Dias de Chuva. escrita por Lucas Farias


Capítulo 14
Erradicação.


Notas iniciais do capítulo

Olá querido leitores, desculpe-me pela demora, espero que ainda tenha alguém lendo isto. Passei por um momento... "difícil" na escrita, sabia o que escrever, mas não como.
Em fim.
Boa leitura.



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Nora me encarou por alguns segundo e disse: “Está bem! Já deveria esperar por isso, te fiz sofre.” Logo depois se retirou.

Tornei-me um novo Peter, sem sombra de dúvidas.

– Você deveria seguir seu coração, não sua mente – disse a garota de olhos cinzas.

– Não dessa vez. O ato de seguir meu coração já destruiu minhas esperanças e sentimentos inúmeras vezes. Estou crescido, não preciso continuar sendo um tolo.

– Eu sou bem mais velha que você e desde sempre segui meu coração. Consegui o que eu queria, cheguei ao meu objetivo. Encontrei vocês, tudo que sempre sonhei.

– Nem todos tem a mesma sorte que você – disse.

Subi as escadas e fui direto ao meu quarto. Prevejo mais um longe dia.

– Vamos Peter, acorda.

– Mas o que? Eu acabei de ir dormi. Creio que nunca irei dormi – murmurei.

– Deixe de resmungar, o mundo de aguarda.

Levantar, banho, dente, cueca, calça, camisa, tênis, suspensório, chapéu, bolsa, câmera, carteira, café, ônibus, metrô, rua, café, porta, elevador, aperto, calor, porta, comprimento, foto, foto, foto, café, horas, elevador, porta, ruas, metrô, ônibus, casa, banho, cama, olhos, acordar, levantar.

E assim os dias foram passando. Sem sinal de Nora, sem tempo de viver.

– Adivinha que vai ter seu quinto encontro está noite? – disse Lucinda, ansiosamente. A alguns dias ela recebeu a ligação daquele modelo e parece que algo de interessante irá acontecer, está acontecendo, aconteceu.

– Como vai vestida? – disse lentamente. Após aquele dia na Av. Paulista ela me usa como estilista dela.

– Não sei, diga você.

– Você tem que começar a se vestir sozinha, ou você pode começa a me pagar.

Lucinda anda ganhando muito dinheiro, começou uma carreira de modelo e, com o corpo, aparecia que a mesma tem, não duvidei que ela estaria onde está hoje, no auge.

– Não reclama, pois eu sempre te compenso em algo. Lembra da última capa? Você quase ficou rico.

A garota tinha razão. Ela andou indicando meu trabalho e acabei fazendo a capa de uma revisa importantíssima, reconhecida neste mundo.

– Queria ser rico e feliz, mas os dois não se dão bem. Use vermelho! – foi a última coisa que disse a garota antes de me deixar ser levado pelo intenso sono.

*meses depois*

– Você viu? As pessoas estão ficando doentes! Está parecendo algum tipo de doença que está se alastrando. Uma praga – disse Luci.

– Onde você ouviu isso? – disse, enquanto pegava minha caneca. Desta vez eu tomaria chá.

– Está passando por todos os jornais. Não percebeu o imenso vazio que as ruas estão se tornando?

– É, não dá para tomar chá, pelo menos tentei – murmurei. – Você tem razão, realmente estão mais vazias. Não posso mais papear, preciso ir trabalhar.

– Não quer uma carona? Derek vem me buscar!

O tal modelo a conquistou. Ultimamente venho tomando meus cafés matinais sozinho. Não queria a carona, então apenas balancei a cabeça em negativa, deixando bem claro que não queria a carona.

Logo que entrei no ônibus notei que a mulher, que um dia já foi uma garota, tinha razão. Pude me sentar, até escolhi o lugar.

“Com todo esse espaço e essa privacidade poderei terminar de ler meu livro” – pensei.

Talvez eu seja meio egoísta por pensar assim, mas eu adoro ler antes de ir ao trabalho, antes de ir a qualquer lugar. Está é a quinta vez, no mês, que leio ‘Peter Pan’, de J. M. Barrie. Nunca me cansarei deste livro.

– Você deveria ler algo mais apropriado para sua idade, não acha? – disse uma garota morena, enquanto olhava fixamente para meu olhos. Não sabia quem era, mas posso dizer que a garota carrega uma magnífica beleza.

– Não devemos abandonar os clássicos, os perfeitos – disse.

– Com licença – dizia enquanto sentava no banco ao lado. – Tente algo leve e romântico como ‘A Marca de Uma Lágrima’, de Pedro Bandeira.

– Este é para minha idade? Quantos anos acha que eu tenho? – disse, até pareci um pouco arrogante.

