01: Saint Seiya - Guerra Galáctica escrita por Tarsis


Capítulo 4
04: A Jornada de Volta ao Lar


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo voltamos nossas atenções à Amazona Ying de Gêmeos, que continua no Makai, procurando por uma forma de voltar para o Santuário.



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Encontros e Despedidas

A consciência retornava lenta e dolorosamente. Ying desejou não ter despertado, pois seu corpo inteiro doía, aparentando que houvesse sido surrado, e uma sensação de fraqueza a dominava. Até mesmo abrir os olhos era doloroso. Logo lembrou que não tinha uma refeição decente há dias e temeu pela saúde de seus filhos ainda não nascidos.

Não reconheceu o lugar onde estava, pois não aparentava nem remotamente ser o quarto de Kagami onde estava e onde havia lutado com o próprio. O lugar era escuro e úmido, sem janelas, com paredes de rocha sólida e piso de ladrilhos. Ying encontrava-se caída, sentido os ladrilhos frios contra sua pele. Ao que parece, estava ali há um bom tempo, e na mesma posição, pois seus braços e pernas estavam dormentes. Logo, seus sentidos começaram a despertar. Fome. Seu corpo clamava por comida. Sede. A garganta e a boca estavam secas como um deserto. A saliva estava grossa e pegajosa com uma goma. Frio. A umidade do lugar fazia com que a temperatura fosse sempre baixa, resultando em um frio quase que constante, e ela sentia que ainda estava trajando as roupas mínimas que usava quando da luta contra Kagami, não servindo de muita coisa para aquece-la.

Um cheiro de podridão assaltou-lhe as narinas. “Onde estou, pelo báculo de Athena?”, pensou ela. Tentou pôr-se de pé, mas suas pernas lhe traíram, não obedecendo a sua vontade, fazendo-a cair de volta ao chão. “E que fraqueza é esta que sinto? Não consigo nem me mexer!”, pensou atônita. Uma sensação de aflição e desespero começou a se apoderar dela. Nunca estivera em uma situação como aquela. Quando se mexia, ouvia um som de correntes. Mesmo ainda estando seus braços dormentes, Ying sentia que algo estava atado a seus pulsos e limitava os movimentos dos braços, e algo lhe apertava a garganta. “Grilhões... Grilhões e correntes! Estou agrilhoada! Fui posta a ferros num maldito calabouço!”, pensou furiosa e aflita ao mesmo tempo.

Como havia sido posta naquela situação, ela não sabia. Uma pergunta mais premente lhe ocorria e recorria: há quanto tempo estava ali? Muito tempo, ao que parece. Talvez durante alguns dias, dada a fome e sede que lhe devorava. Então uma segunda questão lhe sobreveio: quem a havia aprisionado? Sim, quem? Ela havia derrotado Kagami, banindo-o para uma outra dimensão. Então, não restaria mais ninguém. Ninguém, a não ser...

Como que coroando suas elucubrações, Ying entreouviu um ruído de trancas e fechaduras sendo destravadas. Rapidamente a luz vinda do exterior projetou-se sobre um pequeno corredor à frente da cela onde estava. Algumas nesgas de luz penetrando por baixo da porta de madeira grossa. Passos se aproximavam, ecoando pelo corredor. “Creio que agora saberei quem são meus captores. Quero olhar bem para seus rostos e bem fundo em seus olhos, antes de fazê-los sofrer!”, ponderou.

Uma portinhola se abriu ao alto da porta da cela, revelando grossas barras de ferro e, por trás delas, um rosto podia ser entrevisto. Arrebanhando forças, Ying se pôs de pé, escorando-se na parede. Seu orgulho não permitia de forma alguma que estivesse, ou ao menos aparentasse estar, submissa perante seus algozes, seja quem for!


– Ah, já acordou? – Falou a pessoa por trás da porta, uma voz masculina. – Esplêndido! Sabe, tenho vindo todas as manhãs nesses últimos cinco dias para ver se você havia despertado, apenas para lhe agradecer!

– Cinco... Dias? – Falou Ying, a voz ainda embargada. – Estive inconsciente por cinco dias?

– Oh, sim, esteve! – Respondeu a pessoa. – Ao que parece, você ficou bastante esgotada após a luta contra Lorde Kagami! Foi facílimo lhe trazer para cá! Sente-se fraca? Como fome? Aposto que sim...

– Estou reconhecendo essa voz! – Falou Ying, quase caindo ao chão novamente.

– Ah, deve estar reconhecendo, com certeza! – Respondeu o interlocutor, sarcástico. – Abram a porta!


