A Chave-estrela escrita por TaediBear


Capítulo 12
No qual Lady Kyrie entra no castelo


Notas iniciais do capítulo

Então, um mês, né? HAHAHAHA Acho que só a Moyashi-san e a Kaaryu leem essa fic, mas tudo bem . . . eu acho.
Esse capítulo foi quase feito para a Moyashi-san, afinal tem o tema que ela mais adora nesse mundo, HAHAHAHAHA E aí, Moyashi-san, espero que goste do capítulo! ♥
Boa leitura!



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- Não é tão fácil quanto você imagina – Phelan comentou, cruzando os braços em seguida.

O aquarianu, Haru e Io estavam, ainda, em frente à prisão do Reino do Lago, fora dos limites da cidade. O garoto dera a impossível ideia de invadirem o castelo, e aquilo era provavelmente fruto da mente sonhadora e inocente daquela criança.

- Eu sei disso – Haru disse, sorrindo logo em seguida. – Por isso eu bolei um plano enquanto Killian falava. Estive pensando em várias coisas ao mesmo tempo.

Não era o melhor plano de todos, tinha que admitir, mas parecia ser possível. Ele precisava de apenas duas coisas para pô-lo em prática. Uma delas, porém, envolvia Io e, talvez, fosse o que estragasse seu plano. Contudo, primeiro, deveria saber se o que havia pensando tinha qualquer chance de se concretizar, e Phelan talvez fosse o único que pudesse saber.

- Ainda há um príncipe no poder, certo? – começou, empinando o queixo de forma a parecer um tanto mais alto do que era. Às vezes era engraçado vê-lo fazer isso, já que era demasiadamente pequeno, como se fosse um baixinho metido. – E provavelmente esse príncipe tem uma princesa prometida, certo?

Phelan franziu o cenho. A família real era um assunto muito comentado no Reino do Lago e, obviamente, ele sabia a resposta a várias questões sobre o rei, a rainha e o príncipe Quinn.

- Lady Kyrie, filha do Conde de Kelpin, é a prometida do príncipe Quinn e se casará com ele em um ano. Por que pergunta?

Um sorriso instalou-se nos lábios de Haru quando ele voltou seus olhos azuis ao melhor amigo, que estava nos braços de Phelan. Io esteve com o aquarianu durante todo o tempo em que o menino estivera conversando com Killian e talvez por isso houvesse se acostumado com a sensação e o aconchego da pele de Phelan.

- Io – começou, a voz fina arrastada. – Você já consegue se transformar, não é? Quero dizer, já faz muito tempo desde a última vez em que você se metamorfoseou, então, eu pensei...

O lumpy não entendia aonde o garoto queria chegar. Mas o modo como ele falava fazia um frio correr pelo corpo da pequena criatura. Ele sabia que algo terrível sairia daqueles lábios finos e róseos. Tinha certeza disso. Por isso, a cada palavra proferida pela criança, seu cenho ficava mais franzido. A bomba veio logo em seguida, fazendo seus olhos ficarem assustadoramente grandes em surpresa:

- Pensei que se você se metamorfoseasse em Lady Kyrie, poderíamos entrar no castelo.

Até mesmo Phelan estava surpreso com a declaração do garoto.

- Claro que não, garoto! Você acha mesmo que eu, o grande Io, membro de uma raça tão superior quanto a dos lumpy, vou me submeter a trajes e papel tão ultrajantes como esses? – ele exclamou forte e irritadamente.

- Mas, Io, você é o único que pode cumprir esse papel! – Haru argumentou, uma expressão triste em seu rosto. – Quero dizer, eu não posso fazer minha pele parecer a de um aquarianu e o Phelan parece demais um homem para se passar pela Lady! Por favor, Io, pelos seus amigos e pelo Reino do Lago...

Era covardia do menino utilizar aqueles grandes olhos tão expressivamente tristes para conseguir alguma coisa, mas, sendo aquela sua única arma naquele momento, resolvera usá-la. Io tentou mirar qualquer outro ponto, tentou afastar sua visão daquele rosto choroso, tentou limpar a garganta e dizer não alta e claramente. Era impossível, porém.

Bufou, reclamou baixinho, xingou mentalmente os magos e sábios do Reino da Estrela por transformarem aquele garoto em herói. Então, concordou com o plano.

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Refeições fartas, muitas horas de descanso, massagem e carinho à vontade. Essas eram as condições de Io para transformar-se em Lady Kyrie. Dizia que era para poder manter a aparência dela por muito tempo, mas Haru duvidava muito disso.

