Sinal Positivo escrita por Milk


Capítulo 24
Capítulo XXIII


Notas iniciais do capítulo

Sei que disse que só voltaria ano que vem, mas é inevitável não pensar em vocês...
Por conta das férias escolares, estou tendo bastante tempo para escrever e o meu livro (a amostra) está sendo tão gostoso de fazer! As coisas estão fluindo, meus dedos estão deslizando no teclado, me sinto muito feliz por ter tanta inspiração e facilidade para fazer algo tão grande.
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Dia 30/11 tive minha primeira experiência numa mesa assinando livros, tirando fotos e sorrindo até ter cãibras na bochecha! Como comentei algumas vezes, ganhei um concurso e tive minha crônica publicada. Ainda estou em êxtase por esse feito! A dita cuja foi postada no grupo Coffee do Facebook. Passem lá se puderem!
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Uma boa notícia para as Positivas em abstinência: como estou bem adiantada na amostra, se eu permanecer nesse rimo, talvez consiga terminar tudo até janeiro, por volta do dia 20 (quando pegarei férias do meu trabalho), ou seja, poderei retomar de ver a fic, tanto essa quanto Strokes (que está dando teia de aranha). Mas essa é uma possibilidade.
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Qualquer atualização, no Twitter (@_MirelleFerraz), aposentei meu Face.
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Boa leitura!



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Tão sereno e indiferente com aquela pele cheia de colágeno, lisinha, sem espinhas nojentas... Como ele era um imprestável! Eu rezava para que aquela cara de bunda de neném tivesse uma erosão de espinhas vermelhas com pus amarelo, cravos pretos e uma camada espessa de oleosidade! Que ele sofresse ao perder a única coisa boa em seu ser: aquele rosto bonito.

–Eu estava fazendo algo importante no computador! –Comecei a vomitar minha raiva em cima dele. Estava fodida de ódio. Quando estava conseguindo falar com o Naruto, o maldito desliga a energia.

–Falando com o Naruto? –Deduziu debochado.

–Você não tem o direito de invadir minha casa desse jeito! Você mesmo que disse que era para eu me virar e tomar partido sobre algo, eu estava justamente falando com o Naruto, quando tomei coragem para dizer você vem e...

–Você é idiota? –Lancei-lhe um palavrão. Queira agredi-lo. O que me impedia de avançar era a dúvida se ele revidaria ou não. Vai saber, tenho um medinho do Sasuke. –Qual sua idade mental, Sakura? –Começou a compartilhar da minha irritabilidade. Não sabia por que, ele estava fumando, devia estar se acalmando, mas o sangue estava lhe subindo os olhos. –Não dá para ser direto com você...

–Vá se foder, Sasuke! Há um mês atrás você era o moleque chorão inconformado por ter dado a brecha de engravidar uma qualquer! Quem é você para me julgar? Já cansei, porra! Cansei de todo mundo me tratando como se eu fosse uma palerma que não soubesse de nada!

–Será porque você é uma palerma que não sabe de nada?

–Ah, então você sabe?! –Tragou me evitando. –Se tivesse mais inteligência do que eu não teria transado com a namorada bêbada do seu melhor amigo. –Entrei em casa pisando o pé e para minha surpresa, ele veio atrás.

–Sabe que não vai poder usar isso como argumento a vida toda, não sabe Danone?

–Eu quero que se dane! Pouco me importa o que você quer, o que pensa, o que me aconselha! Eu quero que você faça o seu papel nessa droga e me deixe em paz! –Vagava pela casa em busca da chave de controle de energia. Eu nunca havia visto naquela casa aquela porcaria. Como Sasuke a encontrou?

–Tá procurando o quê? –Vinha atrás de mim, curioso.

–Tô procurando a permissão que te dei para se meter na minha vida! –Respondi mal criada, concentrada em achar o local onde eu poderia religar tudo e retomar minha conversa com Naruto (que àquela hora deveria estar furioso por eu ter saído sem mais nem menos) e me livrar de vez daquele fardo.

Só que não.

As coisas nunca ocorrem como eu planejo.

Quando achei a caixa (atrás do quadro da Reira, minha irmã feia, quando era bebê), só tive tempo de abrir a tampa, Sasuke pegou meus pulsos e os prendeu com as mãos acima da minha cabeça, me encostando à parede. Levou segundos para eu dar meu show e espernear por socorro, gritando, me debatendo para ele me soltar, o xingando de todos os palavrões que vinham em minha cabeça.

