A Chave-estrela escrita por TaediBear


Capítulo 9
No qual o Reino da Floresta alegra-se


Notas iniciais do capítulo

YOYOYOYO! Mais um capítulo de A Chave-estrela. Muito obrigada por ler a fic até aqui! Espero que gostem da continuação!
Boa leitura.



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Shuu ajudou Haru a carregar Elvellon de volta para o Reino da Floresta. Liam estava um pouco mais atrás; não conseguia conter as lágrimas. Na vila, os elfos comemoravam alto a volta das crianças. O grupo podia ouvir a uma distância considerável os risos e gritos que inundavam aquele lugar antes silencioso.

Na entrada, a mãe de Liam observava preocupada o interior da floresta. Seus olhos refletiam todo o amor que ela sentia pelo filho, e Haru sorriu ao vê-los. Lembrava-se de sua própria mãe, da preocupação em seus olhos quando deixou a Vila Amarela. De alguma forma, Liam lembrava o próprio garoto: os dois queriam aventurar-se pela Terra de Lá, conhecer pessoas e raças novas.

Ele lançou seus olhos azuis sobre o elfo e apontou com a cabeça sua mãe. Liam levantou seus olhos chorosos e viu um sorriso estampar-se na bela face da mulher. Ele correu em sua direção e abraçou-lhe a cintura magra, seu rosto contra o vestido esverdeado da mãe. Chorava alto e forte, e a mulher envolvia-o com os braços finos, sussurrando-lhe que estava tudo bem.

Haru não queria estragar aquela cena. Ele mesmo comovera-se com os dois elfos. Pediu a Shuu que deixasse Elvellon próximo a uma árvore. O ladrão obedeceu-lhe prontamente e pôs as costas do elfo apoiadas no tronco de uma das árvores. Haru sentou-se ao lado do corpo adormecido. Shuu virou-se.

– Eu já vou, garoto amarelo – disse. – Tenho que roubar todas as riquezas de Ellyon.

Haru sorriu.

– Tudo bem. Obrigado, Shuu, por aparecer para me ajudar.

O menino não pôde perceber, mas, nesse momento, as bochechas do ladrão enrubesceram, e ele limpou a garganta visivelmente desconfortável.

– Tanto faz – respondeu. – Eu não fiz nada.

Ele saltou para o galho mais próximo da árvore ao seu lado e desapareceu entre a folhagem verde da floresta. Haru ainda ficou observando o topo das árvores por um tempo, perdido em seus próprios pensamentos, enquanto esperava que Liam voltasse para Elvellon – o que não demorou muito a acontecer.

O elfo ajoelhou-se próximo a Haru, fungando, a mãe ao seu lado. Ele contou a ela o que havia acontecido, como o humano fora corajoso ao ajudá-lo a resgatar Elvellon, como eles se livraram de Ellyon e como ele se arrependia de não o ter capturado. Ela afagou os cabelos castanhos do filho e beijou a testa exposta.

– Não se preocupe, meu querido – ela sussurrou. – Ele vai ficar bem.

Liam tentou sorrir, tentou dizer a si mesmo que Elvellon ficaria bem, tentou convencer-se que estava triste por nada. Mas não conseguia. A figura imóvel do elfo à sua frente parecia retirar-lhe todas as esperanças que restavam.

Haru levantou-se da terra, sorriu para a mãe de Liam e se aproximou deste. Sua mão pequena tocou o ombro do amigo, em um pedido mudo para que ele se levantasse. O elfo obedeceu-lhe, e os dois carregaram o corpo de Elvellon. A elfa guiou o caminho até uma das casas de madeira na clareira, passando por várias crianças que, enfim, voltavam a seus pais. Ela empurrou a porta e revelou um pequeno quarto, onde havia uma mesa e uma cama. Um elfo de cabelos grisalhos estava sentado atrás da mesa e sorria para eles.

– Senhor, nós encontramos Elvellon! Ele estava com as crianças desaparecidas!

Ele levantou-se, as sobrancelhas brancas arqueadas.

– Ora, mas se não é uma ótima notícia! Elvellon era o melhor aprendiz de curandeiro do Reino da Floresta.

Haru e Liam deitaram o elfo sobre a cama, enquanto o senhor aproximava-se a passos lentos deles. Seus pequenos olhos de um tom claríssimo de azul observavam Elvellon com cuidado. As mãos examinavam-lhe os braços expostos, o rosto imóvel, o peito a subir e descer quase imperceptivelmente. Ele cuidava do elfo com o mais puro cuidado, como um verdadeiro curandeiro, como um verdadeiro salvador de vidas. Liam saiu do quarto do senhor, ligeiramente desconsertado. Haru o seguiu prontamente. Do lado de fora, o menino colocou sua mão sobre as costas de seu amigo e sorriu.

– Vai ficar tudo bem, Liam. Elvellon vai acordar.

O elfo passou a mão sobre os olhos e lançou-os para o humano.

– Obrigado por tudo, Haru – disse, com um ligeiro sorriso. Então, ele tentou olhar atrás do garoto. – Onde está o Io?