Phelan pesquisou sobre a agenda da filha do conde e descobriu que ela estava viajando com o pai para a superfície. Seria uma ótima chance para a Lady Kyrie voltar ao Reino do Lago e passar alguns dias com seu noivo, o príncipe Quinn, trazendo consigo um guarda e uma ama da superfície.

Certamente era a chance perfeita, e Io ainda perguntava-se como o menino tinha tanta sorte. Deduziu que era a proteção da estrela do reino dos sábios e dos magos.

Dois dias depois, resolveram pôr o plano em ação, pois Io confirmara que estava pronto para seu dever. Haru conseguira pegar um vestido de uma garota do povo emprestado com Keefe, que pedira para uma de suas amigas. Phelan, por sua vez, costurou sua própria roupa, após estudar cada detalhe do uniforme da guarda da família de Kelpin. Podia não parecer, mas Phelan era um aquarianu muito bom em trabalhos manuais, enquanto Keefe era terrível com tudo o que envolvia a casa.

Partiram ao final da tarde, porque Lady Kyrie tivera um longo dia de viagem e precisava descansar próximo ao seu querido noivo. Haru, com seu vestido verde, apertado em várias áreas de seu tronco e nos braços, e solto nas pernas; Phelan, com sua roupa azul, com inúmeros detalhes dourados e medalhas que falsificara, além de um chapéu na cabeça; e Io, metamorfoseado em uma bela aquariana, de longos cabelos verdes e cacheados, seios pequenos, mas visíveis, e belíssimos olhos dourados.

Ninguém diria que aquela não era a jovem Lady Kyrie, filha do Conde de Kelpin, prometida do príncipe Quinn e futura rainha do Reino do Lago, acompanhada de sua ama, a bondosa humana Haruka, e de um guarda fiel ao seu pai e a ela, o aquarianu Felian. Nem mesmo o príncipe Quinn.

- Minha querida! – exclamou o príncipe herdeiro do Reino do Lago após a entrada de Lady Kyrie ser anunciada. – Como foi sua viagem à superfície?

Io sorriu para o aquarianu idiota que o cumprimentava como se fosse sua amada noiva. Aquele era o sorriso mais verdadeiro que ele conseguia dar, mas ainda era possível perceber a falsidade. Contudo, mais uma vez, ele falava com um aquarianu idiota que não perceberia algo que estivesse escrito na testa da outra pessoa.

Esse era o tipo de pessoa que príncipe Quinn era. No palavreado mais comum, um tapado que, de fato, não merecia tornar-se rei daquele lugar. Haru percebeu aquele jeito do príncipe, mas resolveu não tirar conclusões apressadas. As aparências enganam, ele sabia disso, então, apenas sorriu para ele quando veio cumprimentá-lo. Phelan abaixou a cabeça em respeito.

- Fiz uma ótima viagem, Vossa Alteza. Mas estou muito cansada e, se possível, gostaria de descansar um pouco em algum cômodo de seu castelo. Afinal, quero passar algum tempo com meu noivo, certo?

Príncipe Quinn sorriu para Io e segurou a mão enluvada dele.

- Claro que sim, minha querida. Providenciarei um local para a senhorita descansar – ele chamou alguns criados e sussurrou algo a eles. Então, disseram um “sim, Vossa Alteza” e partiram. – Por enquanto, o que acha de acompanhar-me em um chá de algas frescas?

Ele sorriu, mais uma vez, o mais verdadeiramente que pôde, afinal tentava cumprir seu papel. Io era o único que conseguiria se passar por Lady Kyrie. Essa era uma frase que inflara o ego do lumpy de forma estupenda.

- Ficaria lisonjeada, Vossa Alteza, em tomar chá em vossa companhia – disse.

Phelan esperou junto à porta, e Haru ficou a alguns passos de distância da cadeira em que Io sentou-se, na sala de jantar. A conversa que se seguiu entre Quinn e Kyrie foi maçante e extremamente fútil, típica de um príncipe a falar com sua noiva.

- Meu pai conseguiu novos hipocampos para o estábulo. Um deles, ele disse, é para a futura rainha – e um sorriso.

- O que achou desse novo chá com flores? Pedi para uma das criadas pegar margaridas nos arredores do lago.

- Ora, minha querida Kyrie, você está mais bela do que nunca. Mas, se me permite perguntar, onde está seu pai?

Um frio correu pela espinha de Haru, imaginando que Io poderia estragar o plano. Era Io, porém, o melhor lumpy de todos, aquela criatura que gostava de se gabar, que tinha o possível maior ego da Terra de Lá! Com certeza era capaz de arranjar uma desculpa.