–Você tem duas opções... –Eu estava dando tanto escândalo que ele parecia perder seu pavio. –Se cala por livre e espontânea vontade ou eu te beijo.

–Você não é nem louco!

–Então cala essa boca! –Calei. A voz dele me deu medo e sua mão estava apertando demais meus pulsos.

Meus pulsos.

Quando me toquei disso, inevitavelmente levantei a cabeça para ver minhas mãos prensadas e em seguida abaixei meu olhar para ele.

–É mais feio e repugnante quando se sente. –Respondeu. –Você vai fazer o seguinte: vai esperar eu voltar para casa para fazer o que quiser em relação à isso. Eu preciso estar lá quando o Naruto souber que foi eu.

–Ele vai te matar... –Disse com a voz alta, ainda nervosa.

–Acredite, Danone, ele não é capaz de matar alguém! –Disse com desdém.

–E você é? –Perguntei automaticamente. Ele riu e balançou a cabeça, sussurrou no meu ouvido:

–Toda a minha família é da milícia. Os homens aprendem a ser homens desde cedo, garota. –Se afastou e me olhou nos olhos. –Eu quero estar lá quando o Naruto souber.

–Agora que eu não deixo mesmo você ir antes de eu falar toda a verdade para ele! –Respondi aproveitando sua distração para soltar-me das suas mãos que haviam afrouxado. Rapidamente liguei a chave, vendo as luzes se acenderem novamente e os aparelhos voltarem a funcionar. Sabia que não adiantava. Era só eu subir e ele desligar de novo precisava de um plano.

Sasuke estava a dois passos de mim, olho fechado, massageando as têmporas. Deveria levar sua ameaça a sério? Se ele não matasse Naruto caso o loiro lhe perturbasse sobre isso, ele me mataria agora por estar sendo “irritante”.

–Ligue aquele computador e eu darei pau na sua casa. –Disse pausadamente.

Ui, medinho.

–A milícia também te ensinou mexer com bombas? Vai jogar minha casa pelos ares?

–Experimente. –Saiu. Claro, eu tinha que provocar!

–Pois vou mesmo falar para o Naruto agora mesmo! –Ai ai ai, fala que eu sou infantil, mas ele tá aí se borrando por eu estar prestes a revela tudo. Aposto que esse papo dele atirar era mentira, ele mal tinha dezoito, devia dizer aquilo para me intimidar, na verdade estava com medo de Naruto.

Subi as escadas e liguei o computador. A luz da árvore que Naruto me deu piscava no fundo. De relance, assim como quem não quer nada, olhei para a janela. Sasuke estava com uma espingarda (a espingarda do meu pai!!!) apontada para os fios de eletricidade.

–Seu louco! Maldito! Doente! Devolve esse troço para o lugar de onde o roubou!!!

–Não roubei, peguei emprestado! –Gritou lá debaixo. Eu continuava a lhe lançar palavrões e ele ria da minha cara. –Ainda tem certeza de que vai falar para ele? –Eu era muito orgulhosa. E desconfiada. Não sabia se ele iria realmente atirar. Olhei para a tela do Windows iniciando. Olhei para Sasuke. Ele estava carregando o cano com pólvora. Realmente sabia utilizar. –E aí, o que vai ser? –Sorria lindamente (lê-se estupidamente).

Esse cara é louco.

Desliguei o computador e desci para a varanda, ele guardou a espingarda tão rápido quanto a pegou para em ameaçar. Tinha aquele sorriso torto, sacana, zombando da minha cara de sonsa. Uma gabolice que só ele! Não sabia se minhas bochechas ardiam de vergonha ou de raiva. O garanti de que não iria dizer nada até que ele chegasse na cidade e pedi para ele parar de pirraça, se possível, porque eu havia decidido ficar de mal dele até semana que vem (quando ele voltaria com Mikoto para o resultado do teste de DNA). Ele riu e entrou em casa. Fiz o mesmo.

