correu para o banheiro, Deus sabe como eu relutei em ir atrás de você. - tomou ar e passou o dedo indicador abaixo do olho da loira. - Deus sabe como foi difícil para mim enxugar suas lágrimas sem poder te beijar.

Sua mão desceu para o lábio da loira e no segundo seguinte o tomou com os seus, puxando a loira para mais perto, para sentir seu corpo, queria fundi-las como uma só. Esperou tanto tempo por aquilo que ficar minutos sem beijar Quinn era como tirar-lhe o sorriso de uma vida inteira.

– Rach... - murmurou a loira entre o beijo tentando sair do beijo. - Rachel...Lasanha...Queimar...

As duas sentiram o cheiro de queimado, então Rachel saltou e gritou assustada. Quinn correu pegar uma luva e abrir o forno de onde uma fumaça preta saiu, a pequena começou a tossir e se afastou em direção a sala.

Ok, queimou.

Rachel fez uma carinha de inocente quando recebeu um olhar furioso da namorada e correu para seu estúdio. Quinn xingou alto quando queimou o dedo e em seguida riu, não conseguia ficar brava com Rachel nem por um minuto. Isso era carma. Jogou tudo no lixo e optou em comer no restaurante do prédio antes que algo pior acontecesse; avisou Rachel e desceu.

Quase uma hora depois quando voltou, encontrou o apartamento incrivelmente igual. E isso era suspeito quando Rachel Berry estava lá dentro. A TV ligada, agora estava nos créditos, o cheiro de queimado impregnado na cozinha, a porta aberta e o cesto de roupa no mesmo lugar onde a pequena havia deixado. Quinn desconfiou, algo estava errado, ela caminhou pelo corredor até a porta entreaberta do estúdio, ficou em silencio e olhou: Rachel estava de costas, parecia atordoada e olhava algo em suas mãos. Preocupada, Quinn abriu a porta e o som fez Rachel assustar e se virar.

O coração de Quinn deu um salto.

– Rachel, você está sangrando? - sua pergunta saiu afobada, olhava das mãos ensanguentadas de Rachel para o nariz onde ainda tinha um rastro do liquido vermelho.

A pequena limpou a mão em um pano que Quinn notou estar cheio de sangue.

– Já faz meia hora. - respondeu Rachel parecendo envergonhada.

Quinn levou alguns segundos para pensar no que fazer, então segurou a mão de Rachel cuidadosamente e a levou para o banheiro onde molhou a ponta da toalha e começou a limpar o nariz dela delicadamente.

– Você é muito boa para mim. - comentou a pequena encarando os olhos verdes.

– Faço porque amo você, - respondeu sem olhá-la nos olhos. - não quero que me esconda nada disso.

Rachel concordou e sorriu levemente, sua namorada jogou a toalha no cesto e deixou que a pequena fosse se trocar. Quinn estava preocupada, não gostava de ver sangue, a verdade é que a deixava enjoada, mas é claro que isso não importava agora. Felizmente, era dia de Rachel voltar ao hospital para tomar os medicamentos e extrair medula. Quando a loira foi até o quarto, depois de limpar o sangue no chão do estúdio, Rachel ja estava pronta e sentada na cama esperando-a com uma expressão ainda envergonhada; Quinn a beijou nos lábios e se trocou.

Já no hospital, Rachel correu para a sala de Roberto com Quinn afobada logo atrás. O médico levou um susto, mas se recompôs sorrindo gentilmente para a pequena, e dizendo que estava tudo bem ao pedido mudo de desculpas de Quinn.

– Sangramento faz parte dos sintomas da Leucemia. - explicou conduzindo as duas pelo corredor. - As vezes até em excesso.

Quinn anotou mentalmente e abraçou Rachel que ainda parecia fragilizada, deu seu melhor abraço de urso nela arrancando-a do chão. As duas riram e a pequena bagunçou o cabelo da loira.

Roberto pediu para que Rachel tirasse a blusa e se deitasse na maca, a pequena relanceou os olhos de Quinn para o médico e com um medo implantado em seus olhos, obedeceu. Enquanto a pequena o fazia, Roberto sussurrou para Quinn:

– Seria bom se você conversasse com ela durante o procedimento, costuma ser muito doloroso.

Quinn concordou e engoliu em seco. Olhou para a namorada deitada de barriga e respirou fundo, lembrou-se de que não era permitido anestesia na extração de medula e por um momento sentiu vontade de chorar.

Precisava ser forte por Rachel.

Um enfermeiro ofereceu-lhe um banquinho e a loira sentou ao lado da cama.