Ouviu-se o ruído característico de alguém procurando uma chave em um molho. Logo tal chave era girada na fechadura e a porta era aberta, as dobradiças rangendo como que reclamando da falta de lubrificação. A luz que penetrou na cela ofuscou os olhos de Ying, acostumados que estavam àquela escuridão sepulcral. À medida que ia se acostumando à luz, pôde ver mais claramente o dono da voz tão familiar. Trajava um terno preto de linho engomado, no estilo inglês vitoriano. Na mão esquerda, uma bengala, cujo apoio para mão era a cabeça de um pássaro.

– Bem que suspeitei que fosse você, Amano! – Rosnou Ying, num esgar de ódio.

– O próprio! – Respondeu ele num sorriso e curvando-se numa vênia, aparentando estar bem contente. – Por Deus, você está horrível! Está imunda! – Sacou um lenço do bolso interno do terno e o pôs sobre o nariz e a boca. – Mas, como disse antes, vim aqui para lhe agradecer. Você foi muito útil para mim ao tirar Shinnosuke Kagami do meu caminho. Agora EU sou o regente deste reinado! E o melhor: com ele fora da jogada, fiquei livre para procurar a Esfera Elemental de Suzaku e reclamar seu poder para mim!

Amano retirou do bolso uma pequena caixa aveludada e de cor escura, abriu-a e mostrou a Ying o seu conteúdo: uma pequena e polida esfera avermelhada, não maior que uma bola de tênis de mesa, com o Kanji para “Suzaku” gravado em sua superfície. Não era possível, a princípio, dizer do que era feita a esfera, entretanto Ying supôs que fosse um rubi habilmente lapidado em forma esférica.

Era possível, ao olhar com atenção, vislumbrar um leve fulgor pulsante vir do interior da jóia, como se sugerindo que a mesma possuísse vida própria. Amano olhava para ela como se aquilo fosse seu bem mais precioso. E de fato era. Ying ergueu o olhar da esfera para Amano e, por um momento, divisou em seus olhos o mesmo fulgor pulsante que havia na jóia. Ela não sabia de maneira aquele homem tinha reclamado para si o poder da própria Phoenix, mas uma coisa era certa: tanto poder não viria sem um preço!

– Você está completamente louco, Amano! Louco! – Ralhou Ying, debatendo-se na tentativa de se ver livre daqueles grilhões. – Não vai conseguir me manter presa aqui por muito tempo! E o poder de Suzaku não será seu por muito tempo!

– Ah, certamente não se eu deixar que você recupere suas forças! – Respondeu Amano. – Mas se eu mantiver você fraca como está, creio que permanecerá aí, a ferros, pelo tempo que eu desejar! Veremos se ainda terá forças para se debater, mulher! Uma das técnicas da doutrina Teio Ken dominada pelos Irmãos Jin consiste em absorver o Ki, a energia vital do oponente, e adiciona-la à do próprio usuário. Segundo me disse Chonshu, a sua energia é incrivelmente saborosa, quase inesgotável! E aliado ao fato de que não a alimentamos durante o tempo que permaneceu aqui, garantimos que ficasse fraca como está! Faça seu trabalho, Jin Chonshu!

Surgindo de dentro de uma sombra projetada em uma parede próxima, Jin Chonshu aproximou-se de Ying. Nos olhos um brilho de pura malícia. As coisas faziam sentido agora. A fraqueza, a fome, a sede, o frio. Até mesmo o Cosmo de Ying parecia débil como uma vela ao vento. Mesmo sua Armadura de Gêmeos não respondia o seu chamado.

Chonshu estende ambos os braços em direção a Ying, seu corpo começando a emitir um pálido brilho esbranquiçado. Ying sentiu, pela primeira vez, o Cosmo daquele jovem rapaz e traços delicados. Era surpreendentemente forte para sua idade. Entretanto, ao passo em que Chonshu concentrava seu Ki/Cosmo, Ying passou a sentir mais um Cosmo presente no recinto, além do recém-desperto Cosmo de Amano, tentando manter-se oculto, aparentando estar mais fraco que o de todos ali presentes, até mesmo mais fraco que o já combalido Cosmo de Ying. Ela não sabia se ficava mais esperançosa ou se ficava ainda mais desesperada com aquilo... Inconscientemente, abraçou o ventre.

– Não se preocupe... Ying é seu nome, não? Não se preocupe, Ying, não vai doer nada! – Falou Chonshu em uma voz doce. – Quando der por si, já vai ter acabado!

– Que sentido há em me manter presa aqui? – Perguntou Ying, olhando Chonshu naqueles intrigantes olhos delineados, a fim de alcançar sua mente. – Apenas para me torturar? Você é mesmo doente, Amano!