Ficamos assistindo documentários da ID e comendo uva. Entediante. Mamãe e Mikoto chegaram depois de duas horas, felizes da vida, contando tudo o que fizeram no resto da tarde. Mamãe e Mikoto eram best friends agora, acredita? Era tão ridículo que Sasuke e eu quase engolimos as uvas com os caroços. Eu estava pouco ligando para as amigas de mamãe, antes vó do meu bebê do que os menino do leite, do gás, da lenha, da net, do trabalho do papai... Só que mamãe nasceu para me importunar. Ela nasceu só para isso, para me parir e me importunar enquanto eu tiver vida. Mamãe, linda e bela (e vadia), decidiu, ao lado de Mikoto, linda e bela (e lésbica), que Sasuke e eu deveríamos sair também porque nem passamos um tempinho juntos e blá blá blá.

Daí, caros leitores, vocês acham exagero eu surtar.

O dia começou com uma completa estranha sujando minha barriga com um gel nojento e me mostrando borrões que dizia ser um bebê, daí temos um almoço super estranho e eu passo a tarde com o esquisito do Sasuke que me persuadiu a revelar tudo ao Naruto, e quando eu estou prestes a fazer isso, o infeliz decide bugar a minha casa, ameaçar de estourar os fios de eletricidade com pólvora...

Não!

Quero que o Sasuke vá embora e leve sua mãe lésbica com ele!

Chega de Uchihas por hoje! Amanhã, depois e depois de depois!

Chega!

–Só preciso tomar um banho. –Olhei para Sasuke com a mesma cara que fiz quando uma filha de zebu disse que Welcome to the jungle era do Bom Jovi. Ele só podia estar de brincation with me.

–Não estou muito bem, mamãe... –Menti. –Deve ter sido essas uvas, não sei. –Sei sim, foi o nervoso que o Sasuke me fez passar.

–Ah, mal estar de gravidez. –Mikoto disse e eu fiz cara de pobrezinha. –Se ficar em casa toda vez que sentir isso, vai ficar confinada a gravidez inteira!

–Eu também ficava assim quando comia uvas, lembra Sakura? –Assenti impaciente. –Saia para tomar um arzinho e voltava revigorada. –Mentira, saí toda noite para a porta às sete da noite que era quando o vizinho saía para jogar o lixo fora. Ela pensa que me engana...

Me convenceram.

Vesti por cima da camiseta surrada dos The Strokes um macacão skinny jeans e calcei um par de Vans qualquer. Sasuke trocou a camiseta e colocou um casaco. Fomos de carro deixando mamãe e Mikoto com caras de boba. Achavam-se tão espertas... Já saquei tudo, ou melhor, nós já sacamos tudo.

–Pra onde vamos? –Perguntei arrumando meu cabelo (lê-se bagunçando mais) pelo espelho retrovisor.

–Para algum lugar perto. –Respondeu virando o espelho para ele, o arrumando no ângulo certo. Chato. –Coloque o cinto.

–Sim, senhor. –Disse irônica. Liguei o mp3, estava na metade de um CD. Por incrível que pareça, uma daquelas músicas indies que eu adoro. –Não sabia que você curtia Peter Bjorn! –Aumentei o volume assoviando com a música.

–Não gosto. –Respondeu concentrado à sua frente, mascando um chiclete. Tão educado! Nem me ofereceu. Eu poderia jogar aquela velha pra seu filho vai nascer com cara de chiclete, mas deixei a chantagem para usar quando ele tivesse algo mais apetitoso do que um pedaço de borracha com açúcar. –Gosto da música.

If I told you things I did before, told you how I used to be, would you go along with someone like me? –Eu cantarolava. Ele sorriu, seguindo pela estrada de terra, provavelmente rindo da minha cara, daí eu percebi que não, ele estava entrando na brincadeira, tanto que cantou um trecho da música:

I would go along with someone like you. –E me fitou enquanto esperava os carros da pista darem brecha para passarmos.

Ele entrou na brincadeira, mas estava brincando sério.

“Eu sairia com alguém como você.”

Não era paranoia minha, nunca fui de ficar encanada com coisas assim, de verdade, sempre fui lerda pra notar essas coisas, mas o olhar de Sasuke era explícito. Ele era do Time Sakura ou Time Mikoto? Fiquei confusa. Atordoada.

