A deusa perdida escrita por Nina C Sartori
Depois de passar o fim da tarde e uma parte da noite redecorando o palácio, fui para os meus aposentos, depois segui para a sala de banho e tive uma ducha com direito aos meus sais, presente da deusa Íris. Enquanto aproveitava o banho, fiquei pensando nos recados que recebi. Não sabia como ele me encontrou afinal nunca nos vimos, mas ele achou um jeito de me achar, de descobrir o segredo. Acomodei-me na banheira, fechei os olhos e suspirei. Amanhã será um dia longo.
***
Quando o dia amanheceu, me vesti e fui direto para a sala de refeições, onde tomei o meu desjejum. Logo em seguida avisei a Kira que sairia e que não sabia a hora de minha volta. Fui para o gramado e imaginei o lugar que eu queria ir. Quando abri os olhos novamente, estava em frente a uma casa marrom de dois andares em uma rua modesta no Queens. Eu usava um vestido de seda um pouco acima do joelho da cor preta e tinha duas alças finas, também estava com salto alto. Meu bastão estava disfarçado de presilha em meus cabelos que caíam soltos aos ombros. Fui até a porta e toquei a campainha. Ouvi passos firmes descerem as escadas até chegar à porta. Quando a porta se abriu, o homem de cabelo negro arrepiado, olhos do mesmo tom, ficou perplexo em me ver. Sorri.
— Há quanto tempo, Jared.
Ele continuou de boca aberta e me observando. Dei o tempo que ele precisava para acreditar que eu estava lá. Percebi que estava com uma expressão cansada. Ele usava um blusão amarrotado cinza que acentuavam os seus músculos e uma calça de flanela preta. Estava descalço.
— Não irá me convidar para entrar?
— S-Sim, entre. – E deu espaço para eu passar.
Olhei o cômodo e percebi que continuava o mesmo. A lareira no fundo da sala, no meio tinha uma mesa de centro, um sofá grande e macio. Nos dois lados da lareira continham livros nas prateleiras da estante embutida. Percebi que tinham objetos novos, porta-retratos. Virei em sua direção e sorri com sua expressão, ainda estava surpreso.
— Sei que está confuso e surpreso por eu estar te fazendo esta visita.
Ele sorriu. Sentia falta daquele sorriso.
— Depois de tantos anos, acha mesmo que eu imaginei que voltaria aqui?
— Deveria.
Ele puxou as mangas do blusão até os cotovelos.
— O que a traz aqui?
— Sabe muito bem porque vim aqui.
— Como pode perceber, ele não está. Estou sozinho aqui.
— Ele voltará que horas?
Ele riu.
— Horas? Ele está viajando, não voltará tão cedo.
Assenti, mas fiquei preocupada com esta informação. Suspirei. Senti um pouco de alívio por saber que ele não voltaria logo.
— Tenho que conversar com você. Ele conseguiu de algum modo descobrir o segredo e me mandou recados pelo fogo divino.
Ele ficou me analisando por um tempo e depois começou a rir.
— Ele é bem esperto.
— Esperto? Penso que isso é uma tolice. Sabe que ele não poderia descobrir o segredo.
Ele riu, mas agora sem emoção.
— Segredo? Não é mais segredo, Alexis. Ele sabe de tudo.
Paralisei. Ele não poderia descobrir tudo, era perigoso demais.
— Como ele descobriu?
— Do modo mais difícil, sendo atacado por um dos monstros do seu mundo. Depois disso tive que contar sobre você. – O olhei desesperada – Ele não sabe que você é a mãe dele, só sabe que é um semideus. Tive que manda-lo para o acampamento.
Fiquei aliviada. Meu filho estava a salvo e sairia de lá preparado para os perigos do mundo. Mas uma coisa me incomodava.
— Então como ele soube o local certo para enviar os recados?
— Não tenho ideia.
Ficamos pensando sobre o assunto por um tempo, até que Jared quebrou o silêncio.
— Você o reconheceu no acampamento?
— Claro que não. Isso esta fora de cogitação, principalmente com os últimos ocorridos.
Jared franziu a testa e sentou ao meu lado no sofá.
— Quais ocorridos?
— Estou sendo caçada. Se descobrirem que tenho um filho, irão tentar mata-lo para me atingir. Eu não aguentaria isso, Jared.
— Entendo. Mas será que você não poderia entrar em contato com ele? Para pelo menos acalma-lo.
— Não sei se é uma boa ideia. Mas os recados têm que parar de serem enviados, se continuar teremos problemas sérios no futuro.
— Tentarei conversar com ele.
— Obrigada.
Comecei a lembrar dos recados, de todas as palavras escritas com raiva e desespero; aquilo não me irritava mais, só fazia meu coração ficar apertado e triste. Ri sem emoção.
— O garoto me odeia.
— Não diga isso.
— Mas não foi você que leu aqueles recados e sentiu a raiva contida naquelas palavras.
— Talvez tenha sido um momento de fraqueza dele.
Comecei a rir e segurei sua mão.
— Como sempre analisando bem as situações.
Ele apertou a minha mão e sorriu comigo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Alexis tem um filho com um mortal. Quais serão as consequências futuras? Boas ou ruins?
Beijos.