- Ah, o duque de Keolpy ainda encontra-se na superfície, mas me mandou na frente para cumprimentar Vossa Alteza.

Haru sentiu o chão debaixo de seus pés sumir após Io terminar a frase e príncipe Quinn arquear as sobrancelhas em surpresa. Rápido, o menino aproximou-se do lumpy e tocou-lhe os ombros, chamando sua atenção – uma tentativa discreta de fazê-lo calar a boca também -, e disse com a voz mais fina que conseguiu fazer:

- Ora, a senhorita deve estar muito cansada da viagem. O duque de Keolpy era o meu senhor, que os senhores conheceram durante a viagem – então, virou-se para o príncipe. – O conde de Kelpin ainda não resolveu todos os assuntos e encontra-se, nesse momento, na superfície, finalizando negócios. Perdoe a minha senhorita, Vossa Alteza, e permita que ela descanse, por favor.

Príncipe Quinn concordou com um sorriso que realmente Lady Kyrie precisava de um descanso, então chamou seus servos mais uma vez. Os mesmos dois garotos apareceram, mas apenas um ficou ao lado do príncipe. O outro partiu.

- Lady Kyrie, esse é Trevor – o aquarianu apresentou seu criado. – Ele vai acompanhá-la até seus aposentos.

Trevor tinha os cabelos verdes volumosos, mas, ainda assim, curtos. Eles rodeavam sua cabeça e as pontas terminavam na metade do pescoço, quase tocando-o. Uma franja caía de lado pelo seu rosto, não chegando, porém, a cobrir seus olhos amarelos. Trevor fez uma reverência e esperou que Io passasse por ele antes de segui-lo por trás. Haru foi a alguns passos de distância e Phelan continuou parado à porta.

Eles combinaram isso antes de alcançar o Castelo de Cristal: Haru acompanharia Io para onde quer que ele fosse (ainda temeroso que o lumpy estragasse o plano) enquanto Phelan tentaria conseguir qualquer informação entre os guardas reais. Disfarçar-se de criado era, realmente, a melhor alternativa para quem quisesse informações sobre a família real e seus segredos. Nos castelos, as paredes têm ouvidos e as fofocas sobre a vida alheia correm rapidamente. Não admirava tanto que quase toda a população do Reino do Lago soubesse boa parte da vida da família real, sendo que poucas vezes eles saíam em público para falar sobre quantas vezes a rainha e o rei brigaram por causa de futilidades.

O quarto de Lady Kyrie ficava no segundo andar, ao final de um enorme corredor. Haru imaginou que se perderia naquele lugar se pedissem para ele andar sozinho por todas aquelas escadas e portas fechadas. Io adentrou os aposentos e Trevor fechou a porta logo em seguida. O menino aproximou-se para entrar também no quarto, mas teve seu pulso segurado pelo aquarianu.

- Lady Kyrie precisa descansar – disse Trevor, com um sorriso tão falso quanto o de Io naquele lugar. – Por que não me acompanha em algumas pequenas tarefas da cozinha?

- Perdoe-me – Haru pediu em sua melhor voz de garota. – Mas eu sou a ama da senhorita e não posso me afastar de seus aposentos. Se me permite agora, gostaria de adentrar o quarto dela.

O menino percebeu os finos lábios azulados de Trevor contraírem-se com aquela resposta, mas tentou não se importar com aquilo. Sua cabeça ainda estava a mil, pensando no quebra-cabeça da morte de Rowan. Se lembrava-se bem, Trevor fora o criado que Killian vira na manhã em que o príncipe morrera.

- Gostaria muito de sua companhia na cozinha, qualquer hora... Qual é mesmo seu nome?

- Chamo-me Haruka e certamente o visitarei na cozinha quando puder, senhor Trevor. Agora, se me der licença – Haru finalizou sua frase adentrando os aposentos de Io rapidamente.

Seu coração batia forte em pura adrenalina. Havia algo em Trevor que não fazia bem a ele. Talvez fosse alguma sensação que ele transmitia. Io estava em sua forma de lumpy mais uma vez, jogado em cima da cama. O menino arregalou os olhos.

- Io, o que está fazendo? Por que não está transformado em Lady Kyrie? – indagou.

- Ora, garoto, não se preocupe. Ninguém entraria nos aposentos de uma dama sem bater na porta antes. Aliás – o lumpy saltou, mirando Haru com seus pequenos olhos negros -, o que achou de minha interpretação?

Haru bufou.