– Amor, - chamou ela. Rachel virou o rosto para olhá-la e sorriu; o sorriso mais doce e inocente que ela já vira na vida. - posso te fazer uma pergunta?

Rachel balançou a cabeça e apertou sua mão, Quinn viu o tamanho da agulha nas mãos de Roberto e sua aflição começou a aumentar, queria que fosse nela aquela dor.

– Lembra quando fomos ao chalé?

A pequena sorriu.

– É claro que eu me lembro. - respondeu, Quinn passou os olhos desesperadamente para a agulha mais uma vez.

– Eu disse que nós teríamos filhos, e não estava brincando. - Roberto olhou-as com admiração e esperou por um momento, queria ouvir um pouco mais sobre aquelas duas garotas. - Sabe o que imagino?

– O que? - perguntou Rachel curiosa.

Quinn deitou a cabeça no braço da cama e olhou-a bem fundo nos olhos, permitindo que se ligassem por completo, ela podia ver a alma de Rachel agora, e era linda.

– Imagino um casal. - falou, Rachel gemeu e sua expressão endureceu, apertou a mão de Quinn como se aquilo pudesse salvá-la enquanto Roberto inseria a agulha. Quinn apertou os olhos e se obrigou a manter-se forte. - Imagino um garoto e uma garota, ambos morenos como você, e com os meus olhos. - aumentou um pouco a voz para que a pequena a ouvisse através de seus gemidos angustiantes. As mãos entrelaçadas começaram a tremer. - Eu tenho certeza de que o garoto vai ser mais apegado a você e com manias de divo, vai querer ser o melhor em tudo e não vai parar até conseguir o que quer, assim como você, amor. - Roberto tirou a agulha e a expressão de Rachel caiu, ela suspirava pesadamente e seus olhos pareciam moles demais para conseguir olhar para a namorada. - A garotinha vai ter o seu lado sentimental, vai fazer bico quando não conseguir algo, seus grandes olhos castanhos vão ficar vermelhos e chorar, pedir colo e carinho. E então vai sorrir e querer cantar uma musica.

Rachel conseguiu dar um meio sorriso e soltar a mão de Quinn, Roberto se aproximou delas e disse que quando a pequena estivesse se sentindo melhor para chamá-los que ele traria os remédios. Rachel não disse nada durante um tempo e a loira respeitou, ela precisava descansar, então apenas a observou: observou sua respiração se acalmar, seus olhos se fecharem para descansar, seus lábios levemente abertos e uma pequena olheira. Sorriu. Ela tinha a garota mais linda do mundo só para ela, e não podia sentir-se mais satisfeita que isso.

Passado quase meia hora, a porta do quarto se abriu e Mercedes entrou por ela. Rachel quase caiu da cama e gemeu alto pela dor, Quinn a segurou e olhou assustada para Mercedes que largou a bolsa em cima de uma mesa e puxou uma cadeira para sentar-se ao lado delas.

– Como está, Rachel? - perguntou um pouco ansiosa. A pequena se recuperou do susto e fechou a cara, então Quinn respondeu por ela:

– Como você sabe?

Mercedes a olhou como se dissesse "Tem certeza de que não sabe?". Então Rachel e Quinn se entreolharam e disseram em uníssono:

– Kurt!

– Mas isso não importa, como você está? - insistiu colocando a mão na testa da pequena medindo a febre.

– Experimente ter uma agulha de 3cm dentro de você e depois me diga. - respondeu a pequena amargurada, mas depois pareceu perceber o que tinha feito e balançou a cabeça como uma doente mental. - Desculpe, Cedes. Estou bem agora, apenas esperando para tomar o maldito remédio e voltar para casa.

Mercedes sorriu maniaca e disse:

– Então vocês vão gostar de saber da novidade.

– O que? - perguntou Quinn virando-se para ela. Rachel ergueu as sobrancelha e Mercedes fez suspense batendo os dedos na grade da maca.

– Adivinha quem é a nova locutora da rádio de Lima? - sua voz saiu excitada e animada.

Quinn riu e Rachel ficou boquiaberta se perguntando que diabos ela estava arrumando ainda em Lima quando estava estudando em uma das melhores Universidades de Los Angeles.

– Mercedes, isso é maravilhoso. - cumprimentou Quinn abraçando-a.

Rachel esticou os braços para que fosse abraçada e murmurou qu estava feliz por ela, mesmo que achasse isso estranho.

