Lary Taylor escrita por Akira Seiy


Capítulo 6
Capítulo 6 - Conferência Malquista




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Symans se aproxima da janela do quarto do garoto, após um tempo ouviu-o reclamando e uma voz feminina junto a dele em uma discussão.

–Droga, meus ouvidos me traem? – Ele observa a janela por mais um tempo. Vê duas sombras andando em um corredor. – Essa vadia... Que merda essa desgraçada faz aqui?

Logo, confirmando isso, Charlote sobrevoa a casa pousando ao seu lado.

–Lary não está em sua casa. – Ela diz vindo em direção ao homem, já irritado.

–Acha que eu não percebi isso? – Diz pegando um cigarro do colete.

–Isso estraga nosso plano? – Pergunta a mulher tentando enxergar algo pela janela.

–Talvez, ela pode ir embora, isso tornaria as coisas mais fáceis.

–Por quê? – Ela se vira a Lênin. – Qual a diferença de fazermos algo com ou sem ela aqui?

Ele apenas a encara, dá um trago no cigarro e apenas não responde.

–Teme tanto sua vida assim, Symans? – Insinua Charlote com um sorriso provocador. – Sente medo de uma garotinha?

Escondendo o assombro pelas palavras da mulher apenas ri e caminha para frente da casa.

–Livre-se dela. Dê um jeito. – A atmosfera sombria emana novamente dele. – Eu já disse que se depender de mim não sobrara nada nessa cidade.

–O que quer que eu faça? Faze-la sumir magicamente? – Pergunta ironicamente.

–Faça o que quiser, eu vou apenas me sentar e esperar. – Diz ele se acomodando na grama perto da cerca ao lado da porta de entrada.

–Fútil, imprestável. – Ela diz baixinho.

–Ora, obrigado. – Retruca em deboche.


Charlote em dúvida sobre o que fazer é tomada por um pensamento.

“Lênin... Ele realmente está inseguro nessa missão.”

Ela olha para o parceiro, atento em seu bloco de notas.

“Na verdade ele está assim desde a visita ao Oráculo, o que o incomoda tanto no escolhido?”

–Vai ficar ai flauteando ou vai fazer alguma coisa? – Ele diz em tos ríspido.

–Já estou indo.– A mulher responde indo em direção aos fundos da casa.

Ela volta a janela, dela é possível ver um quarto não muito grande com duas camas de solteiro e a porta, quando aberta, mostra um corredor.

–Eu não faço idéia do que vou fazer. – Suspira a moça. – Não posso simplesmente entrar na casa. Mesmo em espectro ela poderá me ver. – Ela dá uma pausa. – É isso! Eu só tenho que mandar ela sair. Só tenho que assusta-la.


 

Alex está um pouco perturbado esses dias... Eu não diria diferente, mas ele está distante.

Me distraio olhando-o atento na TV. Esses dias estavam calmos de mais para ser verdade. Eu tenho sorte de ter Alex comigo, mas isso não muda o fato de ele estar estranho. Eu...

–Lary? – Ele pergunta intrigado.

–Ahm? O que foi?

–Tem algo no meu rosto? – Ele passa as mãos sobre a face.

–Ah... Não, não tem nada. – É, deve ser impressão, esse é o mesmo Alex de sempre. Solto um sorriso idiota.

–É bom ver você rindo de novo, Lary. – O doce riso de Alex consegue me alegrar mais que qualquer outra coisa, eu realmente não consigo imaginar como seria perde-lo...

Ouvimos um barulho vindo da porta da frente, seguido por outro, mais baixo, vindo do quarto.

–Eu vejo a porta. – Alex diz levantando.

–Ok, eu vou ver o quarto. – Levanto-me logo em seguida.

Um arrepio percorre minha coluna, sinto um frio inexplicável pouco antes de entrar no quarto. Logo tenho a sensação, a mesma sensação daquela noite.