–Sua mãe... –Tentei mudar e puxar o assunto ao mesmo tempo, para saber o que ele pensava dessa parceria de mamãe com Mikoto, se ele havia percebido o plano maligno das duas, queria saber o que ele pensava, jogar um verde, dependendo do que ele me respondesse eu deixaria bem claro que a Danone pertence ao Camarão e não ao galinha com pinta de Ben Barnes (o Bem é um gato, mas isso não foi um elogio. Não foi não, rum). Porém, como o mundo conspira contra a Haruno, aí vai ele de novo, me interrompendo, surpreendentemente cantando o resto do verso:

It doesn’t matter what you did, who you were hanging with. We could stick around and see this night through. –E piscou para mim sorrindo.

Meu coração? Deu piripaque do Chaves.

Agora pronto, agora sim é oficial, não é coisa da minha cabeça. Esperava que ele fosse me zoar depois que fiquei vermelha e me virei para a janela, mudando a música, mas não, ele fez eu engolir mais um pouco daquele sorriso sacana que me deixou vermelha igual tomate. Não estava brincando.

Próxima música? Ironicamente, Juno. E para o meu grande azar, Sasuke estava virado no cantor hoje, tava achando que era artista, canto indie do brejo, tava inspirado nas canções voz e violão que a Sakura adora:

You're a part time lover and a full time friend. The monkey on you're back is the latest trend. I don't see what anyone can see, in anyone else…–Desliguei o mp3. Estava fadada daquela cara lambida do Sasuke. Depois eu,Sakura, linda e bela (e doida) sou bipolar. Numa hoje o moleque tá de um jeito comigo, numa hora tá de outro... Estou ficando assustada. –Que foi? –Ria da minha cara. –Não gosta da minha voz?

–Não. –Respondi. –Na verdade sua voz me assusta, parece a do Lombardi. –Mentira, nada a ver. Mas Sasuke não precisava saber disso. Ele riu e umedeceu os lábios. –Já viu Juno?

–Mamãe me obrigou a ver por sua causa. –Disse num dar de ombros estacionando num lugar... No lugar onde estávamos ontem brigando. –Quem me dera se você fosse uma grávida tão legal quanto ela.

Levei para o pessoal.

–E desse o bebê para um casal dos anúncios de jornais. Claro! –Ironizei saindo do carro assim que ele estacionou.

–Ah não! Vai emburrar de novo?! –Travou as portas e correu atrás de mim. Eu sabia que ele iria seguir o caminho que fez ontem.

Sasuke achava que o que eu tinha era frescura.

Eu vou de zero à cem em segundos. Ele não devia, não devia de jeito nenhum me dizer coisas daquele jeito.

Ele se manteve do meu lado enquanto caminhávamos para o tal local que ele queria que eu fosse. Era um tipo de vizinhança de uma família só, me explicava enquanto eu estava emburrada. O pessoal era mesmo parecido.

Branquelos, cabelos lisos, olhos claros. Pareciam uma colônia de elfos do Senhor dos Anéis. Analogia fail.

Entramos num estabelecimento também familiar, mas que tinha pessoas de fora. Sasuke entrou e foi conhecido por dois ou três homens de meia idade, foi de cara os cumprimentando com apertos de mãos e tapinhas nas costas, todo educado, então me apresentou:

–Esta é Sakura, minha noiva. –Acho que ele queria que eu disfarçasse, mas não deu, eu precisava olhar para a cara dele com a mesma expressão que fiz quando um cabaço da quarta série disse que Fúria sobre Rodas era melhor do que Velozes e Furiosos. Óbvio que os amiguinhos do Sasuke perceberam a minha reação de surpresa e indignação. E óbvio que o Uchiha conseguiu dar a volta por cima de sua mentira. –Ah, que idiota que sou! –Fez carão. Era idiota mesmo. –Ia pedi-la ainda essa noite, amor! –Me deu um selinho. Isso mesmo produção. Um selinho! –Veja, nem dei a aliança ainda! –Pegou minha mão delicadamente (mentira, não foi nada delicado) e mostrou para os ogros ali sentados com cabelos de Mulan que não havia nada nos meu dedinho fino.

Sasuke foi parabenizado, eu fui elogiada e minha barriga foi autoexplicativa quando perguntaram o motivo do casamento tão precoce. Os caras dali também eram cientes das canalhices de Sasuke, por isso estranharam o tal noivado, não conseguiam disfarçar em seus olhares. Deviam estar bêbados demais para não perceberem que eu havia notado o papo esquisito deles.