– Vinte e dois. – ela errou.

– Chegou perto. Tenho vinte anos.

Gosto dessa sensação de parecer mais velho.

– Nunca te vi por aqui. Onde você mora?

– Na antiga rua cinquenta.

Conversamos o caminho todo. Meu livro ficou para outra hora. A conversa foi ótima, franca, divertida, diria que, foi necessária. Agora ela tem meu telefone.

Cheguei em minha estação que estava completamente vazia, olhei em volta para ver se aquilo era realmente verdade. Em relevo notei uma figura encapuzada, capuz preto, seja quem for estava me observando.

– Nora? – gritei.

Caminhei em sua direção, encarei bem a figura encapuzada e novamente gritei o nome da garota que a tempos não via. Me aproximei mais um pouco e.

– Ei, olha para onde anda.

– Desculpe-me senhor – disse para um velho que esbarrei sem perceber.

Acabei distraindo-me com a situação, quando olhei novamente em direção a suposta garota, ela não estava mais por lá. Coloquei as mãos sobre a cabeça e tentei organizar meu pensamentos, provavelmente estava enlouquecendo.

“Você é louca, louquinha, completamente pirada! Mas direi uma coisa: “As melhores pessoas são assim.” Logo me lembrei desta frase, talvez isso me confortasse. ‘Alice no País das Maravilhas’ é uma história e tanto. Pode-se aprender muito com a mesma.

Subi as escadas do metro e fui direto ao trabalhar, em busca de mais um dia exaustivo. Apesar de tudo, amo o que faço.

Já na frente de casa, pronto para abrir a porta da frente, escuto uma voz.

– Peter, chegando do trabalho? Mais um dia cansativo? Gostaria de conversar contigo, tenho algumas coisas para falar.

Me virei lentamente para ver quem era. Nora. A garota que eu pensei nunca mais ver, que pensei ter perdido a vida, ou coisa parecida, estava bem na minha frente e eu não tinha absolutamente nada a dizer, pelo menos naquele momento.

– Não tem problema. Claro que podemos conversar – disse, enquanto a olhava com olhos esgazeados.

– Não vai me convidar para entrar? – disse Nora, enquanto dava uma risadinha boba.

– Ah, desculpe-me. Entre – disse, estendi a mão mostrando-lhe o caminho.

Assim que entramos a levei direto a cozinha, preparei um chá. Não ofereci, apenas preparei, pois sei que ela gosta. A garota parecia tão calma. Veja só, eu tenho a mesma idade que ela e ainda a chamo de garota, é o que ela sempre será.

– Sei quais perguntas você tem em mente. Quais são suas dúvidas. Não preciso ler sua mente para descobrir.

– Você veio se explicar?

– Não exatamente. Eu estou aqui para contar o que descobri sobre nós, nossa vida.

Nora explicou que, em alguma vida passada uma bruxa nos enfeitiçou. O feitiço faz com que nossas vidas se entrelacem. Sempre nos apaixonaremos. Após a morte de todos que se envolveram em nossas vidas tudo se reinicia.

Após minha morte terá mais duas renascenças.

O feitiço é extremamente poderoso, apenas a bruxa que o fez pode desfazer, ela foi a primeira de todas as bruxas.

Mas ainda existe um modo: “Aquele que ultrapassar a velhice, destruir todas as barreiras, destruir o tempo, vencerá o feitiço e me destruirá.”, essas foram as palavras de uma das bruxas.

Nora também disse que, conseguimos nossa liberdade, pois Lucinda é quem ultrapassou a velhice, destruiu as barreiras, o tempo. Eu concordei com Nora por um instante, mas se ela quebrou o ciclo, porque ainda estamos “presos” uns aos outros? Eu ainda sou apaixonado por Nora, isso nunca mudará.

Não discuti com a garota, ela parecia um tanto quanto exausta.

– Acho que devemos descaçar, parece que o dia foi longo para os dois – disse.

– Peter... será que posso passar a noite aqui? Eu cheguei a pouco tempo, está tudo empoeirado.

– Você deveria contratar Luci para arrumar aquele lugar – brinquei. – Claro que pode ficar! Dormirei no sofá, pode ficar com minha cama.

Nora aproximou-se, colocou sua mão sobre meu braço, disse: “Não quero que você durma no sofá”.

Não sabia o que dizer, mas sim o que fazer.

Aproximei meu rosto do dela, olhei fixamente sua boca, depois seus olhos. Suavemente nossos lábios se tocaram, e o beijo foi ficando rápido, mais feroz. Não queria parar, foi o beijo que tanto aguarde, mesmo não entendendo bem como chegamos naquele momento.