– Eu sei, eu sei. - disse Mercedes jogando os cabelos para trás. - Eu faço o rádio Romance que começa a meia noite, vocês deveriam escutar algum dia, tenho certeza que adorariam, ainda mais você, Quinn, que é toda romântica. - riu. - São apenas musicas românticas, frases, signos e toda essa melação.

As três riram e a porta foi aberta mais uma vez, agora por Roberto. Rachel enterrou a cabeça no travesseiro da cama em desgosto e Mercedes disse que esperava lá fora.

– Apenas mais esse, amor. E nós vamos ver Benjamin. - garantiu a loira dando um selinho na namorada.

Roberto pediu para que Rachel sentasse e preparou as dosagens dos remédios, Quinn tentou ler a receita, mas eram tantos números que seus olhos até embaçaram. Deus, não queria nunca ser médica. A pequena tomou todo o remédio fazendo caretas e não demorou muito para agarrar o braço de Quinn sentindo a ânsia e se curvar para o balde que a loira segurava, e mais uma vez foi como ver um jato direto para o cesto. Era horrível ver Rachel naquela situação, e ela nunca cansaria de dizer que doía mais nela no que na própria Rachel.

Como de costume, a loira entregou uma garrafa para a pequena que fez gargarejo e dessa vez levou também para para o gosto ruim. Aquilo era demais para um dia só e Rachel parecia exausta abraçada ao seu corpo, Quinn só estava aprendendo a controlar suas emoções para as próximas consultas. Elas fariam isso até que esses tratamentos dessem resultados.

E eles dariam.

Ainda apoiada ao quarto da namorada, as duas saíram do quarto e encontraram Mercedes esperando no corredor convidando-as para jantar. Quinn disse que gostaria de ver Benjamin e no caminho para o quarto, contou a amiga sobre o garoto e em como ela ficaria encantada quando o conhecesse, Rachel apenas concordava orgulhosa.

Quando chegaram ao corredor, a loira notou que parecia um pouco mais movimentado que o normal, e na porta do quarto haviam umas 6 pessoas, na qual 4 delas choravam e dois homens conversavam com médicos. Quinn sentiu uma sensação estranha no peito quando olhou para os rostos familiares daquelas pessoas.

– Eu vim para ver Benjamin. - ela disse a uma das enfermeiras que estava bloqueando a porta do quarto, a enfermeira a olhou intrigada e depois lançou um olhar preocupada para Rachel e Mercedes.

– Você não soube...? - perguntou a enfermeira com pena na voz, o estômago de Quinn embrulhou e ela sentiu a perna falhar.

Algumas das pessoas que estavam atrás dela a olharam também a menção do nome do garoto, e Quinn viu que em suas mãos estavam algumas fotos do garoto, seus olhos passaram para os chorosos de Rachel e para os céticos de Mercedes. Ela deu algumas passos para trás e trombou em um enfermeiro, seus olhos encheram de lágrimas. Então era isso...

Benjamin estava morto.

Morto. Morto. Morto. Essas palavras ecoaram em sua cabeça, e ela precisou levar as mãos aos olhos, a luz do hospital parecia cegá-la agora. Sentiu uma mão em seu ombro e apenas viu a voz de Mercedes "vá para casa, eu levo Rachel depois". Mas ela não tinha certeza se era mesmo isso, ela não tinha certeza de mais nada. Ela...Ela estava respirando? Deus, ela estava mesmo respirando? Por que estava sendo tão difícil puxar o ar para seu pulmão?

Foi então que a ficha começou a cair. Foi nesse exato momento, nesse instante em que percebeu que o garotinho já não respirava, que a morte lhe pareceu real. Ela estava lá, diante de todos, esperando o momento certo, e algo esmador dentro de si dizia que a de Rachel estava-a perseguindo.

Perguntou-se se foi doloroso. Será que doeu? Não, Quinn não suportava a ideia de imaginar Benjamin angustiando antes de morrer, não era justo, ele era apenas uma criança.

Uma criança.

Ela estava atordoada, suas pálpebras pareceram pesadas e de repente tudo o que ouvia era sua própria respiração. Tudo aconteceu em câmera lenta, ela correu pelo corredor até o elevador e quase esmurrou o painel, ela entrou e se agarrou a barra de ferro enquanto o elevador descia. Quando a porta finalmente abriu, tudo aconteceu em câmera lenta, ela deu um passo e seus sentidos falharam, em segundos seus olhos foram perdendo o foco e ela caiu.


***


[Música: Jar of Hearts instrumental]

Tic Tac. O tempo é curto.