Aí, no meio de toda essa confusão, eu já estava azul, roxa, verde e amarela de tanta raiva que sentia do Sasuke, mas ainda estava lúcida para me perguntar como Sasuke conhecia aquela tribo da L’Oréal Paris.

Deus estava sagaz comigo. Me aprontou outra antes de responder minha pergunta:

–Sakura?! –Hinata?! Mentira! Mentira não, verdade! Era mesmo a Hinata da minha sala. –O que faz aqui?

–Conhece ela, filha? –Um dos índios descoloridos perguntou.

–Sim, somos da mesma sala. –Pois é, pois é, pois é. O mundo é uma casca de ovo mesmo! Oh azar que eu tenho! Ela fixou os olhos na minha barriga, agora muito evidente sobre o macacão jeans. Se ela tinha dúvidas sobre o meu bucho estufado, agora só restava a certeza.

–Esse é o noivo dela. Lembra-se dele? –Ela espremeu os olhos para Sasuke. –Quermesse de São João... –Ela passou de branca para branca 2.0, achei que ela fosse desmaiar, quando como em um click, me veio uma conversa nossa de semana passada dele me contando de um namorico de infância que nunca esqueceu:

“Ele era incrível, sabe? Era bonito, sagaz e carinhoso, me tratava como uma boneca, mas era praticamente um turista. O conheci dois anos atrás, muito nova, na quermesse de São João. Ele viera com o meu primo de uma outra cidade, já sabia dirigir e veio com identidades falsas, acredita? Ele era maluco!”

–Amigo do Neji... –Quando o pai dela acrescentou mais aquela informação, não tive dúvidas. Neji tinha mesmo uma semelhança com aquele povo e acho que Sasuke não conhece outro Neji além daquele que eu conheço. Olhei para Sasuke desolada.

Socorro! A Hinata já foi peguete do pai do meu filho! Jesus acode! Acho que passei de violeta para magenta!

–Lembro sim, pai. –Respondeu com o olhar fixo no de Sasuke, que se mantinha impassível, ou melhor, com aquela cara de cínico. Ela parecia triste. –Como vai, Sasuke?

–Ah, vou muito bem! –Me olhou sorrindo malicioso, até alisou minha barriga para fazer cena. Se eu não estivesse chocada, o teria chutado nos países baixos. –Naruto te mandou um abraço! –Hinata passou do branco 2.0 para branco 4.0.

–Dispenso! –Retrucou ríspida. Alternava o olhar dele para mim.

–Partiram o coração da minha garota... –Um dos homens disse para Sasuke. Só fez eu ficar mais confusa. Quem foi o insensível que magoou a Hinata? Será que era o Neji? Será que a Hinata teve rolo com primo também? Acho que não... Ela disse que havia sido amigo do primo dela.

Só pode ter sido o Sasuke.

–Te garanto que o coração dele também será partido. –Sasuke respondeu com um meio sorriso. A cada fala eu me confundia mais e mais e ficava mais nervosa. –Mas ninguém sabe, talvez eles se encontrem um dia. –Olhou discretamente para Hinata, pude ver pelo espelho do bar. –Maktub! –Ergueu a mão.

Maktub! –Os homens repetiram erguendo as jarras de cerveja. Hinata saiu dali pisando fundo, nem deu tchau.

Hashtag Sakura chateada. Ia prensá-la na parede para me contar o que estava acontecendo porque eu já estava agoniada de ficar boiando na prosa.

Mais uma troca de palavras, risadas e ambiguidades e Sasuke me puxava para fora dali, indo de volta para o carro. Eu estava tão furiosa que me recusava a descarregar o pacote de perguntas que carregava nos braços. Ele me devia explicações e eu deixaria que sua consciência falasse por ele.

Dentro do carro ele colocava o cinto de segurança e ajeitava o cabelo pelo espelho retrovisor.

–Então é isso? –Perguntei visivelmente irritada. Ele riu, provavelmente achando que eu me referia da palhaçada no bar há poucos minutos. Fiz a bondade de esclarecer. –A saidinha para espairecer e aproveitar o resto da noite acaba aqui? –Ele me olhou ainda sorrindo, mas com um olhar diferente, como se não acreditasse no que eu havia dito.

