–Harry, querido. Já acordou?- Gina tentava falar mais alto que o choro da criança.

–Já. - Ele respondeu rudemente, fitando Draco.

–Ah bem. Eu... - O choro do bebê aumentou. -Argh. Hermione, você pode...?

–Claro. - Respondi. Puxei Draco pela mão e subimos a escada, em direção ao quarto de James.

Entramos e fechamos a porta.

–Só faltava Harry dar um Crucio em você, com aquele olhar... - Me dirigi ao berço azul-claro. Um bebê rechonchudo e rosado parou de berrar assim que eu o coloquei nos braços. Ele já me conhecia, então não ficou assustado. - Calma , Jamie... Tia Hermione está aqui.

Ouvimos mais alguns gritos lá em baixo.

–É, ele não parece muito feliz de eu estar aqui. Ninguém parece. Será que eu não devo...- Draco começou.

–Não. Não vou correr o risco de te perder novamente. Parece que você é um imã para problemas.

–Então.. Seria ruim me manter por perto.

–Não fale bobagens. - Balancei suavemente o pequeno James em meus braços.

Ele se aproximou para olhar o bebê de perto.

–É, se parece mesmo com o Potter. Que pena...

Eu segurei uma risada, enquanto o repreendia.

–Sabe, ele está nos oferecendo a casa protegida dele. Não é certo falar isso por suas costas.

–Tanto faz. Aposto que ele vai falar pelas minhas também.

Isso provavelmente era verdade.

–Não importa. Procure ser educado. Eles não têm a mesma paciência que eu, sabe?

Ele preferiu acariciar a bochecha do bebê a me responder.

–Cara.... Ser pai deve ser um inferno.

-Você acha? - Eu nunca havia realmente pensado nisso. Mas agora, isso me passou pela cabeça. Todos os meus amigos já haviam se casado, e criado o início de uma família. Eu fiquei presa a Rony por anos, graças a ele ter medo de compromissos.

–Não sei. Potter parece esgotado.

–Então... Você nunca vai querer ter nenhum filho?

James mordia seu dedão, olhando curioso para nós com seus olhinhos azuis.

–Bom, não sei. Nós vamos nos casar algum dia, então é provável que nós tenhamos um sim.

Oh meu Merlin. Ele tinha dito casamento?

Ok Hermione. Tenta controlar os batimentos do seu coração. Aja  de modo normal.

–Acho que eles já terminaram de conversar lá embaxio. - Falei. Infelizmente, minha voz tremeu um pouco. - Devemos descer?

–Ok. -Ele fingiu não perceber a falha em minha voz, mas assim que ele se virou, pude ver um sorrisinho presunçoso.

–Você adora quando eu fico nervosa, não? - Perguntei, levemente irritada.

–Sim. Você fica vermelha. - Ele riu.

Revirei os olhos e coloquei James de volta no berço, pondo ao lado dele um brinquedinho de pelúcia .

Quando eu ia abrir a porta, Gina a abriu antes, me dando um pequeno susto.

–Ah, desculpe. Ele já dormiu? - fiz que sim com a cabeça. - Ah, pelas cuecas floridas de Merlin, que bom. Harry não precisa de mais stress.

–Ele não gostou da idéia.- Adivinhei.

–Claro que não.

–Tudo bem. Nós vamos indo.. - Comecei a falar, decepcionada.

–Ei, qual é! - Gina segurou meus ombros.- Você é nossa melhor amiga, acha que íríamos enxotá-la daqui? Ele deixou... Mas por você.

–Ah, certo. - Sorri. Gina e Harry eram realmente ótimas pessoas. E ótimos amigos.

–Obrigado pela hospitalidade, Gina. - A voz de Draco ecoou atrás de nós. Não, não podia ser ele, aquele tom era educado demais.

Mas era ele mesmo. Gina o olhou surpresa.

–D-De nada.- Gaguejou. Então o olhou desconfiada, como se achasse que ele estivesse caçoando da cara dela. Mas ele continuou sorrindo educadamente. - Hã... Certo. Sigam-me. Vou mostrar aonde vocês vão dormir.

Eu o fitei. Ele ergueu as sobrancelhas como se dissesse: "Viu? por mais que você ache impossível, eu consigo ser gentil com pessoas que eu odeio."

Bem, talvez eu finalmente tivesse chances de ganhar uma aposta.

* * *

–Bem, é meio apertado... - Gina se desviava das coisas ao passar. - Mas é aconchegante. Mais ou menos como o resto da casa.

–Eu me pergunto, como em 2 anos de casamento vocês conseguiram juntar tudo isso. - Falei.

–Ah, presentes de casamento... Heranças do papai e da mamãe.. Algumas coisas do Rony, quando ele passou um tempo aqui...

–Coisas do Rony?- Perguntei.

–É. Ele ficou arrasado quando você o deixou, e então saiu daquele apartamento que vocês viviam. Veio pra cá, pra encher o saco.

–Quanto tempo ele ficou?

–Bem... até aquele show.

–E você não me contou? - Falei, indignada. Isso era algo de razoável importância.

–Não achei que era importante.

Grr.

–Enfim. Tem uma cama de casal aqui... E um banheiro ali. Ela apontou para um sofá velho desmontável, e uma portinha branca mínima na parede do entulhado porão. -Sintam-se em casa. Agora tenho que preparar o almoço, Harry vai estar no ministério às três...

Ela subiu a escada que levava ao térreo.

Me sentei no sofá.

–Hum... Até que não é tão ruim. - Falei.

– Não. É péssimo. - Ele olhou para a porta do banheiro. - Mas... Vou tomar um banho.

Parei de escutar, achando que ele tinha terminado. Mas ele estendeu a mão à minha frente, um sorriso malicioso se formando em seu rosto.

–Quer vir também?

Eu repeti o sorriso e segurei sua mão.