Apolo sorriu para mim e chegou mais perto.

— Sente minha falta?

— Não é isso.

Ele parou bem perto de mim e me analisou.

— Não estou gostando desta situação. O que houve?

Encarei Apolo e depois suspirei.

— Creio que não podemos continuar levando em frente esta relação, Apolo.

Ele ficou sério.

— Por quê?

— Eu sinto um carinho grande por você, mas não é aquilo que você quer. Tentei dar a chance de ficarmos juntos, ver no que dar. Só que sinto que não está certo para mim. Não é isso o que eu quero.

Apolo se afastou de mim, balançou a cabeça e deu uma risada de incredulidade.

— Nem acredito que isto esteja acontecendo. Normalmente eu que dou o fora e não levo o fora.

Franzi o cenho estranhando o comentário.

— Como assim?

— Eu estou acostumado a dispensar as pessoas que me relaciono, não ao contrário. Achei essa parte um pouco engraçada e fiquei surpreendido com sua atitude.

— Entendi.

Ele olhou para mim. Estava com uma expressão sincera no rosto.

— Eu sei muito bem o que quer dizer, Alexis. Te entendo perfeitamente. A minha natureza é de pegar e largar, não consigo ficar preso em um relacionamento. Sei que isso passou em sua cabeça. Isso passa na cabeça de todo mundo.

Concordei.

— Só que quero que saiba que não te traí com ninguém, queria mesmo tentar continuar neste relacionamento apenas com você.

Pisquei os olhos surpresa. Esta é a primeira vez que ouço Apolo declarar abertamente que queria continuar o relacionamento com apenas uma pessoa. A consciência apareceu de novo, arrependida e senti que deveria contar.

— Eu tenho algo para te contar.

— O quê?

Fechei os olhos e respirei fundo. Lá vai.

— Na festa, o deus que tinha dançado comigo foi Zeus. E uns dias depois disso, enquanto você estava fora, ele me deu flores e... Me beijou.

Senti o silêncio palpável no ar, mas continuei com os olhos fechados, esperando o comentário dele.

— Por que não me contou antes?

— Porque estava confusa e não sabia como conseguiria falar isto para você.

Demorou mais um tempo em silêncio, então resolvi abrir os olhos e vê-lo. Ele estava me analisando.

— Tudo bem. Eu já desconfiava.

Olhei perplexa para Apolo que demonstrava tranquilidade com aquilo.

— Como assim desconfiava?

— Eu já suspeitava que Zeus alimentava um sentimento forte por você tem muito tempo, mas piorou a situação quando você voltou para o Monte Olimpo. Eu estava observando, sabia que cedo ou tarde aconteceria isso.

Pisquei meus olhos, várias vezes.

— E também tive visões sobre isto. Na realidade já sabia disso tudo, só que não queria acreditar, ainda achava que poderia mudar a situação.

Sentei em minha cadeira e fiquei pensando naquilo. Ainda estava digerindo aquelas informações todas sem acreditar.

— Também sei sobre Jared.

— O quê? – Falei surpresa.

— Sei que está voltando a ter um caso com ele, Alexis. Sou o Oraculo de Delfos, sei o que acontece ao meu redor melhor do que os outros.

Apoiei meus cotovelos na mesa, coloquei meu rosto nas mãos e desejei tanto poder sumir daquele lugar.

— Acabo de perceber que sou péssima em relacionamentos.

Ouvi Apolo rir.

— Você não seria a primeira, Alexis.

— Concordo.

Senti Apolo puxar minhas mãos para eu poder levantar a cabeça e olha-lo.

— Não se sinta péssima. O tempo que passamos juntos foi bom para mim, gostei de ficar próximo a você. Mas concordo que não devemos ficar juntos.

Observei aquele rosto perfeitamente esculpido para poder detectar algum ponto de mentira, mas não tinha. Apolo falava a verdade.

— Por que concorda comigo?

— Porque eu quero farra e estar em um relacionamento sério não combina comigo. – Ele piscou os olhos para mim.

Comecei a rir. Sempre piadista. Lembrei de algo que andou passando em minha cabeça e quis perguntar.

— Nos últimos dias, estava próximo demais e assim me fazia estranhar. Poderia me explicar o por quê?

— Estava tentando ser um namorado mais ativo e também matar o meu desejo de farra com você.

— Entendi. – Retomei as risadas. – Creio que este seja o término oficial do nosso relacionamento breve. Amigos? – Segurei as mãos dele um pouco mais forte.

Apolo sorriu e apertou as minhas mãos de volta.

— Amigos.

De repente ele levantou e me puxou para um abraço forte. Depois me levantou e rodopiou pela sala de reuniões. Comecei a rir bem alto. Depois de terminar o abraço, olhei para Apolo que estava com uma expressão brincalhona.

— Está tão feliz assim em ter tomado um fora?

— Isso não. Estou mais feliz por podermos ter conversado melhor e colocado as coisas no lugar. Não duvido que Ártemis veio te encher a cabeça sobre nossa relação e Héstia tenha dado uns conselhos também.

Olhei para baixou e coloquei meus braços atrás do corpo.

— Bem, isso tenho que concordar.

Ele riu.

— A conversa está ótima, mas tenho que ir. Tenho uma guerra para vencer. – Ele deu um sorriso de canto encantador e piscou o olho direito para mim.

— Temos uma guerra para vencer.

— Isso. Tenho um palpite que o senhor dos Céus está impaciente por esperar lá fora também.

Olhei para a porta e subiu um frio em minha barriga.

— Não sei bem o que conversar com Zeus.

Apolo chegou mais perto, segurou minha cintura e sorriu.

— Tenho certeza que tudo dará certo.

— Espero.

Ele beijou minha testa, fez uma reverência e saiu. Fiquei sozinha no fundo daquela sala, encarando a mesa e esperando Zeus entrar. Respirei fundo e soltei o ar devagar. Relaxa, tudo está sobre controle, pensei me encorajando. De repente Zeus apareceu na porta, entrou e fez uma reverência.

— O que quer tratar comigo, Alexis? – Falou sério e rispidamente.

Apontei para a cadeira do outro lado da ponta da mesa.

— Sente-se. Creio que esta conversa irá demorar.