–Quer mesmo sair? –Perguntou espremendo os olhos. Ridículo.

–Você me trouxe aqui para quê? –Perguntei impaciente. –Eu poderia estar em casa vendo a maratona de American Next Top Model, mas não, estou aqui fazendo nada com você. Faça esse capricho das nossas mães valer de alguma coisa. –Disse nervosa, olhando as pessoas na praça. Não queria olhar para ele.

–Então você e Hinata são amigas. –Afirmou. Isso mesmo, sem perguntas. Podia jurar que ele estava rindo daquele jeito debochado que eu irritava. Me recuso a olhá-lo. Fiquei me distraindo com a paisagem (lê-se mato). –Essa é uma coincidência das grandes. –Dirigia na rodovia.

–Não mais do que esquecer o pinto na namorada do seu amigo. –Alfinetei. Não estava com paciência para Sasuke, mas agradecia sua atitude de começar esse assunto. Lembrem-se, eu não vou perguntar nada a respeito do ocorrido no bar, nem procurar saber que merda ele tinha na cabeça quando disse para aqueles caras que estávamos noivos. Otário. Deixa o Naruto saber...

–Eita! –Exclamou divertido. –Tá brava. –Concluiu. Revirei os olhos. Ele só queria que desse atenção para suas besteiras e ficasse irritada (como estou agora), mas eu não iria ceder. –Há uns dois anos atrás, ou menos, não me lembro... –Começou a tagarelar –Neji convidou Naruto e eu para passarmos uns dias nessa cidade aqui. –Aos poucos fui me virando para ele, devagarzinho, assim como quem não quer nada. Fraca! Fraca! Fraca! Não posso cair na lábia dele, mas, ele falou no Naruto, então me diz respeito. –Tínhamos dezesseis, dezessete, Neji pediu para que eu o trouxesse aqui. Eu já sabia dirigir, mas não tinha habilitação, entretanto, éramos mais altos e encorpados do que os meninos da nossa idade, isso enganava os guardas que pensavam que éramos jovens adultos. –Ria da visão que sua mente deveria estar tendo daqueles dias. –Quando chegamos foi uma farra! A família do Neji, que parecia pouco simpática, foi extremamente acolhedora comigo e com o Naruto. Nos hospedou e nos entreteu como se fôssemos um deles. Então, na Quermesse, Neji nos apresentou sua priminha Hinata. –Disse num tom malicioso. Tive que voltar para meu cantinho encolhido próximo à janela para não surrá-lo por falar da minha amiga daquele jeito. –Ela com treze tinha mais peitos do que você grávida!

–Vá se foder, Sasuke! –Joguei meu Vans na cara dele. Sorte minha era que a janela estava fechada, senão meu sapatinho ia ficar na estrada.

–Mas era verdade! –Ria e eu o olhava furiosa. Ops! Não podia olhá-lo. Me virei para a janela fingindo admirar todo aquele mato. Para onde estávamos indo? –Ficamos encantados com ela porque diferente das outras garotas daquela idade, ela era recatada e só abria a boca quando tinha certeza de que não diria babaquice. –Opa! Indireta detectada. Cretino.

–Daí vocês ficaram. Pula para a novidade. –Falei sem paciência. Estava me remoendo por dentro. Não acreditava naquele infortúnio. Como o Papai do Céu poderia me pregar mais aquela peça? Ele não tem piedade dos pobres e humilhados? Já não bastava eu ser lelé da cuca, pequena, feia e chata; com uma mãe igual Maria Madalena, um pai peregrino; grávida de um idiota que é o melhor amigo do meu namorado; ainda por cima sou obrigada a descobrir que a única amiga mulher que eu tenho já foi peguete do pai do meu filho?

Isso é demais.

Sinal Negativo para quem quer que seja que esteja me ferrando desse jeito! É muito azar, muita conspiração. Tudo acontece comigo! Precisamos rever esse enredo urgentemente.

A cara de Sasuke foi a melhor. Embora eu estivesse me mordendo de raiva, não deixei de rir. Ele já não era muito bonito (mentira), fazendo careta então...