– Eu? Doente? Hah! – Amano gargalhou ruidosamente. – Engana-se, minha querida! Não sou tão tacanho assim! Pelo que me toma? Algum vilãozinho de quinta categoria de filme “Z”? Quero informações! Sim, quero informações, o bem mais precioso que quem detém o poder nas mãos deve possuir! Quero saber quem são vocês na realidade, e qual a sua ligação com o Portal e com aqueles estranhos vestidos com armaduras negras. Vocês são diferentes dos oriundos deste mundo, possuem poderes e capacidades semelhantes, mas são diferentes, contudo. E ainda assim vêm do mesmo mundo que eu! Portanto, quero saber tudo! Pois, nos diz o ditado: “Aquilo que se compreende, pode ser dominado e controlado”. Sun Tzu era mesmo um sábio... Chonshu, por favor, faça as honras.

– Sim, meu senhor! – Respondeu o rapaz, o ar já crepitando ao redor de seu corpo. – TEIO ROJIN KEN!

Uma esfera luminosa esbranquiçada se condensou entre as mãos do jovem e partiu célere em direção a Ying, que tentou em vão se desviar dela, mas sendo traída por seu corpo enfraquecido. Chocando-se contra seu tórax, a esfera iniciou seu dreno de energia vital, ficando cada vez mais azulada à medida que sugava. Ying sentia como se sua própria vida, sua própria alma, estivesse sendo arrancada à força de seu corpo. O grito de agonia que soltou seria capaz de acordar os mortos em um cemitério. Seu corpo inteiro queimava, como se estivesse sendo devorado pela fogueira de inquisição acesa pela mão de Miguel de Torquemada. “Meus filhos! Por favor, não mate meus filhos!” Era tudo o que conseguia pensar. Era possível vislumbrar veios de energia cósmica vindo de todas as partes do corpo da Amazona fluírem como verdadeiros rios caudalosos em direção à esfera, que pulsava como um coração que ganhava vida.

“Que Ken demoníaco é este? Nunca vi um poder desta natureza, nem mesmo nos mais terríveis Cavaleiros! Meu corpo inteiro queima como se estivesse carbonizado por mil sóis! Nem Saga em seus tempos como Grande Mestre possuía tal poder! Saga... Meu irmão... Onde você está agora quando preciso tanto de você? Kanon, meu outro irmão! Leng, adorada irmã que não vejo há anos! Meus filhos ainda não nascidos, Ayoros e Natasha (de onde vieram esses nomes? Nem mesmo sei o sexo das crianças ainda, muito menos se daria estes nomes a elas! As coisas que se pensa em momentos como este...), Por favor, perdoem sua mãe... Estou indefesa, mal posso reagir! Meus poderes me falham, não me obedecem!”.

Dor! Ying já havia sentido dor antes, mas não como agora, não com tanta intensidade, não tão visceral, não na própria alma! Medo! Também já havia sentido medo, mas era um medo que antes recaía apenas sobre si mesma, sua própria segurança e bem estar. Agora é um medo diferente, um medo que somente uma mãe sentiria pela segurança e bem estar de seus filhos. Um medo muito mais profundo, pois tais filhos ainda nem nasceram. Pânico! Não, isso ela nunca havia sentido. Sempre segura de si, sempre com a certeza da vitória irrefutável. Sempre certa de que a batalha, seja ela qual fosse, seja contra quem fosse, seria ganha por aquela que enverga a Vitória em sua fronte, aquela que está sempre na mão direita de Athena, seria ganha por ela: Ying, filha de Yang, filha de Hipólita! Mas não hoje, nem agora neste momento. Agora a Amazona de Gêmeos está experimentando situações inteiramente novas: submissão, humilhação, desespero, sofrimento, tortura.

Sim, tortura. Tortura infligida por um garoto que talvez tenha a metade da sua idade. Mas, olhando bem para ele, seria possível que se pudesse ver uma ponta de pena em seus olhos? Remorso, talvez? Arrependimento por estar causando tamanha dor e sofrimento a alguém que está completamente indefeso como Ying? Ou seria essa visão um delírio momentâneo de loucura causado pela dor? Ying jamais soube com certeza e essa dúvida a acompanhou até o fim de seus dias.

Por que? Por que seus poderes não a obedecem quando ela os invoca? Por que a traem? Por que a negam desta maneira? Athena, por que? Nike, onde está que não vem em seu auxílio como quando a tomou sob suas asas e a controlou para derrotar Suzako? Por mais que force os grilhões eles não cedem um milímetro, restringindo impiedosos os seus movimentos. Até seu Cosmo, antes altivo e fulgurante como o Disco Solar, agora nada mais é senão uma pálida chama acesa nos restos do que antes fora uma voraz fornalha.

“Esse frio! Será esse o frio que tanto falam que se sente quando a morte está perto? Que figura negra como uma sombra é essa que vejo mover-se esquiva pelas sombras? Será você, Thanatos, que veio levar embora minha alma? Ou veio buscar a alma inocente de meus filhos, que carrego em meu ventre? Não! Não os toque, eu o proíbo! Eles foram abençoados pela própria Athena! Por eles eu luto até mesmo contra a Morte em pessoa, que é você! NÃÃÃÃÃÃÃOOOOOO!