A garota pulou em meu colo, a levei para meu quarto do jeito que estávamos.

Joguei-a na cama, rasguei suas roupas. Ela arranhou minhas costas já nuas, assim como o restante do meu corpo. Mordi seu pescoço, levantei-a no colo. Comecei a viola-la vagarosamente. Movimentos calmos, que com pouco tempo começaram a ganhar velocidade, agressividade.

Múrmuros saíram de seus lábios, arrepios por todo seu corpo, e o meu. Com força joguei-a de volta a cama.

– Peter! – sussurrou. Sussurros seguidos de gemidos incontestáveis.

Mordi seus lábios, arranhei suas costas. Os movimentos foram ficando ainda mais intensos e ferozes.

Algum tempo depois as coisas foram se acalmando. Nos deitamos e Nora adormeceu ao meu lado. Não sei o que acontecerá pela manhã, espero que tudo esteja bem. Tanto esperei por Nora, posso dizer que foi perfeito.

Fechei meus olhos e logo acordei com o despertador. Me virei de lado para abraçar Nora, mas não foi possível, pois a mesma não estava por lá. Coloquei uma cueca e uma camiseta. Procurei por todo o andar de cima, mas nem sinal da garota.

Desci as escadas e me deparei com alguém de costas cozinhando.

“Nora?!”, disse. Não era Nora, sim Lucinda. A mesma se virou e toda sua maquiagem estava borrada.

– Peter. Derek está no hospital. Precisava esfriar a cabeça, organizar os pensamentos e – dizia enquanto chorava – você sempre me ajudou nisso. – a garota se aproximava a cada palavra dita.

Tentei limpar seu rosto, disse: “Está bem. Mas antes de qualquer coisa, vá lavar seu rosto”.

Assim que a garota chegou a cozinha, eu já havia preparado um chá de hortelã, para acalma-la, poderia ter feito um chá de folhas de maracujá, mas nem um de nós dois gostamos. Coloquei as canecas em cima da mesa de madeira e, abracei-a.

– Está mais calma? Este é seu chá – disse, enquanto entregava a caneca.

– Sim. Muito obrigada Peter.

– Conte-me o que aconteceu.

– Tem uma doença se alastrando por toda a cidade. Pessoas estão morrendo aos montes. Quando fazem as autopsia encontram os corações negros, envolvidos por uma pele escura e grudenta. Estão chamando os acontecimentos de: “Erradicação Humana”. Temos que fazer algo, ou perderei o amor da minha vida.

– Tenha calma! Pensaremos em algo.

– Existe tantos seres mágicos neste mundo, porque ninguém faz nada?

– Apenas uma pequena parte da humanidade sabe a existência destes seres mágicos.

Fui até meu quarto, coloquei uma calça, um tênis, rapidamente arrumei meu cabelo, peguei minha bolsa.

– Vamos ver Derek no hospital.

– Encontrei está carta em cima de sua geladeira – disse, enquanto esticava o braço para entregar a carta. Encarei a mesma e coloquei dentro da bolsa.

– Não sabemos como estará por lá, não podemos perder tempo.

– Eles não me deixaram entrar.

Olhei feio para a garota e logo sai de casa, precisava saber o que estava acontecendo neste mundo de ineptos, mundo de insolentes. Tão pouco tempo se passou e já estou falando como Luci. Estava próximo ao ponto de partida do ônibus quando olhei para trás e vi Luci.

– Pensei que não viria – disse.

– Não perco uma aventura, não é mesmo? – disse, os dois sorriram.

No caminho para o hospital abri minha bolsa, queria ler aquela carta, a carta que Nora deixou, pelo menos era o que estava escrito no envelope.

Querido Peter,

Estou partindo está manhã. Você não saberá para onde estou indo, você não deve ter esperanças de um reencontro. Não direi que a noite tenha sido um erro, pois não foi! Arrumei um modo de viver melhor, cansei de sobreviver. Ontem à noite escutei seu pensamento, aquele que dizia: “ainda sou apaixonado por Nora”, posso está errada sobre o feitiço ter sido quebrada, posso não está. Me apaixonei por nossa história, por isso aconteceu, o que aconteceu. Todos morreremos, pois é o que o futuro nos propõe. Se todos nós morremos faltará duas reencarnações, completando o último ciclo de três. Se eu viver para sempre conseguirei quebrar o ciclo, caso ele ainda esteja de pé, por isso estou em busca da imortalidade. Não quero deixar isso mais difícil. Provavelmente nenhum de nós voltaremos a ver está Terra após nossa morte. Só quero que saiba de uma coisa: Peter, Eu amo você.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler.
O que acha que irá acontecer?
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Abraços, beijos.