–Quê?! Tá maluca?! –Exclamou alternando o olhar entre a estrada e eu. –Você tá achando que eu e a Hinata... –Ria inconformado balançando a cabeça para os lados. –Pode uma coisa dessas? –Dizia para si mesmo ainda rindo da minha cara. Fiz bico. Voltei a olhar para a linda paisagem bucólica. –Nada a ver, Danone! –Ri expressando minha descrença. Não fazia diferença ele contar ou não que os dois ficaram, era praticamente óbvio, e se não fosse, eu também não tinha nada a ver com isso. Mas que eu estava puta por essa maldita coincidência, eu estava. –Eu gosto dela –Gosto, no presente. Ai Deus, para com isso, por favor! Agora só falta Sasuke confessar que ama perdidamente a Hinata, minha amiguinha. E só falta Hinata dizer que é recíproco. Pronto. Eu e o bebê seguraremos vela para o resto da vida. Na boa, eu devo ser a vilã da minha própria estória para estar me ferrando tanto assim –porque ela sabe do seu “potencial”, mas se dá ao respeito. Também não tenta ser o que não é, faz de tudo para não chamar atenção e é muito simpática. –Sorriu malicioso. Era claro que ele havia ficado com ela. A reação de Hinata os entregava, ele não precisava me dizer muita coisa, sou menina esperta. –Estamos chegando. –Olhei para os lados, ainda só havia mato, estrada.

–Para onde estamos indo?

–Para um motel.


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Notas finais do capítulo

Sei que parei em uma parte no sense, me perdoem, mas o capítulo ia ficar muito grande. Escrevi esse capítulo há um tempinho, finalizei ele hoje (05/12) que foi minha folga. Espero que tenham gostado.
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Judeus não comemoram Natal, entretanto eu sou uma judia de família cristã, que escreve sobre cristãos e convivo com cristãos. Não tem como não gostar do clima. Do CLIMA, das luzes, das comidas, das músicas... Parece que o mundo inteiro para e fica bonito, harmonioso...
Sakura tem uma árvore de Natal que Naruto deu à ela, as luzes ficam acessas o ano inteiro. Essa ideia eu tirei de mim mesma. Meu quarto é enfeitado o ano todo, me sinto melhor assim, pois não vejo sentido em apenas um dia no ano deixarmos tudo de lado para fazermos as coisas direito, jantar com a família, dar presentes, enfeitar a casa e fazer um almoço especial. Entendo que para os cristãos essa é uma data importante, eu sei, mas e o resto dos dias do ano? Dia 25 celebram o nascimento de seu Messias, mas e a vida dele, como celebram?
Ainda estou a espera da esperança. Seria hipocrisia minha dizer que curto a vida como deveria, que aproveito o melhor que o dia possa me oferecer. Eu tento. Meu lema é Carpe Diem. Dá certo? Não. Mas eu tento.
O último Natal (2012) foi terrível para mim. O pai da Milk expulsou ela de casa porque descobriu que o seu sobrinho e ela namoravam escondido (risos), não sei quem é mais ridículo, ele por me expulsar ou eu por namorar escondido com um primo mais velho, feio e burro igual ao que eu tinha... By the way. Meu Natal eu passei na rua, na calçada de uns amigos bebendo e fumando para cobrir a vergonha que era estar em um Natal sem família. A noite ia virar e eu não teria para onde ir. Fui para a Rodoviária e fiz daquele Natal o melhor, pelo menos uma parte. A Rodoviária estava toda enfeitada, com luzes, pelúcias, os ornamentos típicos e eu fiquei tão encantada! Era tão lindo! Eu soube que não deveria culpar o Natal por estar em um dia ruim, aquelas luzes eram tão lindas... Disse que quando eu tivesse um quarto eu o enfeitaria com muitas luzes e foi exatamente isso que fiz quando voltei para casa alguns dias depois.
Ainda olho para o Natal de soslaio, impossível não lembrar de tudo, mas eu passo de carro pelas ruas de São Paulo, nos shoppings, avenidas, bares, cafeterias, livrarias, praças... É tão bonito! Eu não sei expressar o quão feliz eu me sinto em ver tudo brilhando. Parece um mundo novo, me conquista, me faz dizer, mesmo sendo judia, que o Natal é sim a melhor época do ano.
Desejo do fundo do meu coração que você curta muitas esse fim de ano com a sua família, independente de qualquer coisa, curta sua família, sua vida, sua sorte e as luzes que são lindas!
Um beijo da Milk, Shalom



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