– Tanto poder! Pelos Deuses Ancestrais, parece que não há fim para tanta energia! – Exclama Chonshu, bestificado por ver a esfera de energia criada por sua Doutrina aumentar mais e mais e cintilar como uma estrela. – E essa vontade de viver! É incrível!

– Continue! – Exclamou Amano, apertando a Esfera Elemental com força em sua mão e exultando em ver aquele espetáculo. – Ela terá que ceder em algum momento. E quando ceder, eu dobrarei sua vontade, assim como fiz com você e seu irmão, e arrancarei dela os segredos que quero saber, e então ela será a aliada perfeita contra os outros Deuses Ancestrais! Assim o Makai será inteiramente meu! E nenhum deusinho idiota irá entrar aqui e dominar como bem entender! Os demais Regentes do Makai terão que se aliar a mim, ou morrer! Hah, hah, hah, hah!

Ao escutar aquelas palavras de Amano, um profundo ressentimento recrudesceu dentro de Chonshu, quase o levando às lágrimas de profunda mágoa. Aquele homem não queria ajudar Lorde Kagami, este sim digno de sua devoção, a tornar o Makai um lugar melhor. Queria o poder para si o tempo inteiro, e para isso enganou, mentiu e ludibriou com uma maestria vista em poucos. E dois irmãos sonhadores que tinham Kagami como um ídolo, que o viam como um homem de visão, como o Deus que ele realmente era, se deixaram levar pela fala macia e palavras de ordem de um mestre das escaramuças, o qual falou nada mais do que eles queriam ouvir na hora e momento adequados.

“Eu dobrarei sua vontade, assim como fiz com você e seu irmão...” Aquelas palavras proferidas por um humano, um Ningén, que nem mesmo é um Youkai como Chonshu e seu irmão, Chonrei, doeram fundo em sua alma. Revelam muito mais que as verdadeiras intenções de Eiji Amano em tomar para si o poder do Makai: revelam que os dois irmãos não passaram de um par de marionetes em suas mãos, espionando, traindo, até mesmo assassinando. Mas hoje, sim hoje, as mentiras cessarão, de uma vez por todas.

Foi necessário que duas Ningéns viessem e os fizessem ver o que estavam fazendo. Que eles estavam se tornando os traidores que acreditavam estar eliminando do Makai, que estavam ajudando a um usurpador a corromper Kagami, seu amado deus Suzako, para colher os frutos da torpe árvore da mentira.

Uma das Ningéns estava ali, a sua frente, sofrendo por suas próprias mãos. Chonshu queria parar com todo aquele sofrimento, queria tomar aquela mulher nos braços, queria faze-la parar de gritar de dor, aninha-la em seu peito e pedir perdão pelo que estava fazendo. Mas não podia fazer isso que mandava seu coração, não agora. O teatro tinha que continuar. O ludibriador será ludibriado no dia de hoje, será vítima da maior das escaramuças! E quando ele finalmente cair de seu falso pedestal de divindade, então ele irá pagar por tudo o que fez!

Uma rápida olhada para o seu lado direito. Chonshu pôde divisar seu irmão mesclado às sombras, pronto para agir. E se a terceira integrante daquela pequena traição estiver na sua posição designada, então um maldito usurpador será deposto agora. Chonshu cessou repentinamente o dreno de energia de Ying, fazendo com que a esfera pulsante de energia criada por sua doutrina retornasse a ele, penetrando seu próprio corpo, fazendo-o brilhar ainda mais. Por um momento, Chonshu cambaleou como se estivesse bêbado, devido à tamanha dose de energia.

Ying caiu ao chão pesadamente. Estava quase morta. Respirava sofrivelmente. Chonshu sabia que não tinha muito tempo, pois absorveu mais do que seria possível para manter Ying fraca, mas ainda com vida. E a energia absorvida se descarregaria se não fosse utilizada rapidamente e não poderia ser devolvida a Ying. Mas tal energia seria bem utilizada, para um bem maior. Chonshu sentia como se fosse explodir.

– Por que parou? – Perguntou Amano, surpreso.

– É até este ponto que posso absorver sem mata-la. – Respondeu Chonshu, secamente e sem se virar. – Sabe, Amano, há uma coisa que não sabe a respeito de mim e meu irmão e de nossa doutrina.

– Mesmo? E o que é? – Perguntou Amano, aproximando para examinar o corpo caído de Ying.

– Quando absorvemos o Ki de alguém, absorvemos também parte de suas memórias e também as suas doutrinas e adicionamos isso às nossas capacidades pelo tempo que durar o Ki roubado dentro de nós! – Falou Chonshu, aproximando-se mais de Amano.