Isso me faz parar na porta do quarto. Logo um vulto passa na minha frente. O tempo para meus olhos se acostumarem com o escuro a ponto de distinguir o que estava na minha frente era quase que como interminável, fui tomada por um pânico sem sentido. A poucos metros de mim estava a criatura daquela noite. O pássaro ou sei lá o que isso é. Ele está bem aqui, a metros de mim... Está dentro da casa de Alex. Isso está atrás de mim? Sou eu que esse bicho quer? Se for isso eu tenho uma chance de salvar Alex. Eu só tenho que dar um jeito de ir embora. Achar um jeito de fugir.

–Não tem ninguém aqui, Lary. – Alex grita da porta da frente. – O que será que foi isso?

–Eu... Eu não sei. – Gaguejo ainda pensando no que fazer.

–Lary, está tudo bem? – Escuto a voz dele se aproximando.

–Sim... Sim... Está tudo bem.. – Minha voz continua saindo fraca e estranha.

–Lary, o que foi? – Sua voz já está atrás de mim.

–Nada...– Tento me virar mas a criatura não para de me fitar. Eu tinha quase certeza que ela era visível a todos, Alex não está vendo?

–Lary...–Ele pega minha mão. Por um momento volto a mim.

Eu consigo me virar olho para ele com lágrimas começando a escorrer pelo meu rosto. Ele me envolve em um abraço, eu não sei mais o que fazer...

Eu só queria que isso acabasse, ou ao menos queria saber o que fazer.

–Eu me cansei disso. – Eu olho surpresa para porta da frente. Um homem estranho estava parado na entrada. – Eu já percebi o quão covarde você é Taylor, afinal você está tentando proteger ou esta sendo protegida por esse humano?

–Lary, você conhece esse cara? – Alex pergunta surpreso.

–Você está vendo ele? – Como isso é possível, ele pode parecer normal mas emana uma aura mais sombria e assustadora que a criatura. Ele me assusta mais que ela. Ele não é humano. Como Alex esta enxergando-o? Ele está vendo o pássaro?

–Seu idiota! – Uma mulher sai do quarto, onde foi parar a ave? Que merda está acontecendo aqui? – O que pensa que está fazendo?

–Você estava demorando de mais, minha cara. – O rosto dele é tomado por um sorriso sinistro. – Eu cheguei a algumas conclusões... – Ele passa a me encarar, e a vir em minha direção, abraço Alex mais forte. – Bem, não é essa garota.

–Como pode ter certeza? – A mulher entra em sua frente, eles estão a poucos metros de nós. Não sei se isso me alivia, mas não quero que ele chegue mais perto. – Você não pode estragar a missão!

Missão? Que missão é essa? O que isso tem haver comigo?

–Eu já disse que não é ela, oras! – Ele

empurra a mulher e para a poucos passos de mim. O que é isso? Ele está hesitando... Ele está inseguro com alguma coisa. Eu posso sentir... Mas o que o incomoda? Ele passa a fitar Alex...

–O que vocês querem? – Alex pergunta me empurrando para atrás dele.

O homem para na frente de Alex, eles se encaram por um tempo. É angustiante vê-lo tão perto de Alex, é assustador... Mas eu não posso fazer nada, não posso fazer nada para ajudar Alex, não posso fazer nada para me proteger, não posso fazer nada para mudar a situação. Eu nem ao menos posso adivinhar o que vai acontecer...

Por um momento o homem parece examinar a situação... Examinar Alex... Me surpreende escutar um riso, no momento mais um deboche... Que se torna uma gargalhada em poucos segundos.

–Como não percebi isso antes? – Diz entre os risos.

–Do que está falando? Finalmente ficou louco? – A mulher pergunta perplexa.

–Vamos embora. –Diz ele se virando. – Isso não dissipara hoje, mas acabará em breve. Até mais ver, minha cara Taylor.

Ele apenas se vira e sai da casa, seguido pela moça.

