A deusa perdida escrita por Nina C Sartori


Capítulo 9
Duelo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/301040/chapter/9

Semanas se passaram e eu já não estava aguentando mais ficar no Monte Olimpo. Não tinha tantas coisas interessantes para fazer, era tudo entediante. Às vezes passava um tempo ajudando Hermes ou observava Hefesto criar alguma coisa para nos entreter. Apolo raramente aparecia, sempre estava em alguma reunião secreta com Zeus e mais outros.

Duas vezes na semana eu aparecia em meu palácio para ver se estava tudo bem, aproveitava também para dar uma olhada nos inimigos que observavam o local. Tanto tempo se passou e nada de Zeus dar a permissão oficial da minha ida ao palácio. Estou começando a achar que ele estava me enganando. Fiquei no observatório esperando o tempo passar, mas quanto mais esperava mais ficava entediada e impaciente. Levantei do banco e andei de um lado para o outro.

— Droga, este lugar é tão entediante, não aguento mais ficar sem fazer nada. – Resmunguei

Senti uma energia forte por perto.

— Se esse for o motivo de tanta raiva, saiba que irei arranjar logo algo para você fazer.

Encarei Apolo com raiva.

— Claro que é sobre esse tédio terrível, nesse lugar não tem nada para fazer! E você me abandonou! Se não tivesse me deixado de lado, eu não estaria assim!

Apolo levantou as mãos e riu.

— Agora é a minha culpa?

— Sim, a culpa é toda sua.

Ele começou a rir e essa foi a última coisa que tolerei. Apolo foi atingido em cheio por uma corrente de ar forte e por pouco não arrancou as árvores que estavam bem atrás dele, pois ele se apoiou em seu arco dourado. Ele ficou de pé e me encarou.

— Acabou?

— Posso continuar ainda?

— Se permitir que eu revide...

Coloquei a mão no queixo para demonstrar que estava pensando.

— Hum, não sei se é uma boa ideia, isso chamará a atenção de Zeus, ou seja, encrenca.

Ele sorriu com malícia.

— Melhor ainda.

Apolo pegou uma flecha de sua aljava e posicionou no arco atirando em mim com uma rapidez que quase não consegui me proteger. Se ele quer, então terá. Peguei minhas espadas e as juntei, elas se transformaram em meu bastão prateado que tinha um círculo semiaberto na ponta. Apontei o meu bastão para o céu e o balancei formando círculos no ar até se transformarem em um redemoinho e o atirei em Apolo. Ele lançou uma flecha no redemoinho, mas não conseguiu desfazer. Ele começou a fugir e depois de um tempo parou e esperou ser engolido pelo redemoinho. Comecei a estranhar até que o redemoinho começou a brilhar e se desfez. Apolo olhou pra mim com um sorriso brincalhão e atirou uma flecha vermelha, dessa vez eu não consegui vê-la e ela me atingiu em cheio na barriga. Não senti dor no início, até que a flecha derreteu e eu senti o meu corpo arder. Parecia que eu estava sendo queimada pelo Sol. Não gostei muito desta surpresa e resolvi lançar um poder com mais força. Levantei o meu bastão com um pouco de dificuldade por causa das dores no corpo e invoquei uma pequena tempestade e a joguei em Apolo. De começo só apareceu uma pequena nuvem sobre a cabeça de Apolo e ele estava achando graça daquilo, depois ele tomou uma chuva forte e um raio.

— Ai! Essa doeu.

Dei risada e caí no chão.

— Revidei. Será que você poderia tirar esse veneno de mim?

Não estava aguentando mais aquela dor, a cada minuto que passava a dor aumentava.

Ele veio até mim com a tempestade em sua cabeça o acompanhando e aplicando camadas de chuvas e raios. Ele se ajoelhou ao meu lado e tocou em minha barriga. Quando a tirou a dor sumiu.

— Agora. – Ele apontou para o alto da cabeça.

Eu ri e agitei a minha mão em cima da nuvem. Levantamo-nos e fomos em direção ao banco de mármore. Apolo sacudiu um pouco a cabeça e toda a água evaporou de seu corpo. Coisa do deus do Sol.

— Foi injusta essa batalha.

— Por quê?

— Porque você apelou para outro domínio.

— Mentira. Você sabe que quando tem tempestade também tem raios.

— Mas não era para ter incluído no pacote. Sei que você pode escolher quando deixar os raios aparecerem. Fez isso de propósito.

Dei de ombros.

— Ah, precisava revidar do mesmo modo, com dor.

— Engraçadinha.

— Talvez. Apolo, o que você tanto conversa com Zeus?

— Não posso falar, segredo de estado.

— Interessante.

— É de total interesse para aqueles que participam das reuniões e não daqueles que estão de fora.

Aquela voz me provocou arrepios. Eu e Apolo nos viramos e deparamos com um Zeus de rosto rabugento.

— Creio que sim. – Respondi.

— Se sabe, por que perguntou?

— Curiosidade.

— Devia ignorar certos sentimentos terrenos e se concentrar em seu verdadeiro eu como uma deusa.

— Sei exatamente onde é o meu lugar, não preciso ser lembrada por você.

Zeus não gostou da minha resposta e seus olhos faiscaram.

— O que exatamente vocês dois estavam fazendo aqui?

Quando eu ia responder, Apolo se pôs em minha frente.

— Eu e Alexis estávamos treinando. Desenvolvi um novo tipo de flecha e quis experimentar. Alexis só estava se defendendo delas.

Zeus ficou encarando nós dois pensando se acreditava na história.

— Da próxima vez não use tantos poderes, assim irá chamar menos atenção. – Ele disse me encarando

Balancei a cabeça concordando. Depois ele saiu com muita raiva. Olhei para Apolo com raiva.

— Era para ter me deixado falar, assim eu iria descontar a raiva que ele causou em mim.

— Queria evitar exatamente essa reação. Ele já estava com raiva, se você falasse mais alguma coisa ele iria te torrar com um raio.

— Deixava ele tentar.

— Para você virar churrasquinho? Não.

— Eu não iria deixa-lo tocar um dedo em mim.

— E quem disse que ele precisa te tocar para jogar um raio?

— Eu também não iria deixar o raio pegar em mim.

— Igual a flecha?

— Ali foi um momento de distração.

Ele segurou o riso.

— Sei.

O fuzilei com os olhos.

— Calma, não vamos começar de novo, trate-se de acalmar.

Fechei os olhos e comecei a respirar fundo até me acalmar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!