– Oh, interessante... VOCÊS FAZEM O QUE?!? – Amano arregalou os olhos de maneira tal que eles quase lhe saltaram das órbitas ao ver Chonshu mover-se com uma velocidade fenomenal nunca antes demonstrada.

GOLPE DO CAVALEIRO CELESTIAL!! – Gritou Chonshu, invocando a nova habilidade que adveio juntamente com o Ki/Cosmo e boa parte das memórias de Ying.

O ataque ao seu cérebro foi perfeito, pegando Amano de surpresa e com a guarda aberta, destroçando seu sistema nervoso, acarretando espasmo em seus músculos que o fizeram largar a caixa onde estava a Esfera Elemental de Suzaku. Amano ficou estático por alguns instantes sofrendo os efeitos atordoantes do Ken; entretanto Chonshu sabia que aquela era uma condição que não duraria muito, visto que Amano detinha grande parte dos poderes de Suzaku, mas ainda estava se habituando com eles, estando mais forte que um humano comum. Portanto teria que agir rápido com o plano. Por isso, tratou logo da agarrar um dos braços de Amano.

– Vamos, irmão! É agora ou nunca! – Chonrei saiu das sombras e logo agarrou o outro braço. – Vamos tirar esse miserável daqui e acabar com ele de uma vez por todas! Agora é com você, GENKAI! TEIO SHIGAN KEN!

A velha Genkai aguardou pacientemente durante cinco dias na cela ao lado da Ying, apenas pelo momento em que deveria agir. Como Toguro Otooto, Genkai foi trazida de seu descanso eterno e recebeu uma proposta de Koenma para prestar serviços ao Makai, aceitando-a ao saber do que se tratava. Havendo contatado Jin Chonrei duas semanas atrás, juntamente com Koenma e os outros Detetives Sobrenaturais, teve um grande trabalho para convence-lo da verdade: Amano era um criminoso procurado no Nigenkai, acusado de diversos crimes.

Entre eles conseguir cobaias para as experiências de Shigure (o mesmo que pôs o Jagan na testa de Hiei), contrabandear escravos humanos para o Makai, a fim de que morressem nas arenas, e o mais importante: ele estava iludindo Kagami e aos dois irmãos, pois tudo o que ele quer é obter o poder das Esferas Elementais e dominar completamente o Makai, transformando-o em um grande supermercado, onde tudo, tudo mesmo, estaria à venda pelo melhor preço, até mesmo os dois irmãos!

Duas semanas atrás.

– Amano é um escroque da pior estirpe, um vigarista que possui uma única capacidade Espiritual: Sugestionamento ou o Dom Espiritual da Palavra. – Explica Koenma a Chonrei. – Por isso, ô Zé Mané, não se sinta mal em saber que foi enganado. Ele é capaz de vender gelo pra esquimó ou lhe convencer de que ele é o melhor cara do mundo se quiser! O cara é o maior papo doce, tá ligado?

– Por isso, - Continua Kurama. – Não foi difícil pra ele convencer vocês e até mesmo Kagami, das falsas intenções dele. Teve todo o tempo de que precisou para sugestionar vocês e conseguir as informações de que necessitava a respeito das Esferas e dos círculos de poder e influência do Makai.

– Com o devido tempo e fazendo os contatos certos, Amano poderá erguer para si uma rede de influências e uma fachada de prestígio sem igual aqui, pondo o Makai inteiro a seus pés. – Arrematou Genkai. – E aqueles estranhos de armadura negra que chegaram por aqui estão apenas servindo de fantoches para ele, localizando o paradeiro das demais Esferas Elementais e seus respectivos Guardiões, para recruta-los se cooperarem, ou destruí-los em caso contrário.

– Com as Esferas, Amano poderá ter o controle sobre o Portal para o Meikai, o qual ainda está aberto. – Complementa Hiei. – Mas ele ainda tem que encontrar um último elemento imprescindível para obter tal controle: a Donzela do Ritual, a jovem que ativará o poder das Esferas que abre ou sela o portal! E essa pessoa nem mesmo nós sabemos quem é ou se está viva! Sem falar que ainda terá que localizar quem ainda conheça o Ritual do Portal!

– Sacou o drama, chefia? – Completou Kuwabara, sarcástico.

– Pelos... Pelos Deuses Ancestrais! – Foi a única coisa que Chonrei foi capaz de dizer após ouvir aquela preleção.