–Eu esperava mais de você. – Escuto baixinho vindo da porta da frente.

Alex corre para fechar a porta. Ainda atordoado com o que acabara de acontecer.

Por que eles foram embora? O que foi aquilo afinal?

–Alex...– Sei que devo explicações para ele... Mas não sei como começar.

–Você está bem, Lary? – Ele pergunta em um tom preocupado.

–Sim, estou bem. – O meu medo já havia passado, eu sabia que eles não iriam voltar, pelo menos não hoje. O que eles são? Nunca vi nada com uma força tão grande e ao mesmo tempo com a forma humana. Eles já se foram, mas eu ainda não sei o que fazer.


 

Symans ainda rindo caminha com Charlote enchendo-o com perguntas sobre o que acontecera.

–Ora, minha cara! – Diz tripudiando. – Você não percebeu? Passou mais tempo ao lado dos consortes do que eu, era sua obrigação ser a primeira a saber.

–Saber o quê?– Ela começa a se irritar. – Ora, Symans minha percepção não é tão apurada quanto a sua!

–Disso eu sei, prezada Charlote. Não reparou nada de estranho no garoto? –Pega um cigarro no colete. – Nenhuma aura especial?

A mulher para por um tempo, recordando.

–Não eu...– Ela dá um pausa. – O que isso quer dizer?

–Ele é um agente. – Tira o seu isqueiro de prata do bolso.

–Pare de brincar. – Ela diz irritada. – Não aguento mais suas zombarias.

–Eu não imaginei o quão turra era sua personalidade. – Fala para provoca-la mais ainda. – Não quer acredita por que sou eu que estou dizendo ou simplesmente é teimosa demais para aceitar que não percebeu algo assim?

–Isso não faz sentido! – Ela dá uma pausa para se acalmar. – A aura de um agente pode ser percebida facilmente a quilômetros, mesmo quando é disfarçada.


–Isso porque ele ainda não é um agente completo. No momento ele não passa de um simples receptáculo.

–Como assim não é um agente completo? – As respostas não a fazem esclarecer as dúvidas, apenas as pioram. Fazendo-a se estressar mais ainda.

–Bem, pelo que pude perceber seu dom é a absorção. Todavia, ele está escorchando as virtudes de Lary, está vivendo a base dela.

Ele espera a parceira especular algo para continuar. Mas como isso não acontece prossegue:

–Esse fato eu já estava avaliar quando chegamos, estava com a suspeita que ele também podia ver os demônios. É claro, como não são criaturas com aura definida a maneira são vistos depende do portador da visão. Lary, por exemplo teme-os por vê-los de maneira assustadora. a maioria das pessoas com esse talento os vê assim. Mas Alex provavelmente os enxerga como pessoas ou algo parecido.

“Isso não foi de muita ajuda para minha conclusão, mas finalmente hoje eu consegui a certeza. O fato é que ele não pode mais viver sem ela, se tornou dependente. De acordo com os registros, ele veio para essa cidade pouco tempo depois dela, não é?”

–É..– A mulher dá apenas uma resposta curta ainda tentando entender.

–Ele experimentou como é ter o poder drenado. Esse é o problema dos que tem a habilidade da absorção. É um dom maravilhoso, mas você não deve se apegar aos seus associados.

–É, eu entendi. – Ela dá uma pausa. – Mas o que o fato de ele ser um agente muda na nossa missão? Apenas devemos leva-lo, certo?

–Minha cara, primeiramente eu não tenho interesse nenhum nessa missão, fora que se apenas o levássemos ele iria morrer. Como eu já lhe disse, ele é dependente dela. Então, para conseguirmos um novo agente e terminarmos essa missão ele deve usurpar tudo o que o prende a ela.

–O que isso quer dizer? – O que ele explicara apenas deixou com mais dúvidas a mulher.

–Quer dizer que temos um novo aliado... – Ele dá o último trago em seu cigarro o joga no chão. – Essa missão está prestes a acabar.


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