Tic Tac. É como se houvesse um relógio cravado em seu peito, um régio pequeno e frágil.

Tic Tac. O ponteiro deve ser arrumado de acordo com as horas, mas...

Tic Tac. Não há mais tempo.

Quinn abriu os olhos ofegante. Olhou rapidamente para os lados e viu que não haviam mais pessoas, corredores, quartos ou macas. Tudo estava silencioso e ela se encontrava no chão da sala de seu apartamento, seu braço estava dolorido devido ao impacto quando desmaiou.

Como fora parar lá?

Quinn não fazia ideia.

Levantou-se com um pouco de dificuldade e sentou no braço do sofá tomando um pouco de ar. Caminhou em direção ao banheiro tirando a roupa no caminho, ligou o chuveiro na água gelada, mas não tomou banho. Ao invés disso encostou na parede e apertou as mãos enquanto fechava os olhos. Algumas imagens passaram em sua cabeça, lembranças em sua mente de novo.

"Você gosta de cachorro? Eu gosto."

Sorriu entre as lágrimas lembrando-se da voz de anjo de Benjamin, Afinal, ele se tornara um, certo?

"Eu gosto de música."

Deu um soco na parede e relaxou. As horas se passaram e a água continuava ligada, Quinn pensou que suas lágrimas provavelmente já haviam secado, e que mal teria forças para levantar. Apoiou-se no registro e se lavou com o resto de força que tinha, com a imagem do garoto sempre em sua cabeça. Vestiu um sobretudo por cima do pijama e preparou um leite quente, já era quase meia noite e Rachel provavelmente deveria estar no velório de Benjamin.

Odiou-se por ser uma covarde e fugir.

Quinn então abriu a porta de vidro e se empoleirou na sacada, olhando o céu estrelado. Perguntou-se se Benjamin estaria olhando para ela agora também, e sorriu, como se esperasse que ele sorrisse de volta. Ouviu um barulho de chaves, mas não virou a cabeça para olhar Rachel quando ela entrou a área, tinha uma expressão triste e dolorosa também. A pequena se encostou ao corpo da namorada e deixou um rádio em cima do beiral:

– Mercedes pediu para que ouvíssemos. - disse com a voz fraca enquanto ligava, uma musica romântica tocava.

Quinn passou um braço pela cintura da pequena trazendo-a para mais perto de si e encostando suas cabeças. Partilhavam aquela dor, mas para a loira era pior devido ao fato de que estava percebendo o amor de sua vida também.

A musica terminou e a voz de Mercedes soou:

"Boa noite, Lima, meu nome é Mercedes Jones e vocês estão ouvindo a Rádio Romance. Daqui a pouco vamos aos recadinhos da noite, não esqueçam de deixar sua mensagem em nosso site ou ligar para a rádio, faça sua declaração afinal, todo dia é dia de se declarar para seu amor."

Rachel entrelaçou sua mão com a de Quinn e a beijou.

"Mas, primeiro eu gostaria de dizer algumas palavras...Essa tarde eu deveria ter conhecido um garoto, seu nome era Benjamin, ele tinha câncer. Infelizmente eu não tive a sorte de encontrá-lo com vida, e agora ele se tornou uma estrela no céu."

Rachel puxou Quinn pela mão e as duas entraram, a pequena fechou a porta de vidro e lançou um ultimo olhar triste para o céu.

"Dizem que a morte é mais difícil para os vivos, é difícil realmente dizer adeus, às vezes é impossível..."

Quinn beijou o topo da cabeça de sua namorada e deixou a caneca em cima do balcão, elas caminharam até o quarto onde Rachel deitou na cama e puxou a loira para que se deitasse em seu peito

"Você nunca para de sentir a perda, é o que torna as coisas tão amargas."

– Sabe que eu vou sempre estar aqui, não sabe? - perguntou Rachel acariciando o braço de Quinn.

– Sim. - respondeu insegura.

Mas ela não tinha certeza.

"Deixamos pequenos pedaços de nós mesmos para trás, pequenos lembretes, uma vida inteira de lembranças, fotos, bijuterias. "

As duas ficaram em silencio, Rachel provavelmente dormia agora. Mas Quinn mantinha-se acordada, estava com medo, sentia-se uma criança agora, estava ferida. Ela sabia que nem mesmo Rachel tinha certeza se sobreviveria, a morte estava sendo sua sombra.

"Coisas para lembrar a gente, mesmo quando não estamos mais la."

[fim da musica]


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Notas finais do capítulo

Citação da Mercedes é do seriado Grey's Anatomy