POV. Cassandra

Estava sentada na beirada da cama nos meus aposentos. Observava atentamente uma pequena caixa de madeira de uns 30cm que havia reencontrado acidentalmente. Passei a mão sobre a tampa limpando-a e observei melhor. Abaixo do pó, notei que havia sido escrito em auto relevo o meu nome. Cassandra. Delicadamente girei o pequeno fecho, para não quebrar nada. Estava curiosa. Eu me lembrava desta caixa!Tinha perdido ela há muito tempo. Estava quase morrendo de ansiedade para me lembrar do que eu guardava lá. Mas mesmo assim, abri lentamente, para não quebrar nada. Dentro da caixa havia vários objetos de minha infância. Um prendedor de cabelo, que tinha como adorno uma safira. Sorri ao lembrar-me que quando criança, dizia que ia me casar com ele. Continuei vasculhando mais. Havia também uma pequena e frágil boneca de porcelana. Fui virando devagar, a fim de observá-la melhor. Reconheci o vestido. Era um longo e vermelho com as mangas largas e compridas. Lembrava-me do dia em que quase supliquei a minha ama de companhia que me deixasse ajudar-la fazê-lo. Tristemente notei que um pouco menos da metade de seu rosto estava quebrado. Que pena.

O lago de lágrimas que havia se acumulado desceu sobre a minha face ao encontrar o último objeto. Era um pequeno livro. Foi o último presente que a minha mãe tinha me dado antes de falecer. Abri-o cuidadosamente. E li a dedicatória na primeira página:

“Querida Cassie! Parabéns pelo grande dia! Não sabe o quão eu e seu pai estamos orgulhosos de você, minha querida. Nunca deixe de acreditar nos seus sonhos, e siga-os! Que suas conquistas sejam infinitas! Lembre-se que...s...m............est............”

Praguejei internamente. As últimas palavras estavam borradas e ilegíveis.

Até que escuto passos, fecho rapidamente o livro guardo na caixa e me viro para a porta. Assim que o guardei escuto as batidas. Uma criada que avisava que me pai estava requisitando minha presença.

Enquanto andava pelos corredores, me perguntava por que tinha agido assim. O que estava vendo era meu, não havia razão para fazê-lo escondida. E nem de ter me preocupada quando ouvi passos. Mas abandonei os pensamentos quando parei em frente a uma grande porta feita de madeira de lei com grandes letras escritas REI DUNCAN. Arrumei-me um pouco e esfreguei os olhos, para certificar-me que não haveria nenhum vestígio de choro. Este achado que havia feito agora a pouco, tinha vasculhado lembranças de meu passado que me deixavam tristes, e não estava disposta a demonstrar isto a meu pai. Não neste momento.

Espero o secretário me anunciar. E entro.