Convencer Chonshu de toda a história foi árduo, mas com a ajuda de Chonrei a tarefa ficou um pouco menos penosa. Com isso, arquitetaram um plano. Agiriam como se nada soubessem a respeito de Amano, não revelando nada nem mesmo a o próprio Shinnosuke Kagami. Amano teria que seguir com seus planos sem de nada desconfiar ou tudo iria por água abaixo. Mas o que eles não esperavam foi e intervenção de Ying, derrotando Kagami e, praticamente, dando de presente a Amano a Esfera Elemental de Suzako e, de quebra, ainda culminando na captura de Ying. Portanto, tiveram que adaptar. Alguém seria infiltrado na Torre de Raizen (e esse alguém acabou sendo a própria Genkai, a contragosto de Toguro), a fim de resgatar Ying, enquanto os irmãos se encarregariam de Amano, por uma questão honra e orgulho ferido. Os demais continuariam a busca por Yusuke. Amano não contou o paradeiro do herdeiro de Raizen nem mesmo para os dois irmãos Jin.Fazendo-se passar por prisioneira e sendo escoltada por Chonrei, Genkai também adentrou a Torre e os calabouços, onde Ying seria aprisionada, enquanto Chonshu distrairia Amano, a fim de ganhar tempo. Descobrindo em qual cela Ying seria deixada, Chonrei tratou de por Genkai na cela ao lado, com a porta destrancada.

– Você ficará bem aqui e eu lhe trarei comida e água ao menos uma vez por dia. Agora é ter paciência e esperar o melhor momento de tira-la daqui e levarmos o plano a cabo! – Começou Chonrei.

– Só não me faça o favor de esquecer-me aqui! – Atalhou Genkai.

– Não se preocupe, eu não irei! – Respondeu Chonrei. – Ah, sim! Faça o que fizer, nunca ponha esses grilhões! Eles foram criados pelo antecessor de Shigure e têm a capacidade de anular o Ki do prisioneiro, impedindo que utilize quaisquer Doutrinas e poderes que venha a ter e deixando o infeliz mais fraco que um gatinho, sem falar que só o carcereiro possui as chaves para abri-los. Dizem que o próprio Raizen foi aprisionado aqui por vontade própria quando se absteve de seu canibalismo, a fim de evitar sair por aí como um louco devorando quem encontrasse pela frente.

– Isso explica como ele conseguiu se manter preso dentro da torre durante tanto tempo! – Pondera Genkai.


De volta a Genkai. Momento atual.

Genkai aguardou ansiosa pelo sinal. Quando ouviu o aviso de Chonshu, tratou de agir rápido antes que a confusão atraísse a atenção do carcereiro e dos guardas. Queria evitar confrontos inúteis que só a atrasariam. Abriu a porta de sua cela e rapidamente tratou de pegar a chave no molho que estava na porta da cela de Ying, providencialmente pega do carcereiro. Abriu os grilhões que constringiam os pulsos e a garganta da Amazona e a deitou próxima a si, pousando as mãos sobre sue tórax. Um leve brilho azulado circundou ambas, concentrando-se nas palmas das mãos de Genkai.

Um calor reconfortante apoderou-se de Ying, acalmando sua alma, curando suas feridas e revitalizando seu corpo. “Athena, será a Senhora? Veio buscar a alma de meus filhos? Ou será que está me dando uma segunda chance? Sinto seu toque confortante, sua centelha de vida...” Logo a consciência retorna e Ying abre os olhos, apenas para contemplar a figura enrugada de Genkai sobre ela. Ying se põe sentada.

– Quem é a senhora? E onde estão Amano e Chonshu? – Pergunta Ying, ainda aturdida. – A última coisa de que recordo é de estar tendo as forças sugadas por Chonshu. Mas ora, não estou mais agrilhoada!

– Tranqüilize-se, minha filha. Meu nome é Genkai e vim para tira-la daqui. Sugiro sairmos logo antes que os guardas venham averiguar o porquê de toda essa confusão. Como se sente? É capaz de andar, ao menos?

– Sou-lhe imensamente grata, minha boa senhora Genkai! – Respondeu Ying em um sorriso, o primeiro em muito tempo. – Não faz idéia do bem que me fez! Estou eternamente em dívida com você! Sim, sou capaz de andar ou mesmo correr, se preciso!

– Ah, sim, eu faço idéia! – Respondeu Genkai, afagando-lhe os negros cabelos. – Terá uma grande história pra contar aos seus filhos! Agora vamos embora daqui! Ah, eu não posso esquecer de levar isto!

Genkai tratou de pegar a Caixa de jóias com a Esfera de Suzako. Sem pensar muito no que aquela anciã havia dito, Ying ergueu-se e logo ambas estavam do lado de fora. Deparam-se com alguns guardas pelo caminho. Entretanto, para surpresa de Ying, a enrugada Genkai deu cabo deles com uma rapidez e perícia surpreendentes para sua idade. Ying já sentia o Cosmo fluir outra vez por seu corpo, revitalizando seu espírito. Era, também, capaz de sentir novamente o Cosmo de Athena a proteger seu ventre, o que a deixava mais tranqüila com relação à segurança de seus rebentos não nascidos. Logo se sentia bem o suficiente para arriscar um teleporte com Genkai para fora dali.