Haru tentou olhar em seu capuz e levou as mãos à cabeça. O lumpy não estava em lugar algum, o que fez o menino ficar deveras preocupado.


–-----


Io saltitava pela floresta, resmungando baixo o quanto Haru era insensível. O lumpy estava dormindo no capuz do menino durante o caminho de volta para o Reino da Floresta, quando, por algum motivo, ele escorregou e caiu na terra fofa. O garoto continuou caminhando e Io, dormindo. Um não sentiu falta do outro. Quando o lumpy acordou, porém, viu-se sozinho em meio às enormes árvores da floresta.

– Garoto idiota, nunca percebe quando o deixo sozinho – resmungou. Ele saltou para o espaço entre as raízes de uma árvore e se aninhou ali. – Também vou fazê-lo me procurar um pouco mais.

Io passou a observar a floresta ao seu redor. Ela estava estranhamente silenciosa, mesmo que ainda fosse dia. Era possível, inclusive, ouvir passos leves na pequena estrada em desuso entre o Reino da Floresta e o Reino das Flores. Sua antena balançou ligeiramente ao sentir a presença de outro ser vivo nas proximidades. Seus pelos se eriçaram. O lumpy saltou sobre uma das raízes que despontavam do solo e observou um ponto específico entre as árvores. Ele pôde ouvir uma voz belíssima a cantarolar uma canção, o que o fez esboçar um sorriso de satisfação.

Havia quanto tempo não ouvia uma voz tão bonito quanto aquela?

Io saltitou em direção à criatura e parou a uma distância segura para visualizá-la. A figura estava agachada em frente a um arbusto e colhia frutinhas silvestres. Tinha a aparência humana, a pele pálida, apesar do sol forte que a iluminava, os cabelos de um tom claro de castanho, ondulados, a quase alcançar-lhe os ombros, e olhos da mesma cor. Suas orelhas eram também como as humanas, o que fazia Io ter certeza de que não se tratava de um elfo. Contudo, havia algo naquela criatura que o fazia ter certeza de que, também, não se tratava de um humano.

Io tentou saltar para mais perto, mas estava tão concentrado na imagem à sua frente que não vira o galho baixo sobre ele e o acertou em cheio. Ele caiu com a face virada para a terra e resmungou baixo, fazendo a criatura voltar-se para ele. Os enormes olhos castanhos encaravam-lhe ligeiramente assustados. O lumpy ajeitou-se e limpou a garganta.

– Perdoe este lumpy, por favor. Não foi minha intenção assustá-la.

A verdade era que Io havia se interessado pela criatura, que era, de fato, extremamente bonita. Então, decidira ser o mais cavalheiro possível. Só que o problema era que continuava sendo apenas uma bola de pelos. Nunca teria chances com uma moça tão bonita.

A moça sorriu – o que conquistou ainda mais o lumpy – e disse que não fora problema algum. Ela voltou-se mais uma vez para as frutinhas e continuou a colhê-las. Io saltou para longe da moça e suspirou. Ela era bonita, demasiadamente bonita, e ele era uma bola de pelos.

Quando estava a uma distância segura, deixou que a pedra em sua antena brilhasse, que seus pelos diminuíssem, que seu corpo aumentasse de tamanho, que criasse braços e pernas. Em pouco tempo, metamorfoseou-se em um humano. Seu cabelo era de um tom extremamente escuro de castanho e os olhos brilhavam em um dourado belíssimo. O corpo em que se transformou era ligeiramente forte, e ele era consideravelmente mais alto que Haru, já que se metamorfoseara em um homem adulto. Com um sorriso nos lábios finos, ele caminhou de volta para a moça, disposto a conquistá-la.

Ela continuava a colher as frutas enquanto cantarolava a mesma canção. Ele limpou a garganta e lançou um sorriso sedutor à moça, que revirou os olhos quando mirou o homem. Io aproximou-se dela e a agachou-se ao seu lado.

– Está sozinha?

– Na verdade, não – respondeu, com sua voz adocicada. – Estou com meu amigo que é invisível aos olhos de todos.

Io irritou-se ligeiramente com a resposta atrevida da moça, mas não demonstrou. Em verdade, apenas pegou algumas frutinhas e as pôs na pequena cesta da garota.

– Você tem um ótimo senso de humor – comentou. – Quer ajuda?

– Não preciso, obrigado. Estava indo para casa agora.

Ela puxou a cesta com certa violência e se levantou. Io seguiu-a rapidamente e pôs-se de pé na mesma velocidade. Ele segurou o pulso dela e abriu o sorriso mais sedutor que conseguia demonstrar – estava, de fato, encantado por ela.

– Por que a moça não me deixa ajudá-la? – insistiu. – Posso levar sua cesta.

Ela arqueou uma de suas sobrancelhas, enquanto mirava o lumpy.

– Moça? – puxou seu pulso com força, franzindo o cenho. – Eu sou um garoto, seu idiota!


–----


Haru encontrou Io muito tempo depois. O lumpy voltara para a entrada do Reino da Floresta com um olhar vazio. O menino carregou-o nas mãos e o encarou ligeiramente irritado.

