Voltei ao hotel um pouco antes da seis, como prometido.

Dei-me um tempo pra pensar, enquanto esperava pelo elevador.

Draco provavelmente nunca aceitaria aquela idéia. Além do fato de não suportar os Potter, nem os Weasley, ele teria que suportar os dois juntos, em um espaço pequeno e entulhado de coisas

Mas, se era como Gina dissera, lá teríamos proteção. Tranquilidade. Aquilo era o que eu mais ansiava no momento. Como eu queria simplesmente descansar!

O barulho das portas do elevador se abrindo me tirou de meus devaneios. Uma garotinho com cabelos cacheados ruivos estava esperando dentro de elevador.

–Oi. - cumprimentei. Entrei no elevador e apertei o botão do meu andar.

–Oi. Você está aqui à quanto tempo?- Ele perguntou, sua voz aguda de criança.

–Cheguei ontem. Porquê?

–Eu não tinha te visto ainda, moça. - Ele sorriu. Moça. Ri por dentro com o apelido.

– Então, você está aqui com seus pais? são turistas? - Perguntei, tentando ser amistosa.

–É, mais ou menos. Você vai ficar aqui por quanto tempo?

–Até amanhã, provavelmente. - Respondi. - Vou pra casa de um amigo depois.

–Ele é daqui de Londres? - Perguntou. Eu assenti com a cabeça. - Legal.

–Qual é seu nome? - perguntei.

–Louis.

–Louis. É um nome bonito. - O elevador apitou, indicando que eu chegara à meu andar. - Prazer em conhecer Louis, tenho que ir agora.

–Tchau Hermione. - Ele acenou com a mão.

Eu saí do elevador apressada. Só percebi quando às portas de metal se fecharam atrás de mim: eu não tinha me apresentado.

Mas esqueci completamente esse fato estranho, quando ele apareceu na porta do nosso quarto. Uma camisa branca, com as mangas dobradas até o cotovelo, uma calça preta, cabelos um pouco desgrenhados, e aquele sorriso no rosto.

Céus, como eu conseguiria sobreviver com isso?

* * *

Aparatamos em um pequeno beco ao lado do restaurante. Eu arrumei rapidamente o meu cabelo, e então saímos.

A rua estava apinhada de pessoas, levando-se em conta que era final de semana. Os mais renomados restaurantes de Londres, que iam desde a culinária francesa, até a famosa feijoada brasileira, estavam completamente cheios.

–Por favor, me diga que não se esqueceu de fazer a reserva. - Falei.

–Ok, não digo. - Respondeu.

Eu o fitei.

–Você esqueceu?! Como vamos jantar? - Perguntei exasperada.

–Ei, não precisamos. Somos bruxos ou não?

–Argh, isso não é nada ético da sua parte. - Falei, irritada. Ele simplesmente deu de ombros, e apontou a varinha discretamente pra um garçom, que nos levou à uma mesa sem questionar.

–Vamos lá, que mal faz?

–Alguém que pode realmente ter feito a reserva vai ficar sem a mesa. - Apontei.

–É, você continua a mesma Hermione. - Ele me olhou espantado, observando minha postura, com as duas mãos do quadril.

–Ah, você é um.... bobão. - Suspirei derrotada.

–Esse é o melhor xingamento que você pode dar?

–Estamos em um restaurante choque, não quero ser sem classe, Draco.

Ele deu de ombros novamente. Argh, agora eu estava começando a perder a paciência com aquele der de ombros.

Espere. Acabamos de chegar ao encontro e já estamos brigando. Isso não era nada bom.

Suspirei e me sentei na mesa logo abaixo da janela.

Ficamos um segundo em silêncio, eu ainda irritada com ele.

–Ok, desculpe. Não vou mais fazer isso. - Ele levantou as mãos, como se estivesse se rendendo. Então aquele sorriso torto surgiu novamente em seu rosto, e eu não pude deixar de sorrir também. Talvez aquele encontro afinal não desse errado.

–Tudo bem.- Falei.

–É só que... Eu sinto falta da magia. - Ele parecia realmente decepcionado. Se ele queria ficar perto do mundo mágico, talvez aquela fosse uma boa hora pra fazer a proposta.

–Então... - Comecei, como se tivéssemos mudado o assunto. - Acontece que ontem, eu fui visitar Gina.

–Eu sei. - Ele disse, como se aquilo fosse óbvio. E era, mas eu ainda não tinha chegado no ponto principal. Isso eu ia fazer agora.

–Bem... Você não está cansado de ficar pulando de hotel em hotel, Draco?

Ele pensou pro um segundo.

–É, aonde quer chegar, Hermione? - Perguntou.

–Bem... Gina nos convidou, para ficar com eles, por enquanto. - Sua expressão transformou-se em surpresa, mas antes que ele me interrompesse, eu continuei: - A casa deles é protegida pelo ministério, Draco. Não há nenhum risco pra ninguém.

–Sinceramente. Eu. E os Potter. Em um espaço menor do que 200 metros. Não vai dar certo. - Ele parecia bem calmo, para minha surpresa. Acho que desde o incio ele sabia que eu iria dizer algo assim.

–Nós podemos fazer dar certo, Draco. - Falei.

–Hunf. Veremos. - Ele cruzou os braços e se recostou na cadeira, em sua pose arrogante habitual.

–Pressinto outra aposta? - Sorri de lado.

–Certo. Eu aposto que aquela casa vai ir abaixo, e você aposta que não.

–Hum... Acho que é melhor assim : eu aposto que eu consigo fazer dar certo.

Ele deu de ombros novamente, concordando.

–Mas... e quanto à outra aposta que tínhamos feito? - Ele ergueu uma sobrancelha, sugestivo. - No final, acho que eu ganhei.

–Hum, não sei, você continua metido? Acho que sim. - disse contrariada.

–Você tem que fazer algo que eu queira. - Sorriu de lado.

–O que você quer?- Perguntei.

Ele se aproximou de mim e sussurrou em meu ouvido, fazendo os pelos da minha nuca se arrepiarem:

–Um beijo?

–Isso eu posso dar. - Sorri, e gentilmente encostei meus lábios nos seus, agora tão conhecidos por mim.