Contudo, uma grande explosão luminosa vinda do alto da torre chamou a atenção de ambas. Um imenso pássaro de fogo podia ser visto voando dali em direção sudoeste. Suzako, e conseqüentemente Amano, havia escapado. Ying ainda não estava certa ainda se tinha força suficiente para segui-lo e travar combate, mas logo foi desencorajada por Genkai, que a segurou pelo braço.

– Calma, não se afobe, você ainda não está em condições plenas. – Falou Genkai, impondo um tom calmo e ponderado à sua voz. – Eu sei para onde está se dirigindo. Só há uma coisa nesta direção: Gandara, a Cidadela de Yomi.

– Gandara? Yomi? Acho que já ouvi falar deles por aqui. Mas, e os irmãos? O Que houve com eles? – Perguntou Ying, preocupada.

– Calma, estamos vivos. – Falou uma voz vinda da direção da Torre. Chonshu ajudava Chonrei a caminhar. Estavam bastante machucados, mas vivos.

– Olá, garotos! É bom vê-los outra vez. – Saldou Genkai. – Por que Amano fugiu em direção a Gandara? Será que tem conexões por lá?

Tem! – Revelou Chonrei. – Um de seus planos era por Yomi contra Mukuro, mas agora creio que irá fazer justamente o contrário: vai aliar os dois, e contra nós! Seremos vistos como traidores e caçados até a morte!

Ato 2: O Orgulho de Uma Amazona


Depois de tudo explicado em relação aos planos anteriores quanto a Amano, eu assumi uma expressão pensativa e triste, me afastando um pouco de meus novos amigos, olhando para o alto da torre.

– Ying? Está tudo bem com você?__ perguntou Chonshuu, preocupado. A lembrança do sofrimento terrível infligido por ele àquela incrível mulher ainda pungentemente presente em sua mente.

Ying apenas suspirou pesadamente em resposta. Uma série de pensamentos tumultuados atravessava minha mente cansada e um imenso sentimento de culpa e raiva de mim mesma tomavam conta de mim me enchendo de angústia, mas não havia tempo para lamentações. Haviam providências a serem tomadas para se reverter aquela situação e não havia um segundo sequer a perder! Mas antes sua honra de guerreira exigia que fizesse uma coisa...

Voltando-se decidida para eles, fez algo que jamais havia feito antes, a não ser diante de Athena: ajoelhei-se diante deles, numa demonstração da mais profunda humildade.

– O que significa isso?__ perguntou Genkai.

Sem erguer a cabeça, murmurou, em tom perfeitamente audível:

– Há certos momentos na vida de uma pessoa, mesmo para alguém da minha estirpe, a das orgulhosas e lendárias Guerreiras Amazonas, em que se deve reconhecer seus erros: orgulho... Esse sempre foi o meu maior defeito, eu reconheço, e com ele, vem a Impulsividade. - Ying ri, com amargura.

– Minha mestra em minha pátria, minha mãe, Hipólita, como minha irmã, Leng, Ayoros e Saga, principalmente... todos sempre me disseram que eu era impulsiva demais, sempre orgulhosa de minha força e poder, mas eu achava que não, que sempre tinha tudo sob controle, que jamais poderia ser derrotada, afinal sou a própria Vitória, mas que somente pensava no bem-estar dos outros e sempre poderia protegê-los... Depois da tentativa de assassinato de Athena e do que... fizeram com Ayoros... - as lágrimas principiaram a correr. - e do que houve comigo, prisioneira por 15 longos anos em um esquife de gelo, em razão da minha impulsividade e incapacidade de ouvir a razão, eu achei que tivesse amadurecido e sempre pesassse bem meus atos antes de executá-los para que mais ninguém saísse prejudicado ou ferido, ou pior, mas... - fez uma pausa e ergueu o olhar, onde se lia um profundo arrependimento e determinação de remediar seu erro.

– Fui precipitada e imprudente em subestimar dois inimigos: primeiro, Kagami, que eu nem suspeitava que era Suzako e eu DEVIA, como ele mesmo disse, ter reconhecido o que ele era. Achei que pudesse persuadi-lo a me dar as informações que precisava e bolei aquele plano louco de seduzi-lo, mas tudo acabou saindo de meu controle. Ele era um deus e estava enlouquecido, e eu acabei superestimando minhas forças de novo, mas acho que me apavorei e acabei perdendo o controle por causa da segurança de meus filhos. Se aquele desgraçado realmente conseguisse o que queria... - olhou para o estado lastimável de suas roupas.