– Io! Onde você esteve?

O lumpy levantou seus olhos vazios e balbuciou alguma coisa que o humano não entendeu. Haru preocupou-se mais uma vez.

– O que aconteceu, Io?

A bola de pelos remexeu-se entre as mãos do menino e saltou para sua cabeça.

– Nada, nada. Você já conseguiu a segunda parte da chave-estrela?

– Ah, sim!

O menino pegou a mochila em suas costas e retirou as duas pontas de estrela, que se encaixavam perfeitamente. Os pequenos olhos negros do lumpy brilharam quando viram o objeto nas mãos de Haru. Na ponta que eles haviam conseguido, era possível ler-se:

À feiticeira Luna, que deu à chave um envoltório com brilho hipnotizante.

Haru sorriu para o lumpy, que lhe retribuiu com um olhar repleto de expectativa. Estavam chegando cada vez mais perto ao objetivo que tinham. A cada dia, eles estavam mais próximos do Reino da Estrela, do segredo da felicidade dos seres vivos da Terra de Lá, o que os enchia de felicidade e esperanças.

Com Io seguro em seu capuz, Haru voltou para a casa do curandeiro, onde Liam ficara. Quando entraram, Haru mirou o elfo com a cabeça deitada sobre a cama e Elvellon a desalinhar os cabelos de Liam. O garoto surpreendeu-se ao vê-lo acordado, e ele retribuiu a surpresa com um sorriso.

– Quem é você? – indagou.

– Ah, meu... Meu nome é Haru. Eu sou amigo de Liam.

Elvellon afastou sua mão do elfo, contou que fora levado por Ellyon porque ele o confundira com uma criança, já que era demasiadamente baixo e que, quando não fora hipnotizado pela pedra, ele o jogou no galpão dos fundos. Então, perguntou ao garoto como haviam escapado das garras de Ellyon. Haru explicou tudo o que havia acontecido, focando na maneira como Liam reagira quando o vira desacordado. Ele percebeu as maçãs do rosto do elfo ligeiramente coradas e sorriu. Aqueles dois se amavam verdadeiramente.

Liam acordou nesse momento, os olhos vermelhos e inchados por causa das lágrimas que lhe banharam a face. Levou um tempo para ele associar que Elvellon acordara. Mas, quando percebera, um sorriso marcou-lhe a face levemente arredondada e as lágrimas – dessa vez de felicidade – banharam-no mais uma vez.

– Elvellon... – murmurou entre um soluço e outro.

– Há quanto tempo, Liam.

O elfo mais novo jogou os braços ao redor do corpo de Elvellon e pôs a face contra seu peito, chorando fortemente. O mais velho abraçou-lhe carinhosamente, enquanto afagava-lhe os cabelos castanhos. Haru sorriu com aquela cena. Era belíssimo ver aqueles dois elfos reunirem-se mais uma vez após terem sido separados. Era verdade que eles se amavam fortemente, era possível perceber isso em seus olhos e no carinho de suas ações. Quando Elvellon afastou-se ligeiramente de Liam e beijou-lhe os lábios levemente, porém, Haru corou e virou seu rosto.

Talvez estivesse na hora de deixá-los a sós.

Ele virou-se para a porta, mas a voz doce de Liam encheu-lhe os ouvidos:

– Obrigado, Haru, por ter salvado a mim e a Elvellon.

O humano voltou-se aos dois e os viu abraçados, as bochechas semelhantes a morangos maduros.

– Não, Liam. Obrigado a vocês – ele sorriu. – Vocês foram os preciosos amigos que eu fiz aqui, no Reino da Floresta, e espero que continuemos o sendo. Sem vocês, eu não conseguiria fazer nada, porque as pessoas que me são importantes me dão forças para continuar em frente.

Haru aproximou-se dos elfos e os abraçou com carinho.

– Espero que possamos nos encontrar mais uma vez.

– Sim – Liam concordou.

O garoto despediu-se de seus amigos e se dirigiu mais uma vez à porta. Então, deixou os dois a sós.

O Reino da Floresta ainda estava em festa quando Haru chegou à outra estrada em desuso que o levaria ao Reino do Lago. Dessa vez, os olhares que aquelas criaturas lançavam-lhe eram demasiadamente carinhosos e davam uma sensação de alegria à criança humana. Com uma determinação nos olhos azuis, Haru partiu, Io em seu capuz a dormir, sonhando com o garoto que conhecera aquele dia.

Os elfos podiam abrir mais uma vez as estradas que levavam à sua vila graças a um garoto humano que lhes devolvera a felicidade.



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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Espero que tenham gostado.
Então, eu dei um ukezin para o Io de presente de natal, AUHEUHAEUAHAUHUAE
De qualquer forma, acho que não vou postar até o natal - ou talvez sim. Depende da inspiração! Anyway, feliz natal, pessoal! :3
Até a próxima,
Takoyaki ~ MOITAS PARA IO E SEU UKEZIN E PARA ELVELLON E LIAM A GO RA!