- Péssima! Você nem mesmo lembrou quem era o pai de sua personagem na hora, seu lumpy estúpido – exclamou, cruzando seus braços em pura raiva.

- Ora, veja como fala comigo, sua criança amarela! – Io retrucou, uma expressão de raiva também em seu rosto. – Eu esqueci um detalhe apenas, mas não viu como eu agi com o príncipe? Aquele homem é um idiota! E, ainda assim, eu agi de forma muito cortês com ele. Devia me agradecer por isso. Sem mim, vocês nem estariam aqui!

Haru sabia que aquele discurso demoraria. Sim, era sempre assim. Quando Io estava com raiva, ele não parava de falar, defendendo-se com unhas e dentes. Mas o garoto estava feliz em saber que o lumpy tinha voltado a ser como era antes. Estava preocupado, já que ele nunca mais se gabara tanto, nem gritara com ele. Eram puras saudades daquele jeito da pequena criatura.

O menino levantou-se, então, ajeitando o vestido. De alguma forma, ele próprio achara que aquela roupa ficara bem nele. Talvez porque realmente soubesse que parecia uma garota, ou porque Io falara que ele ficava melhor de vestido durante a caminhada até o castelo. Haru não reclamou, porém, afinal, ele tinha razão. Era uma pena que o vestido podia atrapalhá-lo em muitas horas durante a viagem e fosse tão quente dentro dele.

- Quer explorar o lugar comigo? – indagou, voltando-se para Io. – Pensei em ir à cozinha, já que Trevor me chamou. Algo nele não me cheira bem e as conversas da cozinha são sempre as melhores.

Io pareceu pensar um pouco antes de negar e jogar debaixo dos cobertores de linho. Haru suspirou, mas não podia culpá-lo. Sabia que ficar muito tempo metamorfoseado era cansativo. Então, apenas ajeitou os travesseiros de forma que parecesse a quem olhasse que uma pessoa dormia ali e saiu do quarto, trancando a porta com a chave que estava em cima da escrivaninha. Provavelmente, um dos criados havia deixado-a lá para que Lady Kyrie pudesse descansar em paz.

Haru não sabia onde era a cozinha. Ele caminhou por vários corredores, desceu inúmeros degraus, mas não se lembrava do caminho para a sala de jantar – que provavelmente ficava perto da cozinha. Logo, estava perambulando pelo castelo sem rumo. Os criados também pareciam estar em lugar nenhum. Em um momento, então, cansou-se e sentou-se ao final de uma das escadas que levavam ao andar superior.

- Está perdida? – uma voz grave indagou por detrás de Haru.

O garoto levantou-se em um salto, virando-se em direção à voz, cujo dono era um aquarianu de cabelos verdes e ondulados, olhos grandes e amarelos, de estatura muito maior que a de Haru. Ele sorriu e desculpou-se por assustá-lo.

- Sou Neal, criado do príncipe Quinn – então, Haru lembrara-se de aquele era o outro servo que respondera ao chamado do príncipe juntamente a Trevor. – Você é a ama de Lady Kyrie, certo? Está tentando voltar aos aposentos da senhorita?

- Oh, não – o menino imitou, mais uma vez, sua voz perfeita de mulher. – Na verdade, a senhorita me pediu para preparar um pouco de chá para ela e eu gostaria de saber onde é a cozinha.

- Ora, eu posso pedir a uma das cozinheiras para preparar o chá – Neal disse.

- Oh, não, não. A senhorita gosta do chá que faço e eu tenho meus próprios ingredientes e segredos – Haru sorriu ao final, e Neal devolveu com o mesmo sorriso.

- Então, será um prazer acompanhá-la, senhorita... Qual é mesmo seu nome?

- Ah, Haruka! Chamo-me Haruka, senhor Neal – então, fez uma mesura, a qual foi retribuída por uma reverência.

Pareciam realmente criados da realeza, educados para ser o mais cortês possível. Neal ofereceu seu braço a Haru, que agradeceu e segurou-se a ele. Ele lembrava-se daquela sensação boa que Neal transmitia, e era o exato oposto do que sentia próximo a Trevor.

Ainda havia muitos segredos entre as paredes do castelo, e ele precisava descobrir cada um deles.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Guys, se vocês leem A Chave-estrela, por que não mandar um review? Quero dizer, eu passei um tempão sem postar porque eu recebi um comentário da Moyashi-san e depois de um tempo um da Kaaryu. Seria muito melhor escrever, se vocês comentassem e dissessem o que acham. Fico desmotivada sem vocês escrevendo na caixinha aí embaixo o que acham da fic.
Então, até o próximo capítulo!
Takoyaki.



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