Empertigando-se, continuou:

– Eles seriam os primeiros a morrer, não suportariam o fluxo de energia... então tudo aconteceu. Não pensei que Nike fosse me exaurir tanto a ponto de me deixar à mercê do inimigo e foi aí que cometi meu maior erro: subestimei Amano, como eu não vi que ele era o verdadeiro cérebro por trás de tudo?! Aquele Maldito Verme Manipulador! - Ying contrai o punho direito, tomada de ódio.

Controlando-se à grande custo, Ying continuou:

– Por isso estou aqui, humildemente, pedindo o seu perdão, pois acabei prejudicando os planos de vocês e podia ter posto suas vidas em risco, como coloquei a daqueles que buscam Yusuke e as de vocês, que se arriscaram tanto por minha causa, como coloquei a minha e muito pior, a de meus dois filhos, que carrego há somente um mês em meu ventre.__ voltei os olhos úmidos para Chonshu, que parecia intensamente abalado.__ Por isso, agradeço meu rapaz, por ter contido seu Ken e agradeço a você, Genkai, mais uma vez, por ter devolvido minha força ou parte dela. Graças à Athena e a vocês, eles estão bem e eu tenho uma chance de me redimir.

– Você não precisa pedir desculpas... - Começou Chonrei.

– Preciso sim, ainda mais que pensei ter conseguido a informação de onde Yusuke estava e do paradeiro das esferas e a transmitido corretamente, mas parece que fui traída por minhas forças... pelo menos, isso teria compensado, mas...- baixou a cabeça por um instante, mas logo a ergueu e pôs-se de pé, com o punho direito fechado levado à altura do peito. - Mas já chega de lamúrias! juro que irei ajudá-los a frustrar os planos desse louco. Afinal, Athena me deu a missão de ajudá-los e eu não posso decepcioná-la e nem a vocês. Sei que o orgulho não é algo que se dome da noite pro dia... mas procurarei usá-lo de maneira construtiva. E para isso preciso de meu Cosmo e de minha energia vital totalmente restabelecidos.

Falando isso, um suave brilho azulado a cercou e, diante do espanto de todos eu convocou o Cálice, técnica aprendida com a Amazona Isolde de Taça.

– Senhora Genkai, será que pode me emprestar o seu cantil? - Pediu, olhando para uma pequena bolsa de pele, no seu flanco direito.

__ Cla...Claro.

– Obrigada. - e enquanto despejava uma pequena quantidade de água no cálice que brilhava como o sol em suas mãos, foi explicando: essa é uma relíquia a qual faz parte da Sagrada Armadura de Taça... Ele já foi confundido com o Santo Graal, que também já esteve lá e tem propriedades parecidas... não torna ninguém imortal, mas tem a capacidade, unida ao meu Cosmo, de revitalizar o corpo e o espírito e curar qualquer ferida.

Bebi um pequenino gole e todo meu corpo brilhou. Os ferimentos e queimaduras já haviam sido curados e as forças, já haviam sido quase totalmente restabelecidos por aquela surpreendente guerreira de idade avançada, mas agora eu restabelecia totalmente meu Cosmo, como se jamais tivesse lutado com Suzako antes. Estava nova em folha

Com um gesto e um comando mental, convoquei minha armadura dourada para que viesse recompor-me . Feito isso, voltei-me pra os dois irmãos, oferecendo o Cálice.

– Deixe-me agora agradecer, curando suas feridas e restabelecendo suas energias.É o mínimo que posso fazer, ao menos por enquanto.

Tremendo de emoção, Chonshu pegou o Cálice e bebeu dele, estendendo-o a seu irmão, Chonrei. Em segundos, estavam plenamente restabelecidos e com o ânimo renovado, assim como Ying.

– É... É realmente incrível!! - murmurava, Chonshu, perplexo. - Que poder fantástico!! Você não cansa de me surpreender.

– Você também me surpreendeu, meu rapaz. Possui um Ken fabuloso, para alguém da sua idade...e se arriscou muito por isso...Absorver minha energia daquela maneira podia tê-lo matado, sabe disso.

– Sim, eu sei. - Ele estremeceu ao lembrar da sensação que teve. - Todo aquele poder...

Serena agora, mas ainda com o olhar triste, Ying continuou:

– Como um sábio já disse uma vez: um grande poder traz uma grande responsabilidade. E a minha talvez seja grande demais... Espero usá-lo com mais sabedoria da próxima vez.


– Agora vamos! Precisamos nos juntar ao senhor Koenma e os outros, resgatar Yusuke e frustrar os planos daquele falso deus! Sinto que preciso voltar logo pra meu mundo, mas não voltarei enquanto as coisas por aqui não se estabilizarem. Espero ser mais útil pra vocês daqui por diante.


CONTINUA...



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